23 de nov. de 2009

TRÁGICO ENGANO DE ISRAEL



NOSSO TRÁGICO ENGANO


Escrito por Rachmiel Frydland


Traduzido por Ruth Julieta Pereira da Silva




Os anais da História estão repletos de fatos e estórias de tragédias que aconteceram
como conseqüência de engano de identidade. Nas Escrituras Hebraicas estas tragédias
começaram com a estória de Lameque, que conta para suas esposas sobre um
acontecimento trágico, dizendo: "Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque,
escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz
porque me pisou" (Gênesis 4:23).

De acordo com as interpretações tradicionais, Lameque foi caçar e em vez de matar o animal,
ele matou, sem querer, seu próprio filho. Que trágico engano de identidade! Então,
temos a estória de José, que foi acusado injustamente pela esposa de Potifar e sofreu
encarceramento durante muitos anos.

Uma tradição judaica, registrada no Targum aramaico, no livro de Ester, conta-nos
que por muitos anos Salomão foi destronado como rei em Jerusalém e um demônio
chamado Ashmadai reinava disfarçado no lugar de Salomão, enquanto o verdadeiro
rei ia de cidade em cidade clamando nas palavras de Eclesiastes 1:12: "Eu, o
pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém". Igualmente, há uma estória popular
do príncipe e do mendigo, que temporariamente disfarçado com as roupas do príncipe,
foi príncipe enquanto o verdadeiro príncipe tornou-se um mendigo.

Uma estória mais recente conta que Fritz Kreisler, o violinista, estava em Hamburgo
uma noite, com uma hora vaga para gastar antes de tomar o navio para Londres,
onde ele teria de tocar na noite seguinte. Então, ele foi até uma loja de instrumentos
musicais. O proprietário pediu para ver o violino que ele carregava sob o braço e então
desapareceu por um momento e voltou com dois policiais. Um deles colocou sua
mão no ombro de Kreisler e disse: "Você está preso!" "Por quê?" perguntou o Sr. Kreisler.
"Você está com o violino de Fritz Kreisler". "Bem, eu sou Fritz Kreisler".
"Vamos, vamos!" disse o policial "Você não pode pull that on us. Vamos para a
delegacia". O Sr. Kreisler se livrou de ser preso ao encontrar um disco com sua
música na loja e pediu para lhe dar seu violino de volta e então ele tocou aquela mesma música.

Há muitos incidentes sérios, com tais enganos de identidade, na história do nosso povo.
Um deles, especialmente, foi quando Israel pediu para Arão fazer o bezerro de ouro e
identificá-lo com o D-us de Israel, dizendo: "São estes, ó Israel, os teus deuses,
(ou literalmente "Este é seu D-us"), que te tiraram da terra do Egito". Quinhentos anos
se passaram e uma outra enorme tragédia aconteceu ao nosso povo quando o atraente,
física e mentalmente, Absalão, persuadiu o povo de Israel a segui-lo e a rejeitar seu pai,
o rei Davi. Novamente centenas do nosso povo pereceu por causa deste engano.
A estória completa está registrada nas Escrituras Hebraicas em 2 Samuel capítulos 17 e 18.

O ENGANO SOBRE A IDENTIDADE DO MESSIAS

Será que a maior parte do nosso povo poderia também cometer um engano ao identificar
o Messias? Certamente temos cometido erros a este respeito.

A estória de Simão Bar Kosiba, que alegava ser o Messias em 135 d.C.,
é muito conhecida. Durante muito tempo tínhamos só um conhecimento
fragmentado dele, baseado numas poucas moedas e algumas referências
sobre ele no Talmud. Uma vez que ele também era conhecido como
Bar Kochba, alguns estudantes de História pensaram que este fosse o
seu verdadeiro sobrenome, o qual mais tarde foi mudado para Bar Kosiba,
quando os líderes judeus se convenceram de que ele não era o Messias
(a palavra Kosiba pode estar relacionada à raiz hebraica de koseb ou
kozev, que significa mentira, mentir ou mentiroso). No entanto, com
os novos achados arqueológicos em Israel, incluindo uma quantia de
cartas que Simon Bar Kosiba escreveu a vários comandantes, sabemos
com certeza que seu verdadeiro nome era Simão Bar Kosiba - Simão da
cidade ou município de Kosiba. Os líderes de Israel, no entanto, ficaram
tão impressionados com suas vitórias temporárias sobre os romanos
e com suas perseguições a aqueles judeus que criam em Jesus de
Nazaré, que até mesmo a maior autoridade rabínica daquele tempo,
Rabi Akiba, referiu-se às Escrituras de Números 24:17 a ele, onde
as profecias de Balaão dizem: "Uma estrela procederá de Jacó,
de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e
destruirá todos os filhos de Sete".

A palavra hebraica para estrela é Kochab; conseqüentemente,
os líderes judeus começaram a se referir a este homem como
Simão, a Estrela - Shimeon Bar Kochba. Quão amarga foi a
decepção deles a respeito deste homem a quem tanto admiraram
até mesmo quando ele se vangloriou ao dizer que não precisava
da ajuda de D-us e que tudo o que ele queria de D-us era que
Ele não ajudasse seus inimigos! Somente depois de sua completa
derrota que nossos líderes judeus se deram conta de que o seu
verdadeiro sobrenome, Bar Kosiba, deveria ter sido um aviso para
eles e seus olhos teriam sido abertos para a falsidade de suas
alegações. Talvez o Senhor Jesus o tivesse em mente quando
advertiu Seus discípulos dizendo: "Eu vim em nome de meu Pai,
e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome,
certamente, o recebereis" (João 5:43).

SERÁ QUE PODEMOS NOS ENGANAR NOVAMENTE?

Sim, podemos estar enganados novamente, especialmente se
preferirmos seguir a visão humana sobre o Messias em vez
da visão revelada de D-us em Sua Palavra. A maioria dos
exegetas judeus ortodoxos segue a visão de Maimonides,
o grande filósofo do século XIII. A visão dele é de que
os sinais do Messias são que Ele irá lutar as batalhas
de Israel e ser vitorioso e irá forçar os judeus a guardarem
a Torah (Lei Mosaica) assim como foi interpretado pelos
rabinos (Halacha). Neste caso, qualquer dos líderes militares
israelitas bem sucedido poderia alegar ser o Messias, sendo religioso.

Mas, não estaremos enganados se aceitarmos o pleno ensinamento
da Palavra de D-us e procurarmos pelos sinais do Messias. Eles são
claros com relação à identidade do Messias. O Messias deve cumprir
a figura que os profetas desenharam dEle. Vamos alistar apenas alguns exemplos:

O Messias deverá ter um nascimento sobrenatural como está registrado em Isaías 7:14:

Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá
e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel (D-us conosco).

O Messias deverá nascer em Belém como foi profetizado por Miquéias em 5:2:

E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá,
de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade.

O Messias deverá realizar obras sobrenaturais como previsto em Isaías 35:5-6:

Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos
surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará;
pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.

O Messias deverá morrer como expiação pelo pecado como foi
descrito em Isaías 53:5-8:

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele,
e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez
cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado,
mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha
muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor
foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado
da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido.

As mãos e os pés do Messias deverão ser perfurados como foi profetizado no Salmo 22:16:

Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia;
traspassarem-me as mãos e os pés.

O Messias também deverá ser ressuscitado dentre
os mortos como predito pelo rei Davi que disse:

Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o
teu Santo veja corrupção. Tu me farás ver os caminhos da vida;
na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias
perpetuamente (Salmo 16:10-11).

O Messias deverá vir antes que o Segundo Templo seja destruído
por Tito. O arcanjo Gabriel esclareceu isto a Daniel quando revelou a
ele o que aconteceria depois que o Messias viesse. Então falou a Daniel:

Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará;
e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário (9:26).

Os comentaristas que seguem a exegese de Rashi, onde a
palavra hebraica Moshiach (Messias) se refere ao rei Agripa,
que morreu antes de Tito conquistar e destruir o templo, confirmam
que esta profecia deveria ser cumprida antes de 70 d.C. Mas não
poderia ser o rei Agripa! O arcanjo Gabriel, com certeza, não
o nomearia com o título de Messias. Ele nem mesmo era da
semente de Davi, mas um descendente dos odiados Antipátride
e Herodes, um rei devasso que fazia tudo que podia para agradar aos romanos.

De acordo com as Escrituras, o Messias ganhará a obediência
de grande proporção de não judeus. Portanto, o patriarca Jacó predisse que:

O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés,
até que venha Silo; e a ele obedecerão os povos (gentios) (Gênesis 49:10).

Ele deverá ser uma Luz para os gentios conforme Isaías 49:5-6:

Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre
para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó... a ele...
Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares
as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes
de Israel; também te dei como luz para os gentios, para
seres a minha salvação até à extremidade da terra.

Israel aceitará o Messias, "Aquele que foi traspassado":

E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém
derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para
aquele que traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia
por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente
pelo primogênito (Zacarias 12:10).

A SOLUÇÃO DE SUA IDENTIDADE

Estas são apenas algumas das marcas de identificação do
Messias descritas pelos profetas e pelos patriarcas. Não
deve haver agora mais nenhuma dúvida em sua mente de
que estas profecias foram totalmente cumpridas em Jesus
de Nazaré. No decurso dos últimos dezenove séculos,
centenas de milhares do nosso povo chegaram a crer em
Sua messianidade por causa destas e outras provas. Milhões
de gentios abandonaram seus ídolos de madeira e pedra e suas
filosofias feitas pelo homem e confiaram no D-us de Israel,
nosso próprio Messias judeu, e creram em nossas Escrituras
judaicas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

Com certeza, este é o momento para nós clamarmos juntos
com Seus primeiros seguidores judeus, dizendo: "ACHAMOS AQUELE
DE QUEM MOISÉS ESCREVEU NA LEI, E A QUEM SE
REFERIRAM OS PROFETAS: JESUS, O NAZARENO, FILHO DE JOSÉ" (João 1:45).

Extraído do site: http://www.beitmashiach.org

4 de nov. de 2009

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2 de nov. de 2009

BRINCANDO DE IGREJA 2

Pragmatismo na Igreja: Uma Religião Orientada Para Resultados — Uma Apostasia com Propósitos

Brincando de Igreja com o Jogo dos Números — Parte 2: Regras de 1 a 3 no Jogo da Igreja do Novo Paradigma

Ninguém pode negar que o mundo hoje está em um estado de constante mudança. A vida na Terra muda e as pessoas mudam. Algumas mudanças são benéficas, enquanto outras são maléficas. Algumas mudanças prejudicam a humanidade e algumas mudanças beneficiam poucas pessoas. Como se diz, "a única coisa com a qual você pode contar é com a mudança". Entretanto, Deus nunca muda, e a Palavra de Deus nunca muda. Com base nesse fato das Escrituras, os verdadeiros seguidores de Jesus Cristo devem não somente ser muito relutantes para "mudar com os tempos" mas, de acordo com os mandamentos das Escrituras — "andar de forma circunspecta, discernindo os tempos". (1) Isso não implica que a igreja de Jesus Cristo deva rejeitar a tecnologia e viver somente um estilo de vida agrário ou rebelar-se contra as novas realidades do mundo; mas os cristãos são instruídos a avaliarem todas as mudanças culturais à luz da Palavra de Deus. A despeito de qualquer relutância à mudança com base nessas avaliações, não há absolutamente validade alguma na noção que os fundamentalistas são categoricamente "defensores da cultura", como definem os críticos. (2) Bem ao contrário, o cristão de hoje não é menos estranho à cultura atual que os verdadeiros cristãos foram em qualquer tempo na história da igreja. Portanto, o indivíduo nascido de novo nunca assimilará uma cultura terreal; porquanto os cristãos são cidadãos de uma "cidade cujo artíficie e construtor é Deus" (3). Então, se a cidadania do cristão "não é deste mundo", o filho de Deus deve exercer discernimento bíblico em vez de se conformar totalmente à mudança cultural.

