30 de set. de 2017

ISRAEL, UM POVO MUITO ESPECIAL - PARTE II

 

Não é sem motivo que a terra de Israel é o ponto central da história do mundo e da religião.
Nunca houve neste mundo algo sequer remotamente comparável à história e à sobrevivência do povo judeu. Sua própria existência configura um milagre. É verdade que no passado sempre existiram grandes povos e soberanos. Reis e ditadores têm exercido seu domínio, em parte sobre regiões imensas. No entanto, praticamente nada permanece da sua importância, exceto achados arqueológicos em museus e algumas citações nos livros de história. Estas falam de grandes nomes e feitos e de guerras terríveis. Todavia, quase sempre a força vital desses povos esgotou-se nisso. Sua história é composta de constantes idas e vindas. Um povo substitui outro. Hoje ainda uma potência mundial pode tornar-se amanhã quase inexistente ou, no mínimo, desinteressante. Contudo, Israel, o povo de Deus, permanece para sempre!
Tu mesmo fizeste de Israel o teu povo particular para sempre, e tu, ó Senhor, te tornaste o seu Deus” (2Sm 7.24).
Com nenhuma outra nação Deus agiu como fez com o povo judeu. Ao longo de sua história de 4.000 anos, ele foi por duas vezes expulso totalmente da sua terra, e por duas vezes retornou a essa mesma terra. Nenhuma outra nação na história da humanidade foi desarraigada duas vezes da sua terra, dispersa até os confins da Terra e trazida de volta à mesma região. E se o primeiro exílio – no cativeiro babilônio – e o posterior retorno já foram algo incomum, o retorno dos judeus nos tempos modernos, depois de quase 2.000 anos de dispersão pelo mundo, é um absoluto milagre.
Nada mais do que seis anos após a Conferência de Wannsee, em que os nazistas decidiram a aniquilação definitiva da “raça judia” – a assim chamada solução final da questão judaica, que vitimou seis milhões de judeus – proclamou-se em 14 de maio de 1948 o novo Estado de Israel. Duas vezes ao longo de sua história Israel foi dissolvido e duas vezes perdeu sua independência nacional. Jerusalém, sua capital, foi arrasada, e o centro da sua vida religiosa, o Templo, foi profanado e destruído. As cidades e os povoados de Israel foram devastados, o povo deportado e disperso por terras estrangeiras. Mesmo assim, tudo foi duas vezes reconstruído, habitado e desbravado.
Se o próprio Deus vivo não fosse o seu Deus e se Ele não cumprisse suas promessas, também Israel não existiria mais: teria desaparecido há muito tempo, do mesmo modo como outros povos antigos. Afinal, onde estão hoje os hititas, jebusitas, fenícios, moabitas, babilônios, medos e como quer que se chamem?
Nenhuma outra nação ou etnia jamais foi dispersa em todas as direções para depois, apesar disso, sobreviver como grupo facilmente reconhecível e identificável. Do extremo Oriente ao Oeste bravio, das alturas do Norte às profundezas do Sul, não há quase nenhuma nação que não tenha abrigado judeus. O espantoso é, porém, que o povo judeu sobreviveu como povo em vez de submergir nas grandes maiorias dos outros povos com que foi misturado. Devemos ter em mente que não se trata do período de uma geração ou mesmo de um século, mas de praticamente 2.000 anos. Durante todo esse longo período, o povo judeu continuou sendo o povo judeu. Até mesmo o idioma hebraico não se perdeu, mas foi reavivado. Quantas vezes esse povo foi cruelmente perseguido e violentamente dizimado! Tentou-se extingui-lo e ele foi empurrado de um país para outro. O grande adversário de Deus queria e quer aniquilar essa “prova divina”, o povo judeu.
Pogroms e perseguições contra judeus não ocorreram somente na Alemanha, mas também na Romênia, na Rússia, na Espanha, na França, na Polônia – praticamente no mundo todo. Até agora, as nações árabes desencadearam seis guerras contra Israel, e até hoje sua população é pressionada por meio de terrorismo e provocações. Por um lado, esse povo talvez seja admirado e respeitado, mas por outro é ainda muito mais odiado e desprezado. Mesmo assim, ou talvez até por causa disso, sua longa e penosa trajetória cheia de tanta dor, lágrimas e sangue não dobrou o povo. Sua identidade e nacionalidade se manteve com todas as suas particularidades, e sempre se destaca com nitidez. Assim torna-se inevitável perguntar o que fez com que os judeus se mantivessem ao longo dos milênios. Como é possível que esse povo exista até hoje com sua identidade étnica?
Há de existir alguém sobrenatural por trás disso, que zela por esse povo e não permite que desapareça do cenário e do mapa mundial. Se o próprio Deus vivo não fosse o seu Deus e se Ele não cumprisse suas promessas, também Israel não existiria mais: teria desaparecido há muito tempo, do mesmo modo como outros povos antigos. Afinal, onde estão hoje os hititas, jebusitas, fenícios, moabitas, babilônios, medos e como quer que se chamem? Desapareceram, e no entanto eram povos grandes e poderosos, em parte altamente cultos.
A história de Israel começou com um único homem – Abrão – a quem Deus Se revelou há cerca de 4.000 anos, e ela se estende até o dia de hoje. Quem já esteve em Israel teve a oportunidade de experimentar e ver com os próprios olhos este fato. Nós que vivemos hoje somos testemunhas contemporâneas deste povo e da história de Deus com o Seu povo. Podemos enxergar a presença de Deus e como Ele mantém o controle nas mãos. Cada vez mais, a história de Deus com os homens se desenrola no ponto central da Terra, na região mais importante do mundo, em Israel (ver Ez 5.5). Aquele é o ponto de encontro de três continentes (Europa, Ásia e África) e, principalmente, das três religiões monoteístas (judeus, cristãos e o islã). Não é sem motivo que essa terra é o ponto focal da história do mundo e da religião. O fio condutor da história desse povo jamais se rompeu – ainda que vez por outra assim parecesse. — Thomas Lieth

