28 de jun. de 2012

A DOENÇA ROMÂNTICA DE PERCIVAL

A DOENÇA ROMANTICA DE PERCIVAL

Resposta do Pr. Caio Fábio a um homem casado, mas perdidamente apaixonado por uma estagiária.




Caro Amigo Caio Fábio!



Bom dia. Começo lhe chamando de amigo, pois suas mensagens em muito me ajudaram em minha caminhada de fé.

Contudo, no exato momento em que escrevo estas linhas (foi preciso muita coragem, acredite!), estou vivendo o período mais tenso de minha vida.

Deixe-me lhe explicar:
Tenho 28 anos, sou casado há dois anos e meio, sou formado; tenho vários cursos e especializações; tenho um bom emprego, uma vida feliz e uma esposa sensacional.
Conheci minha amada esposa nos tempos de faculdade. Ela era a melhor e mais linda aluna da classe. Foi fácil gostar dela, o difícil foi ela gostar de mim. A aproximação logo virou amizade, que transformou-se em romance e, por fim, em casamento.
Ela é estudiosa, bem-sucedida profissionalmente (já ocupa altos cargos de chefia), é adorável, extremamente linda e uma das maiores cristãs que conheci em toda a minha vida.
Sempre fui romântico, nunca brigados e sempre tivemos uma vida conjugal feliz.
Porém, tudo isto mudou no início do mês passado...
Certa manhã um colega de trabalho entrou em minha sala e apresentou a nova estagiária que trabalharia no setor. Por alguns segundos não pude pensar em mais nada. Nunca acreditei em amor à primeira vista, mas desde aquele instante não tirei a nova garota de minha mente...
Ela tem 18 anos, é linda e inteligente. O impacto foi tanto que nem mesmo ouvi o nome dela, fiquei estático, tenso. Passei dias pensando nela, sem nem chegar perto, pois só de pensar nisto minhas pernas tremiam, minha boca gaguejava e meu coração disparava (ainda dispara!).
O pior ainda estava por vir: quando vi aquele rosto angelical, percebi que já o havia visto alguma vez na vida. Então recordei-me que, após minha lua-de-mel, em meu primeiro dia de volta ao trabalho, ao me dirigir para o escritório vi do outro lado da calçada a mulher (na época uma menina de 15 ou 16 anos) mais linda que havia visto em toda a minha vida. A atração foi tanta que mudei meu trajeto e segui-a até o colégio onde ela estudava. Fiquei vendo-a de longe, meio inquieto e confuso. Tentei esquecê-la. Parecia pecado. Consegui.
Vivi dois anos incríveis com minha mulher até o mês passado, quando, por coincidência, aquela mesma garota, agora um pouco mais velha, tornou-se estagiária justamente no setor em que trabalho.
Parece obra do destino, pois qual é a probabilidade disto acontecer?
Uma semana depois dela começar a trabalhar em minha empresa, ela convidou-me para almoçarmos juntos. Foi estranho. A iniciativa partiu dela. Ela chegou em mim e fez várias perguntas. Disse que os meus colegas contaram que eu era evangélico, filho de pastor, um rapaz legal e comportado, etc...; e que ela também era filha de pastor; ia à igreja, etc...; e que queria almoçar comigo para nos conhecermos melhor.
Fomos à um restaurante e desde então passamos a almoçar todos os dias juntos. Todos os dias, uma hora por dia, conversamos sobre os mais variados assuntos. Foi o bastante para descobrirmos que temos quase tudo em comum: gostos (comida, músicas, livros), preferências (lazer, hobby), opiniões (quanto à igreja, dízimos, problemas familiares), etc.
Nunca encontrei alguém que combinasse tanto comigo!
Não sei se ela gosta de mim, pois as mulheres são mais sutis. Acredito que sim, pois ela passou a trazer-me presentes (chocolates, etc), a convidar-me todos os dias pra almoçar, e confessou coisas que jamais havia falado com ninguém, incluindo pecados ocultos, segredos e sentimentos.
Puxa, até nisto vi-me nela! Até minhas fraquezas mais profundas são iguais às dela! Contou-me segredos e desejos: disse-me que prefere homens mais velhos (sou 10 anos mais velho que ela), que não gosta de homens musculosos (sou magro), que adora homens inteligentes iguais a mim, que via em mim um verdadeiro cristão.
Verdadeiro cristão? Sou casado e estou há um mês perdidamente apaixonado por uma menina 10 anos mais jovem que minha esposa! Que cristão sou eu, afinal?
Ela me convidou para ir em sua igreja num sábado à noite, mas é óbvio que não fui. Disse-me que qualquer dia queria ir ao cinema, e que não tinha companhia, porém nesta hora fiquei quieto (se fosse solteiro a teria convidado no mesmo instante). Chegou a perguntar se vivo bem com minha esposa! Disse que sim, pois esta é a mais pura verdade. Chegou a dizer que gosta de passar o tempo comigo, que a melhor hora do dia para ela é quando almoçamos juntos.
Conversamos todos os dias via e-mail, MSN, internet, durante o trabalho...
Não aguento mais!...
O pior é que ela mostra-se como minha esposa: uma cristã fiel e dedicada.
Minha esposa falou que ando meio estranho. Até quando a beijo imagino estar beijando minha nova paixão. Estou ficando louco! Argumentei com minha esposa que estou vivendo um período de estresse no trabalho, etc, mas que logo voltaria a ser o antigo marido dela; alegre e alto-astral que ela conhece.
A verdade é que sempre amei minha esposa. Aliás, sempre amei todas as minhas namoradas anteriores. Sempre levei namoro a sério, mas jamais senti uma atração tão grande quanto a que estou sentindo agora por esta menina que conheci. Já pensei em várias possibilidades de resolver o problema. Pensei em tentar esquecer esta menina e que o tempo a apagaria de minha memória, mas é algo quase impossível. Cheguei a sonhar com ela por seis noites consecutivas. Estou apaixonado como nunca estive antes em minha vida.
Falei com Deus. Disse que não queria nada disto, mas quanto mais o tempo passa, mais a paixão e o amor que sinto por ela aumentam.
O que faço? Digo pra minha esposa a verdade? Que eu a amo, que ela é sensacional, linda, etc, mas que estou apaixonado por outra? Aí falo pro pai desta menina - que inclusive é pastor - que sou casado, sou 10 anos mais velho que a filha dele, mas que sou perdidamente apaixonado por ela desde o primeiro momento que a vi certo dia na rua? Que sou cristão, sou correto e que quero me casar com ela?
Meio estranho, não?
Quem acreditaria?
Nunca tive problema algum com minha esposa, aliás, vivemos um casamento perfeito, mas agora tudo parece ameaçado.
Amo uma mulher igualmente linda e rara. Não sei o que fazer.
Será que realmente amei alguém na minha vida? Será que esta não é a primeira vez que estou de fato apaixonado? Será que largo tudo? Como explicar para minha esposa que ela é especial, mas que amo MAIS outra mulher do que ela?
Jurei amar minha esposa pra sempre em meu casamento, e cumpri esta promessa até hoje. Não estarei em pecado se negar minha promessa? Mas e o amor, nunca senti nada igual antes, como posso trair meu coração?
Amo minha mulher, mas descobri que amo infinitamente mais esta outra garota, que deu todos os sinais que quer ficar comigo.
Com quem falo primeiro? O que faço?
Por favor, me ajude, faz 43 dias que vivo esta apreensão e pretendo tomar uma decisão esta semana, pois estou muito aflito. Tenho urgência.

No amor de Cristo,

R.

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Resposta:

Querido irmão: Graça e Paz!

Como você deve estar informado, não respondo mais cartas faz uns dois anos. Ontem, todavia, a fim de abrir um e-mail de trabalho, deparei-me com a sua carta e com centenas de outras. A sua, todavia, me impressionou deveras, posto que a maioria das cartas falam apenas de desejos sexuais ou problemas com “igrejas”, temas esses já exaustivamente respondidos no meu site, na sessão de Cartas do www.caiofabio.net [...].

O que me chamou atenção em sua carta foi o fato de que o desejo sexual está implícito, porém, sua ênfase é em amor e paixão; em amar a sua esposa, mas estar amando MAIS essa menina; em contar e abrir-se, ao invés de usar, pegar e esconder-se [...] pra ver no que vai dar..., como é o costume da maioria dos homens na mesma situação que você.

Você disse que é do tipo romântico, e que nunca esteve com ninguém que não tivesse gerado paixão romântica em você; e mais: relatou o episódio do desejo romântico e subitamente apaixonado que fez você seguir esta mesma menina, na sua volta da lua-de-mel; e depois, reportou o que aconteceu quando a menina entrou na sua sala como estagiária; ou seja: uma verdadeira história grega de Flecha do Cupido!

Entretanto, quando você falou da sua mulher, eis as palavras com as quais você descreveu o encontro:

Conheci minha amada esposa nos tempos de faculdade. Ela era a melhor e mais linda aluna da classe. Foi fácil gostar dela, o difícil foi ela gostar de mim. A aproximação logo virou amizade, que transformou-se em romance e, por fim, em casamento.

Ela é estudiosa, bem-sucedida profissionalmente (já ocupa altos cargos de chefia), é adorável, extremamente linda e uma das maiores cristãs que conheci em toda a minha vida.

Sempre fui romântico, nunca brigados e sempre tivemos uma vida conjugal feliz.