Isso é especialmente verdadeiro à luz dos esforços realizados por organizações como a Boa Vontade Mundial. A Boa Vontade Mundial é uma divisão da Lucis Trust, uma organização não governamental registrada nas Nações Unidas. A Lucis Trust foi originalmente organizada como Lucifer Publishing Company e publicou os escritos da teósofa Alice Bailey. Os livros de Alice Bailey (na realidade escritos sob "escrita automática", ditados a ela por seu "espírito-guia" Dhwal Khul) foram posteriormente usados como currículo central para a Escola Arcana — também uma divisão da Lucis Trust. Hoje, a Escola Arcana é o centro de treinamento para os maçons escolhidos para se juntarem ao grupo distingüido de conhecedores a quem são reveladas as verdadeiras crenças da hierarquia maçônica). Indo ao ponto que nos interessa, o Boletim Número 2 do World Goodwill, de 1990, informou que a declaração das Nações Unidas da década de 1988 a 1997 como a "década mundial de desenvolvimento cultural". A Boa Vontade Mundial informou que essa década levaria à criação de uma nova cultura" (4). Em retrospecto, esse intervalo de dez anos foi exatamente o tempo de instabilidade crítica e mudança monumental — mas as mudanças foram feitas tão sutil e enganosamente que poucas pessoas tiveram alguma idéia do que estava acontecendo. Durante essa década, todas as forças que estavam ardendo e borbulhando desde o século XIX vieram a produzir frutos para criar os "tempos trabalhosos" preditos na Palavra de Deus. Os climas religioso, político e secular adotaram a cultura pós-moderna da psicologia e da tolerância — uma combinação mortal. A metodologia exercida por esse esforço que concebeu a atual cultura emergente é reminiscente da posição defendida pelo membro da CFR James Gardner em seu artigo "O Difícil Caminho Para a Ordem Mundial", na edição de abril de 1973 da revista Foreign Affairs, do CFR:

"Em resumo, a 'casa da ordem mundial' terá de ser construída de baixo para cima, em vez de cima para baixo. Ela se parecerá com uma 'grande e ruidosa confusão', para usar a expressão de William Tames... a soberania, erodindo-a parte por parte, fará muito mais do que o assalto frontal fora de moda". (5).

Enquanto essa nova cultura estava real e silenciosamente sendo implementada, a igreja de Jesus Cristo dormia durante todo o tempo. Houve alguns que entraram na guerra para "salvar a cultura" e restaurar a fé dos Pais Fundadores. Houve alguns que lutaram contra o politicamente correto e os grupos radicais gerados pela nova cultura. Houve até alguns que lutaram para salvar o sistema público de ensino da tomada total pelos educadores globalistas, da educação progressiva. A maioria dos que lutaram nessas batalhas foram rotulados como extremistas, fanáticos, intolerantes e uma pletora de outros adjetivos não adequados para consumo popular. Tragicamente, muitas dessas batalhas foram baseadas em valores "sem base bíblica, mal posicionados ou mal-aplicados" desde sua origem; mas a maioria dos que lutaram (e ainda estão lutando) essas batalhas sentiam sinceramente que estavam fazendo um esforço nobre para preservar a "verdade, a justiça e o 'modo americano'". Entretanto, mesmo aqueles que lutaram nessas batalhas estavam, como regra geral, tão ocupados com a batalha que avaliaram mal a estratégia global e o objetivo do inimigo. O objetivo do inimigo em todo esse processo foi (e é) a transição de todo o sistema para uma Sociedade Planetária. Para que a profecia seja cumprida, precisa haver uma transição sistêmica de uma sociedade de estados nacionais individuais para uma sociedade planetária socialista. O principal obstáculo a essa mudança sistêmica é a verdadeira igreja de Jesus Cristo. Os cristãos nascidos de novo que vivem de acordo com os mandamentos da Palavra de Deus não se encaixam nesse novo sistema e, assim, os cristãos verdadeiros se opõem de forma inflexível a tal mudança sistêmica. Portanto, para que a transição sistêmica da cultura seja bem sucedida, ela também precisa incluir a transição bem sucedida da igreja em completa conformidade com a cultura pós-moderna. Se um segmento predominante da igreja militante puder ser sutil e enganosamente transicionada para um estado não combativo, inócuo, pusilânime e contemporizado que se misture na cultura mais ampla, a oposição à transição de todo o sistema se derretará como um cubo de gelo diante de uma tenaz aquecida. Como pode essa transição ser realizada? O fato é que essa transição está ocorrendo com muito sucesso e se tornando uma realidade com o recrutamento de milhares de evangélicos e fundamentalistas para brincarem com o "Jogo da Igreja do Novo Paradigma" — daqui para frente referenciada como Religião Orientada Para Resultados.

Objetivo do Jogo

O Capítulo 8 deste manuscrito definiu os termos para a interpretação apropriada das regras do Jogo da Igreja do Novo Paradigma. Agora que os termos foram definidos, o processo de aprender as regras pode ter início. As regras neste capítulo vêm diretamente da boca de alguns dos principais astros no jogo, e não são o resultado das imaginações ou opiniões do autor. Entretanto, como acontece com qualquer jogo que alguém tente jogar, primeiro precisa haver uma declaração do objetivo do jogo. Uma vez que o objetivo seja definido, pode-se então partir para as regras.

O objetivo do Jogo da Igreja do Novo Paradigma é a total transição da igreja de uma posição tradicional, bíblica e separatista para se tornar mais alinhada e em sintonia com os ditames da cultura pós-moderna — assim iniciando o crescimento exponencial da igreja.

Esse objetivo basicamente afirma o "resultado" na Religião Orientada Para Resultados. Esse resultado é duplo:

1. Alinhamento da igreja com a cultura pós-moderna
2. Crescimento exponencial da igreja.

Os métodos usados para alcançar esse resultado são, na verdade, as regras do jogo. Aqueles que alcançam o objetivo (ou chegam ao resultado) ganham o jogo. As regras desse jogo foram estabelecidas a partir de uma base pragmática. Em outras palavras, se alguém seguir essas regras e jogar bem o jogo — esse indivíduo está seguindo um curso que comprovadamente produz resultados positivos. O Jogo da Igreja do Novo Paradigma está baseado em regras pragmáticas que enganosamente atacam a igreja fundamentalista e separada. Esse é o "novo modo de fazer igreja".

Regra 1

Precisamos "mudar nosso modo de pensar... do que Deus está tentando fazer". (6).

Essa afirmação, feita por um proeminente autor do "Crescimento de Igrejas", é alarmantemente intrigante. Em primeiro lugar, uma mudança no modo de pensar designa uma "mudança de paradigma" (veja o Capítulo 8). Segundo, uma vez que o modo de pensar é mudado, as crenças, atitudes e valores mudam subseqüentemente. Finalmente, o modo de pensar mudado leva a uma percepção modificada da realidade. O resultado final do homem é então tão distante de seu início quanto a luz está das trevas. Isso é melhor exibido seguindo-se a lógica que se o modo de pensar precisa ser alterado, faz sentido concluir que a mudança é necessária por que o modo de pensar daqueles que estão nas igrejas tradicionais ou fundamentalistas está seriamente errado. Isso nos leva a levantar algumas questões:

  1. O que está errado com o processo mental atual?
  2. Esse modo de pensar errado forçou uma mudança no plano original de Deus?
  3. Se tal modo de pensar força a necessidade de uma "mudança de paradigma", não faz sentido concluir que Deus está fazendo algo novo?

A resposta para a questão 1 está na revelação do pensamento passado e presente do plano de Deus. Da perspectiva da Religião Orientada Para Resultados, o modo de pensar do cristianismo fundamentalista e separatista resulta em ações que inibem seriamente o crescimento da igreja. Quais são alguns desses modos de pensar que atrapalham o crescimento?

  1. As igrejas precisam funcionar de acordo com a Palavra de Deus.
  2. Deus e sua Palavra NÃO MUDAM.
  3. Com base no caráter e na natureza de Deus, os membros da igreja devem ser responsáveis diante de Deus a aos seus princípios de santidade e vida correta — separados do mundo.

Se algum indivíduo mantiver essa forma de pensar, nunca ganhará o Jogo da Igreja do Novo Paradigma, pois tal indivíduo pensa teologicamente. De acordo com o novo paradigma, o pensamento teológico significa desastre na cultura pós-moderna. Isso, teoricamente, deve-se ao fato que aqueles a serem alcançados para Cristo não compreendem as ações que resultam do pensamento teológico. Por exemplo, se aquele que busca realização entrar em uma igreja e ouvir a exposição do pensamento teológico, esse buscador não retornará à igreja, pois a mentalidade teológica será estranha à sua cosmovisão.

Portanto, se o pensamento teológico inibe ou ameaça esse indivíduo, o pensador teológico precisa mudar seu processo mental para aquele do pensamento estratégico de modo a alcançar o buscador. Para pensar de forma estratégica, é necessário levar várias coisas em consideração:

  1. O indivíduo perdido que visita a igreja não tem conhecimento algum dos dogmas cristãos.
  2. A igreja precisa adaptar seus métodos para então tornar esse indivíduo mais à vontade (sentindo-se menos inibido e menos ameaçado) quando estiver na igreja.
  3. Uma vez que esse indivíduo estiver se sentindo à vontade, poderá ser alcançado com o evangelho.

Portanto, todo o sistema de como o serviço da igreja é conduzido precisa entrar mais em sintonia com a cultura pós-moderna de modo a alcançar os indivíduos que podem se sentir intimidados por idéias fora de moda como as chamadas ao auto-exame, a culpa associada ao pecado, o chamado ao genuíno arrependimento e a necessidade de transformação do indivíduo com base nas doutrinas fundamentais da Palavra de Deus. Em essência, a mudança no modo de pensar precisa ser sistêmica — não sistemática. De acordo com a teoria do novo paradigma, a igreja que tem obsessão com o pensamento teológico precisa ser completamente transformada, ou não conseguirá alcançar os cidadãos perdidos da cultura atual.

Essa transformação somente pode ocorrer "pensando-se em termos de processo, não de conteúdo". (7) Essa afirmação em si mesma é uma linguagem amedrontadora. Subitamente, o processo estratégico usado para alcançar os perdidos para Cristo passa a ter maior peso que o conteúdo da mensagem. Essa metodologia despreza o aspecto mais importante de alcançar os perdidos para Cristo:

A VERDADEIRA SALVAÇÃO VEM SOMENTE COM A CONVICÇÃO DO ESPÍRITO SANTO CONFORME REVELADO NA PALAVRA DE DEUS. É A PALAVRA DE DEUS QUE CONVENCE DO PECADO; É A PALAVRA DE DEUS QUE REVELA O AMOR DE CRISTO; É A PALAVRA DE DEUS QUE PERSUADE O PECADOR A CONVERTER-SE DE SEUS PECADOS A JESUS CRISTO. "A FÉ VEM PELO OUVIR, E O OUVIR PELA PALAVRA DE DEUS". (8).

Conclusão: A Regra 1 tem um erro sério:
  1. A idéia que Deus está fazendo uma "coisa nova" vem diretamente de uma síntese de conceitos carismáticos incorretos de Deus e da teologia tolerante e aguada da "grande comunidade evangélica" (veja o Capítulo 5). Deus não está fazendo uma coisa nova — o plano de Deus para a igreja foi estabelecido em sua santa e eterna Palavra. O plano de Deus não mudou.

  2. O modo de pensar dos cristãos deve estar enraízado e estabelecido na Palavra de Deus. Se a Palavra de Deus não se alinha com a cultura, da mesma forma não deve o processo mental dos cristãos se alinhar com a cultura.

  3. Os cristãos devem SEMPRE dar prioridade em seu modo de pensar ao conteúdo em vez de ao processo teológico — pois quando o conteúdo do pensamento cristão está baseado na Palavra de Deus, o processo resultante do ministério, por sua vez, será bíblico.

  4. Colocar os processos ou sistemas acima do conteúdo da Palavra de Deus equivale somente à manipulação emocional pelos métodos do homem. A manipulação emocional não é um substituto para a convicção do Espírito Santo e nunca haverá CONVERSÃO GENUÍNA quando se dá prioridade ao método sobre o conteúdo.

Regra 2

"Desenvolva uma Estratégia de Mercado"

Toda a cultura ocidental hoje está sendo manipulada e orientada pelos ditames dos gênios do marketing da indústria da propaganda e não há dúvida alguma que esses sistemas e métodos têm em certa extensão permeado o processo mental de todas as pessoas. Pode-se então concluir que um assalto da metodologia da indústria da propaganda na igreja seria certamente inevitável. Entretanto, o nível em que os proponentes do jogo do novo paradigma utilizaram esses métodos de manipulação é muito maior do que poderia ser imaginado.

