28 de jan. de 2017

DEUS SE ARREPENDE?


Pergunta: “Há alguns dias o tema da pregação no culto foi o Dilúvio. No fim, nosso pastor perguntou à igreja o que poderíamos concluir das palavras de Gênesis 8.21:“Sentiu o Senhor... em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem;... nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer”.Uma passagem paralela seria Gênesis 6.7, em que Deus diz que se arrependeu de ter feito o homem. Diante da pergunta do pastor, um importante ancião da igreja levantou-se e respondeu que também Deus cometia erros! Seu tom era indiferente, como se fosse tranqüilizador o fato de Deus ser tão “humano” e parecido conosco nesse ponto. Tenho certeza de que ele falava sério, como se Deus realmente tivesse sido forçado a reconhecer que cometera uma bobagem e agira de forma precipitada e em ira descontrolada. Para mim essa afirmação é totalmente inaceitável, não posso conviver com isso! Como poderíamos confiar em um Deus que comete erros?! Onde mais Ele teria cometido erros, ou onde os cometerá? Talvez também haja erros na Escritura Sagrada, mas onde? Talvez o Gólgota tenha sido um erro? Não seria possível confiar em mais nada, a fé e a igreja não teriam mais sentido. Como vocês entendem a expressão “arrependeu-se o Senhor”,sendo que em Números 23.19 (também em 1 Samuel 15.29) está escrito: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa”?”
Resposta: O trecho que diz que Deus se arrependeu está em Gênesis 6.5-6: “Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração”.
A palavra hebraica para “arrepender-se” não pode ser entendida como arrependimento ou reconhecimento de erro da parte de Deus. Isso fica claro em Números 23.19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?”.
A palavra “naham” (arrepender) tem o significado básico de “ter compaixão” ou “lamentar”. Por isso, o estudioso judeu Martin Buber traduziu o versículo desta forma: “Lamentou-se ele de ter feito o homem sobre a terra, e angustiou-se em seu coração”. O sentido geral é que Deus sofre junto conosco quando precisa nos castigar. O Todo-Poderoso não gosta de punir, isto o angustia, Ele o lamenta, mas precisa agir assim por causa de Sua santidade e justiça. Por isso, o arrependimento de Deus deve ser entendido como misericórdia, como indicação da impossibilidade de suportar a situação pecaminosa gerada pelo homem, que exige a retirada do Seu favor.
Portanto, o texto não expressa que Deus esteja descrevendo sua ação como um erro, pois Ele continua tendo razão em tudo o que faz (Jr 12.1). Na verdade, Ele lamenta que o homem se feche ao propósito do Seu amor. É dessa forma que esse “arrependimento de Deus” nos permite ver o que passa em seu coração. (Norbert Lieth)

ISRAEL, O SUPERSINAL DO FINAL DOS TEMPOS


Quando um repórter de um jornal secular liga e pede razões pelas quais “estudiosos da Bíblia chamam Israel de supersinal do final dos tempos” – você sabe que devemos estar chegando bem perto do prometido retorno de nosso Senhor. Felizmente, eu havia acabado de ler o livro Prophecies for the Era of Muslim Terror [Profecias para a Era do Terror Muçulmano], do rabino Menachem Kohen, no qual ele apresenta uma visão da qual eu nunca havia ouvido falar. Não sendo um cristão evangélico, ele dá as respostas exclusivamente a partir do Antigo Testamento, usando o cumprimento moderno das profecias antigas, as quais, de acordo com Isaías 46.9-11, são a prova inequívoca de que Deus existe. Já dissemos em outras oportunidades que mais da metade das mais de mil profecias do Antigo Testamento já foram cumpridas – independentemente do que dizem os evangelistas do ateísmo. Apenas Deus pode predizer o futuro e fazer com que ele venha a acontecer realmente.
O chamado para o retorno de Israel para a Terra Santa, o lugar exato para onde Deus prometeu trazê-lo nos últimos dias, tem acontecido durante nosso tempo de vida. Ninguém nega que os judeus, depois de estarem espalhados por quase todos os países do mundo, agora formam uma população de quase quinze milhões de pessoas no mundo – o que, em si, já é um milagre. Nenhum outro grupo étnico foi capaz de sobreviver tendo sido arrancado de sua terra natal e permanecido fora dela por mais de trezentos anos ou, no máximo, quinhentos anos, exceto os judeus. Eles foram banidos pelo governo romano depois do levante de Bar Kokhba (cerca de 132-135 anos d.C.), quando tornou-se legal que qualquer um que capturasse um judeu naquela Terra Prometida o matasse imediatamente. É, de fato, um milagre em nossos dias que, depois de 1.700 anos, existam ainda judeus que sobraram para voltar a Israel! Mesmo depois que o nazista louco da Alemanha, possesso de demônio, exterminou 6 milhões de judeus, ainda há uma estimativa de 15 milhões de judeus vivos. Além disso, estima-se que pelo menos um terço deles esteja nos Estados Unidos, outro terço ainda se encontra na Europa ou espalhado em outros 200 países pelo mundo, e o outro terço já migrou para sua Terra Prometida, principalmente durante os últimos 150 anos. Isto é, em si, um milagre inacreditável, mas não é tudo.

