O Cristão e a Riqueza
É errado o cristão ser rico? E viver atolado em dívidas?
Eu 
recomendo muito o uso do dinheiro, pois é um bem sem o qual é muito 
difícil viver! Ao contrário do que muitos cristãos acreditam, o dinheiro
 não é absolutamente a raiz de todos os males. "Mas pastor Ron, a Bíblia
 diz que o dinheiro é a raiz de todos os males!" Você está enganado. Em 1
 Timóteo 6:10, a Bíblia diz: 
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." [ênfase adicionada].
Veja, o dinheiro é uma parte necessária a vida e 
certamente não é intrinsecamente mau nem bom. Ele é uma das muitas 
"coisas" na vida de um cristão das quais o Senhor, na verdade, é o dono,
 mas permite que usemos como Seus mordomos. Quando utilizamos 
corretamente as "coisas" que Ele coloca ao nosso dispor, e mantemos uma 
atitude correta com relação a elas, Ele freqüentemente as multiplica. 
Quando adotamos a atitude errada com relação às "coisas" é que entramos 
em problemas.  Se desenvolvermos um amor, um desejo desordenado por 
essas coisas, isso se torna um pecado em nossas vidas.  Novamente, o 
dinheiro e os outros bens materiais não são pecaminosos em si mesmos. Na
 verdade, são muito bons e, se nos comportarmos e praticarmos a boa 
mordomia, Deus pode achar adequado permitir que usemos parte deles!  No 
entanto, deixe-me dizer logo que não existem garantias. O "Evangelho da 
Prosperidade" que alguns estão pregando é tão falso e vazio quanto uma 
nota de três reais. É um fato que Deus prometeu prosperidade espiritual e
 financeira aos israelitas no Antigo Testamento, mas ambas eram 
condicionadas à obediência a Ele. Em nenhum lugar você encontrará uma 
promessa semelhante para os cristãos no Novo Testamento. Na verdade, a 
Bíblia nos diz que nosso caminhar com Cristo será duro e quanto mais 
perto procurarmos estar dEle, mais difícil ficará essa caminhada. Neste 
aspecto, o cristianismo é absolutamente diferente em comparação com 
todas as religiões do mundo. 
Em 2 Timóteo 3:12, a Bíblia diz: "E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.".
Embora seja verdade que a riqueza é uma bênção de 
Deus, a pobreza não deve ser vista como desfavor, pois em certo sentido,
 liberta o indivíduo de tremendas responsabilidades e tentações. Lucas 
12:48b diz: "... a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá."
 O ensino do Novo Testamento tem muito a dizer sobre qual deve ser nossa
 atitude com relação às coisas que Deus confiou aos nossos cuidados. 
Vejamos: 
Na parábola do Semeador, em Lucas 8:14, o Senhor diz o seguinte sobre a semente que cai entre espinhos: 
"E a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição."
Nesse verso, o Senhor nos diz que a semente é a 
Palavra de Deus e quando as pessoas a ouvem e permitem que as 
ansiedades, cuidados, riquezas e deleites  desta vida diluam a mensagem,
 deixam de amadurecer na fé. Como cristãos, se quisermos fazer 
progressos no nosso caminhar com Cristo, a Palavra de Deus precisa ser 
mais preciosa para nós do que qualquer coisa que o mundo tenha para nos 
oferecer. 
Em Mateus 6:19-21, o Senhor disse o seguinte sobre os tesouros terreais:
"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."
A eternidade é para sempre (!) e é tolice demais 
sacrificar os tesouros do céu pelas riquezas deste mundo. No entanto, é 
exatamente isso que muitos cristãos fazem rotineiramente quando ficam 
enamorados com os bens materiais. Estou convencido que nosso Deus 
atribui soberanamente a cada um de nós uma posição relativa na vida — 
nosso status financeiro e material, juntamente com as capacidades 
co-relacionadas (ou a falta de capacidades) pertinentes a essa posição. 
Sejamos francos, nem todos têm o intelecto ou a capacidade de acumular 
riqueza e lidar com ela da forma correta. Alguns têm essa capacidade e 
graças a Deus por eles poderem gozar os frutos de seu trabalho. Outros 
irmãos fazem o melhor que podem, mas passam a vida inteira lutando 
apenas para satisfazerem suas necessidades básicas de alimentação e 
vestuário. Experimentamos a verdadeira felicidade e o contentamento 
espiritual quando descobrimos qual é nosso nicho respectivo na vida e 
então fazemos o melhor que pudermos, enquanto pudermos! Entramos em 
problemas quando não estamos satisfeitos com a provisão de Deus e 
cobiçamos mais do que Ele sabe que é melhor para nós. Ambição e desejo 
de progresso material somente são naturais e corretos quando não 
forçamos a coisa. Se Deus quiser que prosperemos em nossos empregos e 
ganhemos mais dinheiro, Ele fará isso acontecer. 
Quando Ele abrir as portas, poderemos passar por 
elas. Infelizmente, muitos cristãos não compreendem isso e quebram a 
cara ao tentarem passar por portas que estão fechadas! Isso é enfatizado
 pelas palavras de Cristo em Lucas 12:15:
"E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.".