O autor deste manuscrito conhece os métodos e tátícas de propaganda e a implementação das táticas do marketing secular na estratégia de crescimento da igreja:

"Possuo um diploma de Bacharel em Marketing pela Universidade Bob Jones e sou sócio em uma empresa que coordena vendas regionais e o marketing de vinte empresas nacionais e multinacionais. Portanto, ao participar de sessões sobre crescimento de igrejas alguns anos atrás, fiquei admirado com as táticas dos livros de marketing que estavam sendo defendidas pelo pastor e fiquei imaginando onde ele tinha obtido conhecimento daquelas informações. Naquele tempo, também raciocinei (pragmaticamente) que se aquelas estratégias funcionavam na minha empresa, por que não empregar esses métodos comprovadamente eficazes no ministério? Entretanto, a situação logo ficou fora de controle. A igreja começou a considerar a contratação de uma firma de consultoria em crescimento de igrejas que prometia que, por meros 40 mil dólares, eles garantiriam que o crescimento no número de membros geraria à igreja 300 mil dólares no segundo ano de implementação do sistema. Todo aquele cenário era muito desconcertante e, com uma rápida pesquisa sobre a firma de consultoria, descobrimos que famosos carismáticos estavam não apenas vinculados àquela organização, mas também faziam parte da sua diretoria. Uma pesquisa adicional rastreou todo o conceito ao Seminário Teológico Fuller."

"A verdade foi logo revelada que o pastor seguia as orientações de Rick Warren e Bill Hybels e jogava o Jogo da Igreja do Novo Paradigma. É desnecessário dizer que não participo mais daquela igreja — uma igreja que começou originalmente como batista fundamentalista e independente e está agora experimentando um crescimento exponencial, ao mesmo tempo em que faz contemporização após contemporização para alcançar o resultado do crescimento da igreja."

Antes de discutir as estratégias de marketing da igreja do novo paradigma, alguns aspectos do marketing precisam ser tratados. Primeiro, deve-se fazer uma definição apropriada de "marketing". Para isso, vamos a um livro-texto padrão de Marketing dos cursos universitários:

"Marketing é um processo de uma sociedade pelo qual a estrutura de demanda ou o desejo por bens e serviços econômicos é previsto, aumentado e satisfeito por meio da concepção, promoção, troca e distribuição física desses bens e serviços". (9).

Usando essa definição como uma linha de base, as seguintes etapas, copiadas das notas deste autor das aulas de Marketing na universidade fornecem um exemplo conciso de uma estratégia detalhada de marketing:

1. Defina um objetivo de longo prazo (resultado) e relacione os detalhes para atingir esse objetivo.
2. Identifique o mercado (os clientes potenciais) para seu produto.
3. Identifique as necessidades dos clientes e desenvolva uma estratégia para atender a essas necessidades. Qual é o problema real?
4. Não entregue um produto tangível, mas um padrão de vida:
  • Conheça os motivos do comprador
  • Anuncie a um mercado-alvo
  • Venda satisfações
  • Venda furiosamente
  • Seja elástico às mudanças
  • Inove
  • Promova a partir do melhor ângulo
5. Selecione cuidadosamente bons vendedores. (10).

A verdade da questão é que qualquer pessoa que leia o livro "Uma Igreja Com Propósitos", de Rick Warren, e também leia as notas deste autor das aulas de Marketing, ficará absolutamente convencido que o Dr. Warren e este autor copiaram as notas um do outro na mesma aula na universidade! Não somente isso, mas cada um dos conceitos de marketing mencionados anteriormente (copiados tintim por tintim do caderno usado por este autor na universidade) espelha os conceitos dos principais proponentes do movimento da igreja do novo paradigma. Portanto, uma discussão ponto por ponto desses conceitos e de como eles se comparam com a filosofia do novo paradigma é bem apropriada.

1. Definição do Objetivo de Longo Prazo

Os líderes do novo paradigma definem o objetivo de longo prazo como uma visão. Essa visão é geralmente o plano do líder da igreja para o crescimento — ou o resultado. Rick Warren descreve esse processo em detalhes, mas um livro complementar, escrito por Dan Southerland, "Transição: Conduzindo Pessoas Através da Mudança", gasta mais de cem páginas descrevendo a preparação, definição, plantação, compartilhamento e implementação da visão para fazer a transição de uma igreja local do modelo bíblico para a metodologia do novo paradigma. (11) Entretanto, tanto o Dr. Warren quanto o pastor Southerland fazem suposições para criar o terreno para essa "visão" que não estão necessariamente baseadas na Palavra de Deus:

  • A suposição 1 pode ser descrita nas palavras do pastor Dan Southerland: "Deus está fazendo algo novo no mundo hoje" (12) — ou — Deus está fazendo uma "coisa nova". Este manuscrito já tocou anteriormente nesse assunto, mas como é uma parte fundamental do modo de pensar do novo paradigma, uma questão que precisa ser perguntada é: "Qual é a origem desse conceito?". A resposta é bem simples para aqueles que leram o Capítulo 5 deste livro. Esse conceito veio diretamente da Terceira Onda do Movimento Carismático, o Movimento dos "Sinais e Maravilhas" criado por John Wimber, Peter Wagner e o Seminário Teológico Fuller. Essa "coisa nova" foi então transicionada dos sinais e maravilhas manifestos do Espírito Santo para serem exemplificados no novo nível de louvor e adoração da música cristã contemporânea e agora, finalmente, no Jogo da Igreja do Novo Paradigma — que utiliza e sintetiza aspectos particulares de seus três predecessores.

  • A suposição 2 diz que a transição para o novo paradigma é a "Visão de Deus Para a Igreja". (13) Todos precisam prontamente concordar que é a vontade de Deus que "nenhum se perca, mas que venham todos ao arrependimento", mas a Bíblia é também muito clara que a vontade de Deus para sua igreja precisa ser acompanhada pelos métodos de Deus. Como mostrado no Capítulo 8, o novo paradigma afronta diretamente os planos de Deus para a igreja local.

  • A suposição 3 está baseada na aceitação da suposição 2. Pois se alguém aceita o fato que o novo paradigma é a "Visão de Deus Para a Igreja" esse indivíduo precisa também aceitar a posição de que a visão pode ainda ser a visão de Deus independente do que a Bíblia ensina. Nesse ponto, as coisas começam realmente a degringolar. A despeito de toda a retórica conservadora, qualquer pastor que baseie seu ministério em métodos ou elementos contrários ao ensino das Escrituras está agora criando uma religião híbrida — a Religião Orientada Para Resultados — uma síntese entre a Palavra de Deus e a cultura pós-moderna.

Em termos simples, o objetivo de longo prazo da igreja do novo paradigma é essa síntese que tornará a igreja mais confortável e menos ameaçadora àqueles que negam Jesus Cristo. O objetivo declarado dessa síntese é trazer os perdidos à igreja, alimentá-los com o evangelho, convertê-los a Cristo, e alcançar o crescimento exponencial da igreja. Entretanto, deve-se fazer as seguintes perguntas: O que essa síntese produz? A síntese preservará a integridade da obra de Deus? Poderá haver um chamado ao auto-exame e ao verdadeiro arrependimento do pecado quando se opera sob essa síntese?

2. Identifique o Mercado Para Seu Produto

Este aspecto do jogo da igreja do novo paradigma soa como um paradoxo e uma autocontradição. Os participantes nesse jogo da igreja do novo paradigma insistem que um determinado segmento da população deve ser visado como o alvo preferencial para uma determinada igreja local. Eles podem dizer que estão cumprindo a Grande Comissão, mas não têm a menor intenção de ir "a todo o mundo e pregar o evangelho", como Jesus mandou. Em vez disso, a regra do jogo da igreja do novo paradigma é que "você vá ao seu mercado-alvo estrategicamente identificado".

O pastor Rick Warren é muito específico quando fala de planejamento estratégico e usa as Escrituras para defender sua posição de visar especificamente os "residentes jovens e de colarinho branco do Vale de Saddleback". Entretanto, a defesa que ele faz com as Escrituras chega a ser incrível. Ele defende a posição que Jesus visou estrategicamente certo segmento populacional e pregou o evangelho do reino somente aos judeus, ignorando os gentios em seu ministério terreno. Ele também afirma que Jesus enviou seus discípulos "às ovelhas perdidas da casa de Israel" em vez de aos samaritanos e aos gentios por que os judeus eram o povo que os discípulos mais provavelmente alcançariam." (14) Além disso, Rick Warren também diz que Jesus estava "sendo estratégico, não preconceituoso" ao implementar esse ministério. (15). A resposta perfeita ao Dr. Warren a essa afirmação seria o velho adágio "Posso ser novo, mas não nasci ontem". Não somente as afirmações de Rick Warren descaradamente insultam a inteligência dos leitores de seu livro, mas também ignoram todo o Antigo Testamento, desconsideram todas as profecias messiânicas e diminuem a deidade do Deus encarnado. Rick Warren também ofusca a questão da deidade de Cristo quando diz, "Freqüentemente, Jesus sabia o que os outros estavam pensando." (16).

A verdade bíblica é que Jesus não foi preconceituoso nem estratégico. Além disso, Ele conhecia exatamente aqueles que seus discípulos alcançariam, e sempre sabia o que os outros estavam pensando — pois Jesus Cristo é Deus em carne. Jesus fez o que fez por que é Deus. Ele agiu em justiça impecável em seu plano eterno e de acordo com as promessas para seu povo escolhido, Israel. O fato é que Jesus veio em cumprimento às promessas messiânicas de estabelecer o reino hebreu, conforme revelado a Davi. Se o Messias fosse aos gentios, estaria contradizendo o propósito de sua vinda para estabelecer o reino. Será se o Dr. Warren não compreende isso? Reduzir as ações de Jesus a pensamento estratégico e limitar seu conhecimento dos pensamentos dos corações não somente põe em questão a divindade de Cristo como também o caráter espiritual e os motivos do indivíduo que faz tais afirmações questionáveis e teologicamente blasfemas. Que tipo de estratégia de marketing — ou melhor ainda, que conjunto de prioridades levaria alguém a defender essa posição?

3. Identifique as Necessidades do Cliente e Desenvolva uma Estratégica Para Atender Essas Necessidades

É com este princípio do marketing que o "pneu pega a estrada" no Jogo da Igreja do Novo Paradigma. Essa é a questão que trouxe Bill Hybels e a Igreja da Comunidade de Willow Creek à linha de frente do Movimento de Crescimento de Igrejas e é a questão que tornou a Igreja da Comunidade de Saddleback a força que é hoje. A essência disso deve-se ao fato que "... as pessoas hoje estão sedentas não pela salvação pessoal... mas pela ilusão momentânea de bem-estar pessoal, saúde, e segurança psicológica." (16) Com base nisso, a igreja do novo paradigma trará pessoas pela porta da frente aos milhões e eles continuam a convencer as pessoas que Cristo morreu para atender às necessidades delas. É preciso admitir que essa é realmente uma excelente estratégia de marketing. A pesquisa feita na Igreja da Comunidade de Willow Creek indica que 80% dos americanos estão em busca da realização pessoal, (17) e que a igreja tradicional falhou miseravelmente em atender a essas necessidades associadas. Bill Hybels, o fundador da Igreja da Comunidade de Willow Creek, afirma ainda que o pecado "é uma estratégia falha para obter realização." (18) Ele insiste que enquanto a igreja tradicional e outras religiões falharam em suas tentativas de entregar essa elusiva borboleta da realização pessoal, a variedade de "cristianismo" de Willow Creek funciona e entrega o que promete. Essa abordagem pragmática ao ministério é ecoada pela Igreja de Saddleback e todo o Movimento da Igreja do Novo Paradigma e forma a plataforma básica para a nova estratégia de marketing do novo paradigma. Portanto, o jogo da Igreja do Novo Paradigma põe uma ênfase em atender às necessidades sentidas dos sem-igreja como um modo de trazê-los ao aprisco. Isso não é muito diferente dos políticos que conseguem se eleger distribuindo brindes e fazendo promessas aos eleitores como um modo enganoso de ganhar seus votos.

