3 de out. de 2016

A ALIANÇA DAVÍDICA

A Aliança Davídica - a Fidelidade Eterna de Deus com Israel

Norbert Lieth
Salmo 89 fala da aliança eterna entre Deus e Davi. Esse é o terceiro salmo mais longo da Bíblia (depois dos Salmos 78 e 119), e é um dos salmos messiânicos porque a aliança de Davi, descrita nesse texto, somente encontra sua validade e seu cumprimento definitivo em Jesus Cristo.
Vamos ler o Salmo 89 inteiro: “Salmo didático de Etã, ezraíta. Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade. Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo: Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo: Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração. Celebram os céus as tuas maravilhas, óSenhor, e, na assembléia dos santos, a tua fidelidade. Pois quem nos céus é comparável aoSenhor? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor? Deus é sobremodo tremendo na assembléia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu és, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti?! Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas. Calcaste a Raabe, como um ferido de morte; com o teu poderoso braço dispersaste os teus inimigos. Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste. O Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom exultam em teu nome. O teu braço é armado de poder, forte é a tua mão, e elevada, a tua destra. Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem. Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo, que anda, ó Senhor, na luz da tua presença. Em teu nome, de contínuo se alegra e na tua justiça se exalta, porquanto tu és a glória de sua força; no teu favor avulta o nosso poder. Pois ao Senhor pertence o nosso escudo, e ao Santo de Israel, o nosso rei. Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo, exaltei um escolhido. Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. A minha mão será firme com ele, o meu braço o fortalecerá. O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade. Esmagarei diante dele os seus adversários e ferirei os que o odeiam. A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios. Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação. Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça e, firme com ele, a minha aliança. Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos, se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram. Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço. Tu, porém, o repudiaste e o rejeitaste; e te indignaste com o teu ungido. Aborreceste a aliança com o teu servo; profanaste-lhe a coroa, arrojando-a para a terra. Arrasaste os seus muros todos; reduziste a ruínas as suas fortificações. Despojam-no todos os que passam pelo caminho; e os vizinhos o escarnecem. Exaltaste a destra dos seus adversários e deste regozijo a todos os seus inimigos. Também viraste o fio da sua espada e não o sustentaste na batalha. Fizeste cessar o seu esplendor e deitaste por terra o seu trono. Abreviaste os dias da sua mocidade e o cobriste de ignomínia. Até quando, Senhor? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo? Lembra-te de como é breve a minha existência! Pois criarias em vão todos os filhos dos homens! Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro? Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade? Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos e de como trago no peito a injúria de muitos povos, com que, Senhor, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido. Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!”

QUANDO VOLTARÁ O NOIVO?

Quando Voltará o Noivo?


Norbert Lieth
No último livro da Bíblia o Senhor Jesus promete quatro vezes que virá sem demora (Ap 3.11; Ap 22.7,12,20). Quase dois mil anos depois, Ele ainda não voltou. Olhando para a história da Igreja e para a história dos judeus, veremos que tanto judeus como cristãos sempre depositaram suas esperanças em que o Messias viria em breve ou que Ele retornaria.
O sábio judeu Maimônides escreveu na Idade Média: “Creio com toda a convicção na futura vinda do Messias, e mesmo que ele demore, esperarei pela sua vinda a cada dia!”. Com cada nova onda de perseguição que vinha sobre os judeus “espalhados entre as nações”, da Espanha à Rússia, eles contavam firmemente que agora o Messias viria e que essa seria a última perseguição. Ao invés disso, muitas vezes as coisas só foram piorando até culminarem no Holocausto.
Da mesma forma, os cristãos sempre esperaram por seu Senhor. Durante a Inquisição católica, nos anos em que a peste espalhava o pavor, quando guerras terríveis devastavam as nações, quando ditadores oprimiam os povos e quando muitas outras coisas ruins ameaçavam os crentes, eles depositavam suas últimas esperanças na breve volta de seu Senhor. Um hino expressa assim essa expectativa: “Vem Jesus, ó Senhor, vem depressa reinar. Vem a paz e a justiça trazer. Criação, povo teu, tudo almeja o raiar, Desse dia de glória e poder”.
Mas até hoje o Senhor continua ausente. Sei de cristãos que, ao ficarem velhos, quase perderam a esperança pela volta de seu Senhor Jesus Cristo. Durante toda a sua vida contavam firmemente com o Seu retorno e acabaram seus últimos dias em um asilo. Isso os deixou inseguros quanto à sua esperança. Nossos pais e mães em Cristo acreditavam que Jesus voltaria ainda durante suas vidas. Até morrer, eles amaram a vinda do Senhor, pregaram sobre ela e oraram para que seu Senhor viesse logo... E então? Deus os decepcionou? Deus nos frustrou?

Depois de um longo tempo

É interessante: observando com mais atenção as passagens que profetizam a volta de Cristo, percebemos que existem indícios e indicações claras de que Ele voltaria somente depois de um longo tempo. Por exemplo:
  • Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.7-8).
  • Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” (Mt 25.19).
  • A seguir passou Jesus a proferir ao povo esta parábola: Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a a lavradores e ausentou-se do país por prazo considerável” (Lc 20.9).
  • E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram” (Mt 25.5).
O livro de Habacuque é profético e ao mesmo tempo profundo e rico em aconselhamento espiritual. Nele encontramos as respostas a perguntas que as pessoas fazem em todas as épocas: Por que existe o mal no mundo? Por que o mal parece triunfar? Onde está Deus? Por que Ele não interfere nos acontecimentos? Ele escuta o que se pede? Habacuque questionou a Deus fazendo as mesmas perguntas que todos nós temos:
Sentença revelada ao profeta Habacuque. Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida. (...) Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.1-4,13).
Não é extremamente atual essa acusação do profeta a Deus? Ao nosso redor impera a violência e o mal, a injustiça e a desordem. O mal parece desdobrar-se em milhares de facetas diferentes, dominando de forma brutal e inclemente, as leis parecem sem força para detê-lo... E onde fica Deus? Por que o Senhor ainda não voltou para acabar com tanta maldade?
É maravilhoso ver como Deus nos aconselha espiritualmente no livro de Habacuque. Ele não responde os questionamentos dizendo: “Você não tem vergonha de ficar fazendo esse tipo de pergunta? De ficar fazendo acusações? De achar que tem razão!?”. Não! Ele não faz assim! Deus manda registrar as perguntas de Habacuque nas Sagradas Escrituras para estarem disponíveis a todas as gerações depois dele. Podemos perguntar a Deus. E quando perguntamos, Ele responde!

21 de jun. de 2016

ONDE ESTÁ A ARCA DA ALIANÇA?

Onde está a Arca da Aliança?

Por Matheus Z. Guimarães

Um dos maiores desejos de arqueólogos de várias partes do planeta e de várias épocas da história é descobrir o paradeiro da Arca da Aliança. Ao longo da história moderna, várias foram as notícias sobre a descoberta da localização da Arca, mas nenhuma delas pode comprovar sua veracidade. É interessante notar que o desejo audaz de se encontrar a Arca da Aliança não é tão presente na comunidade judaica mundial. Cristãos, muçulmanos e até mesmo nazistas já desembolsaram milhões de dólares em pesquisas e expedições, mas a comunidade judaica parece encarar o fato do desaparecimento da Arca como sendo resultado da soberania de D-us. Mas qual é o verdadeiro interesse em se encontrar a Arca da Aliança? Será que ela ainda existe, ou está aguardando ser encontrada?

Na Torá (Ex 25:10-22) temos a descrição de uma espécie de baú (Arôn, em hebraico), que deveria conter o “Testemunho”  – edut – literalmente “prova”, ou seja, objetos usados para se comprovar algum fato. Por isso, os objetos determinados por D-us para estarem dentro da Arca serviam como “prova” da Aliança de D-us com o povo de Israel: As tábuas da Aliança – simbolizando a Aliança de D-us com Israel por intermédio da Torá; – Um pote com o Maná do deserto – simbolizando o poder milagroso de D-us e seu sustento para com a nação de Israel;  e o Bordão de Arão – que representava a escolha da tribo de Levi e da Descendência de Arão para o exercício do sacerdócio (Hb 9:4).

Durante os dias de Moisés e de Josué, a Arca era conservada no Tabernáculo e utilizada em serviços de Adoração. Na travessia do deserto, os sacerdotes a levavam à frente do povo e em algumas batalhas. Ela testemunhava para as outras nações e povos inimigos que o D-us criador dos céus e da Terra possuía uma aliança com o povo de Israel.  Nos dias dos juízes ela se encontrava na cidade de Silo (Shilo – 35Km ao norte de Jerusalém), onde o Tabernáculo foi fixado (Js 18:1). Após ter sido roubada pelos filisteus, a Arca segue para a cidade de Beit-Shemesh e em seguida para Quiriat-Iearim (ISm 6 e 7). Lá ela é entregue a Eleazar, filho de Abinadabe. A casa de Abinadabe fica então responsável pela preservação da Arca. Já nos dias de Davi, o Rei decide por trazer a Arca para Jerusalém, deixando-a na casa de Obede-Edom, um levita da casa de Corá (IISm6:1). O Rei Salomão se encarrega de levar a Arca para o interior do Templo durante a Festa dos Tabernáculos, ao local chamado em hebraico de “Kodesh Há Kadashim” ou Santo dos Santos (IICr 5:2-14). A Arca então permanece no Templo até a invasão de Jerusalém por Nabucodonozor, em 586 a.C. Na ocasião da invasão, o Templo de Salomão é destruído, e grande parte dos utensílios tomados como despojo.