Note que no processo com a sua esposa tudo foi gradual... Ela era a melhor, a mais linda da classe; gostar dela era uma questão de elevação sua...[...]; e tudo começou com amizade, que virou romance, e, por fim, deu em casamento. Ela é estudiosa, bem-sucedida, ocupa altos cargos, e é uma cristã que gera admiração em você.

Ora, no meu modo de ver estamos diante de dois fenômenos iguais; apenas de natureza psicológica diferente; porém, com a sua esposa, a pavimentação para o verdadeiro amor está muito melhor estabelecida!

No caso da sua esposa você era o rapaz magrinho, porém com ousadia para sonhar alto, encantando-se com a melhor entre as melhores, em todos os sentidos; e como da parte dela não houvesse nenhuma ação apaixonada ou provocativa na sua direção [o difícil foi ela gostar de você!], o processo se estabeleceu com gradualidade; mas era, todavia, um processo de paixão sua pela superioridade dela; pela grandeza dela; pela capacidade dela; pelas qualificações dela; etc... Até hoje você fala nela como um troféu; sim, como uma diva; como uma “Isolda das Mãos Brancas”, no conto acerca de Percival na saga pelo “Cálice Sagrado”; onde a esposa dele, também linda e admirável, de fato um troféu, não consegue competir com uma outra Isolda que aparece...; aquela que não era a nobre e nem a oficial, mas que o adoecera de paixão romântico/suicida, subitamente; de tal modo que ele fica ferido de morte em razão de tal encontro e experiência; sim, pela qual vem perder toda a felicidade, entregue que ficou a uma insatisfação impossível; de um lado admirando com amor a esposa, enquanto, de outro lado, não conseguia ver-se livre da “possessão” da outra Isolda; a Isolda da paixão mortal.

Eu disse que ambos os casos tinham semelhança em razão de que ambos são casos de enfatuamento do seu coração. Em relação à sua esposa, tudo teve a ver com a nobreza dela, o que inflou sua alma ao ponto do desejo de tê-la como prêmio de casamento. Já no que tange a esta menina, a esta Isolda não qualificada pelas grandezas, mas pelas belezas, pelo apetite, pelas identificações intrínsecas, pela química, pelo cheiro que pôs você como um cão seguindo uma cadela no cio na primeira vez que a viu; como um ser envenenado pelo “Cálice Sagrado” quando foi a ela apresentado no ambiente do trabalho — também o mesmo processo de enfatuamento se estabeleceu; não como conquista da grandeza, mas como conquista da sua própria alma.

No caso da sua esposa, você se apaixonou pelo seu potencial de possuir a princesa, a melhor entre as melhores em tudo. No caso desta menina, sua paixão é por você mesmo; pela sua alma; pelo seu próprio poder romântico; e, sobretudo, pela magia. Sim! Você está enfeitiçado e possesso pelos potenciais da sua própria alma; ou, como você disse de maneira também bem grega: pelas forças do destino!

Ambas as coisas, todavia, denotam seu caso de romance de você com sua própria alma; ou seja: com esse seu potencial de amar o romance e se apaixonar pela paixão; sempre numa escala de conquista de superioridades.

Porém, com a sua mulher, ainda que no princípio tenha sido assim para você, com o tempo, e sendo ela quem é [...], tudo se encaminhou para os caminhos do romance [o seu] que poderia e pode virar amor mesmo; em havendo maturidade e certeza de que amor não é um estado de paixão e de romance crônico, mas sim de uma decisão pelo bem mutuo; no encontro sincero de caráter, afetividade, amizade, fidelidade, maturidade e desejo!

Sua mulher, a Isolda as Mãos Brancas, é nobre. Esta Isolda das Feridas da Paixão [...] é a plebeia da sua alma; sua mais elaborada ficção de paixão; seu sonho mais secreto; sua conquista mais essencial; ou seja: é mais elaborada obra da sua masculinidade erotizada.

Você já está tão ferido de morte que nem mesmo dois meses se foram a você já está pensando em fazer uma loucura grega; pensando em lançar seu barco no mar e ir à procura do “Cálice Sagrado”!

No conto do Percival ele vai [...] apenas para, ao final, descobrir que o amor está ali, na sua cama, na sua esposa; e que ele fora enganado pelas pulsões da sua própria alma; e pela sua própria vontade de superar-se pela via de um amor maior; de um amor impossível e desastroso.

A esposa dele o lembrava de um começo no qual ela tinha o poder e ele carregava a necessidade. Já a outra Isolda, era a inferior, mas que pela beleza e fragilidade, de um lado o remetia para a grandeza da beleza como conquista, e, de outro lado, para a sua própria superioridade de já ser o marido da mulher-real, como é o seu caso.

Como disse, no fim, ele não fica com ninguém, mas apenas existe ferido de morte!...

Você tem uma alma ainda imatura e em busca do Santo Graal afetivo; esperando um sentimento que seja obra do destino; já que no caso do seu casamento foi obra do tempo, do convívio e das forças da amizade e da perseverança. Porém, como todo bom romântico, você quer uma visita de ninfa, de um anjo, de um ente arrebatador e enlouquecedor; e esta menina cumpriu esse papel na sua alma; afinal, desde o primeiro dia, ela é você, ela é seu sonho, ela é sua mais poderosa projeção inconsciente!

Deixando de lado a psicologia do acontecido, quero, no entanto, ponderar com você algumas coisas mais simples.

Por exemplo, eu jamais me encantaria por uma menina de 18 anos que, sabendo que sou casado, viesse a dar em cima de mim [do nada...] como ela fez e faz com você. De fato, o que ela vem fazendo é cantar você com os ares dos anjos, das ninfas de igreja; porém, sem equivoco, com toda a intenção santamente perversa de seduzir um homem crente e casado.

Meu espírito não sente pureza alguma nela. O que sinto é dissimulação e laço. E vejo que você está na iminência de entrar no barco e viajar para terras de monstros, apenas pelo encanto de alguém que não é mais do que uma representação de um sonho seu.

O caráter de uma garota da idade dela [...] que se dispõe a agir como ela vem agindo, dissimula-se sob o manto da “fé inocente”, mas carrega grande ardil e malícia.

O problema é que você não consegue enxergar isto por estar apaixonado pela paixão e enfatuado pela ideia mágica de que o destino tem um romance grego pra você viver nesta existência. Sim; somente por esta razão você não enxerga a menina/feiticeira e nem a dissimulação dela.

O que lhe digo é simples: quem faz o que ela faz agora, fará, depois, outra vez, com outros agentes, a mesma coisa!

Você, todavia, hoje, à semelhança de Percival, não está apto a enxergar o óbvio; e sente que é seu dever de homem, de macho, de ente tomado de animus e de pênis, não fugir da divindade que o visitou...

Ficará ferido de morte!...

Somente vejo uma saída para isto. Ou seja: sem dizer à sua esposa que você está apaixonado pela garota/ninfa/isolda/crente, contar a ela, todavia, que tem havido a procura dela por você; e que você ficou enfatuado pelo acontecido; e, depois, tomar a iniciativa de levar sua esposa até ao ambiente de trabalho ou de exposição da menina/feiticeira à sua mulher; visto que, de outra forma, na escuridão dos desejos e das sombras, a força do tesão romântico apenas crescerá mais e mais...

Acredito que você ame a sua mulher, mas não creio que você ame essa menina. O amor se constrói em dias, meses e anos... A paixão, no entanto, é obra do instante...; do desejo e dos sonhos que brotam do inconsciente sem razão de ser e sem lógica afetiva baseada em convívio e experiência de caráter.

Não creio em amor à primeira vista. Creio em amores que, a partir de uma paixão súbita, com o tempo, se desenvolveram até atingirem, pelo convívio, o significado do que seja amor mesmo. Embora, na maioria das vezes, não seja assim que aconteça; posto que para a alma madura, nada substitua o tempo e a experiência do convívio real; não em espetáculos de palco armado na hora do almoço.

À primeira vista [...] creio em paixão, em tesão, em projeção, em transferência, em encantamento, em imagem, em miragem, em feitiço psicológico, mas não em amor segundo Deus!

Se você fizer a loucura de Percival e ficar com esta Isolda dos Ferimentos, logo descobrirá frustrado que, ao leva-la para casa, ela era tudo, menos a pessoa que nela você projetou e viu como sonho. Sim; ela se mostrará outra pessoa; e chances há de que venha a ser a ferida incurável da sua alma apaixonada por você mesmo como um homem de amores...

Leia no www.caiofabio.net os seguintes textos:

A TENTAÇÃO COMO O PÃO DO DESCONTENTAMENTO!

O QUE É AUTOENGANO?

AMBIVALENCIA É O OUTRO NOME DA ALMA!

Espero ter sido útil a você!