AINDA HÁ LUGAR PARA O TERCEIRO TEMPLO

 
O Rabino Lau é de opinião que se poderia construir um Terceiro Templo sem para isso precisar remover os edifícios islâmicos no Monte do Templo.
A declaração do Rabino Superior asquenazita do Estado de Israel em exercício refere-se a um tema que instiga as emoções em geral. Por isso, a posição do Rabino David Lau, de que ele desejaria ver um Terceiro Templo do povo judeu sobre o Monte do Templo, não só rendeu manchetes, como também desencadeou um debate cheio de controvérsias. A questão do Monte do Templo é extremamente atual e repetidamente tem causado turbilhões no Oriente Médio e em todo o mundo muçulmano. Como a declaração do Rabino Lau oferece respaldo a uma minoria pequena, porém militante, que não só quer construir o Templo, mas também já se preparou minuciosamente para isso, o rebuliço por causa dela foi ainda maior.
O Rabino Lau comentou esse tema por ocasião de uma entrevista ao canal de TV do parlamento israelense. Pelo canal de TV do Knesset não se ouviu apenas que ele gostaria bastante de ver a construção de um templo judeu no Monte do Templo, mas que também defende a opinião de que para isso não seria necessário remover os edifícios muçulmanos existentes ali. Ele acha que existe “espaço suficiente para judeus, cristãos e muçulmanos – para todos”. A área do Monte do Templo abriga várias edificações muçulmanas, entre as quais a Mesquita Al-Aqsa, considerada pelos muçulmanos o seu terceiro lugar sagrado mais importante, bem como o Domo da Rocha. Os arqueólogos e os especialistas em judaísmo defendem diferentes teses a respeito da localização exata do templo judeu sobre o Monte do Templo. Alguns creem que o local do antigo templo judeu, destruído no ano de 70 d.C., é aquele hoje ocupado pela Mesquita Al-Aqsa. Outros apontam como local o Domo da Rocha, popularmente chamado erroneamente de Mesquita de Omar, erigido sobre um rochedo conhecido como Pedra da Fundação (hebraico: Even haShetiyya) e que para o judaísmo constitui o umbigo do mundo. A tradição judaica afirma que este seria o local da provação de Abraão e que ali foi construído o chamado Santo dos Santos do Templo. A esse mais sagrado recinto do Templo somente o sumo sacerdote tinha acesso uma vez por ano, por ocasião do Yom Kippur. Assim, um templo judeu teria de ser erigido exatamente no local em que o Templo se localizava antigamente. De qualquer modo, porém, seja qual for a tese predominante para o local, um Terceiro Templo teria necessariamente de ser erigido sobre as ruínas ou da Mesquita Al-Aqsa ou do Domo da Rocha. Considerando isso, a posição defendida pelo Rabino Lau, de que o Monte do Templo teria espaço suficiente para todos, tanto para um templo judeu como também para edificações muçulmanas, é, do ponto de vista judeu, totalmente revolucionária.
Na entrevista, o Rabino Lau não abordou este aspecto, mas ilustrou enfaticamente a razão por que ele gostaria de ver naquele local novamente um templo judeu brilhando em toda a sua glória. “Não tenho como dizer com precisão o que havia no Templo, mas a verdade é que, quando lemos os escritos dos profetas e dos sábios de Israel, começamos a entender por que todos os que se dirigiam àquele lugar ficavam cheios de inspiração, emoção, alegria e contentamento, e é por isso que anseio por tais dias.”
O receio dos palestinos de que Israel alimentaria aspirações sobre o Monte do Templo desencadeou em 2015 uma onda terrorista perceptível ainda hoje em Israel. O Monte é até hoje o coração do conflito israelense-palestino e também do conflito judeu-muçulmano. Trata-se de um conflito religioso que ao mesmo tempo implica questões de soberania e reivindicações territoriais e históricas, e em cujo contexto muitos representantes do mundo muçulmano e palestino negam qualquer vínculo judeu com o Monte do Templo, afirmando que o templo judeu se localizava em algum lugar totalmente diferente. Para arrefecer os ânimos, o governo israelense decidiu não permitir aos judeus que orassem sobre o Monte do Templo, e também de proibir a todos os deputados do Knesset o ingresso à área. Com a questão vista desta maneira – e apesar da abordagem inovadora do Rabino Lau, que provavelmente se reporta em alguma interessante sentença baseada na Halaca – não é de se esperar que suas declarações modificarão o status quo reinante no Monte do Templo. — Zwi Lidar

PARA QUE SUA VIDA NÃO DESMORONE

 
Referindo-se ao Seu Sermão do Monte, o Senhor Jesus disse: "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína" (Mt 7.24-27).
Para que tudo não desabe (como no relato acima) é importante construir a própria vida sobre o fundamento certo, sobre a rocha, que é Cristo.
Naturalmente existem muitos argumentos em favor da areia. A praia é bonita, a paisagem é maravilhosa, dali vê-se o pôr-do-sol. Construindo na areia, é possível poupar muitos esforços e sacrifícios, tempo e dinheiro, pois não se precisa tanto material para construir na praia como se precisaria para construir sobre a rocha, talvez em terreno acidentado. É mais difícil construir uma casa sobre a rocha. Todo o material de construção precisa ser levado até o alto, e é fato conhecido que lançar um fundamento em uma rocha dura é bem mais complicado que na areia.
Muitos constroem a casa de suas vidas sobre a "areia" deste mundo. Tudo parece maravilhoso, as mais radiantes perspectivas delineiam-se diante dos olhos e segue-se "pelo caminho do menor esforço". Almeja-se uma vida agradável com alegrias e prazeres. Missões e organizações fundamentadas na Bíblias só atrapalham e estorvam, por isso são evitadas. Parece muito mais fácil construir uma casa conforme as próprias convicções e anseios, agradando a si mesmo e tentando alcançar o que se espera da vida. Difícil é, ao menos assim parece, construir sobre Jesus Cristo, sobre a Palavra de Deus. O caminho do arrependimento é penoso, a luta contra as tentações parece insuportável, e seguir a Jesus carregando a própria cruz parece quase impossível. Mas, para quem escolhe a areia, a queda já está programada e será infinitamente profunda. Quando vêm as tempestades da vida, a velhice, o sofrimento, o medo e a morte, chega também o desespero e toda a aparente segurança desmorona.
A Bíblia nos ensina que todas as coisas deste mundo passarão, que tudo o que é ímpio se assemelha à palha que o vento espalha. Mesmo países e impérios poderosos não perdurarão. Nada, absolutamente nada do que for construído sem Jesus terá valor permanente, tudo é efêmero e passageiro. Mas quem constrói sua vida sobre Jesus de uma maneira consciente, estará construindo sobre fundamento sólido, com seus pilares alicerçados na eternidade, fundamentados em Deus. Na vida da pessoa que constrói sobre a rocha, as alegrias não estão baseadas na aprovação dos homens, que já levou muitos à ruína. Verdadeira alegria e esperança real fundamentam-se no Senhor, em Sua obra consumada na cruz do Calvário, no perdão recebido ali e no dom da vida eterna. E então, quando o sofrimento e a dor baterem à porta, podemos ficar firmes e inabaláveis, pois o Senhor nos segura. Ele nos protege e jamais nos abandona. A Bíblia diz que nada pode nos separar de Seu amor e de Seu cuidado, que o Senhor nos guarda e no final nos receberá em Seu reino inabalável e eterno. Quem constrói sobre Jesus permanece por toda a eternidade! (Norbert Lieth)