A partir daí especula-se sobre o paradeiro da Arca. Sabe-se que a Arca não foi recolocada no Santo dos Santos durante a reconstrução do Templo por Esdras e Neemias. Quando o imperador Antíoco Epífanes, no século II a.C, invade e profana o Templo em Jerusalém, ele nada encontra no Santíssimo lugar.  Grande parte dos estudiosos bíblicos acredita que a Arca da Aliança foi destruída durante a invasão Babilônica. Mas alguns rabinos, baseados em documentos antigos como a Mishná, crêem que os sacerdotes esconderam a arca pouco antes da invasão de Jerusalém, e que a mesma foi mantida escondida mesmo com o Segundo templo reconstruído, visando preservar sua integridade.

A Mishná (Lei Oral agregada e compilada pelo Rabino Yehuda Há Nissi no séc. II d.C), contém os relatos mais confiáveis sobre a localização da Arca. A Mishná, depois acrescida da Gemara, seu comentário, deu origem ao Talmud. O texto a seguir foi retirado da Mishná, tratado Shekalim 6:

“Era costume se prostrar diante da Arca 13 vezes no santuário. Mas a família do rabino Gamaliel e o Rabino Ananias, o sumo sacerdote, se prostravam 14 vezes, sendo a última vez diante da “pilha de madeira” (*1), pois de acordo com a tradição de seus pais, a Arca da Aliança estava escondida ali (*2). Uma vez, um sacerdote que estava orando no local viu que uma pedra do pavimento estava diferente das outras (*3). Ele correu para contar aos outros sacerdotes e antes de terminar sua fala, caiu morto. Então se teve certeza de que a Arca da Aliança estava escondida ali.”
(1) O termo “Pilha de Madeira” se refere ao compartimento onde se guardava madeira para ser usada no altar. Tal compartimento se localizava no Pátio das Mulheres e tinha cerca de 18 m².
(2) Segundo a Mishná, antes de Nabucodonozor destruir o Templo em 586 a.C, a Arca da Aliança foi retirada dali pelos sacerdotes e escondida.
(3) Esta pedra era removível. Ela cobria a entrada de um túnel de 33km que se estendia do Templo até Qumram, nas proximidades do Mar Morto. Este túnel existe até os dias de hoje, mas é inaccessível.

Mas se a comunidade judaica tem conhecimento da localização da Arca, porque não tenta recuperá-la? A resposta é simples: os rabinos dizem que nos temos dos Reis, a Arca se tornou um substituto para D-us. Ao invés de orarem a D-us, os israelitas depositavam sua confiança na Arca, fazendo dela um amuleto. Nestes aspectos, a Arca se tornou um ídolo para os hebreus. D-us é único, e tudo o que se coloca entre Ele e o adorador se torna uma ofensa para o Criador. “Se D-us a tirou de nosso meio, é melhor que continue assim”, dizem os rabinos do Instituto do Templo em Jerusalém, “Ele sabe o que faz”.

Interior da Arca da Aliança contendo as tábuas da Lei, o Maná e o bordão de Arão – Réplica do Tabernáculo em tamanho real em Timna – Deserto do Negév – ISRAEL.
É interessante nos lembrarmos que as profecias sobre a reconstrução do Templo (Ez 40) não listam a presença da Arca da Aliança entre os utensílios. Além disso, o profeta Jeremias, ao profetizar sobre o milênio, afirma que a Arca da Aliança não poderá ser reconstruída: “…nunca mais se exclamará: A Arca da Aliança do Senhor! Ela não lhes virá a mente, não se lembrarão dela nem dela sentirão falta; e não se fará outra.” Jeremias continua exortando os Israelitas quanto à idolatria ao Templo e a Arca: “Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.” (Jr 7:4).

Em 1992, utilizando-se de sismógrafos e sensores de rádio, os professores Tzvi Ben Avraham e Uri Basson, da Universidade de Tel-Aviv, investigaram o túnel de 33km entre Jerusalém e Qumran. Eles descobriram objetos e compartimentos no decorrer do túnel, mas não puderam confirmar se tais observações representavam a Arca. Uma vez que é impossível adentrar o túnel sem que ele desmorone, a localização da Arca da Aliança continua um mistério.

17 de jun. de 2016

FÉ COMO UM GRÃO DE MOSTARDA

Fé Como Um Grão de Mostarda

Marcel Malgo
"Respondeu-lhe o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá" (Lc 17.6).
"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mt 17.20).
Que pensamentos e emoções invadem o nosso coração quando lemos essas afirmações do Senhor Jesus? Estamos de fato firmemente convictos de que isso se cumprirá literalmente com uma ordem nossa, fazendo uma amoreira ou um monte se transplantarem de um lugar a outro? Ou reagimos justamente ao contrário, simplesmente rejeitando essas afirmações e dizendo que isso não é possível?
Infelizmente, são justamente essas afirmações de Jesus que criam em muitos crentes uma sensação de fraqueza interior, pois quase automaticamente vem o pensamento: "isso não é possível!" Pelas leis da natureza, infelizmente, é o que acontece com essas passagens das Escrituras; em princípio, sempre despertam dúvida e incredulidade, levando-nos à humilhante constatação de que não entendemos direito o que a Palavra quer nos dizer.
Por isso empenhemo-nos para entender qual é, afinal, o sentido espiritual mais profundo das palavras de Jesus especialmente em Mateus 17.20.
Em primeiro lugar, quero dizer que em nosso texto: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível", não se trata de uma grande fé, mas de uma grande façanha, de um ato grandioso! Essa afirmação é totalmente contrária à interpretação tradicional que sempre fala de uma fé tão grande que muda um monte de lugar. Mas repito: aqui prioritariamente não se trata de uma grande fé, mas de uma grande ação pela fé!
Afinal, que fé é esta, que pode ter um efeito tão impressionante como o deslocamento de um monte? Será que é uma fé imensa, sistemática, objetiva, planejada, convincente, que não vê empecilhos, e que de maneira soberana supera tudo o que atravessa o seu caminho? Uma fé que move montanhas evidentemente poderia ter tais características. Mas o Senhor Jesus não fala de uma fé desse tipo. Então, que fé é esta, que tem – como Jesus expressa figuradamente – a condição de transferir montes? A esta fé capaz de fazer grandes façanhas, o Senhor Jesus chama de:

Fé como um grão de mostarda

Grãos de mostarda
"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". O que é um grão de mostarda? Em Marcos 4.31, ele é chamado de "...a menor de todas as sementes sobre a terra". De fato ele tem um diâmetro de apenas 0,95 -1,1 mm. Esse pequeno grão de semente, que tem de ser observado com uma lente se quisermos vê-lo nitidamente, é considerado pelo Senhor como exemplo para uma fé que é capaz de mover montanhas.
Por que Jesus considera justamente esse pequeno grão de mostarda como exemplo para uma fé pela qual podem acontecer grandes coisas? Pelo fato desse pequeno grão de semente ser capaz de ilustrar o que significa transportar montes. Esse grão de semente extremamente pequeno, que quase não pode ser visto a olho nu, no espaço de um ano se transforma num grande arbusto, numa pequena árvore com galhos de cerca de 2,5 a 3 metros. Portanto, como são diminutos os pré-requisitos para um resultado tão grande num minúsculo grão de semente, onde aparentemente nada existia. No entanto, justamente estas condições mínimas são um exemplo que o Senhor usa para ilustrar uma fé que é suficiente para remover montanhas! Essa "fé como um grão de mostarda" não aponta de maneira clara para a nossa fé, que muitas vezes é tão fraca e pequena? Com isso, de maneira alguma quero desculpar nossa repetida incredulidade dizendo simplesmente: afinal, só tenho uma fé bem pequena, como um grão de mostarda! Quero lembrar que muitos de nós, repetidas vezes, já tivemos a impressão de que nossa fé era assim tão pequena e insignificante, e isso pode provocar dificuldades consideráveis. Assim mesmo, essa é justamente a pequena fé, quase imperceptível, que, segundo as palavras de Jesus, tem o poder de transpor montes.

É necessário mudar o raciocínio!