O perigo espiritual subjacente que está associado com
 o dinheiro e com os bens materiais  é que eles podem facilmente se 
transformar em ídolos em nossas vidas. Muitas pessoas acham que um ídolo
 é somente uma figura feita de madeira ou de pedra que é colocada em um 
templo e que é adorada. Não, um ídolo é qualquer coisa que fique entre 
nós e Deus! Deus quer nossa total fidelidade a Ele, exatamente como 
marido e mulher requerem um do outro. Ele fica ofendido quando desviamos
 nosso amor e atenção dEle para qualquer outra coisa. 
Esse conceito é delineado em Mateus 6:24: "Ninguém
 pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, 
ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a 
Mamom.".
O apóstolo Paulo também falou sobre o dinheiro e os 
bens materiais e, em sua primeira carta a Timóteo,  adverte os cristãos,
 particularmente os pregadores, sobre o uso incorreto do dinheiro. Em 1 
Timóteo 6, começamos nossa leitura no meio do verso 5 e continuamos até o
 verso 9, depois no verso 17:
"Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína... Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos.".
Nossa sociedade valoriza excessivamente a riqueza e 
os bens materiais. As pessoas são classificadas de acordo com a renda: 
classe baixa, classe média e classe alta, ou, às vezes, em classes A, B,
 C, D e E. Somos constantemente bombardeados com propagandas que 
procuram despertar o desejo da pessoa de "subir na escala social". Isso 
se tornou parte da realidade cotidiana. Algumas propagandas recorrem ao 
tema: "Você merece..." ou "Você deve isso a si mesmo..." As agências de 
propaganda conhecem bem a natureza humana e a exploram habilmente para 
promover os produtos e serviços. Nós, criaturas pecadoras, temos uma 
fraqueza natural com relação aos prazeres e aos bens materiais e eles a 
exploraram para seu ganho financeiro! Como cristãos, precisamos estar 
vigilantes contra esses estímulos. 
É também triste observar cristãos que não têm a força
 de vontade para praticar a mordomia correta daquilo que Deus  lhes deu.
 O desejo de ter, de obter e de usar cresceu até um ponto em que milhões
 de pessoas se encontram endividadas e alguns cristãos certamente também
 se enquadram nessa situação. Satanás fez com que o crédito facilitado 
arruinasse o testemunho de inúmeros cristãos. Ninguém deveria se 
endividar além da sua capacidade financeira de pagar, especialmente 
aqueles que professam o nome de Jesus Cristo. Fazer isso é trazer 
reprovação sobre si mesmo e sobre seu Salvador. Aqueles pequenos cartões
 de plástico são muito fáceis de obter, mas certamente atuam como um 
narcótico para algumas pessoas e, sem que percebam,  as dívidas e os 
juros começam a se acumular. Pessoas que nunca jogariam em um cassino 
contraem dívidas com seus cartões de crédito e isso nos faz perguntar 
qual é a diferença essencial? Saber que você não poderá pagar depois e 
precisará rolar a dívida, pagando juros extorsivos, é pecaminoso se foi 
por falta de domínio próprio que você contraiu aquela dívida. Quando 
considerarmos o fato que somos mordomos do Senhor e que estamos fazendo 
mal uso do dinheiro dEle, isso deve colocar as coisas sob a perspectiva 
correta. 
Meu conselho a você que está em dívidas é sair dessa 
situação o mais rápido que puder — mesmo que para isso precise se 
desfazer de algumas coisas que o levaram a essa situação. (Não estamos 
falando aqui de financiamentos imobiliários e outras dívidas dessa 
natureza, pois elas têm a garantia do próprio imóvel). Ao enfrentar uma 
situação de dívida além da capacidade financeira, o modo mais fácil de 
sair é declarar falência pessoal e deixar os credores a ver navios. No 
entanto, Deus não permite que um de Seus filhos faça uma coisa dessas! 
Pode ser legal juridicamente, mas não é ético para o cristão. Se você 
estiver enfrentando uma situação dessas, faça a coisa certa e procure 
renegociar a dívida com os credores, alargando os prazos ou reduzindo os
 juros — mesmo que precise passar o resto da vida trabalhando em dois 
empregos para corrigir a situação! Eles não torceram seu braço, 
obrigando-o a contrair as dívidas; a culpa pelos gastos excessivos foi 
sua. Agora, o mínimo que você precisa fazer é um esforço honesto para 
pagar o que deve. Agir de forma contrária é arruinar completamente seu 
testemunho e envergonhar o nome do Senhor Jesus Cristo. 
O Espírito Santo, falando por intermédio do apóstolo Paulo, tem o seguinte conselho maravilhoso para nós:
"Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." [1 Timóteo 6:6-10].
Quando a ênfase em nossa vida for colocada 
corretamente na piedade, obteremos o contentamento pessoal como 
resultado. Afinal, o que pode ser melhor que ter nossas necessidades 
atendidas e dormir com uma consciência tranqüila? 
 
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