CONFIANÇA EM MEIO À ANGÚSTIA

Marcel Malgo
"Está alguém entre vós sofrendo, faça oração" (Tg 5.13).
O que é angústia? Muitos poderiam dar uma resposta bem pessoal e subjetiva a essa pergunta. Falando de modo geral, angústia é um sentimento que acompanha o homem desde seu nascimento até a morte em todas as situações da vida; a angústia é companheira do ser humano. A angústia é uma das mais fortes opressoras da humanidade, é um sentimento da alma que pode atacar na mesma medida tanto o rei como o mendigo. Angústia é uma emoção que pode ser abafada mas não desligada. O homem natural não pode se desviar nem escapar dela. Na verdade existiram e existem pessoas de caráter forte que, com sua determinação, se posicionam obstinadamente diante da angústia, mas elas também não conseguem vencê-la totalmente. Podemos tentar ignorar a angústia, mas não escaparemos de situações dolorosas.
O que a Bíblia diz sobre a angústia? Ela diz, por exemplo, que angústia e sofrimento podem se tornar visíveis. Gênesis 42.21 nos relata um exemplo disso quando os irmãos de José chegaram ao Egito para comprar cereal e se encontraram no palácio de José, e, não sabendo o que fazer disseram uns aos outros: "Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos..." A angústia, assim diz a Bíblia, não só paralisa a língua, mas também faz com que ela fale. Em Jó 7.11 ouvimos Jó dizer: "Por isso não reprimirei a minha boca, falarei na angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma". Mas angústia também faz com que até ímpios cheios de justiça própria se sintam perturbados. Bildade descreve o ímpio em Jó 18.11 dessa maneira: "Os assombros o espantarão de todos os lados, e o perseguirão a cada passo". A Escritura também ensina que a angústia é mais forte do que a maior abastança. Zofar nos comunica isto em Jó 20.22: "Na plenitude da sua abastança, ver-se-á angustiado, toda a força da miséria virá sobre ele". Angústia também provoca trevas. Quando Isaías teve que anunciar uma punição sobre Israel, falou acerca das conseqüências desse juízo: "Bramam contra eles naquele dia, como o bramido do mar; se alguém olhar para a terra, eis que só há trevas e angústia, e a luz se escurece em densas nuvens" (Is 5.30). E em Isaías 8.22 o profeta tem que proclamar sobre o povo apóstata: "Olharão para a terra, eis aí angústia, escuridão, e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas".

Esses são exemplos negativos, mas também há exemplos positivos. No Salmo 119.143, Davi nos ensina que a palavra de Deus sempre é mais forte que a angústia: "Sobre mim vieram tribulação e angústia, todavia os teus mandamentos são o meu prazer". A angústia está presente, mas a alegria na palavra de Deus é maior. Uma outra tradução diz: "Fiquei cercado por sofrimento e desespero, mas os teus mandamentos foram a minha grande alegria". O poder de Deus também sempre é maior do que a angústia: "Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos, e a tua destra me salva" (Sl 138.7). Em Isaías 9.2 temos a promessa: "O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz". No Novo Testamento, Paulo confirma essa gloriosa verdade: "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8.35;38-39).
E o que disse o Senhor Jesus sobre a angústia? É muito esclarecedor e elucidativo observar que Ele nunca afirmou que neste mundo não haveria sofrimento. Na verdade, muitas vezes, se prega que ao se tornar cristão, a pessoa não terá mais tribulações ou tentações. Mas isso não é verdade. O próprio Senhor Jesus disse claramente: "No mundo passais por aflições..." (Jo 16.33) . E então Ele acrescenta o glorioso ‘mas’: "mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". Em outras palavras: o mundo é o reino de Satanás, mas Minha vitória sobre esse mundo pode ser a sua vitória também, isto é, em Mim vocês têm a possibilidade de vencer a própria angústia. Essa é a posição de Jesus em relação à angústia!