Oração de fé
Será que, às vezes, não imaginamos algo errado quando pensamos na fé que precisamos ter para viver como cristãos verdadeiros? Todos nós nos defrontamos diariamente com situações, perguntas e problemas que se avolumam como montes. Não é justamente nesses momentos que aspiramos de todo o coração ter mais fé, ter uma fé maior, a fim de vencermos tudo isso? É justamente aí que muitos precisam aprender a mudar o raciocínio, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá!" Em outras palavras: nossa fé não necessita ser particularmente grande para transferir montes – simplesmente é suficiente "termos fé".
Se o grão de mostarda tivesse a possibilidade de olhar para si mesmo e conseguisse se enxergar, teria tudo para desanimar, pois em si mesmo não teria nada a apresentar. E assim é também, muitas vezes, em nossa vida: olhamos para nós e vemos uma fé relativamente pequena, limitada, e então ficamos desanimados. Mas o grão de mostarda não faz isso. Ele não olha para si mesmo para então desanimar. Não, ele simplesmente se deixa plantar na terra, ali começa a crescer, e finalmente se torna aquilo que deve ser, ou seja, uma árvore em cujos ramos "aninharam-se as aves do céu" (Lc 13.19).
Ao mesmo tempo é de se considerar que o grão de mostarda não se torna uma árvore porque empreendeu grandes esforços, mas simplesmente porque torna ativo e aplica o que possui! Oh!, como seria bom se compreendêssemos hoje que, com todas as nossas fraquezas, dificuldades e tentações diárias, simplesmente podemos nos aquietar com fé infantil na mão de nosso Salvador! Que modificação isso provocaria em nossa vida espiritual!
Simplesmente creio que, muitas vezes, caímos no erro de ter conceitos errados acerca da fé. Na verdade, é a fé singela na obra consumada de Jesus Cristo que consegue nos levar adiante e que, a cada dia, nos conduz para uma comunhão mais profunda com o Cordeiro de Deus, e não o esforço da nossa alma em crer bastante.
Em nossa vida como cristãos não precisamos nos estender buscando novas formas e grandezas de fé, mas simplesmente ter e usar a fé pela qual fomos salvos, ou seja, a fé simples no Senhor Jesus Cristo. Nesse contexto, leia novamente o que Davi diz no Salmo 18.29: "Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas". Ou veja também o que ele diz nos Salmos 60.12 e 108.13: "Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários". Essas afirmações testificam de uma fé poderosa e vencedora que Davi tinha? Eu penso que não, pois Davi era um homem com fraquezas e erros como nós. Ainda assim, esses versículos testemunham que Davi se agarrava com toda a simplicidade ao seu Deus e por meio dEle podia fazer grandes proezas.
Ou lembremos de 1 João 5.4: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé". Que fé é essa que vence o mundo? É uma fé poderosa, forte, que supera tudo? De modo algum! A fé que vence o mundo é a fé singela, que muitas vezes não se sente; é a fé sacudida e posta à prova, mas assim mesmo firmada no sangue reconciliador e salvador de Jesus Cristo! Isso é tudo! Essa fé não se apóia no que sentimos ou percebemos, mas naquilo que sabemos, ou seja, que Jesus venceu o mundo (Jo 16.33b), e que de fato somos filhos de Deus. Essa é a fé que remove montanhas!
Como seria bom se compreendêssemos hoje o que significa de maneira bem prática nos contentarmos com a fé simples como um grão de mostarda. Então muitos de nós mudariam totalmente sua vida espiritual teimosa e pouco inteligente! Que de uma vez por todas reconhecêssemos que o caminho da fé é simples; que não se trata de fazer grandes esforços espirituais, mas simplesmente de confiar naquilo que nos é oferecido em Cristo!

Grandes resultados da fé como um grão de mostarda

Monte
Em Isaías 42.3 está escrito: "Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Essa é uma profecia messiânica que é confirmada no Novo Testamento (Mt.12.20) de maneira direta em relação a Jesus Cristo, e por isso já se tornou grande fortalecimento para muitos filhos de Deus. Essas palavras também são uma figura de uma pessoa que possui fé como um grão de mostarda. Pois a cana quebrada ainda não foi esmagada, está apenas quase partida, e uma torcida que fumega ainda não está totalmente apagada. Nesse sentido essas palavras apontam para a fé mais pequena possível que uma pessoa pode possuir, fé como a de um grão de mostarda.
O que vimos no caso do grão de mostarda? Que ele não tem quase nada a oferecer, mas oferece tudo o que tem, e por meio disso experimenta grandes resultados!
Meu irmão, minha irmã, você compreende o que o Senhor quer lhe dizer com isso? Talvez você leia esta mensagem com o estado interior de uma "cana quebrada" ou de uma "torcida que fumega". Você se sente interiormente fraco e miserável, e em seu interior só resta uma fé ínfima, do tamanho de um grão de mostarda? Você se sente assim porque diante de sua alma se amontoam grandes montanhas de angústias, preocupações e problemas. Mas agora escute bem: o fato de você se sentir como uma "cana quebrada" ou uma "torcida que fumega" prova que em você ainda existe algo. Pois uma cana quebrada ainda não está amassada, e uma torcida que fumega ainda não está apagada. Apesar de todos os montes de dificuldades que talvez neste momento existam à sua frente, você ainda tem uma centelha de fé. E é justamente isso que você tem que ativar agora, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". Todos estes montes, problemas e dificuldades podem ser "lançados no mar" se você ativar e aplicar sua pequena fé, embora ela seja como um grão de mostarda. Em outras palavras, isso acontece se você simplesmente vier agora a Jesus como você é. Ele não "esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Pelo contrário, no Salmo 34.18 está escrito: "Perto está o Senhor dos que têm coração quebrantado e salva os de espírito oprimido". Uma coisa, porém, você precisa fazer: você – "a cana quebrada" e "a torcida que fumega " – tem que buscar a Jesus como você é. Assim você torna ativa a sua fé como um grão de mostarda. E por meio disso você terá condições de "lançar no mar" todos os montes, preocupações e problemas. Incentivo você a vir ainda hoje, agora, a Jesus com o pouco que você tem – com sua fé como um grão de mostarda. Assim o Senhor poderá lhe encontrar de maneira totalmente nova, e fazer transbordar sua vida como talvez nunca aconteceu antes!
Nesse contexto, façamo-nos a pergunta:

Como aconteceu a alimentação dos cinco mil?

Pão
Para poder alimentar os milhares de ouvintes, os discípulos já haviam projetado um plano "muito bom": "Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e já vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer" (Mt 14.15). O Senhor, porém, não havia esperado por uma proposta dessas, mas por outra bem diferente. Ele não necessitava dos estoques de gêneros alimentícios dos arredores para poder alimentar as milhares de pessoas. Ele procurou por alguém que tivesse fé como um grão de mostarda. Ele necessitava de uma pessoa que possuísse pouco, mas que estivesse disposta a dar ao Senhor o pouco que possuía. Por meio disso, Ele seria capaz de realizar uma grande obra.
E de fato estava presente "um rapaz" que, como está escrito em João 6.9, tinha "cinco pães de cevada e dois peixinhos", e que estava disposto a Lhe entregar esse pouco! E o que fez o Senhor com isso? "Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam" (v. 11). Dessa maneira o Senhor Jesus Cristo alimentou cinco mil homens além das suas mulheres e crianças com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Entendamos corretamente: Ele somente realizou esse milagre porque estava presente alguém – justamente esse rapaz – que demonstrou a fé como um grão de mostarda, entregando ao Senhor o pouco que possuía. Que montanhas de problemas e receios foram afastados dos discípulos e ao mesmo tempo lançados no mar! Eles viam montes enormes diante de si, pois como seria possível alimentar um número tão grande de pessoas? Eles também já haviam se preocupado em como poderiam afastar estes "montes". Mas Jesus não necessitava de nada disso. Ele apenas procurou a fé como um grão de mostarda que acabou encontrando nesse rapaz. Dessa maneira todos os montes de dificuldades e impossibilidades "foram lançados no mar".
Meu irmão e minha irmã, seja, ainda hoje, como esse rapaz: consagre ao Senhor o pouco que tem. Traga ao Senhor a sua fé como um grão de mostarda, e Ele virá ao seu encontro de maneira totalmente nova. Entregando o pouco de fé que você possui, Ele terá condições de "lançar no mar" as montanhas de sua vida, suas dificuldades e preocupações! Portanto, não é o tamanho de nossa fé que faz a diferença, mas a fé como um grão de mostarda num grande Deus! (Marcel Malgo – http://www.chamada.com.br)

O MUNDO: UM REINO DE ESCURIDÃO

 

O Mundo: Um Reino de Escuridão

William MacDonald
Quando falamos em mundo neste sentido, não queremos dizer o planeta terra que Deus nos deu como um lugar temporário de habitação. Tampouco queremos indicar o mundo da natureza, que Deus nos deu para desfrutar. E certamente não queremos dizer o mundo da humanidade, que Deus espera que o amemos assim como Ele o ama (Jo 3.16). O que então queremos dizer?
O mundo é a civilização que o homem tem construído para poder satisfazer seus desejos sem Deus. Não é somente independente de Deus, mas em oposição a ele. O sistema do mundo está baseado em princípios enganosos promovendo falsos valores. É inteiramente egoísta. Riqueza, poder e sexo são aspectos centrais de sua cultura. “Toda a civilização sem Deus, desde o princípio, tem sido marcada pela Sua maldição; e o que os homens chamam de desenvolvimento, invenções e progresso, sem Deus, parecem simplesmente ser uma tentativa de erigir uma torre de Babel, essencialmente idólatra e centrada em sua própria glória”.[1]
Toda a sociedade é inspirada e energizada por Satanás. Assim como os anjos santos são guardiões do povo de Deus, os poderes demoníacos são ativos nos acontecimentos do reino do mal.

