12 de jul. de 2010



"E lhe disseram: Não! Iremos contigo ao teu povo. Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas! Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no ventre filhos, para que vos sejam por maridos? Tornai, filhas minhas! Ide-vos embora, porque sou velha demais para ter marido. Ainda quando eu dissesse: tenho esperança ou ainda que esta noite tivesse marido e houvesse filhos, esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Abster-vos-íeis de tomardes maridos? Não, filhas minhas! Porque, por vossa causa, a mim me amarga o ter o Senhor descarregado contra mim a sua mão. Então, de novo choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela. Disse Noemi: Eis que tua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses; também tu, volta após a tua cunhada. Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a acompanhá-la, deixou de insistir com ela" (Rt 1.10-18).

As motivações se revelam

Na vida dessas duas moabitas, Orfa e Rute, o Senhor nos dá simbolicamente uma visão profunda do Plano de Salvação, desde o passado até os dias de hoje. Rute e Orfa são, segundo meu entendimento, representações do cristianismo verdadeiro e do falso cristianismo. No versículo 10, ambas ainda afirmaram: "...iremos contigo ao teu povo." Mas, depois que Noemi lhes respondeu, lemos: "Então, de novo, choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela. Disse Noemi: Eis que tua cunhada voltou ao seu povo" (vv.14-15). Pois Orfa significa "a teimosa" ou "a que mostra a nuca". A nuca, a cerviz, é uma ilustração de dureza, de teimosia, de não querer obedecer. Não pretendemos julgar esse cristianismo obstinado, mas é evidente que se trata apenas de piedade nominal, uma vez que tais pessoas não conhecem outra coisa e nem compreendem o desígnio de Deus para suas vidas e para Seu povo. Também não pretendemos julgar Orfa, pois ela não teve entendimento mais profundo. Simplesmente, sem refletir e sem se preocupar, ela voltou ao seu povo e aos seus deuses. Essa foi uma atitude muito trágica! Ela seguiu o seu caminho sem Noemi. Esse é o motivo porque creio que Orfa seja uma figura do cristianismo apóstata dos tempos finais, uma ilustração muito apropriada da cristandade que se afasta continuamente da Bíblia e de tudo que é precioso aos olhos de Deus. Na verdade, Orfa acompanhou Noemi por um trecho do caminho, mas assustou-se quando começou a perceber a realidade: ela "mostrou a nuca", endureceu seu coração e perdeu a gloriosa herança que lhe estava destinada. Orfa representa os muitos cristãos que só chegam até a fronteira e, no momento do desafio decisivo, desviam-se e mostram a dureza do seu coração, voltando atrás e abandonando aquilo que seguiram por certo tempo.

Chama a atenção nessa história que a fidelidade ou a infidelidade das noras só tornou-se manifesta quando Noemi, a judia, partiu para Israel. Antes disso, a postura interior de ambas não podia ser percebida. Não era possível ver o que cada uma delas tinha em seu coração. Mas então, na hora da decisão, a motivação de seus corações foi revelada.

Fidelidade ao povo de Deus

Já dissemos que Noemi é uma figura profética do remanescente de Israel, que desde 1948 volta da Dispersão (Diáspora) para a Terra Prometida. Com esse retorno começou o tempo que a Bíblia chama de tempo do fim. Quando Noemi retornou para sua terra, era o tempo da colheita, o tempo apropriado para Rute encontrar Boaz. Desde 1948 vivemos no tempo do fim, a época em que Deus reconduz Seu povo Israel de volta para sua terra – para que o Senhor Jesus possa voltar e tornar-se o pão da vida para ele. Justamente nessa época será manifesta a fidelidade ou a infidelidade de muitos cristãos: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé..." (1 Tm 4.1). A infidelidade a Deus também torna-se evidente na infidelidade para com Israel. Deus identificou-se de tal maneira com Israel, que é impossível separá-lO do Seu povo. Rute, o "deleite", o "refrigério", não se separou de Israel e do Deus de Israel, mas testemunhou claramente: "...o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus" (Rt 1.16).