Na política e no Jogo da Igreja do Novo Paradigma, a verdade precisa ser sacrificada para forçar esse tipo de manipulação das massas. Isso é evidenciado no jogo da igreja por uma falta distinta de ênfase na teologia. Lembre-se, o "Henrique sem-igreja" não pode ser convencido que suas necessidades humanistas e auto-sentidas serão incondicionalmente atendidas se ele for defrontado com o auto-exame, o chamado ao arrependimento, ou à humildade diante de um Deus santo. Robert Schuller, o autoproclamado pai do Movimento de Crescimento de Igrejas diz, "Devemos nos concentrar nas necessidades das pessoas, em vez de na verdade teológica." (19) Como resultado, a verdade teológica e o pensamento teológico são subordinados à manipulação emocional e ao pensamento estratégico.

Rick Warren defende essa posição fazendo interpretações más, distorcidas e fora do contexto. Ele defende a posição que "muitos poucos vieram a Jesus buscando a verdade, eles estavam procurando alívio, de modo que Jesus atendia a essas necessidades sentidas." (20) É realmente verdade que a maioria dos que vieram a Jesus estavam em busca de cura ou de outras necessidades físicas. Também é verdade que por amor e compaixão, Jesus atendeu a muitas dessas necessidades. Entretanto, a aplicação desse aspecto ao ministério da Igreja do Novo Testamento é totalmente risível. Durante o primeiro advento de Jesus Cristo, a verdade de Deus foi somente revelada àqueles de fé que vieram em busca da verdade e dispostos a fazer um compromisso de seguir a Jesus. (É preciso lembrar que isso foi antes do Pentecostes, e não havia a habitação permanente do Espírito Santo naquele tempo.) O atendimento das necessidades físicas somente nunca se traduziu em transformação espiritual, a não ser que Jesus perdoasse os pecados do indivíduo ao mesmo tempo. Entretanto, aqueles que vieram a Cristo em humildade, em arrependimento pelos pecados, reconhecendo e adorando sua divindade, receberam a chave para os "mistérios do Reino de Deus". Como resultado, muitos receberam o derramamento do amor de Deus por meio do atendimento de suas necessidades físicas temporárias, mas relativamente poucos receberam o dom espiritual eterno conforme exercido pela fé no próprio Messias — o Filho de Deus. Se esse era o caso no ministério do Filho de Deus encarnado, qual possível base aqueles que brincam com o Jogo da Igreja do Novo Paradigma têm em acreditar que podem forçar transformações eternas nas almas dos homens operando uma estratégia de filosofias mundanas e pragmáticas que baseiam seu sucesso na manipulação emocional?

4. Não Entregue um Produto Tangível, Mas um Padrão de Vida

Este brilhante princípio do marketing afetou de alguma maneira toda a vida na sociedade ocidental. (Por exemplo, uma pessoa não compra um carro, compra aquilo que a propaganda do carro retrata — felicidade, apelo sexual, status social, etc.) Toda a cultura foi afetada por essa tática da indústria da propaganda e agora a igreja de Jesus Cristo está sob o assalto pelos provocadores dentro de suas próprias fileiras que querem tornar o evangelho de Jesus Cristo um item de consumo. O padrão de vida de auto-realização que está sendo promovido pela igreja do novo paradigma é uma ilusão. Essa ilusão é gerada por táticas furiosas de propaganda sutil e persuasiva que tentam transformar a pregação da cruz de Jesus Cristo de "loucura para os que perecem", para uma panacéia para todas as necessidades sentidas — imaginárias, carnais, ou o que for. No marketing, a percepção do público é 90% da batalha para alcançar o sucesso, mas esse sucesso é no máximo temporário. Em contraste, a Palavra de Deus oferece verdades espirituais que mudam eternamente a posição do homem diante de um Deus santo. Se a embalagem for mudada para tornar o produto mais apelativo, o produto também precisará ser alterado para fazer o consumidor retornar em busca de mais. A seguinte pergunta torna-se então apropriada neste momento: "Se o Henrique sem-igreja for atraído à igreja para receber e satisfazer a sua carne, será se estará por perto se um dia for chamado para dar sua vida por amor a Cristo?" (21).

5. Cuidadosamente, Selecione os Melhores Vendedores

Este aspecto da estratégia de marketing será tratado posteriomente no "Salão da Fama do Novo Paradigma".

Conclusão: Problemas sérios com a Regra 2:

O problema geral com a Regra 2 é o simples fato que os participantes no Jogo da Igreja do Novo Paradigma estão tentando converter o sistema estrutural da igreja em uma entidade baseada mais nos princípios do mundo empresarial do que nas instruções da Palavra de Deus. Como resultado, a igreja começa a operar mais como uma empresa e o pastor emula a personalidade de um executivo presidente de uma empresa. Quando a igreja opera com base nos princípios empresariais e não nas orientações da Bíblia, a tendência é tornar-se mais preocupada com os aspectos do crescimento das operações do que na prioridade bíblica de fidelidade à verdade da Palavra de Deus. À medida que a necessidade para financiar a estrutura e a pressão por especialização financeira aumentam com o crescimento resultante, a porta é então aberta para indivíduos poderosos que têm muito a ganhar fazendo a transição da igreja de sua posição separada, que militantemente desafia o sistema de valores globalista do novo milênio (veja o Capítulo 7), para uma participante disposta, altamente motivada e que se sente obrigada a fazer alguma coisa na cultura pós-moderna. Como será discutido em detalhes em um capítulo posterior, o dinheiro e a especialização para financiar o Jogo da Igreja do Novo Paradigma tem sido fornecido e subscrito por alguns benfeitores muito surpreendentes, mas a motivação para tal transição da igreja pode ser compreendida conhecendo-se o cenário orientado para resultados.

O crescimento exponencial é então o resultado natural do cenário orientado para resultados, mas todo o processo está seriamente furado:

  1. Uma premissa furada: "Embora possamos fazer o marketing da igreja, não podemos fazer o marketing de Cristo, do evangelho, do caráter cristão e do significado da vida." (22)
  2. Um enfoque errado: "Enfoque aquilo que o consumidor deseja, ou pensa que deseja, em vez de aquilo que a Bíblia diz."
  3. Uma definição errada: "Permita que o mundo defina a igreja, em vez de a Palavra de Deus". (24)
  4. Uma fé errada: "Precisamos da Fé das Épocas em vez de uma fé comercialmente inspirada" (25)
  5. A conclusão: "Precisamos parar de reduzir o Deus do universo a algo que possamos vender." (26).

Regra 3

Construa Relacionamentos de Integridade Com Aqueles Que Estão Sem Igreja

Esta não somente é outra abordagem não ortodoxa ao ministério da Palavra de Deus, mas quando executada até suas conclusões lógicas, essa metodologia é possivelmente a força mais destrutiva contra a qual o cristianismo se defronta atualmente. O modo de pensar do novo paradigma diz que os homens e mulheres mais provavelmente serão alcançados para Cristo por um indivíduo que eles conhecem e em quem confiam. Um pastor definiu o exemplo nessa arena ingressando em uma liga esportiva para construir esses relacionamentos. A idéia dele era participar da liga esportiva, não contar a ninguém sobre seu pastorado e tornar-se amigo daqueles que não participavam de nenhuma igreja. Esses métodos certamente não deixam de ter seus méritos, mas ao mesmo tempo, essa abordagem é a aplicação dos livros-texto de "Relacionamento e Vendas". Essa é uma metodologia de marketing comumente utilizada por muitas empresas na área secular (incluindo a empresa que pertence a este autor) e, a partir de um ponto de vista pragmático, realmente funciona. A posição defendida pelos expoentes do jogo do novo paradigma é que o cristianismo tradicional falhou na Grande Comissão por que os membros das igrejas tradicionais se separaram do mundo até o ponto em que a maioria dos cristãos não conhece pessoas sem-igreja que poderiam ser alcançadas com o evangelho. Essa teoria pode ter certa credibilidade limitada para os pastores e outras pessoas que não trabalham na área secular, mas para a maior parte de nós, a teoria está baseada em uma idéia incorreta ou desinformada. Em primeiro lugar, todo cristão tem relacionamentos no trabalho, na família e na vizinhança com os assim-chamados sem-igreja. Existem muitos poucos cristãos que ainda não têm "relacionamentos de integridade" com muitas outras pessoas nesse segmento da população. Se esse então é o caso, qual é a base real para enfatizar o desenvolvimento desses relacionamentos em particular?

Ao analisar a abrangência total do jogo do novo paradigma, existem vários aspectos que devem ser considerados:

  1. O chamado para estabelecer relacionamentos de integridade é um ataque não tão sutil à doutrina da separação bíblica.

  2. Aqueles que estão envolvidos na Religião Orientada Para Resultados acreditam que os obstáculos para alcançar os sem-igreja são sociais, não teológicos. Portanto, o envolvimento social entre o cristão que participa de uma igreja e os sem-igreja, se tornarão baseados em terreno comum entre as duas partes. Historicamente, isso resulta no enfraquecimento do mais forte dos dois indivíduos.

  3. A construção de relacionamentos torna-se então o foco interno principal da igreja.

  4. À medida que mais tempo na igreja é dedicado à construção de relacionamentos, o pastor transforma-se em um "facilitador de relacionamentos" (27).

A partir de uma perspectiva de marketing estratégico, a construção de relacionamentos é uma fórmula para o sucesso numérico. Ela é muito similar aos conceitos de marketing de pirâmide em que um indivíduo constrói um relacionamento bem próximo com três outras pessoas, que constroem um relacionamento próximo com três outras, e a cadeia de relacionamentos é construída sobre si mesma por meio de uma série de pequenos grupos de relacionamento dentro da igreja até que essa "meta-igreja" (28) torne-se uma mega-igreja. O pastor-facilitador deve então transferir sua visão para a igreja (29) por meio de indivíduos estrategicamente colocados dentro dos grupos pequenos até que todos dos grupos estejam construíndo novos relacionamentos com base na visão do facilitador para a igreja. Como essa visão inicia-se com o pastor, o pastor-facilitador neste ponto está agindo como um agente de transformação para trazer o corpo da congregação a compartilhar e participar em avançar essa sua visão para a igreja. O processo então cria-se sobre si mesmo e resulta no resultado enfocado — o crescimento exponencial da igreja.

Essa estratégia está bem comprovada e funciona — a igreja cresce. Entretanto, o terreno de prova, os "efeitos colaterais" subseqüentes e a ameaça de longo prazo ao cristianismo bíblico são absolutamente aterrorizadores. Como foi afirmado no capítulo anterior, o termo "agente de transformação" (ou "agente de mudança") teve sua origem no mundo do comunismo e foi adotado pelos socialistas, globalistas, educadores progressivos na concepção da Educação Orientada Para Resultados (ou Educação Pragmática). Com essa estratégia, a terminologia desses mesmos indivíduos é levada à igreja, e agora a igreja está marchando ao som dos mesmos tambores que o decadente sistema público de ensino. Isso é claramente evidente na terminologia e metodologia da estratégia para crescimento da igreja. Por exemplo, não somente o termo agente de transformação foi tirado do glossário socialista, mas na Educação Orientada Para Resultados, os alunos são separados em grupos pequenos e recebem problemas controversos para solucionar dentro do grupo. O resultado ou resposta ao problema é predeterminado e o professor é o "facilitador" (essa é a terminologia exata usada nesses programas) para que o grupo alcance a conclusão preconcebida pelo professor. O grupo alcança essa conclusão via consenso sob a influência da manipulação do facilitador. Em todos os casos, o problema precisa ser solucionado em um nível significativamente mais baixo que o nível mais alto (moral ou intelectual) por que a resposta precisa ser aceitável no nível mais baixo do grupo, o menor denominador comum. Na Educação Orientada Para Resultados, o termo comum para esse processo é "emburrecimento", mas na terminologia oficial chama-se "Aprendizado Cooperativo". Na Religião Orientada Para Resultados, esse processo é oficialmente chamado "Construção de Relacionamentos", mas em essência não é nada mais do que inicialmente contemporizar e posteriormente destruir a fé na Palavra de Deus.

A partir de um ponto de vista prático, o seguinte é o cenário "da vida real" desse processo:

  1. Os indivíduos com igreja no grupo crêem que a Bíblia é a inerrante e verbalmente inspirada Palavra de Deus.

  2. Os indivíduos "sem-igreja" no grupo acreditam que a Bíblia é um bom livro com boas lições morais, mas que contém mitos e contradições.

