Como Falsificar uma Recuperação Econômica
Neithercorp Press, 16/2/2011.
Esta pode ser uma proposição muito desagradável, mas,
apenas por um momento, quero que você se sente descontraidamente em uma
poltrona e imagine que seja membro da elite bancária. Você é uma
pústula andante e falante, carregada de doenças e enlouquecida pelo
poder, que ingenuamente acredita possuir um intelecto superior à vasta
maioria da humanidade e estar acima das leis inerentes da consciência,
da honra e do bom gosto geral. Você é um vilão no sentido mais exato do
termo e, não somente faz grande mal ao mundo, mas na verdade PROCURA
fazer grande mal ao mundo, desde que isso beneficie a si mesmo e ao seu
círculo exclusivo de "amigos": um clã de sociopatas degenerados e
sedentos de sangue, com ilusões de onipotência e que caminham de forma
sinistra à noite, como chupa-cabras vestidos com ternos Armani, sugando o
sangue e tirando a alegria das pobres nações incautas. Você é capaz de
fazer qualquer coisa e, infelizmente, sente orgulho disto...
Você não é "rico" no sentido tradicional. Você não é
um "Bill Gates" ou um "Donald Trump" (embora eu esteja começando a me
perguntar se este último realmente é solvente, ou se toda sua fortuna é
uma criação de efeitos especiais produzida pela televisão). Não, você
não "ganha" dinheiro; você FABRICA o dinheiro. Você é um financista
global. Você possui participação acionária em um banco central privado.
Você cria o dinheiro fiduciário que o restante do país usa para
sustentar sua economia de fantasia. Você domina o comércio por meio do
monopólio e da fraude corporativa. Você controla a circulação do
dinheiro por meio de um sistema econômico que usa a reserva bancária
fracionária, a taxa de juros atrelada de forma artificial e sua sempre
obediente imprensa. Você coloca um poder monetário substancial por trás
de todos os principais partidos políticos e prepara cuidadosamente
candidatos a presidente que sejam adequados aos seus padrões
globalistas. Qualquer político que deseje subir na escada do poder vem
até você em busca de apoio, não ao público eleitor. Você tem uma
tremenda participação financeira em todas as empresas de comunicações
que fornecem notícias no país, quando não é o dono de muitas delas. Você
convida os principais repórteres para banquetes suntuosos, onde eles
podem ter contato prolongado com personalidades proeminentes da
sociedade e da alta roda e os leva em jatinhos para participar de orgias
regadas a álcool em um bosque de sequoias na Califórnia. (Eu gostaria
que tudo isto fosse somente imaginação.). Esqueça o jornalismo
responsável, eles gostam de acompanhá-lo e, provavelmente, escreverão
tudo aquilo que você pedir que escrevam.
Agora que você se colocou no lugar dos "poucos
iluminados", quero que imagine que planejou a implosão do setor de
crédito do país usando taxas de juros extremamente baixas para alimentar
as bolhas das hipotecas e dos derivativos, que se contrairão de uma
forma e com uma velocidade sem precedentes quando for revelado para o
mundo maior dos investidores que aqueles títulos que eles valorizavam
até alguns dias atrás agora são "ativos podres", essencialmente sem
valor algum, devido à massa de dívidas e à inadimplência nos empréstimos
que, para início de conversa, nunca deveriam ter sido concedidos. Sim,
você é realmente vil.
Mas, você ainda não terminou! Seu objetivo final é a
centralização e a chave para a centralização é remover todas as opções
disponíveis para as massas, exceto uma: a opção que garante para você a
maior quantidade de domínio. Um sistema econômico global baseado em uma
única moeda internacional e um único corpo governante que não preste
contas a ninguém seriam ideais. Que nome você daria a essa moeda
internacional? Não sei, que tal algum nome inócuo como... Direitos
Especiais de Saque (ou SDR, de Special Drawings Rights), que você
possa então rotular como uma mera "cesta de moedas", quando na
realidade é um instrumento financeiro parasitário que tem o objetivo de
absorver as moedas até que as substitua completamente:
http://money.cnn.com/2011/02/10/markets/dollar/index.htm.
http://www.rte.ie/news/2011/0214/g20-business.html.
De modo a começar a instituir essa moeda
internacional, você precisa primeiro remover a moeda de reserva mundial
existente de sua posição privilegiada; essa moeda é o dólar americano.