A fase final do tempo do fim começou com o retorno de Israel à sua terra. Por isso, vivemos hoje numa época em que se revela mais e mais o que realmente há no coração das pessoas, em que há separação por causa de Israel, do mesmo modo como Rute e Orfa se separaram diante de Noemi. No último momento, Orfa não quis se agregar ao povo e ao Deus de Noemi. Através desse exemplo, reconhecemos que não pode haver atitude neutra em relação ao povo de Israel e ao Deus vivo. Ou se é a favor, ou se é contra o Senhor. Ele diz com grande seriedade: "Quem não é por mim é contra mim" (Mt 12.30). É absolutamente impossível permanecer neutro em relação ao Senhor, e quem não toma uma atitude positiva diante de Israel também não terá posicionamento correto em relação a Deus. Rute decidiu-se conscientemente pelo povo e pelo Deus de Noemi. Também para nós é muito importante estar ao lado de Israel, pois, em última análise, assim torna-se visível nossa atitude para com Deus. Orfa voltou para o seu povo e para seus deuses. O deus dos moabitas era Quemos (ou Camos), e ele é chamado de "abominação" em 1 Reis 11.7. Desse modo, Orfa é o símbolo de muitas pessoas, infelizmente também de muitos cristãos nominais, que chegam apenas até a divisa, que param no meio do caminho por não terem a coragem de seguir até o fim. Orfa beijou sua sogra e retornou. Como é terrível quando filhos de Deus retornam para o mundo! Mas Rute apegou-se a Noemi. São poucos os cristãos que têm a coragem de atravessar a fronteira – espiritualmente – e de seguir adiante, orando como Jabez: "...e me alargues as fronteiras" (veja 1 Cr 4.10).

Rejeitando a Israel

Procuremos nos colocar no lugar de Orfa, para entender o que aconteceu em seu íntimo quando ela decidiu não ir com Noemi em direção a Israel. Quanto mais perto elas chegavam da fronteira, mais inquieta e insegura ela ficava. Suas dúvidas eram cada vez maiores e em seu íntimo amadurecia a decisão de não atravessar a fronteira. No último momento ela deu meia-volta, "mostrou a nuca", e voltou para seu povo e seus deuses. Quantos cristãos atuais vão só até certo ponto em seu posicionamento diante de Israel. Mas justamente essa atitude é levada muito a sério nas Escrituras. Através de muitos exemplos na Bíblia, fica claro que, por ocasião da volta do Senhor Jesus Cristo, até os povos serão avaliados e julgados conforme sua posição a respeito de Israel. Apesar de muitos não serem inimigos declarados de Israel, eles não são seus amigos de verdade. Do ponto de vista bíblico não existe neutralidade a esse respeito. Embora Orfa tenha beijado Noemi, ela retornou ao seu povo e aos seus deuses. E essa sua atitude teve conseqüências desastrosas. Da mesma forma, poucos cristãos permanecem decididamente ao lado de Israel desde a fundação do Estado e desde o início do retorno dos judeus à sua terra, e poucos reconhecem que é tempo de colheita. Ao invés disso, muitos cristãos apegam-se aos costumes e às tradições. Eles assimilaram os conceitos enganosos e antibíblicos que dizem: Israel foi repudiado eternamente e agora a Igreja está ocupando seu lugar. Essa idéia está tão arraigada nas mentes de muitos cristãos, que eles não têm coragem de se posicionar a favor de Israel. A conseqüência do comportamento de Orfa foi que ela caiu no esquecimento e perdeu sua herança. Rute, ao contrário, por posicionar-se publicamente a favor de Israel, tornou-se a bisavó de Davi e, assim, entrou na genealogia de Jesus. Alguns estudiosos da Bíblia acham que Orfa foi a bisavó de Golias, que anos mais tarde escarneceu e difamou publicamente o povo e o Deus de Israel, querendo destruir Israel, mas depois foi morto por Davi. Porém, não há provas dessa suposição. Na verdade, somente nas gerações seguintes é que se vê a tragédia da decisão de Orfa em relação a Israel e ao Deus de Israel.