Um show vazio

Na verdade o mundo é vazio. É apenas uma fachada. É uma piada doentia. Tudo o que ele oferece não pode satisfazer o coração humano. Um livro inteiro da Bíblia – Eclesiastes – é dedicado para expor a vaidade do mundo da vida abaixo do sol. Malcom Muggeridge compreendeu isto: Ele escreveu: “Agora percebo, que a vida humana, em todas as suas manifestações públicas ou coletivas, é apenas um teatro, e apenas um melodrama barato”.[2]
Outra pessoa disse: “O mundo trabalha com o que é falso e imaginário; o reino é uma realidade eterna”. As pessoas do mundo estão querendo mais dele do que ele realmente pode oferecer.
E mesmo assim ainda é muito atrativo às pessoas. O mundo se apresenta como o summum bonum, isto é, o maior bem. As pessoas ficam deslumbradas por suas luzes psicodélicas, por sua música contemporânea, por suas roupas sensuais. Todos na região do Marlboro são bonitos, possuem um cavalo, ou se apóiam ao lado de um lindo carro conversível, fascinam ou são fascinados por uma linda mulher. É uma terra do nunca – uma sociedade artificial. É muito brilho e sucesso sem substância alguma.

O que é mundano?

O mundanismo é o amor pelas coisas passageiras. É qualquer coisa que afasta um cristão de Deus. Uma pessoa mundana é uma pessoa em que todos os seus planos se encerram na sepultura. Jowett disse muito bem: “O mundanismo é um espírito, uma condição. Não é tanto um ato como é uma atitude. É uma pose, uma postura... Mundanismo é atividade humana sem Deus. Mundanismo é vida sem chamada divina, vida sem ideais, vida sem aspirações. O mundanismo não reconhece nada do glorioso chamado de Deus em Jesus Cristo. Não há perspectivas para cima. É apenas uma vida horizontal. Não há nada de vertical no mundanismo. Tem ambição, mas não tem sonhos. Sua motivação é o sucesso, e não a santidade. Está sempre dizendo ‘Para frente’ e nunca ‘Para cima’. Um homem mundano ou uma mulher mundana nunca dizem, ‘Elevo os olhos para os montes’”.[3]
Em alguns círculos, a definição para mundanismo tem sido limitada a beber, fumar, jogar, dançar, cinema e atividades semelhantes. Porém, é mais amplo do que isto. O Dr. Dale escreveu:
“Ser mundano é permitir que a lei maior à qual devemos obediência, e as glórias e temores do universo invisível que nos é revelado pela fé, e nossa relação transcendente com o Pai dos espíritos por meio de Cristo Jesus nosso Senhor, sejam superados por interesses inferiores”.
“Meu irmão, se você quiser voltar a viver uma vida mundana, você tem que retornar a ela através da sepultura, porque a sepultura encontra-se entre o corpo de Cristo, do qual você faz parte, e o mundo que O expulsou. O mundo O expulsou e nós fomos sepultados em Cristo pelo mundo que odeia a Igreja”.[4]
Existe um limite da paciência divina com alguém que tenta extrair o melhor de ambos os mundos. (William MacDonald — Chamada.com.br)

17 de mai. de 2016

HOJE AINDA EXISTEM PROFETAS




Hoje ainda existem profetas?

Norbert Lieth
Há algum tempo foi inaugurada uma Escola de Profetas em Tel Aviv, Israel. No meio cristão é recorrente a menção a “falsos profetas”. Mas será que hoje ainda existe o ministério de profeta?
No Novo Testamento, um texto-chave sobre o ministério profético é o de 1 Coríntios 13.8: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará”. Essa é uma declaração básica sobre o futuro, esclarecendo se haveria ou não profecias, línguas ou ciência (aumento do conhecimento bíblico).
A Bíblia explica, portanto, que essas coisas certamente cessarão. A questão é: quando elas cessarão? Chegaremos mais perto da resposta se continuarmos lendo os versículos 9-10: “porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado”. O que fora designado como passageiro, as profecias, as línguas e a ciência, cessaria com a chegada do que “é perfeito”. Poderíamos pensar que “o que é perfeito” seria a vinda de Jesus e o início do Seu reinado na terra. Mas o versículo 13 mostra que não é isso:
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três (não profecias, línguas e ciência, que claramente já deixaram de existir); porém o maior destes é o amor” (1 Co 13.13).
Se “o que é perfeito” fosse a volta de Cristo e Seu reino, isso significaria que a fé e a esperança permaneceriam, ao lado do amor. É evidente que o amor permanecerá por toda a eternidade. E como ficam a fé e a esperança? Ambas tornam-se desnecessárias quando o reino de Deus se tornar uma realidade visível. Quando estivermos vendo Aquele que fora objeto de nossa fé no passado, não precisaremos mais crer. Em outras passagens, a Bíblia nos ensina que passaremos do crer para o ver, do abstrato para o concreto:
– 2 Coríntios 5.7: hoje vivemos por fé e não pelo que vemos.
– Hebreus 11.1: a fé está relacionada com coisas que não vemos.
– Romanos 8.24: esperança que se vê não é esperança.
Portanto, um dia passaremos do crer para o ver, da fé e da esperança para ver a Cristo – quando Ele voltar. E quando estivermos vendo a Jesus e participando do Seu reino, a fé e a esperança não serão mais necessárias. Mas o amor permanecerá. Portanto, “o que é perfeito” não pode ser a volta de Cristo e Seu reino eterno. Então, o que poderia significar o versículo 13 de 1 Coríntios 13?
Na minha opinião, ele refere-se à conclusão do cânon bíblico, que se deu por volta do ano 100 d.C. com a redação do livro do Apocalipse. Quando foi escrita a carta aos Coríntios, a revelação neotestamentária ainda não estava completa; a revelação divina também não estava concluída. Por isso ainda havia profecias por meio de profetas, assim como o dom de línguas com interpretação. Em conseqüência houve um aumento no conhecimento (ciência), justamente porque nem tudo estava revelado. Com a conclusão da Bíblia, essas coisas cessaram, e se mantiveram a fé, a esperança e o amor.]

Fonte: Chamada

FALSAS DOUTRINAS

Doutrinas Falsas

 

