23 de set. de 2013

9 REGRAS PARA A VIDA ESPIRITUAL

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22-23).
O Espírito Santo é prático, ajuda-nos a viver um discipulado ativo e é a força que faz nosso conhecimento espiritual se expressar em obras concretas. Ele nos transforma no caráter de Cristo, de quem está escrito: “Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar” (At 1.1). O Senhor Jesus foi, sem dúvida, o maior e mais influente Mestre que já existiu. Seu ensino consistia em primeiro fazer e depois falar, transmitindo oralmente sua lição: “...Jesus começou a fazer e a ensinar”. Isso impressionava os ouvintes e não ficava sem resultados. Não é um perigo constante para nós saber tanto da Bíblia sem apresentar resultados e sem transformar esse conhecimento em atitudes? Muitas vezes sabemos o que é certo mas não o fazemos. Nossos vizinhos, colegas de trabalho ou estudo, nossos parentes ou nossos filhos olham para nós, vêem o que fazemos e ouvem o que dizemos. Será que as palavras que pronunciamos sublinham o que fazemos, ou nossos atos gritam tão alto que ninguém quer ouvir o que temos a dizer?
Como o fruto do Espírito em Gálatas 5.22 tem nove facetas, Provérbios 3 é uma unidade, mas nos apresenta nove regras bem práticas para nossa conduta cristã.

1. Confie em Deus

Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3.5). As pessoas ao nosso redor vêem em nós alguém que confia em Deus? Alguém que fala com o Senhor em oração e que lança sobre Ele todos os seus fardos e problemas? Alguém que, como Jó, José ou Daniel, sabe aceitar as situações de crise com atitude de confiança, que não desanima e não deixa sua fé vacilar? Viver uma vida confiante e provar que realmente se confia em Deus causa uma impressão muito mais profunda do que apenas falar em confiança e esperar essa postura dos outros.
"Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3.5).
A razão desempenha um papel importante na vida espiritual e não deveria ser desligada. Às vezes, porém, ela pode interpor-se no caminho se não estiver sob o domínio do Espírito de Jesus. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.7). “...levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5).
Duvidar do que Deus faz e questionar Sua Palavra não ajudam em nada nosso avanço na fé. Somente quem confia e crê que Deus sabe o que faz e que Ele sempre faz tudo da maneira correta manterá a paz do Senhor em seu coração. O Espírito Santo quer nos assistir na hora de colocar em prática essa confiança irrestrita em Deus.
Alguém disse: “Coisas que nos confundem, situações para as quais não temos nenhuma solução têm um alvo bem definido: são parte do quebra-cabeça da nossa vida. Deus sabe onde se encaixa cada peça. Obviamente gostaríamos de ver o jogo acabado, mas enquanto vivermos ele não estará terminado. É por isso que entendemos tão pouco a Deus. Parece que todos os dias olhamos para o que Suas mãos estão fazendo, mas vemos apenas as partes que Ele move, uma vez que aqui na terra jamais veremos o quebra-cabeça finalizado”. Isso exige confiança!

2. Estabeleça prioridades espirituais

Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3.6). A palavra “reconhecer” significa que devemos colocar o Senhor acima de tudo, no sentido de: “pense em Deus em tudo o que você fizer”, “deixe que o Senhor sempre seja a motivação para tudo o que você faz”, “busque em primeiro lugar o reino de Deus”. Se buscamos a vontade de Deus em tudo o que fizermos, o Senhor nos permitirá reconhecer Sua direção, ainda que não de imediato.
Em que áreas de nossa vida não queremos ou não deixamos que Deus interfira ou dê Sua opinião? Geralmente essas são as áreas que nos causam os maiores problemas. Se envolvermos o Senhor Jesus em tudo o que fizermos, Ele nos conduzirá de forma a que Sua vontade seja feita, e certamente não sairemos prejudicados em nada.