Quem foi o primeiro homem que se defrontou com a angústia? Foi Adão, logo após cair em pecado. Antes da queda, Adão não conhecia esse sentimento. Contudo, depois do pecado ter entrado em sua vida, ele foi invadido pelo terrível sentimento de temor: "E chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi" (Gn 3.9-10). De repente Adão e Eva tiveram medo de Deus, seu Criador, com o qual antes formavam uma unidade , uma harmonia perfeita! Antes de caírem em pecado, eles se alegravam quando Deus vinha ao jardim, mas agora, de repente, foram invadidos pelo medo. Que conseqüências devastadoras tem a sua desobediência até os dias de hoje!
Agora chegamos à pergunta mais importante: quem provou os mais profundos abismos da angústia em todos os tempos? Foi o homem Jesus Cristo no Jardim do Getsêmani. Ali Ele sofreu uma angústia tão grande que não fazemos a menor idéia do que possa ter sido passar pelo que Ele passou. Quando temos medo, quando não sabemos mais o que fazer, podemos olhar para Jesus e nos lembrar de que Sua tribulação ainda foi muito maior. Desse sentimento angustiante do nosso Senhor já lemos profeticamente no Salmo 22: "Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda. Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as bocas, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se-me dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó da morte" (vv. 11-16). Essas palavras do Senhor sofredor descrevem a profundeza abismal e ilimitada que Jesus Cristo sofreu no Jardim do Getsêmani: a agonia da morte. Lucas 22.44 fala disso: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue, caindo sobre a terra". Ele lutou com a morte não só na cruz mas também no Getsêmani, pois ali Ele estava morrendo. Ali Ele estava em terríveis e pavorosas agonias de morte. Este fato é refletido nas palavras: "E, estando em agonia..." Ele se encontrava em agonia de morte porque Satanás estava a ponto de matá-lO. Satanás, o príncipe e dominador desse mundo, nessa ocasião, lutou pelo seu reino pois sabia muito bem que o Getsêmani era a última etapa antes do Calvário, e se Jesus alcançasse a cruz salvaria a humanidade. Por isso no Getsêmani, Satanás se lançou com todas as forças sobre o Cordeiro de Deus e tentou matá-lO. Ali Jesus estava à beira da morte; Ele lutou com a morte. Esse ataque à Sua vida e à Sua obra redentora provocou uma violenta e mortal angústia, uma verdadeira agonia de morte. Isso Ele suportou como homem e não como Deus, caso contrário Ele teria chamado legiões de anjos, e Satanás teria que retirar-se imediatamente. É uma grande mentira e uma ofensa à honra dizer que no Getsêmani Jesus teve medo da cruz. Aconteceu o contrário: Ele enfrentou a angústia de morrer no Getsêmani, de morrer antes da cruz, pelo que Seu sacrifício expiatório teria sido frustrado. Ele não teve medo da morte na cruz, pois Ele mesmo testificou de maneira bem clara: "Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai" (Jo 10.17-18). Jesus Cristo não quis morrer no Getsêmani, mas Ele estava morrendo, e isso O afligiu tanto que entrou em agonia e suou gotas de sangue. Jesus teve que experimentar as piores profundezas da angústia, o que significa que sofreu grande aflição. Isto deveria e pode nos ajudar e nos consolar em nossas angústias e tribulações.

Como podemos vencer nossas angústias? Depositando nossa confiança no Deus Todo-Poderoso. Como podemos fazer isso? Jesus já fez isso antes de nós e nos serve de exemplo. Em Hebreus 5.7 lemos algo maravilhoso a esse respeito: "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade...". Aqui se trata do momento no Getsêmani, quando Jesus, em Sua ilimitada angústia, confiou no Deus Todo-Poderoso e O invocou em oração. Isto não é novidade para nós. Mas talvez precisamos aprender de maneira totalmente nova a aplicar isto também em nossas vidas. Jesus nos deixou o melhor exemplo de como confiar no Deus Todo-Poderoso em nossa angústia. Em Hebreus 2.18 está escrito de maneira tão consoladora: "Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados". Com outras palavras: tendo sofrido e vencido e triunfado no Getsêmani, Ele também pode nos ajudar em nossos medos e angústias, e nos ajuda a vencê-los. Ele quer nos ensinar a orar com perseverança justamente nesses momentos. Ele próprio não viu outra maneira para sair da Sua angústia do que por meio de petições e súplicas. Quanto mais devemos nós também trilhar esse caminho para sair de todas as nossas angústias e apertos que nos surpreendem quase que diariamente. Tiago acentua muito esse aspecto quando diz: "Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores" (Tg 5.13). Será que não seria válido começarmos a considerar e interiorizar essa verdade de maneira totalmente nova em nossas vidas? Vamos começar a confiar nEle incondicionalmente em qualquer situação? Confiar significa orar, e orar significa confiar! Os seguintes exemplos da vida de Davi devem nos mostrar o quanto ele também acreditava nessa realidade:
"Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração" (Sl 4.1).
"Na minha angústia invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deus" (Sl 18.6).
"Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas" (Sl 32.6).
"Desde os confins da terra clamo por ti, no abatimento do meu coração" (Sl 61.2).
"Não escondas o teu rosto do teu servo, pois estou atribulado" (Sl 69.17).
"Em meio à tribulação invoquei o Senhor, e o Senhor me ouviu e me deu folga" (Sl 118.5).
Não são testemunhos maravilhosos? Davi creu que só havia uma escapatória na angústia: invocar o Senhor em perfeita confiança.