Norbert Lieth
Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas, e que deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé” (1Tm 1.3-4 – NVI).
Se há doutrinas falsas, então obrigatoriamente precisa haver uma doutrina conhecida e reconhecidamente correta. Na verdade, há uma doutrina sem par e há outras doutrinas. Quando existe uma sã doutrina, é notório que existam doutrinas insanas ou que causam insanidade. A sã doutrina fortalece, enquanto as outras enfraquecem e causam enfermidade. As falsas doutrinas causam confusão, a sã doutrina, por outro lado, proporciona a certeza. De um modo geral, as falsas doutrinas se ocupam principalmente de coisas secundárias. Os falsos mestres procuram vincular as pessoas a um personagem ou à sua organização.
E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.30). Esta é a origem de todas as seitas e de todos os grupos de natureza sectária. Elas se baseiam em lendas, mitos, fábulas, fantasias. Além disso, trata-se também de conteúdo exotérico e de filosofias extra-bíblicas. São acréscimos humanos à Palavra de Deus. Timóteo deveria estar atento para que não fossem ensinadas “falsas doutrinas” (ver v.3-4), como também Tito foi intimado a fazer: “e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da verdade” (Tt 1.14).
No que se refere às genealogias, os judeus provavelmente estavam interessados em saber de que patriarca eles descendiam. No Novo Testamento, no entanto, isso não tem a menor importância. “Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis” (Tt 3.9). Em algumas seitas, como entre os Mórmons, por exemplo, a genealogia também é valorizada. O Novo Testamento, porém, não trata de descendência, mas de vocação, de fé e de conversão.
As falsas doutrinas normalmente são agressivas e ofensivas. Elas geram discussões e brigas, e não promovem a edificação divina. Muitas vezes elas giram em torno de algumas ênfases que são transformadas em itens principais. Fica difícil conversar sobre outros assuntos com essas pessoas. Podem ser as questões quanto ao sábado, a doutrina sobre a perda da salvação ou sobre Israel; também se incluem temas como alimentos ou outras regras do legalismo.
Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para discussões inúteis” (1Tm 1.6 – NVI). Os falsos mestres sempre se portam de modo presunçoso e prepotente, são orgulhosos, arrogantes e não aceitam ensinamentos, chegando a ignorar qualquer contra-argumento bíblico. É impossível manter um diálogo edificante com eles, sendo que normalmente o contato resulta em rusga e fofoca (ver v.6).
querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas. Sabemos que a lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada. Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas” (1Tm 1.7-9 – NVI).
Uma característica típica dos falsos mestres é que eles consideram uma lei como o ponto básico, sem levar em consideração o seu cumprimento. Outra atitude típica é que eles se manifestam com muita firmeza e apresentam sua doutrina como verdadeira sem, no entanto, terem realmente compreendido a doutrina da justificação.
Uma pessoa que tenha sido justificada através do Evangelho do Senhor Jesus não está mais sujeita a qualquer lei. As instruções do Novo Testamento atendem a todos os requisitos e o cumprimento dessas instruções é um sinal para a justiça. Nesse sentido, encontramos mais de 30 recomendações pessoais em 1Timóteo.
A lei é boa (ver Rm 7.12) quando ela for aplicada legalmente, isto é, se ela for considerada e aplicada da maneira para qual ela realmente foi promulgada (ver Gl 2.16,21; 3.10-13,23-25; Rm 3.20). A lei...
  • não pode transformar alguém numa pessoa justa;
  • traz maldição;
  • proporciona o reconhecimento do pecado;
  • coloca limitações para a proteção;
  • não provém da fé;
  • conduz à fé em Jesus;
  • é um mestre que orienta para Jesus;
  • não foi dada como meio para a redenção, porém, conduz para a salvação.
Nesse aspecto, a lei é boa e quem a aplica desse modo e alcança a graça de Jesus Cristo através dela, é justificado. Assim, por ter sido justificado, a lei perdeu o efeito sobre ele – ela perdeu a validade. A lei foi dada principalmente para o convencimento dos que viviam sem lei. Alguém certa vez disse: “A lei ensina três coisas: a) Nós devemos; b) Nós não temos; e c) Nós não podemos”.
Norbert Lieth
Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas, e que deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé” (1Tm 1.3-4 – NVI).
Se há doutrinas falsas, então obrigatoriamente precisa haver uma doutrina conhecida e reconhecidamente correta. Na verdade, há uma doutrina sem par e há outras doutrinas. Quando existe uma sã doutrina, é notório que existam doutrinas insanas ou que causam insanidade. A sã doutrina fortalece, enquanto as outras enfraquecem e causam enfermidade. As falsas doutrinas causam confusão, a sã doutrina, por outro lado, proporciona a certeza. De um modo geral, as falsas doutrinas se ocupam principalmente de coisas secundárias. Os falsos mestres procuram vincular as pessoas a um personagem ou à sua organização.
E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.30). Esta é a origem de todas as seitas e de todos os grupos de natureza sectária. Elas se baseiam em lendas, mitos, fábulas, fantasias. Além disso, trata-se também de conteúdo exotérico e de filosofias extra-bíblicas. São acréscimos humanos à Palavra de Deus. Timóteo deveria estar atento para que não fossem ensinadas “falsas doutrinas” (ver v.3-4), como também Tito foi intimado a fazer: “e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da verdade” (Tt 1.14).
No que se refere às genealogias, os judeus provavelmente estavam interessados em saber de que patriarca eles descendiam. No Novo Testamento, no entanto, isso não tem a menor importância. “Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis” (Tt 3.9). Em algumas seitas, como entre os Mórmons, por exemplo, a genealogia também é valorizada. O Novo Testamento, porém, não trata de descendência, mas de vocação, de fé e de conversão.
As falsas doutrinas normalmente são agressivas e ofensivas. Elas geram discussões e brigas, e não promovem a edificação divina. Muitas vezes elas giram em torno de algumas ênfases que são transformadas em itens principais. Fica difícil conversar sobre outros assuntos com essas pessoas. Podem ser as questões quanto ao sábado, a doutrina sobre a perda da salvação ou sobre Israel; também se incluem temas como alimentos ou outras regras do legalismo.
Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para discussões inúteis” (1Tm 1.6 – NVI). Os falsos mestres sempre se portam de modo presunçoso e prepotente, são orgulhosos, arrogantes e não aceitam ensinamentos, chegando a ignorar qualquer contra-argumento bíblico. É impossível manter um diálogo edificante com eles, sendo que normalmente o contato resulta em rusga e fofoca (ver v.6).
querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas. Sabemos que a lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada. Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas” (1Tm 1.7-9 – NVI).
Uma característica típica dos falsos mestres é que eles consideram uma lei como o ponto básico, sem levar em consideração o seu cumprimento. Outra atitude típica é que eles se manifestam com muita firmeza e apresentam sua doutrina como verdadeira sem, no entanto, terem realmente compreendido a doutrina da justificação.
Uma pessoa que tenha sido justificada através do Evangelho do Senhor Jesus não está mais sujeita a qualquer lei. As instruções do Novo Testamento atendem a todos os requisitos e o cumprimento dessas instruções é um sinal para a justiça. Nesse sentido, encontramos mais de 30 recomendações pessoais em 1Timóteo.
A lei é boa (ver Rm 7.12) quando ela for aplicada legalmente, isto é, se ela for considerada e aplicada da maneira para qual ela realmente foi promulgada (ver Gl 2.16,21; 3.10-13,23-25; Rm 3.20). A lei...
  • não pode transformar alguém numa pessoa justa;
  • traz maldição;
  • proporciona o reconhecimento do pecado;
  • coloca limitações para a proteção;
  • não provém da fé;
  • conduz à fé em Jesus;
  • é um mestre que orienta para Jesus;
  • não foi dada como meio para a redenção, porém, conduz para a salvação.
Nesse aspecto, a lei é boa e quem a aplica desse modo e alcança a graça de Jesus Cristo através dela, é justificado. Assim, por ter sido justificado, a lei perdeu o efeito sobre ele – ela perdeu a validade. A lei foi dada principalmente para o convencimento dos que viviam sem lei. Alguém certa vez disse: “A lei ensina três coisas: a) Nós devemos; b) Nós não temos; e c) Nós não podemos”.

Fonte: Chamada

6 de mai. de 2016

PODE SER APAGADO O NOME NO LIVRO DA VIDA?

Um dos assuntos que fazem parte do rol de temas polêmicos do estudo das Escrituras Sagradas é a respeito do que conhecemos como Livro da Vida. Existem pessoas que não crêem na existência literal desse livro. Outros crêem que ele, de fato, é real e que contém o nome das pessoas que serão salvas. Se esse livro existe, quando foi escrito? Seria possível que ele ainda estivesse sendo escrito? Os nomes inscritos nesse livro divino podem ser riscados ou eles possuem um caráter inapagável? Essas dúvidas são corriqueiras em neófitos, mas também deixam os mais eruditos estudiosos de cabelo em pé.
O objetivo do presente artigo é apontar algumas considerações sobre o assunto, tendo como ponto de partida o que a Bíblia fala a respeito. Na medida em que o assunto avançar, serão realizadas algumas análises exegéticas do texto grego com a finalidade de ampliar o entendimento acerca desse assunto tão importante. Pretende-se com essas abordagens bíblicas e exegéticas, averiguar quando os nomes foram escritos e pensar se tais nomes podem ou não ser riscados. Não obstante, é preciso reconhecer que este é um dos temas da teologia que não possui unanimidade e, portanto, não é objetivo deste ensaio chamar para si o título de detentor da verdade.

Referências bíblicas do Livro da Vida

Antes de mais nada, é mister reconhecer que a Bíblia referencia a existência de um livro da vida. Em Filipenses 4.3 Paulo comenta que os cooperadores que lutaram ao seu lado pela causa do Evangelho têm seus nomes escritos nesse livro. As demais referências diretas do Novo Testamento estão concentradas no livro de Apocalipse. No capítulo 3 e verso 15, Jesus diz que “O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei diante do meu Pai e dos seus anjos.”
Em Apocalipse 13.8 é possível ler que esse livro é do Cordeiro de Deus e que algumas pessoas não tiveram o nome escrito nele. Em 17.8 a idéia anterior de pessoas que não tiveram o nome inscrito neste livro é corroborada e aqui o texto sugere que tal livro foi escrito desde a fundação do mundo, assunto que será melhor abordado em seção adiante. Em 20.12 João tem uma visão na qual uma massa de pessoas, i. e, uma multidão de mortos (grandes e pequenos) se colocavam diante do trono e vê dois tipos de livros: um que provavelmente alude aomodus vivendi desses indivíduos enquanto estavam vivos e outro que ele denomina como “livro da vida.” O momento apocalíptico dessa visão se refere ao juízo final e, portanto, as pessoas cujos nomes não são encontrados no livro da vida, são condenadas ao lago de fogo.
No capítulo 21 João tem a visão da Nova Jerusalém. Ele a descreve como sendo um local muito belo, com muralhas e ornamentações de pedras preciosas, além de ruas de ouro. Lá não há sofrimento, choro, lágrimas, tristeza, dor e nem mesmo a morte. Não é preciso de sol, pois Cristo é a luz que ilumina. Todavia, João alerta seus leitores no versículo 27: “Nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro.”
O Novo Testamento ainda mostra mais duas passagens que podem ser relacionadas com o citado livro da vida. A primeira passagem é Hebreus 12.22,23, onde o autor da epístola alega que existe uma igreja dos primogênitos. Sua localização é celestial e os detalhes desta localização corroboram com a visão que João teve da Nova Jerusalém em Apocalipse 21. Os nomes dos membros dessa igreja celeste “estão escritos nos céus” (Hb 12.23).
A segunda passagem é um relato de Lucas a respeito de quando o Messias envia os discípulos em dupla para um treinamento prático sobre proclamação do Evangelho. Eles anunciaram as boas novas e voltaram maravilhados, pois coisas extraordinárias aconteceram. “Os demônios se submetem a nós,” disseram eles estupefatos com a autoridade que há no nome de Jesus. Mas, Jesus, ao corrigir-lhes, declarou: “alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céu” (Lc 10.20).
Referências sobre tal livro não se limitam aos escritos neotestamentários. Após a morte de aproximadamente três mil israelitas no acampamento ao pé do monte Horebe, Moisés sobe novamente no monte a fim de interceder pelo pecado de idolatria do povo, quando confeccionaram um bezerro de ouro e blasfemaram dizendo que fora este objeto feito por mãos humanas quem os livrou do Egito. A intercessão de Moisés foi: “…perdoa-lhes o pecado; se não, risca-me do teu livro que escreveste.” Um pedido completamente ousado que trouxe uma resposta imediata do Deus Todo-Poderoso: “Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim” (Êx 32.32,33).
Num Salmo de lamentação, Davi se rasga o coração diante de suas tribulações e adversidades. Ele se sente atolado de problemas até o pescoço e alega estar deixando a vida o levar, como alguém que é carregado pela correnteza. Quem nunca se sentiu assim? Todavia, a partir do versículo 7 ele começa a revelar uma das razões de sua profunda tristeza. Ele alega que suportava zombaria, insultos, maledicências e o terrível fato de ter seu nome como objeto de sarcasmo na boca dos bêbados da cidade. Isto posto, Davi clama pela justiça divina, dizendo a respeito dos que o perseguiam: “Acrescenta-lhes pecado sobre pecado; não os deixes alcançar a tua justiça. Sejam eles tirados do livro da vida e não sejam incluídos no rol dos justo” (Sl 69.27,28).
Finalmente, duas últimas passagens veterotestamentárias que podem fazer alguma alusão mais indireta ao livro da vida são as visões que Daniel tem do juízo final e da grande tribulação, respectivamente. No primeiro caso ele tem uma visão semelhante à que João teve em Apocalipse 20.12 e vê tronos sendo postos num lugar e um Ancião de vestes brancas como a neve e cabelos brancos como a lã. Seu trono ardia em fogo e tinha a parte inferior incandescente, semelhantemente aos pés como latão reluzente de Apocalipse. Daniel continua descrevendo essa cena, dizendo que “saía um rio de fogo, de diante dele. Milhares de milhares o serviam; milhões e milhões estavam diante dele. O tribunal iniciou o julgamento, e os livros foram abertos” (Dn 7.10). No segundo caso, Daniel vê um tempo de angústia como nunca houve na história humana e relata que neste tempo, “ocasião o seu povo, todo aquele cujo nome está escrito no livro, será liberto” (Dn 12.1).