Isto parece impossível para muitos analistas da grande mídia que não
conseguem imaginar a possibilidade de um colapso no poderoso dólar, mas
você já armou o cenário. Você criou a singularidade de uma dívida
progressiva tão imensa para a qual nenhuma quantidade de dinheiro
fiduciário, nenhuma quantidade de tributação, nenhuma quantidade de
austeridade conseguiria jamais saciar a fome. Você tem agora a desculpa
perfeita para imprimir o dólar com lânguido abandono até que o cadáver
dele em estado de putrefação seja enterrado a uma profundidade de sete
palmos, deixando a porta escancarada para o SDR tomar seu lugar.
A questão é: como convencer o público geral que tudo
está bem até que você esteja pronto para liberar a hiperinflação e o
Armagedom fiscal? Como fazer o público acreditar de todo o coração que
não está no meio do colapso da dívida e no fim da soberania financeira,
mas diante de uma recuperação econômica plena?
Não é possível impedir a destruição da riqueza agora
que a avalanche foi colocada em movimento. Não é possível impedir a
inflação e a desvalorização do dólar (e você também não quer isto;
lembre-se que você é o mal encarnado). Os efeitos no setor produtivo da
economia estão além da sua capacidade de ocultar, mas o que você PODE
manipular, são as estatísticas e os índices em que as pessoas confiam
para obter conforto psicológico. Dê-lhes vendas para tapar os olhos e
cigarros e faça aquilo que sabe fazer melhor: minta!
Aqui está um guia passo-a-passo para fabricar uma recuperação econômica a partir do nada.
Não Conte os Desempregados, Desconsidere-os:
As pessoas desempregadas são um incômodo, porque representam a prova
viva que uma recuperação não está ocorrendo. Pela maioria dos padrões,
pode-se afirmar uma recuperação no mercado de trabalho se evidências
significativas mostrarem um retorno aos padrões de desemprego
(desemprego normal) que existiam antes do início da recessão/depressão.
Entretanto, se você for um banqueiro central hoje, isto não servirá. Em
vez disso, você simplesmente muda a definição de "desemprego normal".
Assim, a taxa debilitante de desemprego, que originalmente era vista
como "má" é agora vista como "natural". Você precisa então publicar
estudos que usam estatísticas mais subjetivas e sem qualquer senso
comum, ao mesmo tempo em que inventam uma pretensa lógica:
http://www.frbsf.org/publications/economics/letter/2011/el2011-05.html.
Todavia, isto somente satisfaz a uma pequena porção
da população. Em seguida, você precisa manipular a forma como o
desemprego é calculado para sempre negligenciar certos subsegmentos da
população. Nunca conte as pessoas que estão desempregadas há tanto tempo
que não recebem mais os benefícios, como o seguro desemprego. Sempre
conte as pessoas que estão subempregadas como plenamente empregadas,
mesmo se elas "ralarem" somente dez horas por semana em uma lanchonete
em regime de McEscravidão. Em seguida, altere o modo como os dados
brutos sobre desemprego são realmente coletados.
Primeiro, o Departamento do Trabalho deriva a maior
parte dos dados brutos sobre desemprego não por meio de meios
matemáticos, mas por meio de duas pesquisas separadas que estão abertas a
ampla interpretação: uma pesquisa dos estabelecimentos e uma pesquisa
dos lares. A pesquisa dos estabelecimento é aquela sobre a qual ouvimos
falar no início de cada mês, enquanto a pesquisa nos lares tende a
flutuar sob o radar da mídia dominante. Em 2009 e 2010, o Departamento
do Trabalho considerou os dados da pesquisa dos lares (uma pesquisa
feita por telefone envolvendo 60 mil lares) "mais confiável" por indicar
crescimento no nível de emprego porque ela teria sido exata em contar
as contratações realizadas pelos pequenos negócios e aqueles que
trabalham por conta própria. Assim, você tem duas pesquisas separadas
(indicadores não científicos de emprego) combinadas para produzir o
número da taxa de crescimento dos empregos, e uma taxa de desemprego, as
quais representam, no máximo, ESTIMATIVAS do nível atual de emprego no
país.
Enquanto a pesquisa dos estabelecimentos mostrou que
somente 36.000 empregos foram criados, a pesquisa dos lares de algum
modo mostrou que cerca de 600.000 novos empregos foram criados!?
http://www.bls.gov/news.release/pdf/empsit.pdf.