3. Seja espiritualmente saudável

Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos” (Pv 3.7-8). “Ler é para o espírito o que a ginástica é para o corpo”, já dizia Joseph Eddison, escritor inglês do século 18. Isso vale ainda mais para a leitura da Bíblia. Ler e estudar a Palavra de Deus fazem para a alma o que o esporte e a ginástica fazem pelo corpo. Já que alma e o corpo estão em uma relação íntima, a saúde espiritual muitas vezes também se reflete no corpo físico. Quando a alma adoece, o corpo adoece também, e vice-versa. O apóstolo João escreve acerca dessa ligação entre corpo e alma: “Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma” (3 Jo 2).
Na Medicina sabe-se hoje que pressões emocionais como estresse, pecado, raiva, preocupação ou falta de perdão podem causar doenças físicas, e que em sentido inverso, a cura dos conflitos emocionais pode contribuir para a cura do corpo. Isso obviamente não quer dizer que pessoas felizes e espiritualmente saudáveis não fiquem doentes. Outros fatores também desempenham seu papel, como os genes, o ambiente, acidentes, contágio, etc.
Mas o que está se confirmando cientificamente e é cada vez mais pesquisado em termos de saúde é o que a Bíblia já nos ensina há muito tempo. Ter paz com Deus e segui-lO de todo o coração é melhor do que “espertos” conselhos humanos acerca de aptidão física com que nos defrontamos diariamente e que movem um mercado milionário. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos”.
Tanto dinheiro é gasto com vitaminas, suplementos alimentares, dietas e terapias. Nem sempre isso é necessariamente mau, mas podemos nos perguntar se uma vida no temor de Deus não traria proveito maior para o corpo, a alma e o espírito. Nesse contexto gostaria de citar a Romanos 12.1-2: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (NVI).
Provérbios 4.22 diz acerca dos ensinamentos de Deus: “Porque são vida para quem os acha e saúde, para o corpo”. E Paulo escreve: “Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1 Tm 4.8).

4. Lide espiritualmente com as coisas materiais

Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3.9). Martim Lutero teria dito: “Segurei muitas coisas com as mãos e perdi todas elas. Mas ainda possuo tudo que depositei nas mãos de Deus!”.
“Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3.9).
Provavelmente não existe nada melhor para se reconhecer o que domina numa vida do que a maneira de lidar com suas posses. É o Espírito Santo quem manda, ou é a carne? É o Espírito ou a avareza? É dar ou receber? É doar ou manter? São as primícias ou o restolho? Paulo descreve muito bem como se manifesta a direção do Espírito em coisas materiais no testemunho que dá acerca das igrejas da Macedônia (das quais fazia parte também a igreja de Tessalônica), dizendo que os crentes de lá deram até “acima de suas posses” “não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos...” (veja 2 Co 8.1-8).
Os tessalonicenses tinham se convertido radicalmente a Jesus Cristo. Paulo diz que seu testemunho era bem conhecido e todos sabiam que eles haviam se convertido dos ídolos para se voltar para Deus e para servi-lO, e que viviam na expectativa da volta do Senhor (1 Ts 1.9-10). Bem se vê que dessa grande virada fazia parte a conversão de suas carteiras, uma vez que a avareza também é idolatria (Cl 3.5).
William MacDonald escreve acerca do comportamento de muitos cristãos de hoje: “Admitindo que uma piedosa busca pelo lucro tenha a ver com a bênção de Deus, nos rebaixamos a ponto de adorar o dinheiro”.[1] Randy Alcorn traz um exemplo muito impressionante do quanto são passageiras as coisas que muitas vezes nos custam tanto dinheiro:
Como podemos transmitir a nossos filhos de forma direta e convincente todo o vazio do materialismo? Tente levá-los a uma excursão por um ferro-velho ou a um aterro sanitário. Isso pode se tornar um verdadeiro evento familiar. (As filas são menores do que nos parques de diversões, a entrada é franca e os meninos adoram!) Mostre-lhes todas as montanhas de “preciosidades” que um dia foram presentes de Natal ou de aniversário. Mostre coisas que custaram centenas de reais, coisas pelas quais seus filhos brigaram, coisas que destruíram amizades, que sacrificaram a honestidade e fizeram casamentos desmoronar. Mostre a eles a miscelânea de braços e pernas e restos de bonecas, robôs enferrujados e aparelhos elétricos jogados fora depois de uma breve vida útil. Mostre-lhes que a maioria das coisas que uma família possui, cedo ou tarde, acabará num lixão igual a esse. Leia 2 Pedro 3.10-14 onde está escrito que tudo se queimará no fogo. E então faça a impressionante pergunta: “Se tudo o que possuímos acaba jogado aqui, inútil e estragado, o que podemos adquirir que permaneça por toda a eternidade?”.[2]
Outra pessoa se expressou assim: “Todo bem material pode ser transformado em um tesouro que dura para sempre porque tudo o que dermos a Cristo se torna eterno”. Talvez pouparíamos muito dinheiro na oficina mecânica, na reforma da casa ou em outras despesas, se seguíssemos a regra de buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça. Dar é melhor que receber, diz a Bíblia, e essa máxima continua plenamente válida.