Quando os nomes são escritos nesse livro?

Algumas pessoas usam Apocalipse 13.8 para apontar quando o livro da vida foi escrito, entretanto, o texto em questão aponta para outra coisa. Antes de analisar a passagem, é melhor citá-la: “Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.”
Como se pode perceber, o apontamento temporal “desde a fundação do mundo” não está se referindo, no contexto imediato desta passagem, ao livro da vida e sim a Jesus, o cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Stern concorda com isso e afirma que “Deus planejou a morte expiatória dele antes da criação do mundo.”[1] Não que o livro aqui não tenha importância. Ele tem. João enfatiza que seu dono é o Cordeiro! Outra informação importante é a ocorrência do verbo “Foi,” que no grego éesphagmenou e está no tempo aoristo, o que indica algo instantâneo.
Sobre o tempo aoristo na gramática grega, Wiley comenta que, no nosso idioma “não há tempo semelhante na conjugação verbal,” pois trata-se de algo que é feito de modo instantâneo e de uma vez por todas e não gradativamente.[2] O verbo no aoristo faz toda a diferença por dois motivos: 1) porque Jesus não foi morto várias vezes! 2) porque o texto semelhante, localizado em Apocalipse 17.8, usa o verbo em outro tempo gramatical grego, que é o perfeito e isso no contexto imediato aponta para outro lado, conforme será visto logo a seguir.
A fim de analisar a passagem de Apocalipse 17.8, segue a citação da mesma: “A besta que você viu, era e já não é. Ela está para subir do abismo e caminha para a perdição. Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do mundo, ficarão admirados quando virem a besta, porque ela era, agora não é, e entretanto virá.”
A locução prepositiva grega “apo kataboles kosmou” significa “desde a fundação do mundo” e denota uma considerável diferença entre “antes da fundação do mundo,” pois “desde” fala da inserção dos nomes a partir da criação do mundo, i.e, desde Adão até os dias presentes, significando que Deus está agindo no chronos, inserindo os nomes no livro da vida a partir da conversão das pessoas. Em outras palavras, isso sugere que, quando a pessoa responde positivamente à graça preveniente, Deus opera neste indivíduo – que outrora estava morto em seus delitos e pecados – a salvação, regenerando o tal.
Ademais, o texto diz que “os nomes não estão escritos.” Esse “estão escritos” está conjugado no tempo perfeito do grego e a palavra ali é gegraptai. O tempo perfeito é usado numa ação que foi completada no passado e que está ocorrendo no presente. Esse tempo não tem correlato em português. É como se os nomes fossem conhecidos no kairós (haja vista os atributos naturais e incomunicáveis de Deus, a saber: onisciência e presciência), mas estivessem sendo escritos nochronos. É algo que versa sobre o contraste entre o tempo cósmico e o humano; o sobrenatural e o natural; o metafísico e o físico; o objetivo e o subjetivo; o atemporal e o temporal.
“O perfeito grego [é] um tempo gramatical aberto à evocação simbólica do além tempo.” Trata-se de “um recurso bastante singular” e peculiar do idioma grego. Esse recurso, o tempo perfeito, “exprime a idéia de uma ação começada no passado, mas que continua.”[3] Corrobora com isso Bréal ao comentar que “o perfeito grego conservou sempre na sua significação qualquer coisa que faz dele um intermediário entre o passado e o presente,” sendo usado “para designar uma ação passada cujo resultado dura ainda.”[4]
Um exemplo disso é a tradução do Salmo 2.7 na versão dos setenta (LXX – a septuaginta): “hyios mou eis y, egōsèmeron gegennèka se” ([tu és] meu filho; eu hoje te gerei). O autor da carta aos hebreus interpreta esse verso aplicando-o a Cristo por duas vezes (Hb 1.5; 5.5). O verbo gegennèka (gerei) está no perfeito grego. A aplicação do Salmo 2.7 no Novo Testamento tem a ver com a ressurreição de Cristo (cf. Atos 13.33). Na perspectiva do salmista, o Messias já havia sido gerado (ressuscitado), mas ao mesmo tempo ainda não, pois seria um anacronismo, afinal, o Verbo só encarnou séculos depois. Por isso, o fato estava consumado na eternidade (kairós), porém, teria uma ação efetiva e consolidada no decorrer do tempo humano (chronos).
Outro texto que cabe aqui a análise exegética é Hebreus 12.22-24, que de acordo com a NVI diz assim: “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião, à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados”
O verbo “chegaram,” logo no início do verso 22 é proselēlythate em grego. Ele está no tempo perfeito e tem o sentido de algo que já acontecera, mas que permanece ocorrendo. Deste modo, poderíamos dizer que o autor da epístola diz aos hebreus crentes que eles já haviam chegado ao monte Sião, mas que continuam a se aproximar.
No trecho “cujos nomes estão escritos nos céus,” do verso 23, o verbo “estão” é apogegrammenōn no grego e também está conjugado no tempo perfeito, dando o sentido de que os nomes estão escritos desde uma era passada, mas permanecem sendo escritos numa relação além-tempo e além-espaço, rompendo assim, com o presente mensurável e quantificável, ligando-o, ao mesmo tempo com o presente atemporal e metafísico.
Gogues e Talbot traduzem o versículo da seguinte maneira: “Mas vos começastes [e continuais] a vos aproximar do Monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém Celeste, de milhões de anjos – reunião festiva e Igreja dos primogênitos [tendo começado e continuado a estar] inscritos nos céus – e de Deus, o juiz de todos e dos espíritos dos justos [tendo começado e continuado a se] tornar perfeitos.”[5]
Um último exemplo do tempo perfeito grego pode ser dado através do relato lucano acerca de coisas ocorridas naqueles dias do ministério de Jesus. Em seu prólogo, Lucas declara que “Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós” (Lc 1.1). O verbo “cumpriram” ali é peplērophorēmenōn. Lucas mostra que Jesus havia realizado muita coisa naquela região que se dedicou a pesquisar e os atos de Cristo deixaram uma marca muito forte. As pessoas entrevistadas por Lucas podiam sentir o efeito das palavras e dos milagres de Jesus anos depois.
Não é assim também entre nós? Quando tivemos o privilégio de conhecer a Cristo verdadeiramente e entregamos nossas vidas a Ele, algo maravilhoso ocorreu: Ele nos regenerou e ao mesmo tempo nos justificou e adotou. Todavia, essa experiência com Cristo não foi tão somente posicional. Ela também tem seu caráter gradativo. Simultaneamente com a regeneração, justificação e adoção, fomos santificados. A experiência da santificação permanece em nós e só será consumada, definitivamente, com a glorificação.

Os nomes podem ser riscados?