Com oração e rogando ao Senhor que o salve de um culto do seu ego inflado à idolatria afetiva e mágica, Nele, em Quem amor não é filho do instante, mas da vida, do conhecer, do servir e do se dar um dia depois do outro,

Caio


Extraído do Site Pr. Geraldo Magela

16 de jun. de 2012

CONTROLE MENTAL


     As Teorias do Controle Mental e as Técnicas Utilizadas Pela Mídia de Massa


A mídia de massa é o instrumento mais poderoso usado pela classe governante para manipular as massas. Ela forma e molda as opiniões e atitudes, e define o que é normal e aceitável. Este artigo examina o funcionamento da mídia de massa por meio das teorias de seus principais pensadores, sua estrutura de poder e as técnicas que ela usa, de modo a compreender seu verdadeiro papel na sociedade.
A maior parte dos artigos no meu site discute o simbolismo ocultista encontrados nos objetos da cultura popular. A partir da leitura desses artigos, surgem questões legítimas relacionadas com o propósito desses símbolos e as motivações daqueles que os colocam ali, porém é impossível para mim fornecer respostas satisfatórias a essas questões sem mencionar muitos outros conceitos e fatos. Portanto, decidi escrever este artigo para fornecer o pano de fundo teórico e metodológico das análises apresentadas no site, bem como apresentar os principais estudiosos do campo das comunicações na mídia de massa. Algumas pessoas leem meus artigos e pensam que estou dizendo: "Lady Gaga quer controlar nossas mentes". A questão não é esta. Lady Gaga é simplesmente uma pequena parte de um sistema enorme, que é a mídia de massa.

Programação Por Meio da Mídia de Massa

Mídia de massa são formas de mídia que têm o objetivo de alcançar a maior audiência possível. Ela inclui a televisão, cinema, rádio, jornais, revistas, livros, gravações musicais, jogos de computador e a Internet. Muitos estudos foram realizados no século passado para medir os efeitos da mídia de massa na população de modo a descobrir as melhores técnicas para influenciá-la. A partir desses estudos surgiu a ciência das Comunicações, que é usada no marketing, nas relações públicas e na política. A comunicação em massa é uma ferramenta necessária para garantir a funcionalidade de uma grande democracia; ela também é uma ferramenta necessária em uma ditadura. Tudo depende como ela é usada.
No prefácio da edição de 1958 de seu livro Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley pinta um retrato bastante sombrio da sociedade. Ele acredita que ela é controlada por uma "força impessoal", uma elite governante que manipula a população usando vários métodos:
"Forças impessoais sobre as quais não temos praticamente controle algum parecem estar nos empurrando na direção do pesadelo do Admirável Mundo Novo; e essa pressão impessoal está sendo conscientemente acelerada por representantes das organizações empresariais e políticas que desenvolveram diversas técnicas novas para manipular, de acordo com o interesse de alguma minoria, os pensamentos e emoções das massas." [Aldous Huxley, prefácio de Admirável Mundo Novo].
Esse cenário sombrio antecipado por Huxley não é uma simples hipótese ou uma ilusão paranoica. Ele é um fato documentado, apresentado nos estudos mais importantes do mundo sobre a mídia de massa. Aqui estão alguns deles:

Os Pensadores da Elite

Walter Lippmann
Walter Lippmann, um intelectual norte-americano, autor e por duas vezes ganhador do Prêmio Pulitzer, apresentou uma das primeiras obras sobre o uso da mídia de massa. Em Public Opinion (1922), ele comparou as massas a uma "grande besta" e a um "rebanho confuso" que precisava ser guiado por uma classe governante. Ele descreveu a elite governante como sendo "uma classe especializada, cujos interesses se estendem além da localidade". Essa classe é composta por mestres, especialistas e burocratas. De acordo com Lippmann, os mestres, que frequentemente são referenciados como "elites", devem ser máquinas do conhecimento, que contornam o defeito principal da democracia, o ideal impossível do "cidadão competente para julgar e lidar com todas as coisas". O "rebanho confuso", desordeiro e insatisfeito, tem sua função de ser "os espectadores interessados da ação", isto é, não os participantes. A participação é o dever do "homem responsável", que não é o cidadão comum.
A mídia de massa e a propaganda são, portanto, ferramentas que precisam ser usadas pela elite para governar o público sem o uso da coerção física. Um conceito importante apresentado por Lippmann é a "fabricação do consentimento", que é, em resumo, a manipulação da opinião pública a aceitar os planos da elite. É a opinião de Lippmann que o público não está qualificado para refletir e tomar decisões sobre as questões importantes. Portanto, é necessário que a elite decida "para seu próprio bem" e então venda essas decisões para as massas.
"Que a fabricação do consentimento é capaz de grandes refinamentos, acho que ninguém nega. O processo pelo qual as opiniões do público surgem certamente não é menos intricado do que já foi mostrado nestas páginas, e as oportunidades para a manipulação aberta são bastante claras para qualquer um que compreenda o processo... como um resultado da pesquisa psicológica, acoplada com os meios modernos de comunicação, a prática da democracia mudou de rumo. Uma revolução está ocorrendo, infinitamente mais significativa que qualquer mudança de poder econômico... Sob o impacto da propaganda, não necessariamente no significado sinistro da palavra sozinha, as antigas constantes do nosso pensamento se tornaram variáveis. Por exemplo, não é mais possível acreditar no dogma original da democracia; que o conhecimento necessário para o gerenciamento dos assuntos humanos apareça espontaneamente a partir do coração humano. Onde atuamos com base nessa teoria nos expomos ao autoengano e às formas de persuasão que não podemos verificar. Já foi demonstrado que não podemos confiar na intuição, na consciência ou nos acidentes da opinião casual se quisermos lidar com o mundo que está além do nosso alcance." [Walter Lippmann, Public Opinion; tradução nossa.].
Pode ser interessante observar que Lippmann foi um dos fundadores do Conselho das Relações Internacionais, o CFR (Council on Foreign Relations), o centro de estudos e debates de política externa mais influente do mundo. Esse fato deve lhe dar uma pequena indicação do estado mental da elite com relação ao uso da mídia.
"O poder político e econômico nos EUA está concentrado nas mãos de uma 'elite governante' que controla a maior parte das grandes empresas multinacionais sediadas no país, a grande mídia de comunicações, as fundações isentas de impostos mais influentes, as grandes universidades privadas e a maior parte das empresas concessionárias de serviços públicos. Fundado em 1921, o Conselho das Relações Internacionais é um elo fundamental entre as grandes corporações e o governo federal. Ele tem sido chamado de "escola para a formação de homens de Estado", e chega perto de ser um órgão daquilo que C. Wright Mills chamou de Elite do Poder — um grupo de homens, similares em interesses e em seu modo de ser, que moldam os eventos a partir de posições inexpugnáveis que estão por trás dos bastidores. A criação da Organização das Nações Unidas foi um projeto do CRF, bem como a criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial." [Steve Jacobson, Mind Control in the United States; tradução nossa.].
Alguns membros atuais do CFR incluem David Rockefeller, Dick Cheney, Barack Obama, Hilary Clinton, o pastor de megaigreja Rick Warren e os presidentes dos conselhos administrativos de grandes corporações, como CBS, Nike, Coca-Cola e Visa.
Carl Jung
Carl Jung foi o fundador da Psicologia Analítica (também chamada de Psicologia Jungiana), que enfatiza a compreensão da psiquê por meio da exploração dos sonhos, da arte, da mitologia, da religião, dos símbolos e da filosofia. O terapeuta suíço está na origem de muitos conceitos psicológicos usados hoje em dia, como os Arquétipos, os Complexos, a Persona, o Introvertido/Extrovertido e a Sincronicidade. Ele foi grandemente influenciado pela base ocultista de sua família. Carl Gustav, seu avô, foi um ávido maçom (era Grande Mestre) e o próprio Jung descobriu que alguns de seus antepassados tinham sido rosa-cruzes. Isso pode explicar seu grande interesse por filosofia oriental e ocidental, alquimia, astrologia e simbolismo. Um de seus conceitos mais importantes (e malcompreendidos) é o do Inconsciente Coletivo:
"Minha tese, então, é como segue: além de nossa consciência imediata, que é de uma natureza inteiramente pessoal e que acreditamos ser a única psiquê empírica (mesmo se conectada à inconsciência pessoal como um apêndice), existe um segundo sistema psíquico de uma natureza impessoal, universal e coletiva que é idêntica em todos os indivíduos. Esse inconsciente coletivo não se desenvolve individualmente, mas é herdado. Ele consiste de formas pré-existentes, os arquétipos, que somente podem se tornar conscientes secundariamente e que dão forma definitiva a certos conteúdos psíquicos." [Carl Jung, The Concept of the Collective Unconscious; tradução nossa.].
O inconsciente coletivo se expressa por meio de símbolos similares e figuras mitológicas em diferentes civilizações. Os símbolos arquétipos parecem estar incorporados em nosso subconsciente coletivo e, quando expostos a eles, demonstramos atração e fascinação naturais. Portanto, os símbolos ocultistas podem exercer um grande impacto nas pessoas, mesmo se muitos indivíduos nunca tenham recebido pessoalmente uma iniciação sobre o significado esotérico do símbolo. Alguns pensadores da mídia de massa, como Edward D. Bernays, encontraram nesse conceito um grande modo de manipular o inconsciente coletivo e pessoal do público.
Edward Bernays
Edward Bernays é considerado o "Pai das Relações Públicas" e usou conceitos descobertos por seu tio Sigmund Freud para manipular o público usando o subconsciente. Ele compartilhava a visão de Walter Lippmann sobre a população geral, considerando-a irracional e sujeita ao "instinto de manada". Em sua opinião, as massas necessitavam ser manipuladas por um governo invisível para garantir a sobrevivência da democracia.
"A manipulação consciente e inteligente dos hábitos organizados e das opiniões das massas é um elemento importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam esse mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder governante em nosso país."
"Somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos são formados e nossas ideias são sugeridas, em grande parte, por homens sobre os quais nunca ouvimos falar. Este é um resultado lógico do modo como nossa sociedade democrática está organizada. Vastos números de seres humanos precisam cooperar dessa maneira para que possamos viver juntos como uma sociedade perfeitamente funcional."
"Nossos governadores invisíveis, em muitos casos, não sabem a identidade dos outros membros no gabinete mais interno." [Edward Bernays, Propaganda].
As campanhas inovadoras de marketing de Bernays mudaram profundamente o funcionamento da sociedade americana. Ele basicamente criou o "consumismo", criando uma cultura em que as pessoas compram para obter prazer, em vez de comprar para sobreviver. Por esta razão, ele foi considerado pela Revista Life como um dos cem americanos mais influentes no século 20.
Harold Lasswell
De 1939 a 1940, a Universidade de Chicago realizou uma série de seminários secretos sobre comunicações. Esses centros de debates foram financiados pela Fundação Rockefeller e envolveram os pesquisadores mais proeminentes nos campos das comunicações e dos estudos sociológicos. Um desses acadêmicos era Harold Lasswell, um cientista político norte-americano e um dos principais teóricos das comunicações, especializado em Análise da Propaganda. Ele também era da opinião que uma democracia, um governo governado pelo povo, não poderia se suster sem uma elite especializada que formasse e moldasse a opinião pública por meio da propaganda.
Em sua Encyclopaedia of the Social Sciences, Lasswell explicou que, quando as elites não têm a força requerida para impor a obediência, os gerentes sociais se voltam para "uma técnica totalmente nova de controle, em grande parte por meio da propaganda". Ele acrescentou a justificativa social: precisamos reconhecer a "ignorância e estupidez das... massas e não sucumbir aos dogmatismos democráticos sobre os homens serem os melhores juízes de seus próprios interesses.".
Lasswell estudou minuciosamente o campo da análise de conteúdo de modo a compreender a eficácia de diferentes tipos de propaganda. Em seu ensaio Contents of Communication, ele explicou que, de modo a compreender o significado de uma mensagem (por exemplo, um filme, um discurso, um livro, etc.), deve-se levar em conta a frequência com que certos símbolos aparecem na mensagem, a direção em que os símbolos tentam persuadir a opinião dos ouvintes, e a intensidade dos símbolos usados.
Lasswell ficou famoso por seu modelo de análise da mídia baseado em:
Quem (diz) O Que (para) Quem (em) Que Canal (com) Que Efeito
Por meio deste modelo, Lasswell indica que de modo a analisar corretamente um produto da mídia, é necessário olhar para quem produziu o produto (as pessoas que encomendaram a criação), para quem ele foi dirigido (o público-alvo) e quais eram os efeitos desejados para esse produto (informar, convencer, vender, etc.) na audiência.
Usando um vídeo da cantora Rihanna como um exemplo, a análise seria como segue: QUEM PRODUZIU: Vivendi Universal; O QUE: a artista pop Rihanna; PARA QUEM: consumidores na faixa etária dos 9-25 anos; QUE CANAL: vídeo de músicas; e QUAL EFEITO: vender a artista, suas canções, sua imagem e sua mensagem.
As análises dos videoclipes e filmes no site The Vigilant Citizen colocam uma grande importância em "Quem está por trás" da mensagem comunicada ao público. O termo "Illuminati" é frequentemente usado para descrever esse pequeno grupo de elite que ocultamente governa as massas. Embora o termo soe quase caricatural e conspiracional, ele descreve corretamente as afinidades da elite com as sociedades secretas e o conhecimento ocultista. Entretanto, pessoalmente, não gosto de usar o termo "teoria conspiratória" para descrever aquilo que está acontecendo na mídia de massa. Se todos os fatos referentes à natureza elitista da indústria estão prontamente disponíveis ao público, podem eles ainda ser considerados "teoria conspiratória"?
Antigamente, havia uma diversidade de pontos de vista, ideais e opiniões na cultura popular. Entretanto, a consolidação das grandes empresas de mídia produziu uma padronização da indústria cultural. Alguma vez você já se perguntou por que todas as músicas recentes parecem iguais e por que todos os filmes recentes também são tão parecidos? O que vem a seguir é parte da resposta.