  3. O desafio do facilitador é fazer os membros desse grupo pequeno chegar a um consenso em que todos possam concordar, trazer os "sem-igreja" para dentro da igreja, e evitar que aqueles que já estão na igreja saiam dessa igreja em particular.

  4. O facilitador então torna-se um agente de mudança, pois precisa mudar todos no grupo para uma posição de consenso de modo a alcançar uma síntese.

  5. O facilitador manipula o grupo para a posição que a Bíblia é inspirada mas somente inerrante nas passagens que tratam da salvação. (Essa é exatamente a posição sobre as Escrituras adotada pelo Seminário Teológico Fuller — o principal centro de treinamento para o modo de pensar do novo paradigma.).

  6. Todos no grupo concordam e o número de pessoas que freqüentam a igreja aumenta.

Entretanto, o que realmente aconteceu nesse exercício?

  1. Uma síntese foi alcançada.
  2. Houve uma contemporização no elevado terreno doutrinário.
  3. O caráter espiritual da igreja foi "emburrecido".

Para melhor ilustrar, esse processo pode ser escrito como uma fórmula matemática:


Outra terminologia sinônima para o processo seria esta:

Com igreja = Tese
Sem-igreja = Antítese
Facilitador = Agente de Transformação
Dinâmica de Grupo = Democracia, Consenso, ou Terreno Comum

Resultado = Resultado manipulado e predeterminado, ou síntese

Neste caso, há um resultado duplo:

  1. Crescimento exponencial da igreja
  2. A pura mensagem bíblica não se aplica à cultura atual, de modo que a Bíblia precisa ser interpretada à luz da cultura.

Se esse processo for examinado atentamente, não é nada mais que a Dialética Hegeliana, conforme proposta por Karl Marx e Lênin — agora sendo implementada dentro das igrejas. (30). À medida que esse processo é repetido, enfraquece ou elimina completamente o cristianismo fundamentalista ao longo das duas próximas gerações.

Conclusão: A implementação completa da Regra 3 é potencialmente letal ao verdadeiro cristianismo.

Não é intenção deste autor acusar os proponentes mais conhecidos do jogo do novo paradigma de destruir intencionalmente o cristianismo fundamentalista. Entretanto, o curso irrestrito de suas ações tem o potencial de resultar na eliminação não somente do fundamentalismo, mas também de todo o verdadeiro cristianismo dentro de duas gerações. A implementação maciça do programa hegeliano resultará naturalmente no "emburrecimento" da verdade bíblica ao ponto que a única "verdade" doutrinária dos membros da organização do novo paradigma será a da tolerância. Isso novamente ilustra o princípio do "funcionalismo gradual" que erodirá a verdade uma pequena etapa de cada vez até que toda a verdade absoluta tenha sido absorvida no grande mar de tolerância e relativismo.

As regras 4-6 serão discutidas no próximo capítulo.

Pr. Romivaldo Yeshua Menezes

1 de nov. de 2009

BRINCANDO DE IGREJA

Pragmatismo na Igreja: Uma Religião Orientada Para Resultados — Uma Apostasia com Propósitos
Brincando de Igreja com o Jogo dos Números — Parte 1


As crianças na Escola Dominical têm uma brincadeira em que fazem movimentos com as mãos e cantam uma rima que diz assim: "Aqui está a igreja e aqui está a torre, abra as portas e veja o povo!" Por mais interessante que seja, esse modo básico de brincar de igreja não é totalmente diferente do modo como muitos adultos brincam com a "grande igreja". Uma versão adulta dessa rima poderia realisticamente dizer, "Aqui está a igreja — veja um magnífico e confortável edifício religioso. Abra as portas, ouça a ótima música Rock com letra religiosa, emocione-se com as belas apresentações dramáticas, experimente Deus nos nossos grupos de enriquecimento pessoal; ouça uma mensagem que eleve sua auto-estima e que mostre como se tornar um cristão lhe trará saúde, relacionamentos perfeitos e uma completa realização psicológica; e observe como a casa estará lotada de gente todos os domingos." Esse jogo está se tornando mais comum a cada nova semana, e milhares de pastores estão comprando livros de auto-ajuda e participando de conferências onde aprendem a metodologia do plano do "novo paradigma". A verdade é que o plano de jogo para a igreja do novo paradigma funciona. Ele pode não funcionar tão bem em todas as implementações, mas realmente funciona. Combinado com o curso de eventos delineados nos capítulos anteriores deste manuscrito, o pragmatismo religioso está varrendo o país e está influenciando aqueles que chamam a si mesmos de evangélicos e até os fundamentalistas para aceitarem e promoverem os homens, métodos e programas que levarão toda a humanidade à Religião do Mundo Global do Anticristo. Como se pode suspeitar, esses métodos e programas estão baseados nos desejos e caprichos da cultura popular em vez de na Palavra de Deus. Basicamente, para ostensivamente ganhar a guerra cultural e levar multidões a Cristo, a igreja evangélica está se identificando, está sendo editada e fazendo concessões à cultura popular. A culminância dessas forças rejeita o plano de Deus para a igreja local, conforme prescrito nas Escrituras, e cria em seu lugar a Religião Orientada Para Resultados.

Os sete primeiros capítulos deste manuscrito descreveram os fatores ao longo da história que contribuíram para a ascensão da Religião Orientada Para Resultados. Em resumo, toda a história da igreja foi caracterizada por múltiplos assaltos pelas forças luciferianas em sua tentativa de derrotar Deus. Esses assaltos ocorreram como emboscadas ao longo da margem do Rio da História, à medida que suas águas fluíram pelo paganismo, catolicismo, a Reforma Protestante e o modernismo, antes de chegar ao ponto atual da geografia cronológica. Além disso, fatores externos no curso da história secular e a paisagem política não somente exerceram influência, mas moldaram as atitudes e valores em preparação para a vindoura Religão do Mundo Global do Anticristo. Essa combinação de fatores contribuintes (especialmente desde a Segunda Guerra Mundial) está agora culminando na Religião Orientada Para Resultados. A apostasia da Religião Orientada Para Resultados não é tão facilmente detectável quanto a do modernismo e de outros ensinos claramente heréticos. O modernista nega abertamente (entre outras coisas) o nascimento virginal, o sacrifício expiatório de Jesus Cristo e a inerrância das Escrituras. Aqueles que se identificam com a Religião Orientada Para Resultados podem se opor à heresia do modernismo, mas estarão mais do que dispostos a contemporizar com os modernistas ou até ignorar os claros ensinos da Palavra de Deus para atingir seu propósito final — o crescimento exponencial da igreja.
O Modelo Bíblico Para a Igreja Local

Pode-se legitimamente perguntar, "Qual é o plano bíblico para a igreja local?" A resposta a essa pergunta pode ser encontrada em um único lugar — na inerrante, infalível e inspirada Palavra de Deus, e a busca pela resposta na verdade não é tão difícil. As epístolas de 1 e 2 Timóteo foram endereçadas a um jovem pastor, e Timóteo recebeu orientações relacionadas com os aspectos mais críticos do pastorado de uma igreja neotestamentária. Os princípios aplicáveis nessas epístolas são facilmente observáveis:

1. O pastor deve estudar a Palavra de Deus [2 Timóteo 2:15].
2. O pastor deve alimentar a congregação com a palavra da fé e da boa doutrina [1 Timóteo 4:6].
3. O pastor deve manejar bem a palavra da verdade [2 Timóteo 2:15].
4. O pastor deve pregar a palavra [2 Timóteo 4:2].
5. O pastor deve redargüir, repreender, e exortar os membros da igreja com doutrina [2 Timóteo 4:2].
6. O pastor deve confiar o depósito da verdade a homens fiéis e idôneos, de modo a garantir a perpetuação dessa verdade para as gerações seguintes [2 Timóteo 2:2].
7. O pastor deve utilizar a inspirada Palavra de Deus para ensinar a doutrina, para repreender, corrigir e instruir em toda a justiça [2 Timóteo 3:16].

A segunda fase da busca pela resposta deve ser conduzida pesquisando-se o livro de 1 Coríntios. Essa epístola foi escrita para lidar com problemas específicos que surgiram na igreja de Corinto. Esses problemas na igreja de Corinto são melhor identificados quando os membros das igrejas compreendem os seguintes princípios:

1. A pregação da Palavra de Deus é loucura para os que perecem [2 Coríntios 1:18].
2. Aprouve a Deus salvar aqueles que crêem pela loucura da pregação [1 Coríntios 1:21].
3. Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias [1 Coríntios 1:27].
4. O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus [1 Coríntios 2:14].
5. A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus [1 Coríntios 3:19].
6. Deus não é Deus de confusão [2 Coríntios 14:33].

Os livros de 2 Coríntios e 2 Tessalonicenses adicionam o conceito da separação bíblica:

* O fiel cristão não deve se colocar em jugo desigual com os incrédulos [2 Coríntios 6:14].
* O fiel cristão deve se afastar de qualquer irmão que ande desordenadamente [2 Tessalonicenses 3:6].

Com base nesses princípios, o ensino da Palavra de Deus é muito claro:

Quando os cristãos se reúnem no Dia do Senhor, a ênfase da reunião deve ser a pregação da Palavra de Deus. Essa pregação, por sua vez, deve enfatizar a doutrina. Outras passagens tratam de outros aspectos da reunião, como o canto, a oração, a comunhão, mas a ênfase majoritária do Novo Testamento está na pregação. É pela pregação expositiva que a Palavra de Deus é apresentada, explicada e detalhada. Destarte, a pregação da Palavra de Deus dever ser o ponto focal do serviço de adoração e tal pregação deve "redargüir, repreender e exortar", conforme o apóstolo Paulo delineou para Timóteo. Dessa maneira, os fiéis são corrigidos, edificados e equipados para enfrentar as provações e tentações que encontram fora das paredes da igreja.

Na epístola de 1 Coríntios, Paulo fala também dos descrentes que podem estar presentes nas reuniões da igreja. [1 Coríntios 14:23] Portanto, a reunião dos crentes não está fechada aos incrédulos, de modo que o evangelismo precisa ser um componente vital do serviço da igreja. Entretanto, o foco principal da igreja reunida deve estar direcionado para os salvos — não para os perdidos. É também desnecessário dizer que (falando com base nas Escrituras) a participação como membro da igreja está reservada unicamente àqueles que nasceram de novo. Qualquer "igreja" que receba em seu rol de membros indivíduos que rejeitam a fé salvadora em Jesus Cristo não é uma igreja neotestamentária. A verdadeira igreja precisa também (de acordo com 2 Coríntios 6:14-18 e 2 Tessalonicenses 3:6-16) separar-se de qualquer outra organização religiosa que negue as doutrinas fundamentais da fé, ou de quaisquer cristãos ou "organizações cristãs" que andem desordenadamente.
Um Novo Modo de Brincar de Igreja

A Religião Orientada Para Resultados ignora completamente os princípios acima mencionados da Palavra de Deus e emprega a inserção de filosofias humanistas e mundanas na igreja. A síntese dessas filosofias com o cristianismo bíblico produz os "novos modos de ser igreja" — ou, melhor ainda, um novo modo de "brincar de igreja". Se uma igreja subordina ou sintetiza o ensino das Escrituras aos métodos do homem, essa igreja cessa de ser uma verdadeira igreja [veja o Capítulo 1]. O processo de construir tal organização também cessa de ser um autêntico ministério e em seu lugar torna-se apenas um jogo religioso. Esse jogo não é para ser encarado com leviandade, pois envolve riscos mais elevados que qualquer outro jogo no mundo. Dependendo dos resultados desse jogo estão não somente as almas perdidas da geração atual e o crescimento espiritual dos membros das igrejas do novo paradigma, mas todo o legado do verdadeiro cristianismo. A Religião Orientada Para Resultados não se perpetuará. Quando a doutrina é colocada de lado como um ingrediente desnecessário ou um obstáculo ao crescimento da igreja, nenhum alicerce sólido é estabelecido — e a casa é construída sobre areias que se deslocam de forma violenta. O jogo pode realmente continuar em futuras gerações, mas todos os vestígios da verdade serão subseqüentemente perdidos com a passagem do tempo.