O que significa invocar o Senhor na angústia, orando? Essa pergunta é respondida pelas orações de Davi. Por exemplo, várias vezes aparece a expressão ‘clamar’: "Responde-me quando clamo, na minha angústia... gritei", "desde os confins da terra clamo por ti", "em meio à tribulação invoquei o Senhor". Percebemos que Davi pediu socorro ao céu. Aqui temos uma chave para sermos realmente libertos das angústias. Não se trata de simplesmente orar, mas temos de clamar e suplicar. Para compreender isso devemos também observar melhor as orações de nosso Senhor Jesus feitas ao Pai quando Ele se encontrava angustiado. Tomaremos como exemplo as Suas orações e Sua confiança no Deus Todo-Poderoso. Pois do ponto de vista bíblico, a expressão ‘invocar o Senhor‘ significa ainda muito mais. "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade" (Hb 5.7). Quando se toma essa declaração literalmente, então chegamos irrefutavelmente à conclusão de que o Senhor, na verdade, gritou, clamou e até chorou de forma audível. Não sabemos a que distância os discípulos estavam do seu Senhor no Jardim do Getsêmani, mas eles devem ter dormido profundamente, pois aparentemente não ouviram a oração de Jesus. O que nosso Senhor padeceu ali nem conseguimos explicar nem entender a fundo, mas deve ter sido uma situação terrível. Em Lucas 22.44 está escrito: "E, estando em agonia, orava mais intensamente". Mas se queremos saber com mais precisão o que significa o que nosso Senhor "...ofereceu com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas" a Deus, então devemos nos dar ao trabalho de estudar essas orações. Algo interessante chama a nossa atenção, ou seja: exceto no texto já citado de Hebreus 5.7, em nenhum evangelho é dito que o Senhor começou a clamar ou a gritar nessa oração. Somente Lucas indica tal situação com a expressão "...e orava mais intensamente". Mateus descreveu o episódio da seguinte maneira: "Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai: Se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres! Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!... Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras" (Mt 26.39;42 e 44). E Marcos escreve: "E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres!... Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras... E veio pela terceira vez..." (Mc 14.35;36;39 e 41). Aqui vemos melhor o que a oração de nosso Senhor podia significar, pois duas cousas chamam a nossa atenção:
1. Jesus Cristo não pronunciou essa oração apenas uma vez, mas três vezes.
2. Ele orou três vezes, mas não deixou de submeter-se à perfeita vontade de Seu Pai cada vez que orou. Que profundo mistério está oculto nessas orações!
Nosso Senhor, portanto, orou três vezes. Se Hebreus 5.7 diz que o Senhor "nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas" então não se trata, em primeiro lugar, da forma de Sua oração. Não se trata da questão se o Senhor clamou e gritou de maneira pungente, e, sim, que o Senhor fez esta oração três vezes! Em outras palavras: Ele orou com persistência. Jesus Cristo se encontrava na maior angústia, e esta angústia O levou a orar. Mas essa oração não foi apenas um grito curto e isolado ao Pai. Não, Ele orou três vezes de maneira muito consciente e lúcida repetindo sempre as mesmas palavras. Depois da primeira oração, a Bíblia diz claramente: "Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo..." e depois da segunda vez: "E deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez...". " como seria bom se compreendêssemos isso para a nossa vida pessoal de oração!
Muitas vezes nos defrontamos com todo tipo de angústias e apertos, e o que fazemos então, quando somos tentados dessa maneira? No mesmo momento enviamos um fervoroso pedido de socorro ao céu. Mas assim que nos sentimos mais ou menos bem, seguimos novamente a rotina do dia. Não é de admirar se logo em seguida a mesma angústia nos surpreenda outra vez. A oração de nosso Senhor pronunciada conscientemente três vezes nos mostra de maneira bem clara que nós, se de fato queremos vencer as angústias que se repetem, não devemos apenas orar de vez em quando ao céu. Precisamos chegar ao ponto de levar uma vida de oração perseverante, regular. Somente assim nos tornamos filhos de Deus que conseguem lidar de maneira correta com suas angústias. Somente assim venceremos as nossas tribulações. Três testemunhos claros das Escrituras nos exortam a orar dessa maneira:
"Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração perseverantes" (Rm 12.12).
"Perseverai na oração, vigiando com ações de graça" (Cl 4.2).
"Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança..." (Ef 6.18).
Se a Bíblia diz em Hebreus 5.7 que a oração de Jesus foi ouvida e que Ele encontrou livramento da Sua angústia, então isso só aconteceu depois da Sua oração insistente e perseverante.

Mas ainda havia um outro ponto importante: nosso Senhor continuamente se entregava totalmente à vontade de Seu Pai: "E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres" (Mc 14.35-36). Não fazemos idéia de como isso é importante. Não apenas orando três vezes as mesmas palavras, mas, com isso, sempre se submetendo à vontade de seu Pai, Jesus demonstrou uma confiança tão grande que jamais haverá confiança maior. Foi algo grandioso, em Sua angústia, Ele ter se apresentado três vezes a fim de orar as mesmas palavras. Mas por Ele – por assim dizer no tom fundamental da sua oração – sempre voltar a Se submeter a Deus foi uma prova bem especial de Sua confiança no Seu Pai celestial. Ele sabia: Eu posso orar que este cálice passe de mim, mas se meu Pai celestial o quer de outra maneira, então eu aceito e me coloco totalmente em Suas mãos. Isso é confiança total no Deus Todo-Poderoso! Devemos ter isso em mente, pois apesar de irmos a Deus em oração, clamando e levando a Ele a nossa angústia, em última análise esperamos que Ele faça o que nós queremos. Reflitamos no que estava em jogo ali no Getsêmani: ou Ele morria ali mesmo, deixando de salvar a humanidade, ou Ele morria na cruz, como estava previsto, salvando a humanidade por tomar sobre Si a maldição do pecado. E embora a Sua obra redentora estivesse em jogo, Ele não fez a sua própria vontade, mas se submeteu totalmente à vontade de Seu Pai.
Você não quer se tornar uma pessoa assim, que aprenda a lidar com as suas angústias e a vencê-las? Então confie no Deus Todo-Poderoso, começando a levar uma vida de oração regular e perseverante. Mas nunca se esqueça de submeter-se totalmente à vontade do Senhor Jesus enquanto ora. Essa entrega, seja o que for, sempre deve ser expressa em cada oração que você faz. Se você segue esse caminho, você se tornará um cristão que, na verdade, ainda sente todas as angústias e apertos desse mundo, mas apesar disso permanece totalmente tranqüilo em tudo. Estará seguro nas mãos do Senhor, aconteça o que acontecer. O que Ele faz é sempre bom! "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33). Essas são palavras do Senhor Jesus. Você crê nelas? Então viva de acordo com esta fé, confiando – justamente quando o medo quer se apoderar de suas emoções – no Deus Todo-Poderoso e invocando-O em oração! (Marcel Malgo - www.apaz.com.br)

UMA TEOLOGIA DO DESCANSO


A primeira pessoa que descansou foi o próprio Deus: “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito” (Gn 2.2). Do nada, pela força de Sua Palavra, Deus criou todas as coisas visíveis e invisíveis, em apenas seis dias. Ele, que é a fonte de todo o poder, não precisa de descanso (Sl 121.4; Sl 33.9; Is 40.28). O sétimo dia de descanso tem, assim, uma função no Plano Divino de Salvação e mostra o que, desde o início, Deus queria para o homem.
Deus descansou no sétimo dia, o primeiro dia após a criação do homem, que ocorreu no sexto dia (Gn 1.26-31). Isso significa que o ser humano estava destinado a viver no descanso divino; Deus queria o homem para si mesmo, para estar com ele em Seu descanso. O ser humano deveria sujeitar a terra, ser fértil e dominar a natureza, e tudo isso a partir do descanso divino. Mas, o pecado se interpôs e destruiu esse descanso. O desassossego tomou seu lugar.
                                   