O mesmo acontece freqüentemente em nossa vida: pecados nem sempre têm conseqüências imediatas. Quando não nos arrependemos no momento em que pecamos, muitas vezes só vamos notar mais tarde que aqueles pecados tiveram conseqüências que se farão sentir em toda a sua dureza. O cristianismo morno e apóstata de nossos dias, constituído principalmente de velhas tradições e que, por meio do ecumenismo, volta-se para deuses estranhos – abrindo espaço para idéias budistas, hinduístas, islâmicas e outros ensinos pagãos! – provavelmente produzirá logo o grande "Golias", o anticristo. Mas, a seu tempo, ele será derrotado pelo grande Filho de Davi, por Jesus!

Abraão e Abimeleque

Quantos cristãos se deixam intimidar pela mídia e por informações falsas, recusando-se a atravessar a fronteira para um posicionamento em favor de Israel! Por exemplo, Arafat proclamou em alta voz que Jesus era palestino – sem que isso levasse a protestos enérgicos por parte dos povos chamados cristãos ou dos dirigentes das igrejas cristãs. Pesquisando toda a Bíblia, constataremos que as pessoas que se posicionaram publicamente a favor de Israel, atravessando a "fronteira", foram extraordinariamente abençoadas. O Senhor sempre foi a favor delas. A história de Abraão e Abimeleque mostra isso de maneira muito clara. Na verdade, Abraão tornou-se culpado para com Abimeleque porque disse ser Sara sua irmã, sendo ela sua esposa. Abimeleque não sabia nada sobre a verdadeira situação de Sara e quis tomá-la por mulher. Mas isso não lhe trouxe bênçãos – pelo contrário. Somente quando ele devolveu-a a Abraão, a bênção voltou a fluir. Lemos em Gênesis 20.14-18: "Então, Abimeleque tomou ovelhas e bois, e servos e servas e os deu a Abraão; e lhe restituiu a Sara, sua mulher. Disse Abimeleque: A minha terra está diante de ti; habita onde melhor te parecer. E a Sara disse: Dei mil siclos de prata a teu irmão; será isto compensação por tudo quanto se deu contigo; e perante todos estás justificada. E, orando Abraão, sarou Deus Abimeleque, sua mulher e suas servas, de sorte que elas pudessem ter filhos; porque o SENHOR havia tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão."

Jesus e o centurião

Outro exemplo é o centurião de Cafarnaum, sobre quem lemos no Novo Testamento. "Tendo Jesus concluído todas as suas palavras dirigidas ao povo, entrou em Cafarnaum. E o servo de um centurião, a quem este muito estimava, estava doente, quase à morte. Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, pedindo-lhe que viesse curar o seu servo. Estes, chegando-se a Jesus, com instância lhe suplicaram, dizendo: Ele é digno de que lhe faças isto; porque é amigo do nosso povo, e ele mesmo nos edificou a sinagoga. Então, Jesus foi com eles. E, já perto da casa, o centurião enviou-lhe amigos para lhe dizer: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa" (Lc 7.1-6). Esse centurião romano atravessou a fronteira, posicionando-se de maneira positiva em relação a Israel. Aprendamos através do seu exemplo! Atravessemos também nós a fronteira, posicionemo-nos publicamente a favor de Israel, em favor do seu Deus. Com nosso apoio e nossa ajuda prática a Israel, reconhecemos seu direito à existência, pois Deus lhe deu promessas para o futuro.