5. Aceite a disciplina

"Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enfades da sua repreensão. Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem"
(Pv 3.11-12).
Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enfades da sua repreensão. Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem” (Pv 3.11-12). Esses versículos também são mencionados em Hebreus 12.5ss. e Apocalipse 3.19, sempre em imediata relação com o amor do Pai celestial. Disciplina e repreensão podem servir a propósitos diversos.
A disciplina divina pode ser uma medida para levar as pessoas a se converter a Jesus. Muitas só percebem que precisam de Deus e se abrem para Ele quando estão em apuros.
Disciplina também pode ser uma medida contra o pecado, para corrigir um filho de Deus, para conduzi-lo ao arrependimento e protegê-lo de cair.
Existe a possibilidade de o Senhor fazer uso do recurso da disciplina ou da advertência para que a graça de Deus se manifeste ainda mais abundantemente. Isso aconteceu com o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 12.7ss., onde vemos que ele foi protegido da soberba, sofrendo para que se mantivesse humilde. Deus se agradava de Paulo e queria mantê-lo nessa condição; para tanto, usou do recurso de permitir coisas desagradáveis em sua vida.
Não devemos colocar a disciplina e a admoestação sempre no mesmo nível do castigo e da ira de Deus que nos açoita. O texto acima não diz que Deus disciplina alguém de quem Ele não se agrada, mas é justamente o contrário que acontece: Ele disciplina o filho a quem quer bem. Nesse tipo de disciplina, o que está em ação é a pedagogia amorosa do Pai celestial perfeito, é a correção prática para nos manter no caminho e para nos levar adiante, já que Ele tem um alvo maravilhoso preparado para nós.

6. Seja prudente

Filho meu, não se apartem estas coisas dos teus olhos; guarda a sabedoria e o bom siso” (Pv 3.21). Com esse conselho espiritual, Salomão tinha em mente o que acabara de dizer. Ele havia falado da preciosidade da sabedoria divina. Por Sua sabedoria Deus criou e manteve os céus (vv.13-20). Assim, a sabedoria divina está subjacente a todas as coisas da vida – incluindo a salvação por Jesus Cristo, como já sabemos. Portanto, somente nos resta uma conclusão: a sabedoria divina, que vem de Sua Palavra e é inspirada pelo Espírito Santo, é a melhor sabedoria que alguém pode alcançar e que deveria almejar antes de qualquer outra coisa.
Mais do que nunca, são necessárias pessoas aptas a dar bons conselhos, que com tato e amor tomem os outros pela mão para conduzi-los a Jesus e à vida eterna.
Deus tornou louca a sabedoria deste mundo porque ela está voltada apenas para o aqui e agora e não para a eternidade. Em contrapartida, Deus faz uso da “loucura da pregação” para salvar os homens (veja 1 Co 1.20-21). O Santo Espírito de Deus mostra que mesmo a “loucura” de Deus (que na realidade não existe) ainda é muito superior à sabedoria deste mundo. Nós, cristãos, não devemos nunca perder de vista essa perspectiva, especialmente diante das milhares de opções que o mundo nos oferece. A supremacia e a superioridade da sabedoria divina deveriam nos nortear sempre.
Um conhecido psicanalista, psicoterapeuta e médico disse: “Em mais de mil horas de análise, com a ajuda do analista, tentei me transformar e me realizar... Meu alvo principal – conseguir amar profundamente, de verdade – não foi tocado nem de leve. Somente quando me abri para o amor de Deus senti que me tornei capaz de amar de forma desapegada” (Dr. Markus Bourquin).