Basicamente, o Departamento de Estatísticas do
Trabalho está pedindo que você acredite que mais de 600.000 pessoas
iniciaram seus próprios negócios, ou foram contratadas por microempresas
domésticas no mês de janeiro somente. Estou curioso para saber de onde
veio todo o capital para lançar essa revolução no empreendedorismo nos
lares no meio da maior crise de crédito na história. Mas, é claro que se
o Departamento do Trabalho diz que isto é verdade, então tem de ser
verdade...
A justaposição de métodos distintos de coleta de
dados é a razão porque o governo foi capaz de afirmar uma queda de 9,4%
para 9% na taxa de desemprego ao mesmo tempo que anunciou a criação de
somente 36.000 novos empregos! A pesquisa dos lares se tornou um
instrumento incrivelmente útil para gerar dados arbitrários do emprego
que podem ser moldados para dizer qualquer coisa que as autoridades do
governo e do banco central queiram que ela diga. Qualquer um que
controle a origem dos dados para um cálculo controla o resultado desse
cálculo. É simples assim.
O que eu não gostaria, se fosse o Departamento do
Trabalho, é que algum grupo de cidadãos independentes e de fora
monitorasse meus métodos de pesquisa enquanto eles estivessem em
andamento. Isto tornaria a vida de um estatístico que usa métodos
questionáveis muito difícil.
Enquanto o Índice da Bolsa de Valores Estiver Positivo, o Mundo Estará Perfeito.
A taxa de juros próxima de zero pode ser muito útil se um banco central
deseja lançar uma onda gigante de dinheiro fiduciário em um determinado
índice para fazer com que ele pareça saudável. Certamente, o Fed tem
evitado admitir qualquer manipulação do mercado de ações. As medidas da
Flexibilização Quantitativa estão todas "por cima da mesa" e tudo está
bem no jardim florido do Bernanke. Entretanto, uma questão surge aqui
que precisa desesperadamente ser respondida: se o crescimento meteórico
do mercado de ações da quase destruição para a marca dos 12.000 pontos é
"real" e totalmente em sintonia com uma recuperação legítima, então por
que o Fed ainda está mantendo a taxa de juros em quase zero após quase
três anos, e por que mantém as medidas da Flexibilização Quantitativa?
Será que sem a constante injeção de liquidez por parte do Fed, o mercado
de ações novamente definharia como um saco de papel molhado? Sabemos
que em 2009, foi revelado que os recursos do socorro financeiro dado aos
bancos, que deveriam ser usados para anular os efeitos dos ativos
podres estavam na realidade sendo injetados para comprar participação
acionária nos bancos saudáveis, o que significa que o dinheiro não
estava sendo alocado nas áreas prometidas:
http://www.associatedcontent.com/article/1436061/more_shocking_news_on_2009_bailout.html
Também sabemos que gerentes dos principais fundos de hedge
declararam abertamente que as ações permanecerão em alta por que os
fundos da Flexibilização Quantitativa estão aquecendo o mercado:
http://www.marketwatch.com/story/tepper-tells-cnbc-fed-will-prop-up-market-2010-09-24
Francamente, se você participa de um cartel bancário
global que tem o objetivo de manter a população no escuro, faz perfeito
sentido fortalecer o mercado acionário. Um índice Dow Jones positivo é
uma dose maciça de lítio fiscal; ele acalma os investidores e os deixa
em um estado de estupor. Até mesmo as pessoas que não se preocupam
muito com a economia observam o índice da Bolsa de Valores como se ele
fosse um indicador sólido de sua segurança financeira pessoal. Um grande
teste seria observar as reações do mercado a uma elevação na taxa de
juros básica da Reserva Federal e a um congelamento da Flexibilização
Quantitativa de modo a conter a inflação. Será se o índice Dow Jones se
manterá então sobre seus pés? Duvido muito, mas então, novamente, não
sei se o Fed elevará a taxa de juros outra vez...
Inflação? Que Inflação? A inflação
descontrolada representa destruição para qualquer sociedade. É como
algum instinto animal monetário enraizado bem no fundo de nosso
inconsciente coletivo. No momento em que ouvimos a palavra "inflação",
ou vemos os preços subirem de forma drástica, revertemos para o modo de
sobrevivência e começamos a afiar nossas armas de guerra fabricadas com
ossos de mamute. Os governos e os bancos centrais em toda a história
tornaram sua prioridade máxima esconder os efeitos da inflação dos
cidadãos.