Propriedade da Mídia

Como mostrado no gráfico acima, o número de corporações que são proprietárias da maior parte dos veículos de mídia nos EUA caiu de 50 para 5 em menos de vinte anos. Aqui estão as principais corporações, de atuação global, e os ativos que elas possuem.
"A relação das propriedades controladas pela AOL Time Warner requer dez páginas impressas para listar as 292 companhias separadas e subsidiárias. Dessas, 22 são participações conjuntas com outras grandes corporações envolvidas em graus variados com as operações da mídia. Esses parceiros incluem 3Com, eBay, Hewlett-Packard, Citigroup, Ticketmaster, American Express, Homestore, Sony, Viva, Bertelsmann, Polygram e Amazon.com. Algumas das propriedades mais conhecidas e que pertencem totalmente à Time Warner incluem Book-of-the-Month Club; Little, Brown Publishers; HBO, com seus sete canais de televisão a cabo; CNN; sete canais especializados e em outros idiomas; Road Runner; Warner Brothers Studios; Weight Watchers (Vigilantes do Peso); Popular Science; e 52 diferentes selos de gravação." [Ben Bagdikan, The New Media Monopoly].
A AOL Time Warner é dona de:
  • 64 revistas, incluindo Time, Life, People, Revista MAD e DC Comics
  • Warner Bros, New Line e Fine Line Features no cinema
  • Mais de 40 selos musicais, incluindo Warner Bros, Atlantic e Elektra
  • Muitas redes de televisão, como WB Networks, HBO, Cinemax, TNT, Cartoon Network e CNN
  • Artistas exclusivos: Madonna, Sean Paul, The White Stripes.
A Viacom tem as seguintes propriedades:
  • CBS, MTV, MTV2, UPN, VH1, Showtime, Nickelodeon, Comedy Central, TNN, CMT e BET
  • Paramount Pictures, Nickelodeon Movies, MTV Films
  • Blockbuster Videos
  • 1800 salas de cinema por meio da Famous Players.
A propriedade de uma equipe de hockey chamada The Mighty Dukes of Anaheim não começa a descrever a vastidão do império da Disney. Hollywood ainda é seu centro simbólico, com oito estúdios de produção de filmes e distribuidoras: Walt Disney Pictures, Touchstone Pictures, Miramax, Buena Vista Home Video, Buena Vista Home Entertainment, Buena Vista International, Hollywood Pictures, e Caravan Pictures.
A Companhia Walt Disney controla oito editoras sob a Walt Disney Company Book Publishing e a ABC Publishing Group; dezessete revistas; a Rede ABC de Televisão, com dez emissoras próprias, incluindo nos cinco principais mercados; trinta estações de rádio, incluindo todos os principais mercados, onze canais de televisão a cabo, incluindo Disney, ESPN (participação conjunta), A&E, e o History Channel; treze canais internacionais, indo da Austrália ao Brasil; sete unidades esportivas e de produção em todo o mundo; e dezessete sites na Internet, incluindo o grupo ABC, ESPN.sportszone, NFL.com, NBAZ.com, e NASCAR.com. Seus cinco grupos musicais incluem os selos Buena Vista, Lyric Street, e Walt Disney, e produções de teatro que surgiram a partir de filmes como O Rei Leão, A Bela e a Fera, e Rei Davi." [Ibidem].
A Companhia Walt Disney é proprietária de:
  • Rede ABC de Televisão, Disney Channel, ESPN, A&E, History Channel
  • Walt Disney Pictures, Touchstone Pictures, Hollywood Pictures, Miramax Film Corp., Dimension e Buena Vista International
  • Artistas exclusivos: Miley Cyrus, Hannah Montana, Selena Gomez, Jonas Brothers.
A Vivendi Universal é proprietária dos seguintes ativos:
  • 27% das vendas de música nos EUA, os selos incluem: Interscope, Geffen, A&M, Island, Def Jam, MCA, Mercury, Motown e Universal
  • Universal Studios, Studio Canal, Polygram Films, Canal +
  • Diversas empresas de Internet e empresas de telefonia celular
  • Artistas exclusivos: Lady Gaga, The Black Eyed Peas, Lil Wayne, Rihanna, Mariah Carey, Jay-Z.
A Sony é proprietária de:
  • Columbia Pictures, Screen Gems, Sony Pictures Classics
  • 15% das vendas de música nos EUA; os selos incluem Columbia, Epic, Sony, Arista, Jive e RCA Records
  • Artistas exclusivos: Beyonce, Shakira, Michael Jackson, Alicia Keys, Christina Aguilera.
Um número limitado de atores na indústria cultural significa uma quantidade limitada de pontos de vistas e de ideias chegando ao público. Também significa que uma única mensagem pode facilmente saturar todas as formas de mídia para gerar consenso (por exemplo: existem armas de destruição maciça no Iraque).

