O heliponto e a lógica ilógica da contribuição
Nas
Assembleias de Deus em São Paulo está acontecendo um verdadeiro
absurdo. Existe uma pequena congregação, que reúne um pouco mais de doze
pessoas em um bairro periférico, fechando por falta de dinheiro do
aluguel. Enquanto isso, avança a construção de um mega-templo sede das
Assembleias de Deus no bairro do Belenzinho, com direito a
estacionamento de shopping center e heliponto.
O
absurdo não nasce do fato de existir igrejas nas periferias em salões
alugados e grandes templos de sede. O absurdo nasce do fato que os
dízimos e ofertas das igrejas periféricas sustentam a megalomania da
igreja sede. Sim, igrejas pobres têm que mandar dinheiro para
construções de luxo.
Imagine a seguinte conta da igreja no bairro pobre:
5000 reais de arrecadação com dízimos e ofertas.
Menos 1000 reais com despesas de aluguel, água e luz.
Menos 200 reais para uma pequena ajuda de custo para o dirigente local.
Menos 100 reais com compra de materiais de limpeza.
Menos 200 reais para uma pequena ajuda de custo para a irmã que faz a limpeza do salão.
Quanto sobra?
Sim,
os 3500 que sobram vão para outras despesas? Não, vão para a sede. Nas
Assembleias de Deus de São Paulo o caminho é inverso. Em lugar da igreja
sede (rica, grande e poderosa) ajudar as periféricas (pequenas e
pobres) o contrário acontece: a igreja periférica precisa gastar o menos
possível para mandar toda a sobra à sede. E o que a sede faz?
Mega-eventos, mega-templos e mega-vaidades, mega-egos e megalomania...
E
se a igreja periférica quiser comprar novas cadeiras ou um bebedor?
Precisa levantar uma oferta especial, ou seja, mais pedidos de dinheiro
além do que as pessoas normalmente contribuem. E as pessoas estão
ficando irritadas com essa situação. Um pai que viu o filho cair de uma
cadeira quebrada na igreja disse: - Vou deixar de dar o dízimo na igreja
e pegar esse dinheiro para comprar novas cadeiras. O dízimo não é para o
“mantimento de minha casa”? Perguntou o pai indignado.
Não
só para o mantimento do templo, como para ajudar os mais necessitados,
conforme fica claro no Novo Testamento. Mas as igrejas não podem fazer
caixa de assistência social com dinheiro do dízimos, pois a sobra
precisa ir para a sede. Absurdo. Se quiserem mandar uma oferta para as
vítimas das enchentes no Rio, por exemplo, são obrigados a fazer
campanhas e mais campanhas.
Se
a maior parte das contribuições não fossem para a sede certamente teria
dinheiro de sobra para novas cadeiras e mais contribuição aconteceria
pois as pessoas veriam resultado de suas ofertas. Enquanto isso, a
igreja sede, com dinheiro das periferias, está construindo um
mega-templo com heliponto. Pergunte para cada irmão do subúrbio se eles
têm helicópteros.
Podemos
nos orgulhar, pois não temos salas para escola dominical, mantemos
poucos missionários no exterior, não temos salas de recreação para as
crianças, não temos universidades e faculdades respeitáveis, não temos
caixa de assistência social, não temos igrejas com estrutura mínima de
acolhimentos aos visitantes não crentes, mas acima de tudo temos um
heliponto na mega-sede com cara de shopping center. Legal, não é?
Fonte.: http://www.teologiapentecostal.com/2011/01/o-heliponto-e-logica-ilogica-da.html
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