7. Seja generoso

Devemos ajudar a quem realmente precisa. Não devemos dar sem razão, mas fornecer suporte efetivo para quem de fato necessita.
Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo. Não digas ao teu próximo: Vai e volta amanhã; então, to darei, se o tens agora contigo” (Pv 3.27-28). Isso nos lembra das palavras de Jesus: “Dá a todo o que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em demanda” (Lc 6.30).
Uma das mais gratas lembranças que tenho de Wim Malgo, o fundador da nossa missão, era sua generosidade e sua alegria em dar e ajudar. Onde ele via alguma necessidade, reagia prontamente e ajudava, e o Senhor o abençoou muito.
Vez por outra ouve-se dizer que é tolice emprestar alguma coisa para um pobre, já que ele não poderá devolver o empréstimo. A Bíblia nos ensina que devemos contar com essa possibilidade, e ajudar mesmo assim. Pois segundo os versículos 27 e 28, três coisas devem ser observadas:
Não te furtes a fazer o bem a quem de direito...” Devemos ajudar a quem realmente precisa. Não devemos dar sem razão, mas fornecer suporte efetivo para quem de fato necessita.
...estando na tua mão o poder de fazê-lo.” Devemos ajudar de forma a manter a visão do todo e na medida do que podemos suportar materialmente. Não faz sentido servir de fiador ou doar tanto a alguém ou a alguma organização a ponto de nós mesmos ficarmos necessitados. Não é correto emprestar e depois pedir emprestado.
Não digas ao teu próximo: Vai e volta amanhã; então, to darei, se o tens agora contigo.” Onde podemos ajudar, deveríamos fazê-lo logo e não deixar nosso próximo esperando pelo cumprimento da nossa promessa. Ajuda não deve ser negada nem protelada com desculpas piedosas (veja Tg 2.15-16).

8. Seja sincero

Não maquines o mal contra o teu próximo, pois habita junto de ti confiadamente. Jamais pleiteies com alguém sem razão, se te não houver feito mal” (Pv 3.29-30). Esse conselho é especialmente significativo na convivência familiar, por exemplo no casamento, com os pais, os sogros, os parentes que moram na mesma casa. Perfídia, inveja, intriga, fofoca, acusação... tudo isso repugna ao Espírito Santo. Obviamente essa regra espiritual também se aplica à convivência na comunhão da igreja. O Novo Testamento diz: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18).

9. Tenha discernimento

Se um pedaço de ferro pudesse falar, o que diria? Ele diria: ‘Eu sou escuro, eu sou frio, eu sou duro’. Bem verdade! Mas coloque esse pedaço de ferro no fogo e espere um pouco, até que o fogo tenha demonstrado seu poder. O que ele diria agora? A escuridão se foi, o frio se foi, a dureza se foi, o ferro passou por uma transformação.
Muitos cristãos admiram o sucesso dos que o conseguiram por meios ilícitos ou duvidosos, invejam suas conquistas, sua influência e seu reconhecimento. Também olham para personalidades duvidosas do mundo do cinema ou da música e desejam um naco de sua “sorte”. Nos filmes e na televisão, essas celebridades são heróis, mas vivem cometendo adultério, trocando de parceiro, praticando violência, enganado os outros ou falando contra Deus.
William MacDonald escreve: “Nos tornamos vítimas entusiasmadas de programas televisivos imbecis ... De bom grado permitimos ser ‘prensados dentro do formato deste mundo’ (Rm 12.2), assumimos sua maneira de falar, de se divertir e de pensar”.[1] Não deveríamos admirar a prosperidade daqueles que não buscam um relacionamento com o Senhor Jesus, “porque o Senhor abomina o perverso” (v.32) e “as más conversas corrompem os bons costumes” (1 Co 15.33; veja também Fp 3.18-19).
Lemos sobre os nove aspectos do fruto do Espírito: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros” (Gl 5.22-26).
Muitos podem estar se perguntando como se transforma isso em prática de vida. C.H. Spurgeon nos fornece uma boa diretriz nesse sentido:
Se um pedaço de ferro pudesse falar, o que diria? Ele diria: ‘Eu sou escuro, eu sou frio, eu sou duro’. Bem verdade! Mas coloque esse pedaço de ferro no fogo e espere um pouco, até que o fogo tenha demonstrado seu poder. O que ele diria agora? A escuridão se foi, o frio se foi, a dureza se foi, o ferro passou por uma transformação. Mas se esse pedaço de ferro pudesse falar, com certeza não iria louvar a si mesmo, uma vez que ferro e fogo são duas coisas bem distintas. Se ele pusesse se gloriar, iria se gloriar do fogo, que o transformou em um material bem diferente. – Assim, em mim mesmo eu sou escuro, frio e duro; mas quando o Senhor toma posse de minha alma, quando Seu Espírito penetra em meu coração e fico repleto do Seu amor, então vai embora tudo que é tenebroso, toda a dureza e toda a frieza, e mesmo assim a honra não cabe a mim, mas ao Senhor que fez a obra.
Quem se entrega incondicionalmente ao Senhor experimentará transformação. (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)