A hesitação de muitos

Muitos cristãos também hesitam em atravessar a fronteira no que diz respeito ao pecado. Eles não rompem totalmente com as coisas erradas em suas vidas. Muitos batalham e travam uma luta corpo-a-corpo com o pecado mas, ao mesmo tempo, ficam presos a ele. Eles permanecem indecisos entre o mundo e uma vida que agrade a Deus. Não ousam dar o passo decisivo para a obediência incondicional ao Senhor, deixando sempre aberta uma portinhola atrás de si por onde podem voltar. Eles, como Orfa, não conseguem se decidir, e por isso ficam para trás. Orfa voltou para a velha vida. Na verdade houve o beijo, a simpatia para com Noemi, mas não a verdadeira entrega do coração; faltou a decisão firme de ficar ao seu lado.

O pecado sempre tem conseqüências. Em Oséias 2.6 o Senhor diz a respeito do pecado de Israel: "Portanto, eis que cercarei o seu caminho com espinhos; e levantarei um muro contra ela, para que ela não ache as suas veredas". O pecado restringe nosso caminhar com o Senhor; muralhas erguem-se diante de nós, tirando-nos a visão para seguir adiante. Deus o permite para que deixemos o pecado e nos voltemos a Ele: "Irei e tornarei para o meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora" (Os 2.7b). Podemos ler em Oséias o que o pecado faz: "Comerão, mas não se fartarão; entregar-se-ão à sensualidade, mas não se multiplicarão, porque ao Senhor deixaram de adorar. A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento. O meu povo consulta o seu pedaço de madeira, e a sua vara lhe dá resposta; porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus" (Os 4.10-12). O pecado pode tirar nosso entendimento, impedindo-nos de pensar claramente, e sem discernimento entre o certo e o errado não vemos mais as coisas de maneira objetiva. O pecado altera as emoções e o raciocínio. A Bíblia nos ensina: "Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força" (Mc 12.30). O envolvimento com o pecado pode chegar até ao ponto de nos levar a amar mais o pecado do que a Deus. Alguém o formulou da seguinte maneira: "O que você olha passa a ter poder sobre você." Que grande verdade! Aquele que procura a Jesus na Palavra de Deus, na Bíblia, olha para Ele e O segue em obediência, é transformado cada vez mais na imagem de Jesus. É assim que crescemos no conhecimento de Jesus. Ao contrário, os que se ocupam com o pecado e o praticam, experimentam uma transformação negativa, pois são marcados pelo pecado e assumem a índole do pecado: "...porque ao Senhor deixaram de adorar" (Os 4.10b). Por isso, quem vive em pecado acaba sem forças para retornar. Em Oséias 5.4 e 8 está escrito: "O seu proceder não lhes permite voltar para o seu Deus, porque um espírito de prostituição está no meio deles, e não conhecem ao Senhor... Cuidado, Benjamim!" Tais pessoas são dominadas pelo pecado de tal maneira, que não têm forças suficientes para abandoná-lo. O inimigo tornou-se demasiadamente poderoso em suas vidas. Oséias 7.2 continua: "Não dizem no seu coração que eu me lembro de toda a sua maldade; agora, pois, os seus próprios feitos os cercam; acham-se diante da minha face". Nos versículos 10-11 está escrito: "A soberba de Israel, abertamente, o acusa; todavia, não voltam para o Senhor, seu Deus, nem o buscam em tudo isto. Porque Efraim é como uma pomba enganada, sem entendimento..." Tudo isso acontece quando não atravessamos a fronteira da entrega total. Orfa tinha o coração dividido. Ela não estava disposta a assumir as conseqüências, e errou o alvo. No grego a palavra pecado significa "errar o alvo". Pecado não significa apenas comportamento errado, mas uma maneira errada de viver, uma predisposição em errar o alvo. O normal e o natural do ser humano é seguir pelo caminho errado. Seria catastrófico se no fim da nossa vida tivéssemos de confessar – só porque nunca nos decidimos a atravessar a fronteira –, que em última análise erramos o alvo que Deus tinha para nossa existência!