O homem descansa de suas obras porque não precisa tentar justificar-se por meio delas nem por meio do cumprimento de leis ou ordenanças.
A mulher, a partir de então, teria sofrimentos em sua gravidez e daria à luz aos seus filhos com muitas dores. O Senhor acrescentou: “o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16)*. O homem, por sua vez, teria de obter seu sustento com fadigas, trabalhando o solo, comendo do fruto da terra e ganhando seu pão com o suor de seu rosto. O ser humano enfrentaria a morte e voltaria à terra da qual fora feito. Além disso, as duas primeiras pessoas criadas foram expulsas do descanso de Deus (Gn 3.17-19,24).
A Bíblia continua contando a saga do descanso que Deus quer dar versus a inquietação humana, expondo como o desassossego foi aumentando continuamente em consequência do pecado. Depois que Caim, o filho mais velho de Adão e Eva, matou seu irmão Abel, o Senhor lhe disse: “Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra” (Gn 4.12; veja também o v. 14). Assim, desde a queda em pecado a humanidade vive errante, inquieta, em sofrimento e desconsolo.
Quando o mundo estava tão degradado pelo pecado que o Todo-Poderoso teve que derramar o Dilúvio sobre a terra, Deus providenciou para que houvesse um sobrevivente juntamente com sua família. Seu nome era Noé. Lameque, pai de Noé, havia posto esse nome em seu filho com uma motivação muito significativa: “Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas das nossas mãos, nesta terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). Pelo visto, Lameque acreditava em Deus e em Sua promessa de Gênesis 3.15. Noé significa “descanso” ou “consolo”. Lameque já conectava esse nome a uma esperança messiânica, pois um dia viria o Salvador (Messias) trazendo de volta o descanso ao mundo, o consolo dos trabalhos e fadigas de suas mãos. Assim, Noé torna-se uma prefiguração profética do verdadeiro Messias, o Senhor Jesus Cristo. Um detalhe interessante nessa história: Lameque alcançou 777 anos de idade, parecendo simbolizar de forma tríplice o sétimo dia, o dia de descanso divino (Gn 5.31). E a história continuou. Mais tarde, Deus escolheu Abraão, Isaque e Jacó. Passou a chamar Jacó de Israel, cujos filhos fundaram as doze tribos de Israel (Gn 49.10-11).

Restaurando o descanso

Deus direcionava tudo para um alvo específico: levar a humanidade de volta ao Seu descanso. Essa é uma das razões porque Ele ordenou que Israel, Seu povo escolhido, descansasse no sétimo dia da semana, no sábado (Êx 20.9-11). Deus queria que Israel entrasse no descanso divino, repouso que só Ele pode proporcionar, o verdadeiro “shabbat”, o descanso em que Adão e Eva viviam antes de caírem em pecado. Mas o povo falhou continuamente. Não era capaz de obedecer aos mandamentos divinos, continuando assim sempre inquieto e intranquilo. Nem Moisés nem Josué, dois grandes líderes do povo judeu, incumbidos de conduzir o povo de Israel até a Terra Prometida, conseguiram levá-lo a seu descanso (veja Hb 4.8).
Então veio o tempo em que Deus enviou Seu Filho a este mundo. Este Filho, Jesus Cristo, é a personificação do descanso divino. Na pessoa dEle vemos mais uma vez que Deus quer trazer as pessoas para dentro da Sua paz e do Seu repouso, simbolizados pelo sábado. Assim, Jesus explicou a respeito de si mesmo: “Porque o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mt 12.8). Jesus é o Senhor do sábado porque é o descanso de Deus em pessoa. Por isso Ele diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).
Satan
Foi o que já lembrou o profeta judeu Isaías, quando predisse setecentos anos antes de Cristo: “ao qual ele [Deus] disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir” (Is 28.12). Foi o que realmente aconteceu.
Em sua incredulidade, Israel rejeitou o Filho de Deus e não entrou no descanso. O descanso prometido para o povo étnico de Israel como um todo não foi suspenso definitivamente, foi apenas prorrogado: “Portanto, resta um descanso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O texto original fala que um descanso sabático espera pelo povo de Deus.

Resta um descanso

Esse descanso sabático, que ainda resta para o futuro, acontecerá durante o reino messiânico de Cristo na terra, quando Jesus Cristo voltar para reinar com poder e grande glória. Nesse grande “dia de Shabbat” milenar, Israel cessará de olhar para suas próprias obras e realizações, passando a olhar, finalmente, para Aquele que foi o consumador da Lei e que trouxe a graça perfeita. E então, quando Jesus voltar, Ele virá trazendo consigo a paz e o descanso: “...alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder” (2 Ts 1.7).
Em Hebreus 4.2-3 são feitas duas importantes declarações sobre a salvação:
  1. A fé é necessária para finalmente alcançarmos o descanso e
  2. Este “descanso” é o descanso no próprio Deus (“no meu descanso”).
A carta aos Hebreus mostra que o descanso de Deus no sétimo dia foi, de fato, desde o começo, uma indicação evidente de que o homem só encontra seu descanso na Pessoa do próprio Deus (Hb 4.4-5).
Quem está em Cristo descansa assim como Deus descansou no sétimo dia. O homem descansa de suas obras porque não precisa tentar justificar-se por meio delas nem por meio do cumprimento de leis ou ordenanças. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). O que Moisés e Josué não conseguiram, Jesus Cristo trouxe a todos os homens. — Norbert Lieth

Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso

Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.
E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé.
Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério.
Hebreus 4.3; Romanos 7.23-24; Mateus 11.28; Romanos 5.1-2; Hebreus 4.10; Filipenses 3.9; Isaías 28.12.

6 de set. de 2017

O QUE DEVO FAZER?

O que devo fazer?