É, de fato, um milagre em nossos dias que, depois de 1.700 anos, existam ainda judeus que sobraram para voltar a Israel!
O fato de que tantos ainda existam é apenas parte do milagre! De acordo com o rabino Kohen, isto é apenas parte do milagre sobrenatural. Pois ele aponta que, em proporção direta da migração dos judeus de volta para sua terra, a própria terra tem sido transformada de uma área desértica sem proveito em uma terra que “mana leite e mel”. Na verdade, ela agora é chamada “o cesto de pão” da Europa. Muitos se referem a ela como “Palestina”, um nome que lhe foi dado pelos romanos para insultar os judeus, e que vem da terra dos filisteus, que eram tão imorais e pagãos que tiveram que ser removidos da “Terra Santa”, o que aquele território realmente será um dia. Eu prefiro chamá-la Terra Santa agora!
Como evidência da terra desolada que ela foi durante 18 séculos, o rabino Kohen citou a seguinte descrição, feita pelo famoso escritor americano Mark Twain, durante sua visita à Terra Santa nos anos 1860.
O solo é suficientemente rico, mas é totalmente tomado pelas ervas daninhas. Existe uma desolação aqui que nem mesmo a imaginação pode agraciar com a pompa de vida e ação. (...) Nunca vimos um ser humano em todo o nosso roteiro. Fomos adiante em direção a Jerusalém. Quanto mais prosseguíamos, mais quente ficava o sol e mais rochosa e nua, repulsiva e deprimente, ficava a paisagem. (...) Quase não havia árvores ou arbustos por ali. Mesmo a oliveira e o cacto, aqueles amigos de um solo sem valor, tinham praticamente desertado do país. (...) Jerusalém é sem vida. Eu não desejaria morar lá. É uma terra sem esperança, sombria e desconsolada. (...) A Palestina está assentada sobre saco e cinza. Sobre ela avulta o feitiço de uma maldição que tem feito definhar seus campos e limitado suas energias. (...) A Palestina é desolada e sem encantos. Poderia a maldição da Deidade embelezar uma terra? A Palestina não é mais deste mundo de labuta diária.[1]
A seguir, o rabino Kohen atrai nossa atenção para um fato pouco conhecido que destaca a miraculosa falta de chuva na “Terra Prometida” por causa do julgamento de Deus sobre os judeus devido à sua continuada rebelião contra Ele.
Sabemos que em algumas áreas do mundo a fome ocorre ocasionalmente por causa da escassez das chuvas. Infelizmente, isto acontece, mas na maior parte das vezes, essas ocasiões de fome duram pouco tempo porque os países do mundo são providos de quantidade suficiente de água para manter a vida. Esta condição tem sido verdadeira para todos os países, exceto um. Israel é essa exceção. Este é um país que já foi incrivelmente fértil e que subseqüentemente foi privado das chuvas pela maior parte de 1.800 anos – começando no ano 70 d.C. e continuando até o início do século XX, por quase todos esses 660.000 dias. Virtualmente não houve nenhuma chuva e nenhum alimento durante 1.800 anos – este é um fenômeno totalmente inexplicável e totalmente incrível. Não ter precipitação de chuvas adequadamente por quase dois milênios está além do âmbito das probabilidades estatísticas em qualquer região do mundo – mas em especial onde antes as chuvas haviam produzido uma fertilidade tal que aquela terra era repetidamente descrita como “a terra que mana leite e mel”. Em tempos passados, essa terra fértil ostentava florestas e copiosas colheitas. Até os animais eram semelhantemente afetados. A terra era simplesmente bela em todos os aspectos. Que uma terra assim fértil fosse subitamente privada de água e depois que uma terra assim fértil fosse transformada em um deserto – evoluindo da fertilidade à esterilidade tão rapidamente e tão dramaticamente, parece ilógico. Além disso, esta transformação incomum para uma terra desolada persistiu durante 660.000 dias, algo totalmente sem paralelos nos anais da história mundial.[2]