Mascarar a inflação é quase impossível, especialmente
no que se refere aos produtos básicos, como alimentos e combustível. É
por isto que o governo americano e o banco central privado chamado
Reserva Federal calculam o Índice de Preços ao Consumidor sem considerar
os alimentos e a energia. A maioria dos grãos e o petróleo bruto
dobraram de preço no último ano, e isso não reflete bem na segurança do
dólar ou na eficácia das medidas de liquidez implementadas pelo Fed. A
China, cuja inflação apenas prefigura a inflação americana, também está
reduzindo o peso das elevações nos preços dos alimentos e da energia no
cálculo de seu índice de Preços ao Consumidor, dando uma falsa impressão
de nivelação nos mercados:
http://www.zerohedge.com/article/china-lowers-weighting-surging-food-prices-cpi
As cadeias de lojas do varejo têm a tendência de
absorver as elevações nos preços dos produtos básicos de modo a evitar a
perda da sua base de clientes, esperando que as elevações sejam
temporárias. Mas, quando os varejistas descobrirem que os preços não
voltarão a cair, eles eventualmente serão forçados a reajustar os preços
dos produtos em suas prateleiras. A conclusão é clara: em média, os
preços dos alimentos em todo o mundo subiram mais de 28% no ano passado:
http://www.fao.org/worldfoodsituation/FoodPricesIndex/en/
O preço do petróleo bruto continua a pairar em torno
dos 90 dólares o barril, embora os estoques estejam no nível mais
elevado dos últimos vinte anos:
http://www.zerohedge.com/article/gasoline-inventories-jump-20-year-high-gas-price-surges
O Banco Mundial está agora advertindo sobre possíveis
desastres (que ele mesmo ajudou a criar) após os "níveis de preços
perigosos":
http://www.reuters.com/article/2011/02/15/us-worldbank-food-idUSTRE71E5H720110215
A resposta do governo? Total negação que exista
qualquer ameaça de inflação. Negação que a impressão excessiva de
dólares e a subsequente desvalorização da moeda tenham alguma coisa que
ver com a elevação dos preços. O governo usa bodes expiatórios e acusa o
clima, os especuladores e até a falsa "recuperação" para a súbita
elevação nos preços. Por mais tempo que o governo mantiver a
terminologia da inflação fora da mídia dominante, menos o povo americano
provavelmente se preparará para a destruição do dólar.
Crie Dívida Para Pagar uma Dívida Anterior.
Isto não requer explicações. Se os investidores estrangeiros não
quiserem mais nada com você, com sua explosiva dívida pública, ou com
sua moeda em desvalorização, onde é que seu governo vai conseguir o
dinheiro para continuar gastando como uma mulher-troféu embriagada em
uma grande loja de departamentos? Se você der o calote, a casa cairá e
ninguém mais acreditará na sua conversa sobre a recuperação. Em vez
disso, imprima mais dinheiro e use-o para comprar seus próprios títulos
do Tesouro! Isto serve para dois propósitos: primeiro: fortalece a
burocracia federal, o que dá a impressão de estabilidade (pelo menos por
certo tempo); segundo: leva adiante seu objetivo de espremer o dólar
como uma uva.
Remova Todos os Pesos e Contrapesos: Se você
planeja arrasar uma economia, não pode ter pessoas apontando o dedo para
você a todo o momento. Isto seria inconveniente. É engraçado, mas anos
atrás, as agências de classificação de risco, como a Moody, ajudaram os
bancos globais a facilitar a crise das hipotecas e dos derivativos
categorizando os ativos podres como títulos AAA. Sem essas agências,
ninguém teria investido dinheiro nessas porcarias, para início de
conversa, e a fraude bancária teria sido exposta imediatamente. Agora
que as agências de classificação de risco estão finalmente fazendo seu
serviço e degradando a credibilidade dos bancos e dos países que possuem
obrigações muito altas a cumprir, a SEC (Securities and Exchange Commission; NT:
órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários que existe no
Brasil para supervisionar os mercados de títulos e ações) está se
movendo para marginalizá-las:
http://www.reuters.com/article/2011/02/09/us-financial-regulation-creditraters-idUSTRE7180OD20110209
É interessante que agora que os EUA se aproximam da
degradação na classificação de risco, subitamente não nos preocupamos
mais com o que as agências têm a dizer.