Que caminho você está seguindo? O salmista diz: "Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade" (Sl 39.4). Devemos ser gratos a Deus por Ele nos mostrar toda a tragicidade e conseqüência do nosso pecado, e, através do perdão, oferecer-nos uma saída! Ele atravessou a fronteira em nossa direção e veio ao nosso encontro por meio de Jesus Cristo e Sua obra consumada na cruz. Ainda vivemos no tempo da graça, e Deus nos oferece restauração em Jesus. Mas nós também devemos estar dispostos a atravessar a fronteira em direção a Ele, realmente colocando em prática nossa decisão. O Senhor adverte: "Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído. Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao Senhor; dizei-lhe: Perdoa toda iniqüidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios" (Os 14.1-2). E nos versículos 4-5 Ele faz a grandiosa oferta de amor: "Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles. Serei para Israel como orvalho, ele florescerá como o lírio e lançará as suas raízes como o cedro do Líbano."

Deus não pode fazer outra coisa do que amar também a você, prezado leitor. Portanto, volte para Ele! Atravesse a fronteira! Em Oséias 10.12 está escrito: "Semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós." É isso que Deus tem preparado para Israel. O mesmo Ele tem preparado também para você, se você tiver ânimo de atravessar a fronteira, deixando o pecado e indo em direção a Jesus.

Da estreiteza de nossa incredulidade ao espaço ilimitado da fé

Muitas pessoas vão só até a fronteira e não dão um passo a mais para assumir o trabalho missionário. Justamente pessoas jovens freqüentemente não têm coragem de dar esse passo, isto é, elas não têm ousadia de obedecer à ordem do Senhor: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Participar de trabalho missionário, porém, nem sempre significa ir para o exterior. Muitas vezes, é preciso abandonar primeiro certos hábitos e costumes e atravessar a fronteira em direção a Deus, fazendo a Sua vontade. E "todo o mundo" começa diante da porta da nossa casa!

Muitos também não vão além da fronteira na hora de se aventurar a dar um passo de fé. Outros não têm o ânimo de realizar pela fé o propósito que Deus colocou em seus corações. Abraão foi um homem que ultrapassou seus limites pela fé: "Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia" (Hb 11.8). Uma ousadia – mas ele a realizou pela fé! Por meio dessa fé a Terra Prometida tornou-se possessão sua. De uma vez por todas devemos sair da estreiteza da nossa incredulidade para ocupar os espaços ilimitados da fé. Lembremo-nos mais uma vez de Jabez, que suplicou ao seu Deus, o Deus de Israel: "Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido" (1 Cr 4.10).

É muito importante que atravessemos a fronteira e olhemos concretamente para o alvo. Orfa não conseguiu fazer isso. Na verdade, ela tinha dito o mesmo que Rute: "Não! Iremos contigo ao teu povo" (Rt 1.10). Mas, ao contrário de Rute, faltou-lhe a força necessária para seguir em frente. A dificuldade em nossas vidas é que muitas vezes realmente desejamos fazer alguma coisa, mas não estamos firmemente decididos a concretizá-la. Temos o desejo de abandonar o pecado, mas não estamos dispostos a fazê-lo de fato. Gostaríamos de ir para o campo missionário para sermos usados pelo Senhor, mas não estamos firmemente decididos a dar esse passo e tomar as providências necessárias. Sabemos de certas barreiras em nossa vida, mas não estamos dispostos a vencer as resistências pela fé. Sabemos o caminho que devemos seguir, que devemos tomar certas decisões, mas não o fazemos. No reino de Deus só pode acontecer algo concreto se decididamente tomarmos certas atitudes e agirmos pela fé. Comecemos a atravessar a fronteira no verdadeiro sentido bíblico e sigamos por todo o caminho com Jesus. Certamente o Senhor tem algo bem definido para você. Você deveria dar esse passo: confessar ao Senhor e depois abandonar os pecados escondidos em sua vida. Se você ainda não é renascido, dê esse passo para além da fronteira o mais breve possível! Atravesse a fronteira, agora que você se deu conta de que ela existe, e siga adiante segurando a mão de Jesus! (Norbert Lieth - www.chamada.com.br)

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