Uma terra vazia foi transformada na “terra que mana leite e mel”, como acontecia no Antigo Testamento.
Embora a dispersão dos judeus tenha ocorrido por causa de sua rebelião contra Deus ao se recusarem a obedecer ao primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim (Êx 20.3), ela também serviu para livrar a terra, para os judeus, de muitos futuros invasores. Até mesmo muitos dos islâmicos árabes militantes, que, após o século VII surgiram por meio do pagão Maomé, acharam que a terra era inóspita demais para construírem civilizações duradouras naquele lugar.
O que eu acho fascinante neste fato histórico dos 660.000 dias sem chuva, visto que apenas Deus pode enviar e retê-la, é que ela foi retida da Terra Santa por 1808 anos! Mark Twain deve ter chegado para ver o estado lamentável do país justo antes que começasse a chover. Aquele foi praticamente o momento em que os judeus começaram a retornar para sua terra. E, de acordo com meu amigo Joe Farrah, que é proprietário do site jornalístico WorldNetDaily, não apenas começou a chover na metade dos anos 1.800, mas Israel tem continuado a ser uma terra próspera até o dia de hoje. Uma terra vazia foi transformada na “terra que mana leite e mel”, como acontecia no Antigo Testamento. Além do mais, tem sido descoberto gás suficiente ali para fazer Israel não apenas auto-suficiente em combustível, mas também um exportador desse produto para o qual há tanta demanda, que chega a inflamar o ódio dos árabes contra os judeus. E não seria surpresa ver Israel descobrir petróleo. Posso imaginar o que isso faria para aquecer a situação do Oriente Médio.
Israel é “o supersinal” do “final dos tempos” e este é apenas um dos vários sinais. Estamos chegando muito perto do ressoar dos céus (1Ts 4.13-18), que chamará os seguidores do Senhor de volta para casa! (Tim LaHaye - Pre-Trib Perspectives - http://www.beth-shalom.com.br)

O MISTÉRIO DE SIMÃO DE SAMARIA


Alguns autores sempre parecem rápidos em atrair leitores com a promessa de revelar a verdade por trás de determinados “mistérios” da Bíblia. A última vez que procurei, na Amazon.com, por livros com as palavras mistério e Bíblia nos títulos, encontrei nada menos que 1.959 títulos. Muitos, eu presumo, são simplesmente especulações desenfreadas daqueles que carecem de fé na infalibilidade e na inspiração divina das Escrituras.
Após essa introdução, entretanto, deixe-me dizer que existe realmente um verdadeiro mistério em Atos 8. Enquanto o evangelista Filipe pregava o Evangelho por toda a Samaria, ele encontrou um homem chamado Simão, que praticava suas obscuras artes mágicas. Esse mágico impressionava a muitos e, assim, garantiu uma ampla audiência. Quando Filipe anunciou a Jesus Cristo, os seguidores de Simão o deixaram, creram no Salvador e passaram a ser batizados. Lucas, o autor de Atos, observa: “O próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados” (At 8.13).
Porém, a história não termina assim. Depois de observar a poderosa e sobrenatural habilidade dos apóstolos de conceder o Espírito Santo aos crentes em Samaria, através da imposição das mãos, Simão começou a cobiçar o mesmo poder (At 8.18-19).[1] Quando tentou comprá-lo do apóstolo Pedro, recebeu uma das mais severas repreensões encontradas no Novo Testamento (At 8.20-23). A descrição bíblica termina com Simão implorando a Pedro para rogar ao Senhor em seu nome, esperando escapar das conseqüências da condenação que Pedro lançou sobre ele (At 8.24).
Então, eis o mistério: esse antigo mágico creu em Cristo verdadeiramente? O que aconteceu com ele depois do versículo 24?
A resposta a essas perguntas é mais do que um mero detalhe na Bíblia. É a chave para entender o perigo da heresia e da falsa espiritualidade que afligem a cultura popular do século 21, e que tem contagiado a “erudição” bíblica ultraliberal corrente.