A Escritura aponta para a possibilidade dos nomes serem riscados. O primeiro exemplo a ser tomado é Apocalipse 3.5: “O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei diante do meu Pai e dos seus anjos.”
Como se pode perceber, a promessa de não ter o nome riscado é para os que vencerem, i. e., aqueles que perseverarem até o fim e que não se apostatarão. Parafraseando, é como se Jesus estivesse dizendo “não apagarei o nome daqueles que vencerem, daqueles que perseverarem até o fim.” Em contrapartida, é óbvia a dedução de que se existem pessoas que perseverarão e vencerão, haverá pessoas que se apostatarão e serão derrotadas.
O verbo “riscar” é exaleipso e está conjugado no tempo futuro. Algo que ainda será feito. Nomes ainda serão riscados por Jesus enquanto outros não serão riscados e, por conseguinte, permanecerão escritos no livro da vida. O verbo “riscar” usado no texto de Apocalipse 3 significa, em grego, aniquilar, apagar, cancelar. Tem a ver com passar tinta ou cal a fim de apagar algo, ou com esfregar uma escrita e imprimir um selo em alguma tabuleta de cera. Essa palavra era usada para se referir ao cancelamento de obrigações e direitos.
Um modo interessante de mostrar essa verdade é analisando o que Paulo disse em 2 Timóteo 4.7: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” A NVI já traduz a palavra grega dromoncomo “corrida,” mas a maioria das outras versões em português traduzem como carreira. Essa ilustração de Paulo é interessante porque a vida cristã é exatamente como uma corrida. Existe o ponto de partida (conversão), o trajeto (vida cristã e santificação) e a chegada (glorificação). Alguns vão começar essa corrida e não a terminarão, ficarão no meio do caminho e tristemente terão seus nomes riscados do livro da vida.
Outro texto prova da possibilidade de ter o nome riscado é a oração intrépida de Moisés. Conforme já foi apontado mais no início do ensaio, Moisés subiu mais uma vez no monte a fim de interceder pelo pecado de idolatria do povo israelita, pois eles confeccionaram um bezerro de ouro e blasfemaram dizendo que fora este objeto feito por mãos humanas quem os livrou do Egito. A intercessão de Moisés foi: “…perdoa-lhes o pecado; se não, risca-medo teu livro que escreveste.” E a resposta de Deus, em seguida, foi: “Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim” (Êx 32.32,33 – grifos meus).
Moisés não faria uma oração dessas se ele não acreditasse na possibilidade de um nome ser riscado do livro da vida. Outrossim, Deus não responderia essa oração afirmando que risca somente os nomes daqueles que pecam contra ele, ou seja, daqueles que vivem na prática contínua e habitual do pecado. Kistemaker alega que no Antigo Testamento, a expressão “ser apagado do livro” significava “morrer.”[6] Nessa concepção, Moisés teria dito a Deus, “perdoa o povo ou me mate.” Todavia, Stern, que é um judeu messiânico, confirma que a crença judaica no episódio de Moisés tinha a ver com a eternidade e não com a morte terrena e atesta, ainda, que os judeus acreditam que “é possível sair da graça e ter o destino eterno mudado de salvação para condenação.”[7]
Concluindo essa seção, é interessante abordar mais uma vez o relato de Lucas a respeito de quando o Messias enviou os discípulos de dois em dois em Seu treinamento prático sobre proclamação do Evangelho. Esses discípulos anunciaram as boas novas e voltaram maravilhados, pois coisas extraordinárias aconteceram. “Os demônios se submetem a nós,” disseram eles estupefatos com a autoridade que há no nome de Jesus. Mas, Jesus, ao corrigir-lhes, declarou: “alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céu” (Lc 10.20).
Seria possível um discípulo se desviar? Segundo o dicionário VINE, discípulo é um aprendiz, alguém que aprende com esforço, um seguidor, alguém que permanece nos ensinos de seu mestre e finalmente, imitador. Jesus disse aos judeus que creram em sua mensagem: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos” (João 8.31). Observe que nesse texto há uma condição: “se.” Somente aquele que permanece se torna um legítimo discípulo. Em contrapartida, Jesus deixa claro com essas palavras que é possível não permanecer, i. e., deixar de perseverar.
Existem inúmeras exortações para que os crentes permaneçam e perseverem na presença do Altíssimo, bem como avisos sobre o perigo e possibilidade de apostasia (Mt 10.22; 24.12,13; 1 Co 10.12; Gl 5.4; 2 Ts 2.15; 1 Tm 4.1; 2 Tm 3.14; Hb 8.9; 10.39; Tg 5.19,20; 1 Pe 1.5; 2 Pe 2.20-22; 1 Jo 2.24; Ap 2.11). Seria estranho que Deus colocasse advertências contra a apostasia se isso não fosse possível acontecer. Deste modo, um discípulo que teve o nome escrito no livro da vida, ao se apostatar da fé, terá seu nome riscado.
Pedro comenta de obreiros que abandonaram o caminho reto, desviando-se dele (2 Pe 2.15). Ninguém abandona algo que não experimentou e vivenciou. E ninguém se desvia de um caminho que não estava seguindo. O Apóstolo comenta, ainda, que esses obreiros apóstatas chegaram a escapar das contaminações do mundo por meio do conhecimento de Jesus, mas permitiram ser dominados de novo por essa vida deliberadamente pecaminosa e estão piores do que estavam antes de se converterem (v. 20). Ora, somente alguém que foi regenerado é que se torna descontaminado (purificado ou santificado) do pecado. De acordo com a crítica de Pedro, o que provocou essa descontaminação (libertação) do pecado é foi conhecimento de Jesus, e João testifica isso em seu Evangelho (Jo 8.32).
Paulo atesta essa verdade (de que o regenerado escapa das contaminações do mundo) ao mostrar que quem nasce de novo é lavado, santificado e justificado (1 Co 6.11) e que Cristo “nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Jesus purifica sua igreja pelo lavar de água mediante a Palavra (Ef 5.26) e “se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras” (Tt 2.14). A Bíblia declara que o sangue de Cristo purifica nossa consciência de atos que levam à morte (Hb 9.14).
Deste modo, Pedro conclui: “Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de o terem conhecido, voltarem as costas para o santo mandamento que lhes foi transmitido” (2 Pe 2.21). Tais apóstatas, na opinião petrina, são como “o cão [que] voltou ao seu vômito” e como “a porca lavada [que] voltou a revolver-se na lama” (v. 22).

Considerações finais

Após refletir sobre o assunto, pode-se enumerar três informações coletadas a partir da Bíblia em relação aos nomes do livro da vida:
1) Alguns não tiveram o nome escrito;
2) Alguns tiveram o nome escrito;
3) Alguns dos que tiveram o nome escrito poderão tê-lo riscado, caso não perseverem.
Partindo desses três pontos e de tudo o que foi considerado bíblica e exegeticamente neste ensaio, é possível fazer uma analogia: é como se Deus tivesse uma espécie de “cartório.” Quem nasce de novo tem seu nome registrado no livro da vida. Quem continua morto (ou seja, que não se converte) nunca terá esse nome escrito. Mas se esse que nasceu de novo se apostatar terá o nome apagado do cartório de registros.
Referências
[1] STERN, David. Comentário Judaico do Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2007, p. 900
[2] WILEY, Orton. Introdução à Teologia Cristã. Campinas: CNP, 1990, pp. 353.
[3] GOUGUES, Michel; TALBOT, Michel. Naquele tempo…. Concepções e práticas daquele tempo. São Paulo: Loyola, 2004, p. 34.
[4] BRÉAL, Michel. Essai de Sémantique. Paris: Hachete, 1924, p. 349.
[5] GOGUES; TALBOT. Op. Cit., p. 36.
[6] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 206.
[7] STERN, David. Op. Cit., p. 921.
Por Vinicius Couto do site Gospel Prime em 10/04/2016

22 de abr. de 2016

ESCOLA DE PROFETAS

 
 
 
Texto Básico:2Rs 6:1-7
 
“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2:1,2).

1. Introdução


Nos dias de Elias, a apostasia e a vergonhosa idolatria haviam se alastrado entre o povo de Deus, impulsionadas pelos devaneios de Acabe e Jezabel. O povo de Israel havia trocado a glória de seu Deus pela fútil veneração ao falso deus Baal, considerado pelos desviados e apóstatas como o “senhor da chuva e das tempestades”. Mas, o assombroso confronto no Monte Carmelo entre Elias e os falsos profetas de Baal e Aserá bem como os fenomenais prodígios de Eliseu começaram a reverter a triste situação. Aqueles que antes se escondiam pelo temor de Jezabel passaram a manifestar publicamente a sua fé. O despertamente foi tamanho que, por toda parte, surgiram “escolas teológicas” formando novos mensageiros de Jeová. Haviam grupos de estudantes em Ramá, Gibeá, Gilgal e Jericó (2Rs 2:3,5,7,15; 4:1,38; 9:1,2). Por diversas vezes, em algumas passagens nos livros dos Reis, vemos aparecer a expressão “filhos dos profetas”, mas pelo contexto destas passagens percebe-se que tem a mesma significação que “escola de profetas”. Ressalta-se que as “escolas de profetas” não tinham como propósito ensinar a profetizar, isso é uma atribuição divina; era um testemunho vivo de que o povo de Deus, em um passado distante do Antigo Testamento, preocupava-se em passar às gerações mais novas sua experiência cultural e espiritual.

Neste subsidio à lição 12, quero esclarecer um pouco mais dessas “escolas”, seu cotidiano, seus objetivos e sua relevância.