PROMESSAS SOBRE ISRAEL

Desde o segundo século depois de Cristo, muitos de dentro da Igreja têm afirmado que ela substituiu Israel para sempre. Na metade do segundo século, Justino Mártir, em seu famoso Dialogue with Trypho, a Jew [Diálogo com Trifão, um Judeu], chamou a Igreja de “a verdadeira raça israelita”, com base em que “Cristo é Israel”. Justino continua:
Tais são as palavras das Escrituras; portanto, entendam que a semente de Jacó agora se refere a algo mais, e não como se pode supor, que fale sobre o seu povo. Pois não é possível que a semente de Jacó, ou que Deus tenha aceitado aquelas mesmas pessoas a quem Ele reprovara como sendo inadequadas para a herança, e que prometa essa mesma herança a elas novamente.[1]
Passou apenas uma geração depois do encerramento do cânon do Novo Testamento, e já nasceu a horrível teologia de que Israel foi para sempre substituído pela Igreja. Ainda mais perturbador para nós, atualmente, é o fato de que essa teologia não apenas sobrevive em nossos dias, mas está em alta nos meios evangélicos que costumavam ser sempre isentos de tais visões.

As Promessas Sobre a Terra Para Israel

Por todo o Antigo Testamento, começando em Gênesis, o Senhor fez promessa após promessa a Abraão, Isaque, Jacó e a seus descendentes de que a terra de Israel pertence ao povo judeu. A promessa é repetida cerca de vinte vezes no livro de Gênesis.[2] O livro de Deuteronômio fala pelo menos vinte e cinco vezes que a terra é um presente do Senhor ao povo de Israel (Dt 1.20,25; 2.29; 3.20; 4.40; 5.16; etc.). Walter Kaiser, estudioso do Antigo Testamento, observa: “sessenta e nove vezes o escritor de Deuteronômio repetiu a promessa de que Israel um dia ‘possuiria’ e ‘herdaria’ a terra que lhe fora prometida”.[3] Os Salmos, o livro de adoração ao Senhor, freqüentemente levam o adorador a ações de graça ao Senhor por Suas promessas de aliança e por Sua fidelidade. Por exemplo, o Senhor declara: “Pois o Senhor escolheu a Sião, preferiu-a por sua morada: Este é para sempre o lugar do meu repouso; aqui habitarei, pois o preferi” (Sl 132.13-14).
Por todo o Antigo Testamento, os profetas mostram promessa após promessa desse tempo de restauração futura daquela terra (Is 11.1-9; 12.1-3; 27.12-13; 35.1-10; 43.1-8; 60.18-21; 66.20-22; Jr 16.14-16; 30.10-18; 31.31-37; 32.37-40; Ez 11.17-21; 28.25-26; 34.11-16; 37.21-25; 39.25-29; Os 1.10-11; 3.4-5; Jl 3.17-21; Am 9.11-15; Mq 4.4-7; Sf 3.14-20; Zc 8.4-8;10.11-15). Mesmo assim, a despeito da abundância de declarações tão claras no Antigo Testamento, muitos nos saguões acadêmicos da Igreja dizem que Deus deserdou Seu povo no Novo Testamento.
Falando sobre as promessas da terra a Israel, o estudioso britânico N. T. Wright é típico da mentalidade que vem da academia em nossos dias. Ele diz:
As tentativas modernas de reavivar esse nacionalismo geográfico, e dar a ele um colorido “cristão”, provocam a seguinte e muito importante reflexão teológica: a tentativa de “transportar” algumas das promessas do Antigo Testamento sobre Jerusalém, a Terra, ou o Templo, para que seu cumprimento ocorra em nossos dias tem o mesmo formato teológico que a tentativa do catolicismo da pré-Reforma de achar que Cristo estava sendo recrucificado em cada missa. (...) Se a ira de Deus, sobre a qual Jesus e Paulo falaram realmente tivesse terminado com os horríveis eventos do ano 70 d.C., a única atitude adequada das gerações subseqüentes acerca dos judeus, do Templo, da Terra de Jerusalém deveria ser de pesar ou de dó. Nesse ponto, o “Sionismo Cristão” é o equivalente geográfico de um, por assim dizer, apartheid “cristão”, e deveria ser rejeitado como tal.[4]
Wright segue adiante dizendo que todas essas promessas do Antigo Testamento não devem ser entendidas literalmente, mas são, de certa forma, cumpridas não-literalmente através da primeira vinda de Jesus e da formação do corpo global de Cristo. Ele afirma:
...a leitura completa do Novo Testamento sobre as promessas, de acordo com as quais, como disse Paulo, todas se tornaram realidade no Messias (2 Co 1.20). Isso não é simples “espiritualização”. Em vez disso, essas promessas, vistas através das lentes da cruz e da ressurreição, foram, em certo sentido, afuniladas por um lado, e, por outro lado, foram ampliadas para incluir toda a ordem criada.[5]
Onde é que o Novo Testamento ensina que Israel foi deserdado de sua terra? Por que o Novo Testamento não menciona isso? O Novo Testamento não o menciona porque isso nunca aconteceu.
Walter Kaiser propôs a seguinte resposta ao sofisma filosófico de Wright:
Há pelo menos cinco erros fatais no pensamento daqueles que apóiam a tese da Teologia da Substituição: (1) A “Nova Aliança” foi feita com a casa de Israel e de Judá. Deus nunca fez uma aliança formal com a Igreja; (2) O fracasso dos judeus, assim como o fracasso da Igreja, estava calculado no plano de Deus (Rm 11.8); (3) O Novo Testamento ensina claramente que Deus não rejeitou o Israel desobediente (Rm 11.25-26), pois eles são os ramos naturais nos quais a Igreja foi enxertada; (4) O aspecto “eterno” da promessa sobre aquela terra não deve ser igualado ao aspecto “eterno” do sacerdócio arônico (1 Cr 23.13) ou aos descendentes de Recabe (Jr 35.19); e (5) A alegoria de Paulo sobre os gálatas (Gl 4.21-31) não ensina que o Israel nacional foi substituído pela Igreja; ela ensina que a busca pela justificação pela fé e pela graça leva à liberdade e à salvação.[6]
Gary Burge, professor na Wheaton College, é um eco americano do sentimento de Wright sobre este assunto quando, após citar Karl Barth, diz:
Portanto, o Novo Testamento coloca em Cristo todas as expectativas antes mantidas para “o Sinai e Sião, Betel e Jerusalém”. Para um cristão, retornar a uma territorialidade judaica é negar fundamentalmente o que transpareceu na encarnação. É desviar a devoção adequada do novo lugar onde Deus reside, isto é, do Filho. Isso explica por que o Novo Testamento aplica à pessoa de Cristo a linguagem religiosa anteriormente dedicada à Terra Santa ou ao Templo. Ele é a nova espacialidade, o novo local onde Deus pode ser encontrado.[7]