A Padronização do Pensamento Humano

A fusão das empresas de mídia nas últimas décadas gerou uma pequena oligarquia de conglomerados de mídia. Nos EUA, o programa de TV que acompanhamos, a música que ouvimos, os filmes que assistimos e o jornais que lemos são todos produzidos por CINCO corporações. Os proprietários desses conglomerados têm vínculos com a elite mundial e, de muitas formas, SÃO a elite. Possuindo todos os veículos possíveis, tendo o potencial de chegar até as massas, esses conglomerados têm o poder de criar nas mentes das pessoas uma cosmovisão única e coesiva, engendrando uma "padronização do pensamento humano". Até mesmo os movimentos ou estilos que são considerados marginais são, na verdade, extensões do pensamento da corrente dominante. As mídias de massa produzem seus próprios rebeldes que definitivamente parecem marginais, mas ainda são parte do sistema e não questionam nada dele. Artistas, criações e ideais que não se encaixam no modo de pensar da corrente dominante são sumariamente rejeitados e esquecidos pelos conglomerados, o que, por sua vez, os faz virtualmente desaparecer da sociedade. Entretanto, as ideias que são consideradas válidas e desejáveis para serem aceitas pela sociedade são magistralmente anunciadas para as massas de modo a normatizá-las e torná-las autoevidentes.
Em 1928, Edward Bernays já via o imenso potencial do cinema para padronizar o pensamento:
"A indústria do cinema é a maior transmissora inconsciente da propaganda no mundo hoje. Ela é uma grande distribuidora de ideias e opiniões. Os filmes podem padronizar as ideias e hábitos de uma nação. Como os filmes são feitos para atender às demandas do mercado, eles refletem, enfatizam e até exageram as tendências populares mais amplas, em vez de estimularem novas ideias e opiniões. Os filmes do cinema fazem uso somente de ideias e fatos que estão em voga. Da mesma forma como o jornal busca fornecer notícias, a indústria do cinema busca fornecer entretenimento." [Edward Bernays, Propaganda; tradução nossa].
Estes fatos foram sinalizados como perigosos à liberdade humana nos anos 1930 pelos pensadores [marxistas] da Escola de Frankfurt, como Theodor Adorno e Herbert Marcuse. Eles identificaram três principais problemas com a indústria cultural. A indústria pode:
  • Reduzir os seres humanos ao estado da massa, dificultando o desenvolvimento de indivíduos emancipados, que sejam capazes de tomar decisões racionais;
  • Substituir o ímpeto legítimo por autonomia e autoconscientização pela preguiça segura do conformismo e da passividade; e
  • Validar a ideia que os homens na verdade procuram escapar do mundo absurdo e cruel em que vivem, perdendo-se em um estado hipnótico de autossatisfação.
A noção de escapismo é até mais relevante hoje com o advento dos jogos de computador on-line, filmes e aparelhos de televisão em terceira dimensão. As massas, que estão constantemente buscando entretenimento em alta tecnologia, procurarão produtos extremamente caros que somente podem ser produzidos pelas grandes empresas de mídia do mundo. Esses produtos contêm mensagens e símbolos cuidadosamente calculados que não são nada mais e nada menos que propaganda de entretenimento. O público está sendo treinado a AMAR sua propaganda, chegando ao ponto de gastar seu dinheiro suado para ser exposto a essa propaganda. A propaganda (usada no sentido político, cultural e comercial) não é mais coerciva ou uma forma de comunicação autoritária encontrada nas ditaduras; ela se tornou o sinônimo de entretenimento e prazer.
"Com relação à propaganda, os primeiros defensores da alfabetização universal e uma imprensa livre previram somente duas possibilidades: a propaganda poderia ser verdadeira, ou poderia ser falsa. Eles não previram aquilo que de fato aconteceu, acima de tudo em nossas democracias capitalistas ocidentais — o desenvolvimento de uma vasta indústria de comunicações em massa, preocupada no principal não com o verdadeiro ou o falso, mas com o irreal, o mais ou menos totalmente irrelevante. Em resumo, eles falharam em levar em conta o quase infinito apetite humano pelas distrações" [Aldous Huxley, Prefácio de Admirável Mundo Novo].
Uma única matéria de mídia frequentemente não tem um efeito duradouro sobre a psiquê humana. Entretanto, a mídia de massa, por sua natureza onipresente, cria um ambiente vivo que nos envolve diariamente. Ela define a norma e exclui o indesejável. Do mesmo modo como os cavalos que puxam as carroças usam viseiras para que somente vejam aquilo que está à sua frente, as massas somente podem ver para aonde devem ir.
"É o aparecimento da mídia de massa que torna possível o uso das técnicas de propaganda em uma escala ampla na sociedade. A orquestração da imprensa, do rádio e da televisão para criar um ambiente contínuo, duradouro e total torna a influência da propaganda virtualmente imperceptível precisamente porque cria um ambiente constante. A mídia de massa fornece o elo essencial entre o indivíduo e as exigências da sociedade tecnológica." [Jacques Ellul].
Uma das razões por que a mídia de massa consegue com sucesso influenciar a sociedade é devido à extensa quantidade de pesquisa nas ciências cognitivas e na natureza humana que tem sido aplicada a ela.

As Técnicas de Manipulação

"A publicidade é a tentativa deliberada de gerenciar a percepção do público sobre um objeto. Os objetos de estudo da publicidade incluem pessoas (por exemplo, políticos e artistas de espetáculos), bens e serviços, organizações de todos os tipos, e obras de arte ou entretenimento."
O ímpeto para vender produtos e ideias para as massas levou a uma quantidade sem precedentes de pesquisa sobre o comportamento humano e sobre a psiquê humana. As ciências cognitivas, a psicologia, a sociologia, a semiótica, linguística e outros campos relacionados foram e ainda são extensivamente pesquisados por meio de estudos bem-financiados.
"Nenhum grupo de sociólogos pode ser comparado com as equipes de propaganda na coleta e processamento de dados sociais exploráveis. As equipes de propaganda têm bilhões para gastar anualmente em pesquisa e teste das reações, e seus produtos são magníficas acumulações de materiais sobre a experiência e as emoções compartilhadas de toda uma comunidade." [Marshal McLuhan, The Extensions of Man; tradução nossa].
Os resultados desses estudos são aplicados aos anúncios, filmes, vídeos de músicas e outras mídias de modo a torná-los o mais influentes quanto possível. A arte do marketing é altamente calculada e científica porque precisa alcançar tanto o indivíduo quanto a consciência coletiva. Em produtos culturais com um grande orçamento, um vídeo nunca é "simplesmente um vídeo". As imagens, símbolos e significados são cuidadosamente colocados de modo a gerar um efeito desejado.
"É com o conhecimento do ser humano, de suas tendências, desejos, necessidades, mecanismos psíquicos, automatismos, bem como com o conhecimento da Psicologia Social e da Psicologia Analítica que a propaganda refina suas técnicas." [Propagandes, Jacques Ellul; tradução livre].
A propaganda atualmente quase nunca usa argumentos racionais ou lógicos. Ela explora diretamente as necessidades e instintos mais primais do ser humano de modo a gerar uma resposta emocional e irracional. Se sempre pensássemos de forma racional, provavelmente não teríamos comprado 50% daquilo que temos. Bebês e crianças são constantemente vistos em anúncios direcionados às mulheres por uma razão específica: os estudos mostraram que as imagens de crianças acionam nas mulheres uma necessidade instintiva de nutrir, de cuidar e de proteger, o que no fim leva a uma inclinação favorável ao anúncio.
O sexo é uma presença constante na mídia de massa, pois atrai e mantém a atenção do espectador. Ele se conecta diretamente às nossas necessidades animais de acasalar e reproduzir e, quando acionado, esse instinto pode ofuscar instantaneamente quaisquer outros pensamentos racionais no nosso cérebro.

A Percepção Subliminar

E se as mensagens descritas acima pudessem alcançar diretamente a mente subconsciente do espectador, sem que ele percebesse o que está acontecendo? Este é o objetivo da percepção subliminar. A frase "propaganda subliminar" foi criada em 1957 pelo pesquisador de mercado James Vicary, que dizia que poderia fazer aqueles que vão ao cinema "beber Coca-Cola" e "comer pipoca" exibindo essas mensagens na tela por um rápido momento e os espectadores não se dariam conta que viram aquelas mensagens.
"A percepção subliminar é um processo deliberado criado por técnicos em comunicações, pelo qual você recebe e responde às informações e instruções sem estar conscientemente ciente dessas instruções." [Steve Jacobson, Mind Control in the United States].
Esta técnica é frequentemente usada no marketing e todos sabem que o sexo vende qualquer produto.
Embora algumas fontes afirmem que a propaganda subliminar seja ineficaz, ou até mesmo uma lenda urbana, o uso documentado dessa técnica na mídia de massa prova que os criadores acreditam em seu poder. Estudos recentes também provaram sua eficácia, especialmente quando a mensagem é negativa.
"Uma equipe da University College London, financiada pelo Wellcome Trust, descobriu que a percepção subliminar era particularmente boa para instilar pensamentos negativos. 'Há muita especulação sobre o fato de as pessoas poderem processar informações emocionais inconscientemente, por exemplo, figuras, faces e palavras', disse o professor Nilli Lavie, que chefiou a pesquisa. 'Mostramos que as pessoas podem perceber o valor emocional das mensagens subliminares e demonstramos conclusivamente que elas estão muito mais sintonizadas com as palavras negativas.'" [Fonte]
Um exemplo famoso de mensagem subliminar na comunicação política foi um anúncio na campanha presidencial de George Bush contra Al Gore, em 2000. Assista ao vídeo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=2NPKxhfFQMs
Logo após o nome de Al Gore ser mencionado, o fim da palavra "bureaucrats" (burocratas) – "rats" (ratazanas) – aparece na tela por uma fração de segundo.
A descoberta desse truque causou certo alvoroço e, embora não existam leis contra as mensagens subliminares nos EUA, o anúncio foi retirado da televisão.
Como visto em muitos artigos no site The Vigilant Citizen, as mensagens subliminares e semissubliminares são frequentemente usadas em filmes e vídeos musicais para comunicar mensagens aos espectadores.