Assim, chegamos à décima primeira hora e o futuro do verdadeiro cristianismo bíblico está pendurado de forma precária por um mero fiapo da corda. Mais do que em qualquer outro tempo desde o primeiro século, aquilo que os indivíduos verdadeiramente nascidos de novo fizerem terá uma profunda diferença para o futuro do cristianismo. Além disso, se nada for feito, e se todos os verdadeiros cristãos continuarem a percorrer cegamente esse caminho precipitoso, estarão aqueles da geração seguinte, que chamarem a si mesmos de cristãos, preparados para um mundo movendo-se mais para perto da vinda do Anticristo? Serão os membros da igreja (ou os jogadores) da próxima geração verdadeiramente salvos, ou estarão totalmente enganados como resultado da falta de teologia, de doutrina e da pregação expositiva? E mais, o que a geração atual precisa fazer para trazer o navio de volta ao curso correto? Os cristãos de hoje que crêem na Bíblia compreendem o jogo, os jogadores, as novas definições, e as regras do jogo? A preparação para a guerra contra esse movimento precisa ser feita, e as batalhas precisam ser lutadas. Chegou a hora de os cristãos que crêem na Bíblia tirarem a cabeça da areia e se prepararem para fazer parar o rolo compressor da Religião Orientada Para Resultados.
A Luta Contra a Religião Orientada Para Resultados

O modelo estereótipo do homem atual é o sujeito que senta-se diante de sua televisão toda tarde de sábado para assistir partidas de futebol. O "homem real" de hoje come, bebe e respira futebol, e qualquer macho da espécie que não faça a mesma coisa é considerado um frouxo, ou é conhecido por qualquer outro título depreciativo. Por outro lado, o estereótipo da esposa desse "homem real" é uma mulher que ignora totalmente o futebol. Ela não compreende o jogo, não tem vontade alguma de aprender o jogo e detesta o início de cada novo campeonato. Entretanto, ocasionalmente, uma mulher decide que poderá se relacionar melhor com seu marido e passar mais tempo de qualidade com ele se aprender a gostar de futebol. Essa tarefa não é fácil, pois ela está em uma desvantagem distinta. Ela nunca aprenderá o jogo fazendo perguntas ao marido — na mente do "homem real", futebol não é coisa para mulheres. Assim, para conseguir realizar essa tarefa gigantesca, ela precisa seguir a abordagem de entrar nesse território desconhecido em etapas. Ela precisa: 1) Aprender as definições antes de poder compreender as regras e, em seguida 2) Aprender as regras e, finalmente, para realmente gastar tempo de qualidade — isto é, discutir os fatos cruciais, por exemplo, quais jogadores dos dois times são os melhores — ela precisa 3) Aprender algo sobre os melhores atletas em campo.

O mesmo é verdade com relação aos cristãos bíblicos que estão se preparando para a batalha contra a Religião Orientada Para Resultados. Muitos membros das igrejas do novo paradigma sentem que algo está muito estranho, mas não sabem como colocar exatamente o dedo no problema. Embora eles possam sentir um vago senso de desconforto com o modo como as coisas estão sendo feitas na igreja, são lentamente puxados para dentro de uma rede de enganação. Mesmo se alguns resistem ao ponto de lutar contra a transformação da igreja, são abertamente colocados em ostracismo por "não apoiarem o pastor" ou por fazerem oposição à "obra de Deus" no ministério. Aqueles que fazem objeção alto demais são isolados ao ponto de serem totalmente marginalizados e não terem influência alguma para fazer parar o rolo compressor. Portanto, todos os crentes precisam ser instruídos sobre a metodologia da Religião Orientada Para Resultados, pois nenhuma igreja está imune a essa nova e enganosa forma de apostasia. É necessário conhecer as definições dos termos, conhecer as regras do jogo, e conhecer os líderes do movimento. Sem esse conhecimento, o combatente estará condenado ao fracasso e à derrota na batalha. Assim, cada uma das áreas será subseqüentemente detalhada para dar ao crente a artilharia necessária para ir à batalha.
Definindo os Termos

As definições utilizadas pelos proponentes da Religião Orientada Para Resultados precisam ser avaliadas com cuidado. Como discutido em um capítulo anterior, as definições de certas palavras (como tolerância) foram modificadas pela cultura moderna. Assim, as palavras e termos com uma definição em uma geração anterior podem ter mudado completamente por uma cultura subseqüente. Embora na maior parte das vezes esse processo seja completamente inocente, a redefinição de termos também pode ser usada como um plano enganoso para manipular aqueles que estão operando usando a definição anterior ou fora de moda dos termos. Portanto, é fundamental que as definições adequadas sejam utilizadas ao interpretar as regras do jogo da igreja. A seguintes definições e explicações devem ser bem compreendidas:

IGREJA DIRIGIDA POR PROPÓSITOS — Este termo foi inventado pelo pastor Rick Warren, da Igreja da Comunidade de Saddleback, no sul de Los Angeles. A idéia é que uma igreja deve colocar sua visão nos seus propósitos finais e estruturar sua metodologia de modo a alcançar esses propósitos. O termo "dirigida por propósito" é sinômino de "orientada para resultados". Em seu livro "Uma Igreja com Propósitos", Rick Warren relaciona o processo de se tornar "dirigida por propósitos". Para os objetivos desta análise, a palavra "resultado" foi substituída por "propósitos". O significado é o mesmo. O plano dele é como segue:

* Defina o resultado
* Exija o resultado
* Baseie as atividades de modo a alcançar o resultado
* Inicie o programa para alcançar o resultado (1).

O resultado nesse caso é o crescimento exponencial da igreja.

IGREJA DO NOVO PARADIGMA — Novamente, o pastor Rick Warren, em seu livro inovador, "Uma Igreja com Propósitos", diz que o escreveu para oferecer um "novo paradigma". (2) A definição básica do novo paradigma relaciona-se com um "novo modo de pensar". Nesse caso, um novo modo de pensar sobre como "fazer igreja". A razão determina que se esse é um novo modo de pensar no ministério, o modo antigo deve estar seriamente errado. Isso precisa então levar a pessoa a avaliar o "modo antigo" conforme criticado pelo pastor Warren em seu livro. O "velho modo de pensar", de acordo com Warren, é caracterizado em sua maior parte, por aqueles que continuam a tentar comunicar o evangelho para a cultura moderna em um "estilo fora de moda". (3) A filosofia de Warren exibe a superioridade do estilo sobre o conteúdo, o que é contrário ao ensino bíblico. A Bíblia diz que o homem deve "procurar apresentar-se aprovado... que maneja bem a Palavra da Verdade..." [4] A Bíblia também é clara que Deus fala aos seus filhos por meio de sua Palavra revelada. Os dias dos sonhos e visões (a despeito do ensino errôneo daqueles que estão envolvidos no Movimento Carismático) já passaram. [1 Coríntios 13] Entretanto, quando alguém defende o estilo sobre a substância no caso de uma igreja, está basicamente dizendo que o processo usado para fazer a igreja crescer é mais importante que o ensino doutrinário da igreja. O pastor Warren rejeita qualquer problema com essa metodologia perigosa declarando, "... o estilo de adorar que você tem diz mais sobre sua origem cultural do que sobre sua teologia." [5] Se isso fosse verdade e se a cultura determinasse um estilo de adoração utilizando música Rock Acid, drogas e orgias — isso não implicaria em uma teologia furada? Essa ilustração pode ser absolutamente risível, mas claramente exibe os extremos que podem ser derivados da assim chamada abordagem "do novo paradigma" para o ministério.

Em segundo lugar, a igreja do novo paradigma está intencionalmente projetada para rápido crescimento, pois o crescimento da igreja é o resultado desejado da Religião Orientada Para Resultados. Para alcançar esse objetivo, o projeto desse tipo de igreja baseia-se nos princípios da Administração de Empresas e nas pesquisas de mercado do Marketing. O problema que surge com essa metodologia é visto na revelação bíblica, "A palavra da cruz é loucura para os que perecem." [1 Coríntios 1:18] A Bíblia também ensina que o próprio Jesus Cristo é "uma pedra de tropeço e rocha de escândalo" [1 Pedro 2:8] Com base nessa aparente contradição, a pergunta precisa então ser feita, "Como então você coloca no mercado um produto que é tão ofensivo e louco?" A resposta é simples. Você precisa modificar o "apelo" do produto para distrair a percepção das pessoas de sua ofensa e loucura, de modo a atrair o público-alvo. Essas mudanças necessárias inevitavelmente resultam em um afastamento da Palavra de Deus e uma apostasia sorrateira que no final apagará o último traço de verdade em um período muito curto de tempo.

Um aspecto final e muito preocupante do rótulo "novo paradigma" é o fato que o termo "paradigma" foi popularizado no fim dos anos 70 e início dos anos 80 por Marilyn Ferguson em seu livro "A Conspiração de Aquário". Esse livro foi outra obra de referência que caracterizou o trabalho interno do Movimento de Nova Era com o termo "Mudança de Paradigmas". A autora Ferguson afirmava que a nova espiritualidade produzida pelas filosofias de Nova Era eventualmente levaria a uma "massa crítica" na consciência humana para provocar uma grande Mudança de Paradigmas que iniciaria um novo nível de evolução do homo sapiens para o homo noeticus, o homem-deus. Equiparar Rick Warren com Marilyn Ferguson pode não parecer justo, mas algumas perguntas simples devem ser feitas: Por que um pastor batista utilizaria terminologia de Nova Era para descrever sua nova metodologia de crescimento de igreja? Deve qualquer cristão que crê na Bíblia utilizar qualquer tipo de terminologia que o equipare (justa ou injustamente) com aqueles que estão envolvidos com as práticas ocultistas? O senso comum não diria que tais comparações seriam feitas com a utilização dessa terminologia? Aqueles que estão envolvidos nas práticas ocultistas não veriam essa terminologia como um sinal que as coisas não são como realmente parecem no Movimento de Crescimento de Igrejas? Embora todas essas perguntas possam ser respondidas de uma maneira positiva, o simples uso dessa terminologia é no mínimo, desconcertante.

OS SEM-IGREJA — Os indivíduos que não são membros ativos em alguma igreja são os "sem-igreja". Esses são os indivíduos que a Igreja do Novo Paradigma busca alcançar para obter o verdadeiro crescimento da igreja. O pastor Rick Warren está posicionando a Igreja da Comunidade de Saddleback como "uma igreja para os sem-igreja" [6]. Se alguém perguntasse novamente: "O que é uma verdadeira igreja?" A resposta seria a mesma — Uma verdadeira igreja é um corpo de crentes nascidos de novo reunidos para a adoração, comunhão, e para estarem equipados para o serviço. Uma vez que uma igreja aceite um único membro que negue a salvação pessoal em Jesus Cristo, essa organização cessa de ser uma verdadeira igreja. Como então pode uma igreja tornar-se "uma igreja para os sem-igreja?" A própria frase não é um oximoro? Quando isso acontece, a igreja não é nada mais do que um clube, e o ministério não é nada mais que um jogo.

PREGAÇÃO EXPOSITIVA — A pregação expositiva é a pregação verso por verso da Palavra de Deus. Esse não somente tem sido o método de pregação utilizado pelos mais notáveis pregadores desde a Reforma Protestante, mas também o método dado pelo exemplo de Isaías no Antigo Testamento: "A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender doutrina? Ao desmamado de leite, e ao arrancado dos seios? Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali." [Isaías 28:9-10].

PRAGMATISMO — O pragmatismo cristão é a filosofia que declara, "Se algo funciona, está funcionando como resultado direto das bênçãos de Deus." Embora esse seja certamente o caso em muitas situações, uma afirmação ampla e genérica desse tipo simplesmente não é verdade. Se fôssemos assumir que esse é o caso, a Igreja Católica Romana e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os Mórmons) seriam as duas organizações mais abençoadas na face da Terra.

O teste do ácido para qualquer organização religiosa é muito simples: Essa organização ou metodologia obedece aos princípios da Palavra de Deus? Se esses princípios são violados, o sucesso, crescimento, ou qualquer outra medida positiva da perspectiva humana são resultantes de outra fonte que não a "mão de Deus" nesses assim chamados ministérios.