A própria SEC é uma grande piada e de modo algum
supervisiona na prática a atividade bancária. O órgão tem se mostrado
fantasticamente incompetente ou deliberadamente indiferente à fraude
financeira que está ocorrendo. Nunca imaginei que um dia eu concordaria
com um cretino como Bernard Madoff, mas, de acordo com esse criador de
um esquema de pirâmide de Ponzi de porte médio, os bancos globais, como o
J. P. Morgan e o HSBC, estavam perfeitamente cientes do golpe que ele
estava executando, pois caso contrário, ele não teria sido possível:
http://www.reuters.com/article/2011/02/16/us-madoff-interview-idUSTRE71F0QD20110216
Da mesma forma, a total falta de investigação
apropriada por parte da SEC nessas atividades transformou o mercado
financeiro de Wall Street em um terreno fértil para os globalistas em
que trapaceiros muito maiores do que Madoff se instalam e se reproduzem
com facilidade. Não é que o sistema precise de maior regulação, ou de
mais discussões jurídicas; isso não produziria nada, pois o sistema é
regulado por criminosos! Portanto, novas leis podem ser aprovadas em
conjunto e o governo pode considerar o sistema reformado e recuperado,
tudo isto enquanto a corrupção subjacente permanece intocada. Se o
veneno que instigou a queda dos mercados não for desenraizado, a
desonestidade continuará a reinar suprema e mercados saudáveis serão uma
ilusão para os ingênuos acreditarem.
O Terror Sorrateiro
Dois anos atrás, eu estava em uma loja da livraria
Borders da minha cidade quando observei que eles tinham reduzido o
estoque das seleções para o que parecia ser um terço do que era antes.
Perguntei se este era um fenômeno em toda a rede. A maioria dos
funcionários com quem conversei me disse que era em toda a rede.
Perguntei então se eles tinham começado a cortar a jornada de trabalho
de cada funcionário de forma significativa e se estavam demitindo os
funcionários mais antigos, que tinham alcançado maiores salários.
Novamente, o consenso foi que sim. Perguntei então se a empresa tinha
discutido essas mudanças com a equipe de uma forma clara e aberta, ou se
havia muita confusão entre os funcionários sobre o que exatamente
estava acontecendo. A resposta foi que eles estavam em grande parte
perplexos com a falta de uma comunicação clara quanto aos rumos da
empresa.
Minha sugestão para eles foi que começassem a
procurar outro emprego, pois a empresa estava prestes a decretar
concordata. Obviamente, eles negaram que isso fosse provável:
http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704329104576138353865644420.html
Pode parecer um exagero, mas a razão por que
apresento o iminente pedido de concordata das livrarias Borders é porque
para mim, essa empresa representa um microcosmo da natureza sorrateira
do colapso econômico, especialmente quando esse colapso está sendo
forjado e delegado.
As livrarias Borders estão à beira da concordata há
algum tempo. A administração se recusou a passar essa informação para
seus funcionários porque mesquinhamente quis manter as margens de lucro
apenas por mais um pouco de tempo até que estivesse pronta para puxar o
cabo da tomada? É claro que sim! Os banqueiros globais com aspirações
pela criação de uma moeda centralizada escondem a verdadeira
desestabilização de todo o mercado e a vindoura rejeição internacional
do dólar como moeda de reserva por que no fim se beneficiarão com o
choque e pavor da população? É claro que sim!
Se uma pessoa perde tudo de uma vez, ou uma parte de
cada vez, o resultado final é o mesmo. Entretanto, há uma coisa
especialmente cruel na ideia do teatro fiscal: o ato de inspirar a falsa
esperança que um ambiente financeiro é sólido, quando na verdade já
está sufocado. Por que os barões do roubo dos dias modernos colocam
tanta energia na construção de uma falsa recuperação? Existem muitas
razões, mas primeiro e mais importante de tudo, é para criar a apatia,
para nos atrair à inação, para nos trapacear e nos levar a assumir que a
tempestade não nos alcançará e que tudo voltará a ser como era.
Infelizmente, a recuperação sem uma intensa restruturação do nosso
sistema econômico é impossível. Os fundamentos não apoiam minimamente
qualquer sugestão de recuperação. A questão é a seguinte: quem estará no
comando quando a poeira baixar e essa restruturação eventualmente
ocorrer? O povo tomará a liderança, como deve, e se comprometerá com um
completo rejuvenescimento do nosso ambiente financeiro? Ou, iremos nos
sentar preguiçosamente outra vez e permitir que os "bânquesteres" nos
preparem para o próximo grande desastre?
Fonte: Espada do Espírito
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