A ascensão e a queda de Simão, o Mago

A História registra que o mesmo Simão retornou anos depois como “Simão, o Mago”, um líder de culto herético que apareceu durante o desenvolvimento da igreja primitiva e fundou uma seita pseudo-cristã rival. Os primeiros pais da igreja que escreveram em defesa do verdadeiro Evangelho depois da morte dos apóstolos, dos quais alguns foram até martirizados por isso, relataram extensivamente sobre Simão, o Mago.

Ruína bizantina em Pafos, na costa de Chipre, onde o apóstolo Paulo cegou o mago Elimas (At 13.4-12), depois do confronto de Pedro com Simão, o Mago.
Irineu atribuiu a ascensão do gnosticismo herético a Simão, o qual descreveu como um propagador do falso conhecimento (o gnosticismo enfatiza a obtenção esotérica do “conhecimento secreto” de Deus. Justino Mártir condenou os ensinos de Simão. Hipólito relatou que Simão criara uma vasta filosofia gnóstica e que tentara imitar a ressurreição de Cristo, sendo sepultado vivo, com a promessa de ressuscitar três dias depois. Entretanto, as coisas finalmente acabaram mal para ele quando o “milagre” fracassou.[2]
Os pais da igreja primitiva citaram amplamente os escritos das religiões antigas e heréticas, repletos de menções a Simão, o Mago. O livro apócrifo A Grande Revelação, do século 2, supostamente escrito por Simão (embora mais provavelmente por seus discípulos); o apócrifo Atos de Pedro, do século 3; e a literatura Pseudo-Clementina. A Grande Revelação fala abertamente sobre a posição de Simão como um pretenso redentor; os outros livros mostram Simão como oponente de Pedro, lutando com ele até a morte em Roma. Contam que Pedro supostamente frustrou a tentativa de Simão de flutuar no ar, fazendo com que ele caísse por terra.[3]
O gnosticismo é uma seita herética que desapareceu lentamente, mas a significância de Simão como progenitor da falsa espiritualidade continuou por quase dois milênios, através de representações na arte e na cultura. Michelangelo desenhou um esboço da batalha mítica entre Simão e Pedro; o artista Avanzino Nucci, no século 17, pintou uma cena representando a disputa de Pedro com Simão; e numerosos outros artistas usaram Simão, o Mago, como tema. Simão até aparece em altos-relevos de catedrais. A Divina Comédia de Dante menciona Simão no Canto XIX, na parte interior do inferno:
Ó Simão, o Mago, e todos aqueles que te seguiram, profanando e vendendo as coisas de Deus pelo preço de ouro e prata! Em vossa homenagem devo soar a trombeta, pois é aqui, nesta terceira vala, onde estais!”.