2. A instituição das “escolas de profetas”. Nem todos os profetas do passado tiveram uma formação teológica convencional. Amós, por exemplo, saiu diretamente do agreste judaico para as ruas de Samaria (capital de Israel – Reino do Norte), proclamando sua mensagem profética da única maneira que sabia: “cantando”. Miquéias, à semelhança de Amós, era homem do campo, e provinha de família humilde, mas ergueu a voz para denunciar os pecados de Jerusalém e os esquemas de corrupção no palácio, no poder judiciário e nos corredores do Templo. A maioria dos profetas, no entanto, até mesmo aqueles que nos são desconhecidos, receberam uma formação teológica mais “especializada”. Por serem uma escola - tipo um seminário -, entende-se que possuía uma certa estrutura física e uma organização mínima para funcionamento a contento, e estavam sob uma liderança que oferecia a devida orientação adequada. No texto de 2Reis 6:1, verificamos que Eliseu era o líder maior dos discípulos dos profetas, e era com ele que buscavam instrução. À época do profeta Samuel essas escolas já existiam; tudo indica que ele tenha sido o primeiro a tomar a iniciativa de organizar esse tipo de “ensino teológico” (cf 1Sm 10:5,10; 19:23). Geralmente os estudantes moravam juntos em uma casa ou em pequenas comunidades, onde o ensino era ministrado (2Rs 6:1,2). Alguns “seminaristas” eram casados e mantinham seus próprios lares (2Rs 4:1).

3. Objetivos das “escolas de profetas”: treinamento e encorajamento.

-          Com relação ao treinamento, além da teoria, a execução de determinadas tarefas, sob permissão do instrutor, eram permitidas, como se observa no ocorrido de 2Reis 2:15-17: “Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele em terra. E disseram-lhe: Eis que, com teus servos, há cinqüenta homens valentes; ora, deixa-os ir para buscar teu senhor; pode ser que o elevasse o Espírito do Senhor e o lançasse em algum dos montes ou em algum dos vales. Porém ele disse: Não os envieis. Mas eles apertaram com ele, até se enfastiar; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinqüenta homens, que o buscaram três dias, porém não o acharam”. Esse processo interativo entre o líder e o liderado, entre o educador e o educando, é vital para produção do conhecimento. Em outras situações observamos que os filhos de profetas, quando já treinados, podiam agir por conta própria em determinadas situações (1Rs 20:35).

-          Com relação ao encorajamento, os alunos eram encorajados a buscarem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a buscar a excelência no ensino.

4. Currículo das “escolas de profetas”. A formação acadêmica dos “discípulos de profetas” consistia no estudo das Escrituras (os livros históricos e os poéticos) e das leis mosaicas. Havia espaço ainda para a instrução na música sacra e na poesia (1Sm 10:5). O “professor”, um profeta mais experiente, transmitia o ensino com seu exemplo de vida e seu trabalho, e eram eles mesmos que consagravam os novos obreiros à missão de reconduzir o rebanho desgarrado de Israel ao aprisco do Senhor, o pastor de nossa  alma (Sl 23).

5. Aprendendo na provação. A vida diária nas escolas de profetas não era nada cômoda. Os estudos eram exaustivos, as acomodações eram precárias (2Rs 6:1), a falta de recursos era uma constante (2Rs 4:1), o trabalho era árduo e, se não bastasse isso tudo, a comida era escassa, geralmente produzida por eles mesmos, em hortas comunitárias. As coisas ficaram ainda piores quando Deus enviou uma estiagem que durou sete anos (cf. 2Rs 8:1). Se a nação toda padeceu, quanto mais aqueles que deixaram tudo pelo ministério!

Foi exatamente nesse contexto de crise que Eliseu, o “homem de Deus”, chegou no seminário de Gilgal para uma “série de conferências”. A receptividade foi calorosa, mas a despensa estava vazia. Eliseu enviou um dos alunos ao campo para colher frutos e raízes comestíveis, a fim de preparar um sopão para todos. Mas algo saiu errado: um dos ingredientes estragou a sopa, tornando-a amarga e venenosa. A “colocíntida” (2Rs 4:39), uma espécie de pepino selvagem, em pequenas quantidades era usada para fins medicinais, mas em grande quantidade tornava-se tóxica e extremamente amarga.

Uma das coisas admiráveis neste texto é que, embora o gosto estivesse horrível, todos comeram sem reclamar. O único comentário que surgiu foi quando atinaram para o perigo de conter algo venenoso. Essa é uma boa lição de educação, respeito e ética. Interessante também é notar que Deus permitiu tal acontecimento para mostrar o Seu cuidado aos que a Ele se consagram. Deus usa o homem, e o homem usa o que tem à mão. Eliseu usou farinha, e esse ingrediente anulou o veneno. O milagre aconteceu, não por causa da farinha, mas pela fé de Eliseu. Ele poderia ter usado cevada, hortelã, pão ou qualquer outro ingrediente, e o resultado seria o mesmo.

Aprendemos com esses seminaristas que: Deus cuida de Seus servos, geralmente usando o que eles têm à mão aliado à quantidade de sua fé. A viúva do profeta (2Rs 4:1-7) colocou perante Deus, o pouquinho que tinha, e no que é que deu? Da mesma forma, se usarmos aquilo que temos, ainda que seja pouco, e usarmos com fé, grandes coisas Deus fará por nós.

6. Ensinando através do exemplo. Eliseu demonstrou o poder de Deus com milagres realizados, mas também ensinou pelo seu próprio exemplo. Citamos dois exemplos:

- Primeiro exemplo: Certa feita, um homem da cidade vizinha (Baal-Salisa) veio à “casa de profetas” trazer uma oferta em mantimentos para o sustento de Eliseu, conforme prescrevia a Lei de Moisés (Nm 18:13; Lv 23:10; Dt 18:4). A oferta era generosa para um só homem “professor”, mas insuficientemente para cem alunos (2Rs 4:43). Era um direito de Eliseu reter a oferta só para si, pois “digno é trabalhador do seu salário” (Lc 10:7), contudo, preferiu repartir aquela bênção com os demais colegas de ministério, e Deus abençoou a sua decisão: “todos comeram e ainda sobrou” (2Rs 4:43). Eliseu demonstrou a principal virtude de um homem de Deus: amor ao próximo. Este exemplo que Eliseu manifestou certamente foi um grande ensino para aqueles discípulos. Ele demonstrou o seguinte modo de viver: o que é meu também é teu. Aquele que reparte de bom grado as suas dádivas sempre as terá em abundância – “Daí, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também “ ( Lc 6:38).

- Segundo exemplo: Geazi era seu aluno, e convivia com o profeta, vendo milagres. Não é exagero dizer que Eliseu aprendeu muitas coisas com o convívio que teve com Elias, e Geazi também observou os atos de Eliseu. Mas aqui cabe uma observação: Ao passo que Eliseu aprendeu coisas com Elias e teve um ministério frutífero, Geazi optou pelo caminho oposto. Na ocasião em que esteve com o capitão siro Naamã, Geazi demonstrou que não estava apto para o ministério profético pois foi seduzido pelos presentes que Naamã, já curado, ofereceu a Eliseu. Nessa ocasião, vendo Geazi que Eliseu rejeitou os presentes de Naamã, cobiçou-os e foi atrás do siro, contando-lhe uma história piedosa:

E foi Geazi em alcance de Naamã; e Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do carro a encontrá-lo e disse-lhe: Vai tudo bem? E ele disse: Tudo vai bem; meu senhor me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim dois jovens dos filhos dos profetas da montanha de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de vestes. E disse Naamã: Sê servido tomar dois talentos. E instou com ele e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas mudas de vestes; e pô-las sobre dois dos seus moços, os quais os levaram diante dele. E, chegando ele à altura, tomou-os das suas mãos e os depositou na casa; e despediu aqueles homens, e foram-se” (2Rs 5:21-24).

Mas, Deus julgou severamente o cobiçoso e materialista Geazi:

“Então, ele entrou e pôs-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseu: De onde vens, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte. Porém ele lhe disse: Porventura, não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isso ocasião para tomares prata e para tomares vestes, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas? Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então, saiu de diante dele  leproso, branco como a neve” (2Rs 5:25-27).

Porque Deus julgou Geazi de forma tão severa? Primeiro, porque ele foi um homem cobiçoso. Segundo, porque ficou indignado de ver Naamã ser curado e não pagar nada pela cura que recebeu. Terceiro, porque mentiu para obter os presentes que Naamã daria a Eliseu. Quarto, não podemos usar os dons que Deus nos concede para lucrar de forma pessoal.

Que essas observações nos sirvam de exemplo, para que não sejamos julgados por Deus por conta de tais manifestações de infidelidade.

CONCLUSÃO


As Escolas de profetas na época de Elias e de Eliseu eram dedicadas ao ensino formal da Palavra de Deus e ao comportamento ético do futuro profeta. A preocupação com o aspecto espiritual do povo de Israel era sua principal bandeira esses líderes. Esses futuros profetas seriam mais tarde líderes que teriam de confrontar as falsas teologias e a idolatria que os maus reis obrigavam o povo a aceitar. Assim como era importante o estudo da Palavra de Deus naquela época, também o é atualmente. Infelizmente, os tempos mudaram e os seminários teológicos se “conformaram com o mundo” – procuram parecenças com as faculdades seculares e, por isso, buscam reconhecimento do MEC -, mas o prejuízo tem sido enorme, pois a teologia liberal tem predominado sobremaneira na maioria dos seminários com prejuízos incalculáveis à ortodoxia das Escrituras Sagradas.

Em qualquer época, sejam tempos de fartura ou tempos de escassez, de paz ou de guerra, de bonança ou de tempestade, a Igreja tem a responsabilidade de salvaguardar a verdadeira e original doutrina bíblica que se acha nas Escrituras Sagradas, e transmiti-las aos fiéis - “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2:1,2).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Elias e Eliseu (homens de ação) – Editora cristã Evangélica.