O Rabino Lau é de opinião que se poderia
construir um Terceiro Templo sem para isso precisar remover os edifícios
islâmicos no Monte do Templo.
A declaração do Rabino Superior asquenazita do Estado de Israel em
exercício refere-se a um tema que instiga as emoções em geral. Por isso,
a posição do Rabino David Lau, de que ele desejaria ver um Terceiro
Templo do povo judeu sobre o Monte do Templo, não só rendeu manchetes,
como também desencadeou um debate cheio de controvérsias. A questão do
Monte do Templo é extremamente atual e repetidamente tem causado
turbilhões no Oriente Médio e em todo o mundo muçulmano. Como a
declaração do Rabino Lau oferece respaldo a uma minoria pequena, porém
militante, que não só quer construir o Templo, mas também já se preparou
minuciosamente para isso, o rebuliço por causa dela foi ainda maior.
O Rabino Lau comentou esse tema por ocasião de uma entrevista ao
canal de TV do parlamento israelense. Pelo canal de TV do Knesset não se
ouviu apenas que ele gostaria bastante de ver a construção de um templo
judeu no Monte do Templo, mas que também defende a opinião de que para
isso não seria necessário remover os edifícios muçulmanos existentes
ali. Ele acha que existe “espaço suficiente para judeus, cristãos e
muçulmanos – para todos”. A área do Monte do Templo abriga várias
edificações muçulmanas, entre as quais a Mesquita Al-Aqsa, considerada
pelos muçulmanos o seu terceiro lugar sagrado mais importante, bem como o
Domo da Rocha. Os arqueólogos e os especialistas em judaísmo defendem
diferentes teses a respeito da localização exata do templo judeu sobre o
Monte do Templo. Alguns creem que o local do antigo templo judeu,
destruído no ano de 70 d.C., é aquele hoje ocupado pela Mesquita
Al-Aqsa. Outros apontam como local o Domo da Rocha, popularmente chamado
erroneamente de Mesquita de Omar, erigido sobre um rochedo conhecido
como Pedra da Fundação (hebraico: Even haShetiyya) e que para o
judaísmo constitui o umbigo do mundo. A tradição judaica afirma que
este seria o local da provação de Abraão e que ali foi construído o
chamado Santo dos Santos do Templo. A esse mais sagrado recinto do
Templo somente o sumo sacerdote tinha acesso uma vez por ano, por
ocasião do Yom Kippur. Assim, um templo judeu teria de ser erigido exatamente no local em que o Templo se localizava antigamente. De
qualquer modo, porém, seja qual for a tese predominante para o local,
um Terceiro Templo teria necessariamente de ser erigido sobre as ruínas
ou da Mesquita Al-Aqsa ou do Domo da Rocha. Considerando isso, a posição
defendida pelo Rabino Lau, de que o Monte do Templo teria espaço
suficiente para todos, tanto para um templo judeu como também para
edificações muçulmanas, é, do ponto de vista judeu, totalmente
revolucionária.
Na entrevista, o Rabino Lau não abordou este aspecto, mas ilustrou
enfaticamente a razão por que ele gostaria de ver naquele local
novamente um templo judeu brilhando em toda a sua glória. “Não tenho
como dizer com precisão o que havia no Templo, mas a verdade é que,
quando lemos os escritos dos profetas e dos sábios de Israel, começamos a
entender por que todos os que se dirigiam àquele lugar ficavam cheios
de inspiração, emoção, alegria e contentamento, e é por isso que anseio
por tais dias.”
O receio dos palestinos de que Israel alimentaria aspirações sobre o
Monte do Templo desencadeou em 2015 uma onda terrorista perceptível
ainda hoje em Israel. O Monte é até hoje o coração do conflito
israelense-palestino e também do conflito judeu-muçulmano. Trata-se de
um conflito religioso que ao mesmo tempo implica questões de soberania e
reivindicações territoriais e históricas, e em cujo contexto muitos
representantes do mundo muçulmano e palestino negam qualquer vínculo
judeu com o Monte do Templo, afirmando que o templo judeu se localizava
em algum lugar totalmente diferente. Para arrefecer os ânimos, o governo
israelense decidiu não permitir aos judeus que orassem sobre o Monte do
Templo, e também de proibir a todos os deputados do Knesset o ingresso à
área. Com a questão vista desta maneira – e apesar da abordagem
inovadora do Rabino Lau, que provavelmente se reporta em alguma
interessante sentença baseada na Halaca – não é de se esperar que suas
declarações modificarão o status quo reinante no Monte do Templo. — Zwi Lidar

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