O que devo fazer? Não agüento mais!” Há algum tempo, a representante da fundação suíça Pro Juventude disse em um programa de rádio que essa questão é uma das que mais preocupa os jovens.
A pergunta “O que devo fazer?” é tão antiga quanto o próprio pensamento. O famoso filósofo Immanuel Kant já apresentava questionamentos semelhantes por volta de 1770: “O que posso saber? O que devo fazer? O que posso esperar? O que é o homem?”[1]
O homem pode procurar em muitos lugares, mas não terminará sua busca enquanto não recorrer à Bíblia. Só ela pode nos dar uma resposta conclusiva sobre o que devemos fazer e para quê existimos.
Certa vez perguntou-se ao Senhor Jesus: “Que faremos para realizar as obras de Deus?” (Jo 6.28), ao que Ele respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (v.29).
A maior desgraça do ser humano é não crer em Jesus. Não há negligência maior! Em comparação, todas as outras experiências negativas são meros grãozinhos de areia. Quem está caído num buraco escuro estará disposto a fazer qualquer coisa para sair dele. Mesmo ao enfrentar males menores nos dispomos a enfrentar riscos maiores apenas para melhorar nossa reputação. Mas a solução do problema original de nossa vida é a fé em Jesus Cristo.
No dia de Pentecostes os judeus perceberam que não estavam realmente bem, apesar de seguirem todos os preceitos da lei. Devido à pregação cristocêntrica de Pedro aconteceu o seguinte: “Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?” (At 2.37). A resposta de Pedro foi a única correta: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (v.38). O resultado não deixou de aparecer: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (v.41).
Saulo de Tarso era um homem que odiava Jesus e Sua Igreja de todo o seu coração. Transtornado pela ira, ele fazia de tudo para destruir a Igreja dos cristãos. Mas um dia o Senhor o encontrou. Vencido por esse acontecimento sobrenatural, Saulo fez a pergunta decisiva: “Senhor, que queres que faça?” (At 9.6, RC). O Senhor perdoou os pecados de Saulo e escolheu-o como apóstolo das nações. Além disso, ele recebeu um novo nome: Paulo.
O carcereiro de Filipos tinha a tarefa de vigiar dois prisioneiros com especial cuidado: o apóstolo Paulo e seu companheiro Silas. Esse guarda durão estava acostumado a muitas coisas. Ele cumpria sua tarefa seguindo regras rígidas, mas isso não lhe trazia satisfação. Ele teve tempo para observar Paulo e Silas. Assim, percebeu que eles não se queixavam da sua desgraça, mas começaram a cantar, sim, a louvar a Deus. De repente um terremoto abalou a prisão, de forma que as portas se abriram e as cadeias de todos os prisioneiros se romperam (At 16.26). O carcereiro acordou do seu sono, percebeu sua situação comprometedora e quis matar-se com sua espada (v.27). Talvez ele já estivesse questionando sua vida há muito tempo, sentindo-se frustrado por aquilo que havia dentro e em volta dele. Paulo percebeu isso e consolou-o. Depois disso o homem fez a pergunta decisiva: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” (At 16.30). Paulo respondeu sem hesitar: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (v.31). A fé nessa mensagem revolucionou a vida do carcereiro – ele tornou-se um novo homem no mais verdadeiro sentido da palavra: “Naquela mesma hora da noite, cuidando deles, lavou-lhes os vergões dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os seus. Então, levando-os para a sua própria casa, lhes pôs a mesa; e, com todos os seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus” (v. 33-34).
Vamos analisar com mais atenção as perguntas do filósofo Immanuel Kant, mencionadas no início:

O que posso saber?

Você pode saber que Jesus é a esperança para a vida de todos. Para Ele não há casos perdidos. Você também pode saber que Ele tem poder para perdoar os pecados e dar não somente vida nova, mas vida eterna. Você pode saber que Jesus oferece um tipo de segurança que não acaba amanhã nem depois de amanhã. A vida espiritual do apóstolo Paulo começou com a pergunta: “Quem és tu, Senhor?... Senhor, que queres que faça?” (At 9.5-6). Pouco antes de sua morte, já idoso, ele pôde testemunhar: “...porque sei em quem tenho crido...” (2 Tm 1.12).

O que devo fazer?

Os exemplos citados anteriormente mostram que é preciso decidir-se por Jesus, pois “a obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.29). As pessoas que tinham escutado a pregação de Pedro no Pentecostes aceitaram a Palavra de Deus de boa vontade. O carcereiro de Filipos ficou feliz por ter se tornado crente junto com toda a sua casa – esse foi um ato de decisão consciente. Ele se colocou à disposição do Senhor.
O que você deve fazer? Aceite o convite de Deus feito por meio do Seu profeta: “Buscai-me e vivei” (Am 5.4).

O que posso esperar?

Quem realmente procura Deus vai encontrá-lO, obterá perdão dos pecados e viverá! Tal pessoa pode ter a esperança de que o Senhor nunca mais a abandonará e a conduzirá até a eternidade. Em Jesus, os fardos são aliviados, a esperança nasce, orações são atendidas e as dificuldades existentes são transpostas. Não dependemos mais de nós mesmos: Jesus está conosco!

O que é o homem?

Sem Jesus ele é uma vítima indefesa de Satanás e do pecado. Mas com e por meio de Jesus o homem ganha uma nova posição: ele se torna filho de Deus, co-herdeiro de Jesus e, assim, herdeiro do Pai celeste. Então vale o seguinte: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). (Norbert Lieth)