A ascensão do ceticismo

Então, com a aproximação do século 20, algo aconteceu. Simão, o Mago, que fora visto por quase dois mil anos como um modelo de heresia, obteve um tipo de salvo-conduto histórico. Típico da história das igrejas liberais que começam a duvidar da sua influência concreta é o texto:
Teorias (dos pais da igreja primitiva) sobre as origens e fontes do gnosticismo (que eles gostavam de remontar ao passado, por uma sucessão de mestres até Simão, o Mago, representado na narrativa de Atos 8.9-24), foram, na maioria, produzidas para servir às necessidades da sua polêmica... seu entendimento e seu tratamento das idéias gnósticas podem ser parciais e não-simpáticas mesmo quando seus relatos são fiéis”.[4]
Note que os motivos dos pais da igreja primitiva são considerados suspeitos, não a precisão de seus escritos sobre Simão, o Mago. Muitos teólogos e historiadores da igreja citados acima (do Union Theological Seminary, um baluarte do pensamento religioso liberal) também admitiram relutantemente: “As fontes que esses escritores usaram [muitas vezes] são dignas de confiança e o relato deles é preciso”.[5]
Outra razão para o declínio da posição de Simão como herético ocorre pelo fato de que o próprio conceito de heresia caiu de moda. Heresia (falsa doutrina) implica que haja uma doutrina verdadeira. Porém, os estudiosos liberais tentam reduzir o credo doutrinário e o fundamento da fé à irrelevância total.
O auto-declarado liberal John Shelby Spong afirmou abertamente que os cristãos precisam enfrentar “uma devastadora compreensão – a saber, que o credo doutrinário elementar da fé cristã foi criado para atender uma condição humana que simplesmente não é verdadeira”.[6] Robert Funk, fundador do ultraliberal Jesus Seminar, escreveu que a ascensão dos “heréticos” realmente começou apenas quando bispos discordantes recusaram apoio à “ortodoxia” oficial, no Concílio de Nicéia, em 325.[7] Por alguma razão, Funk, que admite que o Credo dos Apóstolos pode ser até da época do século 2[8], não vê a ironia nessa datação: o Credo – que antecede o Concílio de Nicéia de Constantino em mais de 100 anos – foi criado para sistematizar as crenças fundamentais da igreja primitiva e para distingui-las das heresias. Essas heresias ameaçavam distorcer a verdade histórica sobre Jesus e a mensagem verdadeira do Evangelho.
A última distorção de Funk (deveríamos chamá-la de “heresia” histórica) foi refletida no romance de Dan Brown, famosamente impreciso e popular: O Código Da Vinci. Um dos personagens do livro proclama: “A igreja primitiva literalmente roubou Jesus dos Seus seguidores originais, monopolizou Sua mensagem humana, envolveu-o em um manto de divindade e usou isso para expandir seu próprio poder”. E, além disso: “Constantino encomendou e financiou uma nova Bíblia, que omitiu esses evangelhos [gnósticos] que falam dos traços humanos de Jesus e embelezou aqueles evangelhos que o fazem divino”.[9]
Não é de admirar que o pensamento popular dos séculos 20 e 21 esqueceu a moral por trás da história de Simão, o mago de Samaria. Quando a possibilidade da verdade teológica objetiva é colocada em dúvida e a história é reescrita com tendenciosidade antibíblica, a idéia da verdade doutrinária torna-se arcaica – uma curiosidade antiquada.

O ressurgimento do Mago

Ao mesmo tempo em que os estudiosos liberais estavam tentando fazer Simão, o Mago parecer irrelevante, um novo fenômeno crescia, celebrando abertamente sua influência herética. Em 1875, Helena Blavatsky lançou um novo movimento, chamado “teosofia”. Estabeleceu-se a Sociedade Teosófica, que afirma que só se pode conhecer a Deus através do misticismo.[10] Os princípios do movimento apresentavam uma forte semelhança com os antigos ensinos do gnosticismo e da filosofia de Simão, o Mago, em particular. G. R. S. Mead, um líder teosofista do começo do século 20, escreveu:
O renascimento atual da pesquisa teosófica lança uma enxurrada de luz nos ensinos de Simão, sempre que podemos encontrar qualquer relato de primeira mão deles, e mostra que eram idênticos em seus fundamentos com a Filosofia Esotérica de todas as grandes religiões do mundo.[11]
Enquanto a teosofia é um movimento formal extinto, suas raízes gnósticas permanecem; e elas continuam a energizar e dar informação às religiões do movimento Nova Era.[12] O sucesso mundial de O Código da Vinci e a publicidade com relação ao “Evangelho de Judas”, um texto gnóstico destacado pela National Geographic, são evidências de que as doutrinas fraudulentas de Simão, o Mago, e de sua laia, que se imaginava extintas há muito tempo, rondam agora os salões da academia religiosa e se manifestam na cultura popular.

Por que a verdade é relevante

Apesar de sua aparente conversão, Simão de Samaria era realmente um herege camuflado com motivos corruptos, mantidos ocultos até seu contato dramático com Pedro em Atos 8.18-24?
Os fatos históricos apóiam fortemente essa conclusão. Vários comentaristas bíblicos, incluindo F. F. Bruce, duvidam da sinceridade da profissão de fé de Simão (v. 13). De fato, alguns importantes sinais no texto bíblico nos ajudam a concluir que a profissão de fé de Simão não foi sincera. Sua “conversão” aconteceu somente depois que ele perdeu sua audiência para Filipe (At 8.11-12). A Bíblia conta que Pedro e João impuseram as mãos para que os cristãos samaritanos recebessem o Espírito Santo (At 8.17). Mas Simão, cujo nome foi referido nos versículos 10-13, não é citado entre os que receberam o Espírito Santo.