Dessensibilização

No passado, quando mudanças eram impostas à população, as pessoas tomavam as ruas, protestavam e até provocavam tumultos. A principal razão para esse choque era devido ao fato de a mudança ser anunciada claramente pelos governantes e compreendida pela população. O anúncio era súbito e seus efeitos podiam ser claramente analisados e avaliados. Hoje, quando a elite precisa que uma parte de sua agenda seja aceita pelo público, isto é feito por meio da dessensibilização. A agenda, que pode ser contrária aos melhores interesses do público, é apresentada lenta, gradual e repetidamente ao mundo por meio dos filmes (colocando-a como parte do enredo), dos videoclipes musicais (que fazem com que pareça boa e atraente sexualmente) ou das notícias (que a apresentam como solução para os problemas atuais). Depois de expor as massas a uma determinada agenda durante vários anos, a elite apresenta abertamente o conceito para o mundo e, devido à programação mental, aquilo é recebido com indiferença geral e é aceito passivamente. Essa técnica tem sua origem na psicoterapia:
"As técnicas da psicoterapia, amplamente praticadas e aceitas como modos de curar os distúrbios psicológicos, também são métodos de controlar as pessoas. Elas podem ser usadas sistematicamente para influenciar as atitudes e o comportamento. A dessensibilização sistemática é um método usado para dissolver a ansiedade para que o paciente (o público) não fique mais atribulado por um medo específico, por exemplo, o medo da violência. [...] As pessoas se adaptam às situações aterrorizadoras se forem expostas a elas por tempo suficiente." [Steven Jacobson, Mind Control in the United States; tradução nossa].
A programação preditiva é frequentemente encontrada no gênero da ficção científica. Ela apresenta uma imagem específica do futuro — um futuro que é desejado pelas elites — e no fim aquilo é aceito como inevitável nas mentes das pessoas. Uma década atrás, o público foi dessensibilizado para a guerra contra o mundo árabe. Hoje, a população está sendo exposta gradualmente à existência do controle mental, do transhumanismo e de uma elite Illuminati. Surgindo das sombras, esses conceitos estão agora em toda a parte na cultura popular. Isto é o que a autora ocultista Alice Bailey descreve como a "Exteriorização da Hierarquia": os governantes ocultos revelando-se lentamente para as massas.

Simbolismo Ocultista na Cultura Pop

Ao contrário das informações apresentadas acima, a documentação sobre o simbolismo ocultista é difícil de encontrar. Isto não deve ser surpresa, pois o termo "oculto" significa literalmente "escondido". Também significa "reservado para aqueles que foram escolhidos para conhecer", pois somente é comunicado para aqueles considerados dignos de receber aquele conhecimento. Ele não é ensinado nas escolas, nem é discutido na mídia. Ele é, portanto, considerado marginal ou até mesmo ridículo pela população em geral.
Todavia, o conhecimento oculto NÃO É considerado ridículo nos círculos ocultistas. Ele é considerado perene e sagrado. Há uma longa tradição de conhecimento hermético e ocultista que é ensinada por meio das sociedades secretas desde o tempo dos antigos egípcios, dos místicos orientais, dos Cavaleiros Templários, até os maçons dos dias modernos. Embora a natureza e a profundidade desse conhecimento tenham provavelmente sido modificadas ao longo dos séculos, as escolas de mistério mantiveram seus principais aspectos, que são altamente simbólicos, ritualísticos e metafísicos. Esses aspectos, que eram uma parte intrincada das civilizações antigas, foram totalmente removidos da sociedade moderna e substituídos pelo materialismo pragmático. Por esta razão, existe um grande vão de compreensão entre a pessoa mediana pragmática e o sistema ritualístico.
"Se essa doutrina mais interna sempre foi escondida das massas, para quem um código mais simples foi criado, não é altamente provável que os expoentes de todos os aspectos da civilização moderna — filosófico, ético, religioso, e científico — sejam ignorantes do verdadeiro significado das próprias teorias e dogmas com base nas quais suas crenças foram fundamentadas? Será se as artes e ciências que a humanidade herdou das nações mais antigas escondem debaixo de seu belo exterior um mistério tão grande que somente o intelecto mais iluminado pode compreender sua importância? Sem qualquer dúvida, tal é o caso." [Manly P. Hall, Secret Teachings of All Ages; tradução nossa].
O "código mais simples" criado para as massas são as religiões organizadas. Esse código está agora se tornando o Templo da Mídia de Massa e prega diariamente para elas materialismo extremo, vazio espiritual e uma existência mesquinha e centrada em si mesmo. Isto é exatamente o oposto dos atributos necessários para se tornar um indivíduo verdadeiramente livre, conforme ensinado por todas as grandes escolas filosóficas de pensamento. Uma população estupidificada é mais fácil de enganar e de manipular?
"Estes escravos cegos ouvem dizer que são 'livres' e 'altamente educados', ao mesmo tempo que marcham seguindo os sinais que fariam qualquer camponês medieval fugir, gritando aterrorizado. Os símbolos que o homem moderno adota com a confiança ingênua de uma criança seriam equivalentes a grandes placas com os dizeres: "Siga por esta via para encontrar sua morte e a servidão" para a compreensão do camponês tradicional da antiguidade. [Michael A. Hoffman II, Secret Societies and Psychological Warfare; tradução nossa.].

Conclusão

Este artigo examinou os principais pensadores no campo da mídia de massa, a estrutura de poder da mídia e as técnicas usadas para manipular as massas. Acredito que estas informações sejam vitais para a compreensão do "porquê" nos tópicos discutidos no site The Vigilant Citizen. A dicotomia "massa populacional" versus "classe governante" descrita em muitos artigos não é uma "teoria da conspiração" (novamente, não gosto de usar esse termo), mas uma realidade que já foi definida de forma bem clara nas obras de alguns dos homens mais influentes do século 20.
Lippmann, Bernays e Lasswell declararam que o público não tem capacidade de decidir sobre seu próprio destino, o objetivo inerente da democracia. Em vez disso, eles propuseram uma criptocracia, um governo oculto, uma classe governante responsável pela "manada confusa". Como as ideias deles continuam a ser aplicadas na sociedade, é cada vez mais aparente que uma população ignorante não é um obstáculo com o qual os governantes precisam lidar: É algo DESEJÁVEL e, de fato, necessário, para garantir a plena liderança. Uma população ignorante não conhece seus direitos, não busca obter uma maior compreensão dos fatos e não questiona as autoridades; ela simplesmente segue as tendências. A cultura popular atende e alimenta a ignorância servindo continuamente um entretenimento estupidificante e colocando os holofotes em celebridades degeneradas, que se transformam em ídolos. Muitas pessoas me perguntam: "— Existe um modo de interromper isto?" Sim, existe. PARE DE CONSUMIR O EXCREMENTO QUE ELES OFERECEM E LEIA UM BOM LIVRO.
"Se uma nação espera ser ignorante e livre, ela espera aquilo que nunca existiu e nunca existirá." [Thomas Jefferson].
           Fonte: Espada do Espírito