ADORAÇÃO — Esse é um termo que foi redefinido pela cultura moderna. No Antigo Testamento, a palavra hebraica traduzida como "adoração" é shachah. No Novo Testamento, a palavra grega que foi traduzida como "adoração" é proskuneo. Em ambos os casos, a definição dessas palavras é "prostrar-se em humilde homenagem" [7]. Isso simplesmente transmite o conceito que a verdadeira adoração a um Deus Santo envolve total submissão e humildade. Em contraste, parece hoje que a influência carismática naquilo que é percebido como adoração é olhar para o alto e erguer as mãos para Deus enquanto balança o corpo ao som da música Rock "cristã". Dan Lucarni, em seu livro "Why I Left The Contemporary Christian Music Movement" [Por Que Deixei o Movimento da Música Cristã Contemporânea], relata o seguinte testemunho de sua experiência pessoal:

"Eu me lembro de quando primeiro mudei meu estilo pessoal de adoração de abaixar minha cabeça para olhar para o alto. Fui influenciado pelos carismáticos que oravam em uma das nossas reuniões de oração em toda a cidade. Lembro-me da sensação boa que ela me proporcionou que eu era pela primeira vez um participante na adoração com Deus, não um verme desprezível que tinha de se prostrar. Eu me senti melhor sobre mim mesmo" [8].

A conclusão é esta: Adorar a Deus não tem que ver com o adorador, mas com Deus. A adoração a Deus não objetiva fazer o adorador sentir-se melhor sobre si mesmo, mas a verdadeira adoração a um Deus Santo fará o adorador ver a si mesmo como ele realmente é diante da magnificente e incompreensível santidade de Deus. A verdadeira adoração não é acompanhada por música Rock que apela à carne. A verdadeira adoração envolve a submissão à verdade da Palavra de Deus. "A verdadeiro coração de adoração é o coração que se inclina diante de Deus e se submete à sua Palavra, nada mais, nada menos." [9].

A adoração no novo paradigma é completamente o oposto do que acaba de ser descrito. Ela envolve a música carnal, de influência carismática, de olhar para cima para Deus, e fazer o adorador sentir-se bem consigo mesmo. Aqueles que promovem a Religião Orientada Para Resultados acham que os perdidos não têm problemas com Deus — eles têm problemas com a igreja local. Eles querem deixar o serviço da igreja "sentindo-se melhor consigo mesmos, em vez de serem chamados para o auto-exame, o arrependimento sincero, e a fé em um Deus santo". [10] Portanto, o serviço precisa ser exatamente como descrito por Dan Lucarni — eles querem participar na adoração com Deus e elevar-se em uma pseudo-adoração carnal em vez de se humilhar na presença da santidade de Deus.

SENSÍVEL AOS QUE PROCURAM — De acordo com os "especialistas em crescimento de igrejas", a população dos EUA está se tornando cada vez mais espiritual. A nova espiritualidade não é a espiritualidade coerente com os ensinos da Palavra de Deus, mas é mais uma busca interior por felicidade, realização verdadeira e propósito na vida. Os mesmos especialistas também revelam que o homem perdido sem-igreja mediano demostra interesse e amizade em relação a Deus, mas sente-se repelido pela igreja. [11] Esse indivíduo então está buscando um caminho para Deus, mas quer evitar a igreja tradicional. Ele acha que a igreja é irrelevante e fracassou em atender às necessidades de seus membros. Ele acha que a igreja não pode relacionar-se com ele onde vive e, portanto, não consegue se sentir à vontade em um serviço da igreja. A despeito de todas as inibições criadas pela igreja, ele ainda está buscando a Deus e a paz interior resultante que encontrar Deus trará à sua vida.

As conclusões naturais obtidas a partir desse dilema é uma condenação da igreja por aqueles que desejam um novo paradigma. Eles defendem a idéia que a falha não é do indivíduo que está buscando a Deus, e certamente não é do próprio Deus. Portanto, de acordo com os proponentes do novo paradigma, o velho modo de "fazer igreja" não serve para o homem moderno. O homem moderno está buscando realização e felicidade, mas aqueles que são rígidos no modo antigo de pensar estão, na realidade, condenando a cultura atual por meio de uma completa falta de identidade e empatia com o mundo desse homem moderno. Assim, há realmente a necessidade de um novo paradigma — um novo modo de pensar, e um novo modo de "fazer igreja" que seja sensível às necessidades daqueles que buscam a Deus. A igreja precisa se tornar "sensível aos que procuram", ou então esta geração atual será perdida.

Em muitos modos, a igreja têm realmente falhado. A igreja falhou em cumprir a Grande Comissão. A igreja falhou em viver uma vida separada ao ponto em que os perdidos não podem ver Jesus Cristo exemplificado nas ações diárias da igreja. A igreja falhou em não estabelecer um padrão elevado de piedade. A igreja tornou-se tão distraída e enamorada com o mundo que é muito difícil discernir a maioria dos cristãos de seus vizinhos incrédulos. Os membros da igreja estão tão ocupados com seu emprego, com a família e com as atividades de lazer que não têm mais tempo para o Senhor. Sim, a igreja precisa mudar, mas essa mudança está longe de se tornar "sensível aos que procuram". Os membros da igreja de Jesus Cristo precisam obedecer as Escrituras. Em particular, os membros da igreja precisam obedecer ao mandamento "... sede santos porque eu sou santo." Esse é o mandamento mais repetido em toda a Palavra de Deus, porém a maioria dos cristãos o ignora completamente. A santidade pessoal é exemplificada por uma vida correta e separada. Se esse é o caso, os cristãos não devem se tornar como o mundo para ganhar o mundo. A abordagem "sensível aos que procuram" exige que o buscador sinta-se confortável quando vier à igreja. Como a igreja garante que o buscador sinta-se confortável?

1. A igreja não deve ter bancos no estilo tradicional, nem parecer ser muito formal.
2. Os buscadores são incentivados a "virem como estão". Não há um código específico de traje apropriado e o uso de roupas casuais é incentivado.
3. Os trajes da equipe ministerial e do pastor também devem ser casuais.
4. O recinto deve incluir os recursos mais modernos em vídeo e áudio.
5. Produções dramáticas com temas espirituais devem ser usadas para sutilmente transmitir uma mensagem religiosa ou de conteúdo moral.
6. A pregação sobre o pecado, sobre mortificar o velho homem e sobre examinar a si mesmo realmente deixaria o buscador em desconforto. Portanto, os sermões devem ser voltados mais para as aplicações da vida, a redução do estresse, em atender às necessidades sentidas, os relacionamentos diários, a educação de filhos, a auto-estima, e outros assuntos baseados mais na psicologia moderna do que no "Assim diz o SENHOR".
7. A música tocada no serviço deve imitar o estilo musical que o buscador ouve diariamente em sua estação de rádio preferida.
8. A Bíblia na tradução de João Ferreira de Almeida, versão Corrigida e Fiel (Bíblia da Reforma, equivalente à King James Version, em inglês) não deve ser usada, mas uma das várias traduções modernas, que deixarão o buscador mais à vontade.
9. O buscador precisa ver que a mensagem da igreja é relevante para sua vida diária.
10. O buscador precisa ver que o cristianismo funciona e que lhe trará resultados imediatos.

A verdade da questão é que as respostas procuradas pelo buscador não são as respostas fornecidas na Palavra de Deus. Deus nunca promete ao crente (muito menos ao homem perdido) que ele viverá em perpétua felicidade. Sim, o crente recebe os frutos da alegria, mas a verdadeira alegria e felicidade humanas não são termos sinônimos. De uma perspectiva humana, a felicidade e realização que o buscador deseja tão fervorosamente podem não ter nenhuma conexão com Deus ou até com a realidade. Portanto, o único método pelo qual a igreja pode atender às necessidades percebidas do buscador é pela manipulação emocional e/ou pelo engano. Em outras palavras, a igreja precisa se conformar à cultura do buscador para tornar-se "sensível aos que procuram". A Palavra de Deus, porém, diz, ".. não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." [Tiago 4:4] Essa advertência das Escrituras exige a abordagem exatamente oposta para o ministério e, quando uma igreja desafia os mandamentos das Escrituras, essa igreja está simplesmente brincando com o jogo de igreja.

DOUTRINA — A doutrina é um ensino fundamental na fé cristã. Sem doutrina, não existe o verdadeiro cristianismo. Os fundamentalistas acreditam que para ser salvo, o indivíduo precisa aderir sem reservas aos fundamentos da fé. Embora existam pequenas variações nesses pontos, os básicos são os seguintes:

* A inspiração das Escrituras (a Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus).
* Criação do homem por um ato direto de Deus.
* A encarnação, o nascimento virginal, a morte vicária, a ressurreição física e a ascensão de Jesus Cristo aos céus, e sua segunda vinda futura.
* O novo nascimento por meio da regeneração do Espírito Santo.
* A ressurreição dos santos para a vida eterna.
* A ressurreição dos perdidos para o julgamento final e a morte eterna.
* A comunhão dos santos, que são o corpo de Cristo.

Esses conceitos formam o núcleo da verdade bíblica, e um verdadeiro crente permanecerá firme nessas verdades. Aqui está o grande problema. Muitos (se não a maioria) dos buscadores sem-igreja não afirmam várias dessas crenças. Como resultado, as igrejas do novo paradigma minimizam o ensino da doutrina, pois a doutrina não somente divide, mas a pregação expositiva da doutrina pode deixar o buscador de felicidade e realização em um desconforto tão grande que ele nunca retornará novamente para assistir os serviços da igreja. Além disso, sob o modelo do novo paradigma, uma igreja não pode esperar crescer com base na premissa que oferece a verdade para aqueles que a procuram. A cultura moderna está convencida que toda a verdade é relativa e que as afirmações de verdade de todas as religiões são iguais. Se todas as afirmações de verdade são realmente iguais, a afirmação de exclusividade para a verdade é uma definitiva deterrência ao crescimento. Portanto, a visão doutrinária das igrejas do novo paradigma são editadas culturalmente para subordinar o ensino da doutrina às aplicações da vida, a atender às necessidades sentidas, os relacionamentos diários, a criação de filhos, a auto-estima e outros assuntos baseados mais na psicologia moderna do que em "Assim diz o SENHOR".

PECADO — Bill Hybels, pastor sênior da Igreja da Comunidade de Willow Creek define pecado como "uma estratégia falha para obter realização" [12] Essa definição é muito parecida com a da ocultista Jean Houston, que descreve o pecado como "um comportamento não habilidoso". Ambas essas definições ficam aquém do retrato do pecado na Palavra de Deus. De acordo com as Escrituras, pecado é aquilo que afasta o indivíduo injusto de um Deus que é santo. A Bíblia descreve o pecado como um crime contra Deus pelo qual o pecador será condenado ao tormento eterno nas chamas do Inferno. O retrato que a Bíblia faz do pecado é muito mais vívido que a versão simplificada e espojosa de Bill Hybels e Jean Houston. Entretanto, a Palavra de Deus é verdadeira e toda tentativa de suavizar o pecado é um jogo que resultará em trágicas conseqüências.

EVANGELISMO — Os proponentes da Igreja do Novo Paradigma não estão totalmente errados quando dão uma alta prioridade à Grande Comissão. Como afirmado anteriormente, a igreja falhou na obediência a essa ordem do próprio Jesus Cristo. Entretanto, aqueles que estão envolvidos na Religião Orientada Para Resultados não compreendem os verdadeiros propósitos e missão da igreja. A missão da igreja é a edificação e capacitação dos santos, alcançar os perdidos para Cristo e, subseqüentemente, nutrir esses convertidos para que alcancem a maturidade espiritual. O terceiro ponto dessa afirmação de missão poderia ser resumido como "evangelismo". O centro da questão vem à luz quando se percebe que a Igreja do Novo Paradigma transforma toda a missão da igreja em evangelismo e subjuga a edificação e a capacitação ao ponto da virtual eliminação. O ingrediente que falta nessa fórmula é a distinção da missão da "igreja reunida" e a missão da igreja "dispersa". Depois da santificação, a missão principal da igreja dispersa é o evangelismo — levar outros a Cristo. Entretanto, o evangelismo deve receber uma baixa prioridade quando a igreja está reunida. A igreja NÃO está ali reunida para o propósito de evangelismo, mas para a edificação, capacitação e fortalecimento de seus membros. Isso torna a afirmação de Rick Warren de "uma igreja para os sem-igreja" um total oximoro. Qualquer organização para os sem-igreja não é uma igreja. Qualquer pastor que afirme liderar tal "igreja" está simplesmente brincando com o jogo da igreja.