ESPÍRITO VERSUS CARNE

Espírito Versus Carne

Norbert Lieth
Números 33 traz uma lista de 40 locais por onde passou e acampou o povo de Israel desde a saída de Ramessés até a chegada à planície de Moabe, depois de 40 anos de peregrinação. A Bíblia diz justamente sobre o tempo que o povo de Israel passou no deserto: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (1 Co 10.11; veja Rm 15.4).
Assim, Números 33.16-17 relata: “Partiram do deserto do Sinai e acamparam-se em Quibrote-Hataavá (“tumbas da cobiça”); partiram de Quibrote-Hataavá e acamparam-se em Hazerote”.
O que havia acontecido? O povo tornara-se literalmente cobiçoso de carne. Como as coisas chegaram a esse ponto? “E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer?” (Nm 11.4). Os israelitas deixaram-se influenciar pelos não-israelitas em seu meio. Ao invés de dominá-los, foram dominados por eles.
Moisés sentiu-se tão impotente diante da situação que admitiu: “Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais” (Nm 11.14). Muitas vezes também chegamos ao ponto de sermos quase dominados pela carne e pela cobiça, pois ela nos acompanha passo a passo, está sempre conosco e podemos dizer como Moisés: “Eu não aguento mais! Não consigo vencer sozinho! Não suporto mais!”.
Deus deu a Moisés a receita para lidar com a cobiça dos israelitas. Ele deveria escolher 70 anciãos para repartir com eles o fardo da liderança, e o Senhor colocaria Seu Espírito sobre esses homens (Nm 11.16-17,25). Mais tarde, houve mais dois homens no arraial dos israelitas que foram cheios do Espírito Santo, e Josué reclamou disso. Moisés respondeu: “Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o Espírito!” (Nm 11.29).
Esse é o ponto! Se o povo todo estivesse sob a direção de Deus e da obediência ao Espírito Santo, não seria dominado pela cobiça dos não-israelitas que o acompanhava. Esses dois homens não estavam dentro do Tabernáculo. Ficaram fora, no arraial, e lá foram cheios do Espírito Santo. Isso nos mostra que não devemos ser santos apenas em certas ocasiões ou em certos lugares, como a igreja, mas que devemos ser santos também no arraial, ou seja, em casa, no trabalho, na escola, em qualquer lugar.
Pouco depois soprou um vento do Senhor trazendo codornizes do mar. O povo que cobiçava carne juntou as aves gananciosamente e começou a comer. Mas, enquanto a carne ainda estava entre seus dentes, eles foram castigados com uma praga muito grande. O lugar desse castigo passou a ser chamado de Quibrote-Hata­avá, que significa “tumbas da cobiça”, porque lá foi sepultado o povo que morreu por sua cobiça (Nm 11.34).
Portanto, por um lado vemos a ação do Espírito Santo, e por outro lado vemos o clamor do povo pedindo e desejando carne. Só existem dois caminhos: aquele dirigido pelo Espírito Santo ou aquele dirigido pela carne, com todas as suas consequências. “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13).
O grande problema era que a maioria dos israelitas não dava lugar à ação do Espírito Santo. Seu coração ainda estava preso ao Egito. Isso permitia que os não-israelitas os seduzissem e influenciassem com seu mau comportamento. Por isso, Deus mandou registrar através do profeta Ezequiel: “Mas rebelaram-se contra mim e não me quiseram ouvir; ninguém lançava de si as abominações de que se agradavam os seus olhos, nem abandonava os ídolos do Egito” (Ez 20.8).
Deus precisou de três dias para libertar Seu povo do Egito, mas de mais de 40 anos para libertá-lo dos ídolos egípcios. A peregrinação à Terra Prometida, feita em condições normais, teria levado no máximo 11 dias (Dt 1.2). A distância entre Israel e seu alvo não era o longo caminho a ser percorrido, era o estado do seu próprio coração. O que separou Israel de seu alvo por tanto tempo não foi a distância, e sim sua situação interior. Muitos morreram esperando chegar à Terra Prometida. Foi uma longa jornada.
É trágico ver alguém preso ao pecado até morrer, até sucumbir diante de sua “tumba da cobiça”. A situação de Israel naquela época simboliza a batalha entre a carne e o espírito: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1 Co 10.6). “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl 5.17; veja Rm 8.4,9,13).
Deus precisou de três dias para libertar Seu povo do Egito, mas de mais de 40 anos para libertá-lo dos ídolos egípcios.
Com certeza, todo cristão pode ter sua própria concepção de liberdade em Cristo. Para um, uma taça de vinho já representa pecado, para outro isso não influencia em nada. Um assiste televisão e não vê nada de errado nisso, enquanto outro se escandaliza com o que vê na tela. Há os que valorizam restrições na maneira de se vestir enquanto para outros esse é um assunto secundário. Alguns levam as coisas com mais leveza e até com bom humor, enquanto outros são mais sérios e compenetrados em seu discipulado. Cada cristão tem sua interpretação particular do que significa a liberdade em Cristo, cada um sabe de seus próprios limites e conhece suas próprias tentações. Obviamente não podemos usar nossa percepção subjetiva para fazer dela uma lei para os outros (Rm 14).
Para o caso de vivermos na carne, Deus nos deu a consciência para nos acusar, a Bíblia para nos corrigir e o Espírito Santo para nos convencer do pecado, além da comunhão com os irmãos na igreja, que nos exortam quando falhamos ou estamos em perigo de errar. No fundo, sabemos diferenciar muito bem entre liberdade e pecado. Também sabemos que a graça não pode ser usada para desculpar ou encobrir nossos pecados (veja Rm 6).
Estamos nos referindo a coisas que sabemos que não são boas, coisas que são pecados e cobiça da carne, mas que continuamos a praticar. Continuamos arrastando conosco um comportamento danoso, sempre de consciência pesada, tornando difícil a nossa vida e a vida de quem convive conosco. Essas coisas não nos deixam viver em paz, e somos obrigados a justificá-las o tempo todo.
Quanto tempo Deus precisará para nos levar até onde Ele quer que cheguemos? Nós mesmos atrapalhamos nosso próprio caminho. Nós mesmos entulhamos nossa própria rota de caminhada com coisas que desnecessariamente arrastamos conosco. Por que não deixamos tudo isso para trás? Será que os “estranhos” entre nós seriam os não-cristãos com quem convivemos muito de perto? Ou é o mundo que nos seduz?
E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer?” (Nm 11.4). Em linguagem neotestamentária essa realidade soa assim: “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1Jo 2.16).
Satan
Não é exatamente assim que acontece conosco? Aquilo que ainda arrastamos conosco, aquelas coisas da nossa velha vida de escravidão, que não extirpamos de nossa nova vida, não seriam justamente as que nos fazem tropeçar, que nos seduzem e nos levam a pecar? Que se tornam armadilhas para nós? Que se tornam “tumbas da cobiça” em nossa caminhada com Jesus? Permitimos que a carne nos leve a tropeçar porque não deixamos que o Espírito nos domine? Ficamos atolados sem conseguir seguir em frente. Mas a Bíblia diz: “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24).
É bem possível que ainda não tenhamos nos libertado de nós mesmos, de nosso eu, de nossas próprias convicções e de nossa própria religiosidade, mesmo sabendo que deveríamos abrir mão de nossas paixões para nos consagrarmos completamente a Jesus e vivermos uma vida cristã plena e vitoriosa. Não falo de uma entrega forçada da própria vida, mas em encontrar nosso sentido de viver e nossa satisfação somente em Cristo. Moisés abriu mão de sua autonomia, dizendo: “Eu sozinho não posso levar todo esse povo”. Aí Deus interveio e agiu por meio do Seu Espírito Santo.
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).
Fonte: Chamada.com.br