A GRANDE FARSA

Como Falsificar uma Recuperação Econômica

Neithercorp Press, 16/2/2011.
Esta pode ser uma proposição muito desagradável, mas, apenas por um momento, quero que você se sente descontraidamente em uma poltrona e imagine que seja membro da elite bancária. Você é uma pústula andante e falante, carregada de doenças e enlouquecida pelo poder, que ingenuamente acredita possuir um intelecto superior à vasta maioria da humanidade e estar acima das leis inerentes da consciência, da honra e do bom gosto geral. Você é um vilão no sentido mais exato do termo e, não somente faz grande mal ao mundo, mas na verdade PROCURA fazer grande mal ao mundo, desde que isso beneficie a si mesmo e ao seu círculo exclusivo de "amigos": um clã de sociopatas degenerados e sedentos de sangue, com ilusões de onipotência e que caminham de forma sinistra à noite, como chupa-cabras vestidos com ternos Armani, sugando o sangue e tirando a alegria das pobres nações incautas. Você é capaz de fazer qualquer coisa e, infelizmente, sente orgulho disto...
Você não é "rico" no sentido tradicional. Você não é um "Bill Gates" ou um "Donald Trump" (embora eu esteja começando a me perguntar se este último realmente é solvente, ou se toda sua fortuna é uma criação de efeitos especiais produzida pela televisão). Não, você não "ganha" dinheiro; você FABRICA o dinheiro. Você é um financista global. Você possui participação acionária em um banco central privado. Você cria o dinheiro fiduciário que o restante do país usa para sustentar sua economia de fantasia. Você domina o comércio por meio do monopólio e da fraude corporativa. Você controla a circulação do dinheiro por meio de um sistema econômico que usa a reserva bancária fracionária, a taxa de juros atrelada de forma artificial e sua sempre obediente imprensa. Você coloca um poder monetário substancial por trás de todos os principais partidos políticos e prepara cuidadosamente candidatos a presidente que sejam adequados aos seus padrões globalistas. Qualquer político que deseje subir na escada do poder vem até você em busca de apoio, não ao público eleitor. Você tem uma tremenda participação financeira em todas as empresas de comunicações que fornecem notícias no país, quando não é o dono de muitas delas. Você convida os principais repórteres para banquetes suntuosos, onde eles podem ter contato prolongado com personalidades proeminentes da sociedade e da alta roda e os leva em jatinhos para participar de orgias regadas a álcool em um bosque de sequoias na Califórnia. (Eu gostaria que tudo isto fosse somente imaginação.). Esqueça o jornalismo responsável, eles gostam de acompanhá-lo e, provavelmente, escreverão tudo aquilo que você pedir que escrevam.
Agora que você se colocou no lugar dos "poucos iluminados", quero que imagine que planejou a implosão do setor de crédito do país usando taxas de juros extremamente baixas para alimentar as bolhas das hipotecas e dos derivativos, que se contrairão de uma forma e com uma velocidade sem precedentes quando for revelado para o mundo maior dos investidores que aqueles títulos que eles valorizavam até alguns dias atrás agora são "ativos podres", essencialmente sem valor algum, devido à massa de dívidas e à inadimplência nos empréstimos que, para início de conversa, nunca deveriam ter sido concedidos. Sim, você é realmente vil.
Mas, você ainda não terminou! Seu objetivo final é a centralização e a chave para a centralização é remover todas as opções disponíveis para as massas, exceto uma: a opção que garante para você a maior quantidade de domínio. Um sistema econômico global baseado em uma única moeda internacional e um único corpo governante que não preste contas a ninguém seriam ideais. Que nome você daria a essa moeda internacional? Não sei, que tal algum nome inócuo como... Direitos Especiais de Saque (ou SDR, de Special Drawings Rights), que você possa então rotular como uma mera "cesta de moedas", quando na realidade é um instrumento financeiro parasitário que tem o objetivo de absorver as moedas até que as substitua completamente:
http://money.cnn.com/2011/02/10/markets/dollar/index.htm. http://www.rte.ie/news/2011/0214/g20-business.html.
De modo a começar a instituir essa moeda internacional, você precisa primeiro remover a moeda de reserva mundial existente de sua posição privilegiada; essa moeda é o dólar americano. Isto parece impossível para muitos analistas da grande mídia que não conseguem imaginar a possibilidade de um colapso no poderoso dólar, mas você já armou o cenário. Você criou a singularidade de uma dívida progressiva tão imensa para a qual nenhuma quantidade de dinheiro fiduciário, nenhuma quantidade de tributação, nenhuma quantidade de austeridade conseguiria jamais saciar a fome. Você tem agora a desculpa perfeita para imprimir o dólar com lânguido abandono até que o cadáver dele em estado de putrefação seja enterrado a uma profundidade de sete palmos, deixando a porta escancarada para o SDR tomar seu lugar.
A questão é: como convencer o público geral que tudo está bem até que você esteja pronto para liberar a hiperinflação e o Armagedom fiscal? Como fazer o público acreditar de todo o coração que não está no meio do colapso da dívida e no fim da soberania financeira, mas diante de uma recuperação econômica plena?
Não é possível impedir a destruição da riqueza agora que a avalanche foi colocada em movimento. Não é possível impedir a inflação e a desvalorização do dólar (e você também não quer isto; lembre-se que você é o mal encarnado). Os efeitos no setor produtivo da economia estão além da sua capacidade de ocultar, mas o que você PODE manipular, são as estatísticas e os índices em que as pessoas confiam para obter conforto psicológico. Dê-lhes vendas para tapar os olhos e cigarros e faça aquilo que sabe fazer melhor: minta!
Aqui está um guia passo-a-passo para fabricar uma recuperação econômica a partir do nada.
Não Conte os Desempregados, Desconsidere-os: As pessoas desempregadas são um incômodo, porque representam a prova viva que uma recuperação não está ocorrendo. Pela maioria dos padrões, pode-se afirmar uma recuperação no mercado de trabalho se evidências significativas mostrarem um retorno aos padrões de desemprego (desemprego normal) que existiam antes do início da recessão/depressão. Entretanto, se você for um banqueiro central hoje, isto não servirá. Em vez disso, você simplesmente muda a definição de "desemprego normal". Assim, a taxa debilitante de desemprego, que originalmente era vista como "má" é agora vista como "natural". Você precisa então publicar estudos que usam estatísticas mais subjetivas e sem qualquer senso comum, ao mesmo tempo em que inventam uma pretensa lógica:
http://www.frbsf.org/publications/economics/letter/2011/el2011-05.html.
Todavia, isto somente satisfaz a uma pequena porção da população. Em seguida, você precisa manipular a forma como o desemprego é calculado para sempre negligenciar certos subsegmentos da população. Nunca conte as pessoas que estão desempregadas há tanto tempo que não recebem mais os benefícios, como o seguro desemprego. Sempre conte as pessoas que estão subempregadas como plenamente empregadas, mesmo se elas "ralarem" somente dez horas por semana em uma lanchonete em regime de McEscravidão. Em seguida, altere o modo como os dados brutos sobre desemprego são realmente coletados.
Primeiro, o Departamento do Trabalho deriva a maior parte dos dados brutos sobre desemprego não por meio de meios matemáticos, mas por meio de duas pesquisas separadas que estão abertas a ampla interpretação: uma pesquisa dos estabelecimentos e uma pesquisa dos lares. A pesquisa dos estabelecimento é aquela sobre a qual ouvimos falar no início de cada mês, enquanto a pesquisa nos lares tende a flutuar sob o radar da mídia dominante. Em 2009 e 2010, o Departamento do Trabalho considerou os dados da pesquisa dos lares (uma pesquisa feita por telefone envolvendo 60 mil lares) "mais confiável" por indicar crescimento no nível de emprego porque ela teria sido exata em contar as contratações realizadas pelos pequenos negócios e aqueles que trabalham por conta própria. Assim, você tem duas pesquisas separadas (indicadores não científicos de emprego) combinadas para produzir o número da taxa de crescimento dos empregos, e uma taxa de desemprego, as quais representam, no máximo, ESTIMATIVAS do nível atual de emprego no país.
Enquanto a pesquisa dos estabelecimentos mostrou que somente 36.000 empregos foram criados, a pesquisa dos lares de algum modo mostrou que cerca de 600.000 novos empregos foram criados!?
http://www.bls.gov/news.release/pdf/empsit.pdf.
Basicamente, o Departamento de Estatísticas do Trabalho está pedindo que você acredite que mais de 600.000 pessoas iniciaram seus próprios negócios, ou foram contratadas por microempresas domésticas no mês de janeiro somente. Estou curioso para saber de onde veio todo o capital para lançar essa revolução no empreendedorismo nos lares no meio da maior crise de crédito na história. Mas, é claro que se o Departamento do Trabalho diz que isto é verdade, então tem de ser verdade...
A justaposição de métodos distintos de coleta de dados é a razão porque o governo foi capaz de afirmar uma queda de 9,4% para 9% na taxa de desemprego ao mesmo tempo que anunciou a criação de somente 36.000 novos empregos! A pesquisa dos lares se tornou um instrumento incrivelmente útil para gerar dados arbitrários do emprego que podem ser moldados para dizer qualquer coisa que as autoridades do governo e do banco central queiram que ela diga. Qualquer um que controle a origem dos dados para um cálculo controla o resultado desse cálculo. É simples assim.
O que eu não gostaria, se fosse o Departamento do Trabalho, é que algum grupo de cidadãos independentes e de fora monitorasse meus métodos de pesquisa enquanto eles estivessem em andamento. Isto tornaria a vida de um estatístico que usa métodos questionáveis muito difícil.
Enquanto o Índice da Bolsa de Valores Estiver Positivo, o Mundo Estará Perfeito. A taxa de juros próxima de zero pode ser muito útil se um banco central deseja lançar uma onda gigante de dinheiro fiduciário em um determinado índice para fazer com que ele pareça saudável. Certamente, o Fed tem evitado admitir qualquer manipulação do mercado de ações. As medidas da Flexibilização Quantitativa estão todas "por cima da mesa" e tudo está bem no jardim florido do Bernanke. Entretanto, uma questão surge aqui que precisa desesperadamente ser respondida: se o crescimento meteórico do mercado de ações da quase destruição para a marca dos 12.000 pontos é "real" e totalmente em sintonia com uma recuperação legítima, então por que o Fed ainda está mantendo a taxa de juros em quase zero após quase três anos, e por que mantém as medidas da Flexibilização Quantitativa? Será que sem a constante injeção de liquidez por parte do Fed, o mercado de ações novamente definharia como um saco de papel molhado? Sabemos que em 2009, foi revelado que os recursos do socorro financeiro dado aos bancos, que deveriam ser usados para anular os efeitos dos ativos podres estavam na realidade sendo injetados para comprar participação acionária nos bancos saudáveis, o que significa que o dinheiro não estava sendo alocado nas áreas prometidas:
http://www.associatedcontent.com/article/1436061/more_shocking_news_on_2009_bailout.html
Também sabemos que gerentes dos principais fundos de hedge declararam abertamente que as ações permanecerão em alta por que os fundos da Flexibilização Quantitativa estão aquecendo o mercado:
http://www.marketwatch.com/story/tepper-tells-cnbc-fed-will-prop-up-market-2010-09-24
Francamente, se você participa de um cartel bancário global que tem o objetivo de manter a população no escuro, faz perfeito sentido fortalecer o mercado acionário. Um índice Dow Jones positivo é uma dose maciça de lítio fiscal; ele acalma os investidores e os deixa em um estado de estupor. Até mesmo as pessoas que não se preocupam muito com a economia observam o índice da Bolsa de Valores como se ele fosse um indicador sólido de sua segurança financeira pessoal. Um grande teste seria observar as reações do mercado a uma elevação na taxa de juros básica da Reserva Federal e a um congelamento da Flexibilização Quantitativa de modo a conter a inflação. Será se o índice Dow Jones se manterá então sobre seus pés? Duvido muito, mas então, novamente, não sei se o Fed elevará a taxa de juros outra vez...
Inflação? Que Inflação? A inflação descontrolada representa destruição para qualquer sociedade. É como algum instinto animal monetário enraizado bem no fundo de nosso inconsciente coletivo. No momento em que ouvimos a palavra "inflação", ou vemos os preços subirem de forma drástica, revertemos para o modo de sobrevivência e começamos a afiar nossas armas de guerra fabricadas com ossos de mamute. Os governos e os bancos centrais em toda a história tornaram sua prioridade máxima esconder os efeitos da inflação dos cidadãos.
Mascarar a inflação é quase impossível, especialmente no que se refere aos produtos básicos, como alimentos e combustível. É por isto que o governo americano e o banco central privado chamado Reserva Federal calculam o Índice de Preços ao Consumidor sem considerar os alimentos e a energia. A maioria dos grãos e o petróleo bruto dobraram de preço no último ano, e isso não reflete bem na segurança do dólar ou na eficácia das medidas de liquidez implementadas pelo Fed. A China, cuja inflação apenas prefigura a inflação americana, também está reduzindo o peso das elevações nos preços dos alimentos e da energia no cálculo de seu índice de Preços ao Consumidor, dando uma falsa impressão de nivelação nos mercados:
http://www.zerohedge.com/article/china-lowers-weighting-surging-food-prices-cpi
As cadeias de lojas do varejo têm a tendência de absorver as elevações nos preços dos produtos básicos de modo a evitar a perda da sua base de clientes, esperando que as elevações sejam temporárias. Mas, quando os varejistas descobrirem que os preços não voltarão a cair, eles eventualmente serão forçados a reajustar os preços dos produtos em suas prateleiras. A conclusão é clara: em média, os preços dos alimentos em todo o mundo subiram mais de 28% no ano passado:
http://www.fao.org/worldfoodsituation/FoodPricesIndex/en/
O preço do petróleo bruto continua a pairar em torno dos 90 dólares o barril, embora os estoques estejam no nível mais elevado dos últimos vinte anos:
http://www.zerohedge.com/article/gasoline-inventories-jump-20-year-high-gas-price-surges
O Banco Mundial está agora advertindo sobre possíveis desastres (que ele mesmo ajudou a criar) após os "níveis de preços perigosos":
http://www.reuters.com/article/2011/02/15/us-worldbank-food-idUSTRE71E5H720110215
A resposta do governo? Total negação que exista qualquer ameaça de inflação. Negação que a impressão excessiva de dólares e a subsequente desvalorização da moeda tenham alguma coisa que ver com a elevação dos preços. O governo usa bodes expiatórios e acusa o clima, os especuladores e até a falsa "recuperação" para a súbita elevação nos preços. Por mais tempo que o governo mantiver a terminologia da inflação fora da mídia dominante, menos o povo americano provavelmente se preparará para a destruição do dólar.
Crie Dívida Para Pagar uma Dívida Anterior. Isto não requer explicações. Se os investidores estrangeiros não quiserem mais nada com você, com sua explosiva dívida pública, ou com sua moeda em desvalorização, onde é que seu governo vai conseguir o dinheiro para continuar gastando como uma mulher-troféu embriagada em uma grande loja de departamentos? Se você der o calote, a casa cairá e ninguém mais acreditará na sua conversa sobre a recuperação. Em vez disso, imprima mais dinheiro e use-o para comprar seus próprios títulos do Tesouro! Isto serve para dois propósitos: primeiro: fortalece a burocracia federal, o que dá a impressão de estabilidade (pelo menos por certo tempo); segundo: leva adiante seu objetivo de espremer o dólar como uma uva.
Remova Todos os Pesos e Contrapesos: Se você planeja arrasar uma economia, não pode ter pessoas apontando o dedo para você a todo o momento. Isto seria inconveniente. É engraçado, mas anos atrás, as agências de classificação de risco, como a Moody, ajudaram os bancos globais a facilitar a crise das hipotecas e dos derivativos categorizando os ativos podres como títulos AAA. Sem essas agências, ninguém teria investido dinheiro nessas porcarias, para início de conversa, e a fraude bancária teria sido exposta imediatamente. Agora que as agências de classificação de risco estão finalmente fazendo seu serviço e degradando a credibilidade dos bancos e dos países que possuem obrigações muito altas a cumprir, a SEC (Securities and Exchange Commission; NT: órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários que existe no Brasil para supervisionar os mercados de títulos e ações) está se movendo para marginalizá-las:
http://www.reuters.com/article/2011/02/09/us-financial-regulation-creditraters-idUSTRE7180OD20110209
É interessante que agora que os EUA se aproximam da degradação na classificação de risco, subitamente não nos preocupamos mais com o que as agências têm a dizer.
A própria SEC é uma grande piada e de modo algum supervisiona na prática a atividade bancária. O órgão tem se mostrado fantasticamente incompetente ou deliberadamente indiferente à fraude financeira que está ocorrendo. Nunca imaginei que um dia eu concordaria com um cretino como Bernard Madoff, mas, de acordo com esse criador de um esquema de pirâmide de Ponzi de porte médio, os bancos globais, como o J. P. Morgan e o HSBC, estavam perfeitamente cientes do golpe que ele estava executando, pois caso contrário, ele não teria sido possível:
http://www.reuters.com/article/2011/02/16/us-madoff-interview-idUSTRE71F0QD20110216
Da mesma forma, a total falta de investigação apropriada por parte da SEC nessas atividades transformou o mercado financeiro de Wall Street em um terreno fértil para os globalistas em que trapaceiros muito maiores do que Madoff se instalam e se reproduzem com facilidade. Não é que o sistema precise de maior regulação, ou de mais discussões jurídicas; isso não produziria nada, pois o sistema é regulado por criminosos! Portanto, novas leis podem ser aprovadas em conjunto e o governo pode considerar o sistema reformado e recuperado, tudo isto enquanto a corrupção subjacente permanece intocada. Se o veneno que instigou a queda dos mercados não for desenraizado, a desonestidade continuará a reinar suprema e mercados saudáveis serão uma ilusão para os ingênuos acreditarem.