O gnosticismo é uma seita herética que desapareceu lentamente, mas a significância de Simão como progenitor da falsa espiritualidade continuou por quase dois milênios, através de representações na arte e na cultura. O artista Avanzino Nucci, no século 17, pintou uma cena representando a disputa de Pedro com Simão.
Mais importante ainda: as ações de Simão evidenciaram os frutos podres de um coração que não se arrependeu. Pedro o acusou de “maldade” e de estar em “fel de amargura e laço de iniqüidade” (At 8.22-23). Além disso, quando Pedro instruiu Simão a arrepender-se e a orar por perdão, ele não o fez. Em vez disso, pediu a Pedro: “Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a mim” (At 8.24). A fala de Simão não revela arrependimento sincero, simplesmente um desejo de evitar o julgamento.
O texto de Atos 8, unido à reprovação dos pais da igreja primitiva em relação a Simão, o qual consideravam o príncipe da heresia, leva-nos a concluir que o coração dele nunca deixou as tendências pagãs de um mago. Depois de seu contato superficial com o Cristianismo, ele simplesmente adaptou sua filosofia corrupta para enfraquecer a recente formação da Igreja de Jesus Cristo, como um parasita tira o alimento de seu hospedeiro. O gnosticismo, que usa o nome de Cristo, mas exalta a falsa idéia de alcançar a divindade através do conhecimento secreto, atendia sua predileção pelas misteriosas artes secretas e esotéricas.
Esse tipo de falsa profissão de fé não é único no registro bíblico. Em Gênesis, o sacrifício de Caim aparentou obediência; mas ocultou um coração corrupto e idéias próprias de chegar a Deus. Nos Evangelhos do Novo Testamento, Judas andou diariamente com os discípulos de Jesus, e eles aparentemente não tiveram nenhuma suspeita de que ele era um traidor e um impostor espiritual.
A proliferação de rituais religiosos, gurus espirituais e falsas religiões é um desafio constante para a Igreja. A lição de Simão, o Mago, ainda é clara: falsos profetas e ensinadores são um grande perigo quando aparentam seguir práticas familiares e tradições cristãs, enquanto alimentam idéias que são contrárias às Escrituras. Somos avisados: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 Jo 4.1).
Porém, há ainda outra razão para atentar na lição de Simão de Samaria. O Senhor nos adverte a que nos apeguemos à verdade: “A graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17). Vamos discernir a verdade, praticá-la e nos firmar em Jesus, o Único que veio para nos salvar. (Craig L. Parshall — Israel My Glory — Chamada.com.br)

A ESPOSA DEVE MESMO SUBMETER-SE AO MARIDO?