ESTRATÉGIA DE MARKETING — De acordo com o pensamento do novo paradigma, um pastor local deve empregar os princípios de marketing das grandes empresas para alcançar seu bairro ou cidade para Cristo. Rick Warren, por exemplo, identificou os profissionais urbanos de colarinho branco jovens e financeiramente estáveis como seu mercado-alvo. A Igreja da Comunidade de Saddleback foi então construída com as necessidades desse segmento em particular em vista. A chave para a estratégia de marketing não é a população particular visada mas, em vez disso, a identificação e desenvolvimento de uma estratégia para atender às necessidades sentidas daqueles que residem dentro dessa área demográfica. A conclusão é que "Se pudermos convencer as pessoas que Cristo morreu para atender às necessidades delas, elas se alinharão diante da porta da igreja para adquirir nosso produto." [13].

AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO — Aqueles que estão familiarizados com a Educação Orientada Para Resultados estão igualmente familiarizados com o termo "agente de transformação". Esse termo foi empregado por John Dewey e seus camaradas em sua tentativa de avançar as teorias da Educação Progressiva, que eventualmente foram implementadas na Educação Orientada para Resultados. Nessa situação, o professor da Escola Pública deve atuar como um agente de mudança para transformar o processo de pensamento dos alunos das crenças de seus pais para as "novas realidades" com as quais são confrontados no mundo moderno. De um modo similar, o pastor Bill Hybels, da Igreja da Comunidade de Willow Creek, vê a si mesmo como um motivador e um "agente de transformação" [14]. A visão dele é como a de John Dewey. Ele precisa facilitar a mudança das antigas crenças para as novas crenças — de um modo antigo de pensar para um novo modo de pensar. O objetivo do agente de transformação é implementar uma mudança da mente sem que os indivíduos afetados percebam que uma mudança ocorreu.

NECESSIDADES SENTIDAS — (O oposto das necessidades espirituais) Aliviar a dor, oferecer felicidade, realização, auto-estima. [15].

RELEVÂNCIA CULTURAL — A Igreja de Jesus Cristo é definida e recebe suas instruções da Palavra escrita de Deus. A Bíblia é muito concisa em sua avaliação que a igreja deve se manter separada e não contaminada pelo mundo:

"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." [1 João 2:15-17].

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." [Romanos 12:2].

"A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo." [Tiago 1:27].

Essas e outras escrituras traçam uma linha distinta de demarcação entre o cristão e o mundo. É esse argumento que levanta bandeiras vermelhas ao avaliar as estratégias de marketing do movimento do novo paradigma. Na busca por relevância para alcançar o resultado do crescimento da igreja, a cultura do mundo começou a definir a igreja em lugar da Palavra de Deus.

O que então define a cultura moderna? Embora a cultura de hoje seja com toda a certeza multifacetada, existem aqueles que reportam que o mundo de hoje (e os EUA, em particular) é dirigido de uma "cosmovisão psicológica" [16]. Essa cosmovisão não apareceu magicamente do nada. Ela cresceu em existência ao longo dos últimos oitenta anos do século XX, concebida com a geração da Segunda Guerra Mundial. Diz-se que a geração da Segunda Guerra foi a "Grande Geração". Essa afirmação faz certo sentido, pois os rapazes e moças que atingiram a maturidade no início dos anos 40 presumivelmente viveram em um tempo de sublevação sem precedentes. As crianças que nasceram logo após a Primeira Guerra Mundial foram as crianças dos prósperos "Anos 20", em que houve uma grande ascensão social. Entretanto, muitos testemunharam em uma idade bem tenra seu mundo desabar nas profundezas da Grande Depressão dos Anos 30. Em seguida, como se isso não bastasse, foram obrigados a entregar suas próprias vidas no solo de um país estrangeiro ou nas praias de alguma ilha distante. A afirmação da Bíblia — "A tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança" [Romanos 5:3-4] é certamente adequada a essa geração que experimentou uma grande dose de tribulação. Eles foram arrancados de uma vida de relativo conforto nos anos 20 para o "modo de sobreviência" na Grande Depressão. A mudança de lado para o modo de sobrevivência nem sempre é completamente negativa, pois o modo de sobrevivência (como afirmado em um capítulo anterior) tende a fazer as pessoas reavaliarem suas prioridades. Essa reavaliação levou muitas dessas pessoas jovens a Jesus Cristo e, como resultado, o fundamentalismo bíblico tornou-se imbuído na fibra moral de uma geração. Foi essa fibra moral que tornou-se a base para as atitudes e valores para a década mais amada em toda a história americana — os anos 50.

Houve, entretanto, uma clara fraqueza na Geração da Segunda Guerra Mundial — a incapacidade de educar os filhos. Enquanto a Geração da Segunda Guerra estava alcançando o "Sonho Americano" de prosperidade material dos anos 50, seus filhos (chamados de Baby Boomers) estavam crescendo e se tornando a geração do Rock and Roll que se rebelaria abertamente contra a própria cultura que seus pais arriscaram a vida para preservar. Não que os pais dessa nova geração não tivessem suas culpas, pois não é necessário ter um diploma em astrofísica para ver em retrospecto as causas para a rebelião dos anos 60. A década dos protestos contra a guerra, dos levantes raciais, da revolução sexual, e da cultura das drogas podem ser pelo menos rastreadas aos pais que cresceram com poucos bens materiais durante a Grande Depressão e queriam que seus filhos tivessem mais — mais oportunidades, mais coisas, mais diversão. Assim, a geração dos Baby Boomers desenvolveu uma total obsessão pela autogratificação. À medida que essa geração teve seus próprios filhos, essa nova geração (chamada de Geração X) queria todos os benefícios materiais do Papai e da Mamãe — e queriam tudo imediatamente. O padrão agora está se repetindo com a geração mais nova — a Geração Y. Portanto, o materialismo dos Baby Boomers aumentou dramaticamente nas duas gerações sucessivas, e a paisagem cultural resultante consiste de três gerações cujas principais prioridades são o crescimento, a satisfação e a glorificação da pessoa que eles vêem no espelho. Assim, as três gerações que formam a sociedade do mundo ocidental hoje podem muito bem ser coletivamente rotuladas como as Gerações do EU. O que há para mim? Como posso me sentir melhor comigo mesmo? Tudo o que importa sou EU e ninguém mais.

Ao dizer que a cultura está preocupada com o EU, existem diversos aspectos de agradar o EU que precisam ser explorados. Um membro da geração do EU pode ser alcançado por meio dos seguintes métodos:

* Solucione os problemas dele atendendo às suas necessidades.
* Ajude-o a alcançar seus objetivos
* Construa seu ego
* Mantenha-o entretido e satisfeito.

Os três primeiros aspectos podem ser tratados utilizando-se os instrumentos da psicologia moderna ou por meio da manipulação emocional. O aspecto do entretenimento e da satisfação é o mais fácil, por que existem muitos indivíduos talentosos que estão muito ansiosos para exibir seus talentos para qualquer público que esteja disposto a assistir. Adaptar o equilíbrio desses métodos nos serviços da igreja requer somente uma mudança na filosofia da verdadeira adoração para a gratificação da carne. Subitamente, Deus torna-se mais uma "fada madrinha dos contos infantis" que o Deus das Escrituras. [17] Como resultado, a igreja torna-se subitamente relevante para o indivíduo dessa geração do EU, mas será se essa igreja continua sendo uma verdadeira igreja? Evidentemente, tais questionamentos no novo paradigma de hoje são irrelevantes, pois o resultado já foi alcançado — o crescimento exponencial da igreja.

PSICOLOGIA CRISTÃ — John MacArthur diz que o termo "Psicologia Cristã" é um oximoro. [18]. Ele está absolutamente correto nessa avaliação. Não existe essa coisa de psicologia cristã. O que a Psicologia ensina está diametralmente em oposição aos ensinos das Escrituras. Esses princípios são como segue:

* A Psicologia está centrada no homem; a Palavra de Deus está centrada em Deus.
* O objetivo da Psicologia é a felicidade do indivíduo; a Palavra de Deus não garante felicidade a nenhum indivíduo.
* A Psicologia ensina que todas as coisas na vida (incluindo Deus) tornam-se meios para um fim — a felicidade da pessoa.
* A Psicologia ensina que a natureza humana é basicamente boa; a Bíblia ensina exatamente o contrário.
* A Psicologia ensina o relativismo, as respostas estão dentro de você mesmo, e as soluções para os problemas estão no passado — Novamente, a Palavra de Deus rejeita tudo isso. [19].

A despeito do fato de a comunidade evangélica ter sido na verdade tomada de assalto pela Psicologia, a igreja do novo paradigma usa a Psicologia como seu foco principal. Essa utilização é encontrada tanto no "aconselhamento cristão" e como base para os sermões no púlpito. Os perigos envolvidos nesses métodos tornam-se evidentes quando 1) A terapia é aceita como um aspecto necessário do ministério e 2) Os líderes da igreja começam a descrever as categorias psicológicas como princípios bíblicos. [20] Nesse ponto, os perigos ocultos do jogo de igreja são revelados. A nova geração reconhecerá os ensinos das Escrituras? Ou irão Freud, Jung e Rogers definir os padrões para a igreja do futuro?

MÚSICA CRISTÃ CONTEMPORÂNEA — Rick Warren é taxativo em dizer que a música na Igreja da Comunidade de Saddleback é o estilo de música que seus membros ouvem no rádio. Como resultado, o serviço da sua igreja assemelha-se mais a um programa de variedades de Hollywood do que a uma reunião de adoração a Deus. O pastor Warren não deve receber todo o crédito (ou, mais precisamente, toda a culpa) por essa tendência. O movimento da Música Cristã Contemporânea surgiu no fim dos anos 60 com o Movimento Jesus. (Foi a partir das raízes do Movimento Jesus que o pastor Bill Hybels, da Igreja da Comunidade de Willow Creek, cresceu.) Uma análise mais detalhada da música será feita em um capítulo posterior, mas para os propósitos da definição, alguns pontos básicos e avaliações são relacionados aqui:

* Os estilos musicais não são amorais — existem letras morais e imorais.
* Quando palavras religiosas são colocadas no lugar de letras imorais, os resultados não são morais.
* A Música Cristã Contemporânea é fortemente influenciada pelo Movimento Carismático. Portanto, muitos dos assim chamados coros de louvor cantados nas igrejas que se opõem aos ensinos carismáticos estão proclamando exatamente os mesmos ensinos carismáticos.
* Uma igreja não deve fazer concessões na área da música como forma de atrair as multidões.
* Esta música ensina teologia sólida?
* Esta música exorta a uma vida correta?
* Esta múscia adora a Deus em verdade? [21].

O EVANGELHO — O evangelho de Jesus Cristo, conforme ensinado nas Escrituras, não é complicado. Ele é simplesmente as boas novas da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo para realizar a redenção da humanidade. Em seu livro "This Little Church Went to Market", Gary Gilley explica que o evangelho na Palavra de Deus lida com:

* O problema do pecado
* A necessidade de justificação
* É loucura para aqueles que perecem [22].

O evangelho também reverencia a cruz, pois na cruz os crentes compreendem que:

* A cruz mostra aos homens que precisam morrer para si mesmos e viver para Cristo
* A cruz condena por causa do pecado
* A cruz destrói a confiança na carne. [23].

Entretanto, sob o plano do novo paradigma, o evangelho foi redefinido:

* Libera da baixa auto-estima
* Liberta do vazio e da solidão
* É um modo de realização e motivação
* Um modo de receber os desejos do nosso coração
* Um modo de satisfazer às nossas necessidades. [24].

Os efeitos da cruz também foram redefinidos. A visão da cruz sob o novo paradigma é como segue:

* A cruz oferece entretenimento
* A cruz diverte
* A cruz encoraja a confiança na carne. [25].

Em resumo, a verdade do evangelho está sendo erodida pelos jogos de igreja do novo paradigma e, assim, o impacto sobre o verdadeiro cristianismo é potencialmente catastrófico. Tudo isso nos leva a pensar se a pergunta de Jesus Cristo, "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?", foi retórica, ou se com a passagem do tempo terá uma resposta óbvia.

Continua...

Pr. Romivaldo Yeshua Menezes