O Terror Sorrateiro

Dois anos atrás, eu estava em uma loja da livraria Borders da minha cidade quando observei que eles tinham reduzido o estoque das seleções para o que parecia ser um terço do que era antes. Perguntei se este era um fenômeno em toda a rede. A maioria dos funcionários com quem conversei me disse que era em toda a rede. Perguntei então se eles tinham começado a cortar a jornada de trabalho de cada funcionário de forma significativa e se estavam demitindo os funcionários mais antigos, que tinham alcançado maiores salários. Novamente, o consenso foi que sim. Perguntei então se a empresa tinha discutido essas mudanças com a equipe de uma forma clara e aberta, ou se havia muita confusão entre os funcionários sobre o que exatamente estava acontecendo. A resposta foi que eles estavam em grande parte perplexos com a falta de uma comunicação clara quanto aos rumos da empresa.
Minha sugestão para eles foi que começassem a procurar outro emprego, pois a empresa estava prestes a decretar concordata. Obviamente, eles negaram que isso fosse provável:
http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704329104576138353865644420.html
Pode parecer um exagero, mas a razão por que apresento o iminente pedido de concordata das livrarias Borders é porque para mim, essa empresa representa um microcosmo da natureza sorrateira do colapso econômico, especialmente quando esse colapso está sendo forjado e delegado.
As livrarias Borders estão à beira da concordata há algum tempo. A administração se recusou a passar essa informação para seus funcionários porque mesquinhamente quis manter as margens de lucro apenas por mais um pouco de tempo até que estivesse pronta para puxar o cabo da tomada? É claro que sim! Os banqueiros globais com aspirações pela criação de uma moeda centralizada escondem a verdadeira desestabilização de todo o mercado e a vindoura rejeição internacional do dólar como moeda de reserva por que no fim se beneficiarão com o choque e pavor da população? É claro que sim!
Se uma pessoa perde tudo de uma vez, ou uma parte de cada vez, o resultado final é o mesmo. Entretanto, há uma coisa especialmente cruel na ideia do teatro fiscal: o ato de inspirar a falsa esperança que um ambiente financeiro é sólido, quando na verdade já está sufocado. Por que os barões do roubo dos dias modernos colocam tanta energia na construção de uma falsa recuperação? Existem muitas razões, mas primeiro e mais importante de tudo, é para criar a apatia, para nos atrair à inação, para nos trapacear e nos levar a assumir que a tempestade não nos alcançará e que tudo voltará a ser como era. Infelizmente, a recuperação sem uma intensa restruturação do nosso sistema econômico é impossível. Os fundamentos não apoiam minimamente qualquer sugestão de recuperação. A questão é a seguinte: quem estará no comando quando a poeira baixar e essa restruturação eventualmente ocorrer? O povo tomará a liderança, como deve, e se comprometerá com um completo rejuvenescimento do nosso ambiente financeiro? Ou, iremos nos sentar preguiçosamente outra vez e permitir que os "bânquesteres" nos preparem para o próximo grande desastre?
           Fonte: Espada do Espírito