Pergunta: “A ordem bíblica de que a esposa deve submeter-se ao marido ainda é válida hoje em dia? E quando ele nem é crente?”.
Resposta: Todo o Universo é mantido coeso pelas leis naturais. Sem elas, tudo sucumbiria no caos e a vida seria impossível no planeta Terra. A Bíblia nos diz que Deus é o Criador deste Universo e estabeleceu as leis que o regem e garantem seu funcionamento: “Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para que as águas não traspassassem seus limites; quando compunha os fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto...” (Pv 8.27-30). “Ou podes tu atar as cadeias do Sete-estrelo ou soltar os laços do Órion? Ou fazer aparecer os signos do Zodíaco ou guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, podes estabelecer sua influência sobre a terra?” (Jó 38.31-33). Essas ordens firmadas e estabelecidas por Deus asseguram que o Universo siga seu curso harmoniosamente.
Com o mesmo propósito, porém em um âmbito mais restrito, Deus deu à humanidade os Seus mandamentos e as Suas ordens. Quando nos norteamos por elas, torna-se possível uma coexistência harmoniosa. Quer seja o relacionamento entre marido e mulher, entre pais e filhos ou entre governos e cidadãos, a aplicação das leis e regras divinas ajudará a proteger e manter a ordem e contribuirá para o bem de todos. E todas essas ordens são uma glorificação dAquele que as criou.
Submissão é sujeitar-se a uma instância superior. Isso nada tem a ver com discriminação. Pelo contrário, representa o mecanismo na dinâmica do relacionamento. É como uma engrenagem que se encaixa perfeitamente na outra, fazendo o todo funcionar. Quando a ordem divina é obedecida, instala-se a harmonia, semelhante ao funcionamento de um relógio de precisão.
Deus espera que obedeçamos aos Seus preceitos. Se o fizermos, seremos abençoados pessoalmente e, juntamente conosco, todos aqueles com quem convivemos. O resultado de ater-se às regras bíblicas é a bênção de Deus e a paz no coração.
Das ordens de Deus também faz parte o princípio da submissão. Vemos, por exemplo, que Jesus se submetia a Seu Pai, pois Ele mesmo disse: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz” (Jo 5.19). Assim como o Filho se submetia ao Pai, na igreja local os membros devem submeter-se aos anciãos (segundo a Bíblia, sempre homens). Na família, as mulheres devem submeter-se a seus maridos e os filhos aos pais.
Esses princípios bíblicos foram dados por Deus para nosso próprio bem. Quando os seguimos, o casamento funciona, a família é funcional e a igreja também convive em harmonia. Isso acontece porque os princípios e mandamentos correspondem Àquele que os inventou. É como um computador, que só funciona a contento quando recebe os programas compatíveis. Somente assim ele desempenhará ao máximo todas as funções para as quais foi concebido.
As diretrizes divinas e os Seus mandamentos não têm o alvo de tolher nossa liberdade, mas servem de orientação para nossa vida e propiciam a melhor convivência entre os seres humanos.
A Bíblia diz a respeito: “Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura. Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados. Servos, obedecei em tudo ao vosso senhor segundo a carne, não servindo apenas sob vigilância, visando tão-somente agradar homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor. Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Cl 3.18-23). Na carta aos Efésios, Paulo escreve: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor, porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja” (Ef 5.21-25,28-29).
O apóstolo Pedro complementa: “Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma” (1 Pe 3.5-7).
Em todo esse contexto a regra áurea deve ser aplicada sempre: “sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5.21). Ou, como disse o Senhor Jesus: “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos” (Mc 9.35). Depois de conhecer, é hora de colocar em prática na nossa vida diária todos esses princípios preciosos. Mais uma vez: os membros da igreja se submetem aos seus anciãos, que por sua vez têm grande responsabilidade diante de Deus. Na família, primeiramente o marido sujeita-se a Cristo. A mulher é instada a sujeitar-se ao marido, e os filhos, por sua vez, obedecem aos pais. Na sociedade, as autoridades são instituídas por Deus (Rm 13) e deveriam governar de forma responsável diante de Deus; o povo deve submeter-se aos líderes e orar por eles.
Quando lemos atentamente as passagens bíblicas citadas percebemos que existem mais exigências voltadas ao comportamento do marido do que ao da mulher! O esposo é instado a amar sua esposa, a sacrificar-se por ela, a respeitá-la e a valorizá-la, não criticando-a nem tratando-a rudemente. O marido deve amar sua esposa da forma que Cristo ama Sua Igreja.
Submissão não significa rebaixamento ou obediência a qualquer custo. Deus não manda que a esposa seja capacho do marido. Submissão bíblica é sujeição voluntária ao parceiro. Mas isso apenas funcionará quando nem um nem outro usar o cônjuge como um meio para alcançar algum fim, ou o relacionamento matrimonial para realizar seus próprios interesses egoístas. No relacionamento entre marido e mulher segundo a Bíblia, nenhum dos dois deve buscar seus próprios alvos egocêntricos ou suas preferências pessoais, antes, cada um deve servir e amar ao outro.
Quando uma esposa experimenta esse amor despreendido de seu marido, procurará fazer-lhe o bem e não terá dificuldades em submeter-se e em deixá-lo assumir a responsabilidade final. Quando a esposa tratá-lo assim, ele terá alegria em desempenhar seu papel, conduzindo sua família e seu casamento da maneira que Deus quer.
E quando um dos cônjuges não é crente? Também nesse caso nós cristãos somos exortados a nos portar segundo os padrões bíblicos. Os maridos crentes devem amar suas esposas não-crentes da forma já descrita: sacrificialmente, com respeito, valorizando-a, não sendo rude, nem magoando-a. As mulheres cristãs também devem comportar-se para com seus maridos não-cristãos como lemos no Novo Testamento: “Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido”. “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor. Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus (Ef 5.24; 1 Pe 3.1-4).
A palavra-chave em todo esse assunto é sempre o amor. Amor que valoriza o próximo, que o honra e demonstra boa vontade, colocando o outro acima de si mesmo. (Samuel Rindlisbacher)