Respondendo a Tamanho Absurdo

Tais “teólogos” constroem absurdos totais a partir de um fundamento de pensamento puramente abstrato que não tem apoio nem no Antigo nem no Novo Testamento. Como diz o Pregador em Eclesiastes: “Vaidade das vaidades. Tudo é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 1.2; 2.17). Conheço algumas pessoas que diriam simplesmente que tudo isso é apenas bazófia. As realizações de Cristo em Sua primeira vinda são a base sobre a qual Israel herdará suas promessas físicas, não uma base sobre a qual devem-se negar suas futuras bênçãos.
O apóstolo Paulo responde a tais absurdos em Romanos 11, quando faz a seguinte pergunta: “Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! (...) Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu” (Rm 11.1-2). Adiante, Paulo diz: “Pergunto, pois: porventura, tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum!” (Rm 11.11).
Esses “teólogos” estão dizendo coisas que não se encontram na Bíblia. Onde é que o Novo Testamento ensina que Israel foi deserdado de sua terra? Por que o Novo Testamento não menciona isso? O Novo Testamento não o menciona porque isso nunca aconteceu. Por essa razão eles tentam engendrar meras abstrações, produtos de vãs imaginações, porque não há nenhuma passagem que ensine esse deserdar das promessas da terra a Israel.
O sionismo e o sionismo cristão têm sido instrumentos usados por Deus na história para fazer a bola de neve rolar ladeira abaixo e agora ela já não pode mais ser impedida.
Quando pensamos sobre a reunião e o restabelecimento mundiais, sem precedentes, da nação de Israel, deveríamos imediatamente fazer as seguintes perguntas: “Por que Deus traria o povo judeu de volta à sua terra natal, restabelecê-lo-ia como nação, se ele não tivesse qualquer futuro naquela terra? Por que Apocalipse 12 fala de Israel naquela terra durante a Tribulação? Por que Paulo fala da corrupção do Templo de Deus pelo homem da iniqüidade em 2 Tessalonicenses 2 se não haverá uma reconstrução do Templo em Jerusalém?”.
O Templo ocupará seu espaço em Jerusalém. Por que Jesus retornará a Jerusalém em Sua segunda vinda se está correto que a OLP esteja no comando daquele pedaço de chão? Por que haverá 144.000 testemunhas judias, 12.000 de cada uma das doze tribos de Israel, se os judeus foram removidos da terra? E o que dizer das duas testemunhas que ministrarão em Jerusalém durante quarenta e dois meses ou três anos e meio?
Deus não rejeitou – e não rejeitará – Seu povo. Israel é verdadeiramente o “supersinal” de Deus sobre o final dos tempos. Israel é o estopim do barril de pólvora para o conflito mundial final. E, ao mesmo tempo, em quase dois mil anos, o estopim está começando a entrar em combustão. O sionismo e o sionismo cristão têm sido instrumentos usados por Deus na história para fazer a bola de neve rolar ladeira abaixo e agora ela já não pode mais ser impedida. Parece que, a cada dia que passa, Israel e as nações se tornam mais alinhadas no rumo que tomarão durante a iminente Tribulação. Mesmo assim, muitos se tornaram cegos pelo chamado “entendimento espiritual” do Novo Testamento.
Eventos maravilhosos e terríveis estão por vir! Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.chamada.com.br)

4 de set. de 2013

AS PROFECIAS NUM RELANCE

As Profecias Num Relance

Profecias que já foram cumpridas

Israel

  • Abraão e Sara teriam um filho chamado Isaque (Gn 15.4-6; Gn 17.17-19; Gn 18.9-15). Cumprida literalmente (Gn 21.1-5; Hb 11.17-19).
  • Jacó e Esaú: o mais velho serviria ao mais novo (Gn 25.23). Cumprida literalmente (vv.30-34; Gn 27.1-46).
  • Escravidão no Egito, seguida de libertação e grande recompensa (Gn 15.13-14; Gn 46.1-4). Cumprida literalmente (Êx 5.1-14.31).
  • A Tribo de Judá governaria (Gn 49.10). Cumprida literalmente através do rei Davi (1Sm 16.1-13).
  • Remoção da terra por causa de pecado (Dt 28.15-68). Cumprida literalmente: cativeiro na Assíria, 722 a.C.; cativeiro na Babilônia, 586 a.C.
  • Problemas de Davi devido ao pecado com Bate-Seba (2Sm 11.1-12.11). Cumprida literalmente: Amnom estupra Tamar (2Sm 13.1-39); Absalão mata Amnom (vv.28-30); Absalão se rebela e morre (2Sm 14.1-18.33).
  • O reino seria dividido devido ao pecado de Salomão (1Rs 11.29-40). Cumprida literalmente (1Rs 12.16-24).
  • Julgamento de Jeroboão; nomeação de Josias (1Rs 13.1-5). Cumprida literalmente 300 anos mais tarde (2Rs 23.15-20).
  • O cativeiro duraria 70 anos; o retorno seria sob o governo de Ciro (Is 44.21-28; Is 45.1,5; Jr 25.11-12). Cumprida literalmente (Ed 1; Dn 9.2).

As Nações*

  • Síria (Damasco): Destruição por meio do fogo (Am 1.3-5). Cumprida literalmente: a Assíria arrasa Damasco em 732 a.C. (2Rs 16.7-9).
  • Filístia (terra dos filisteus): Punição por vender o povo judeu à escravidão (Am 1.6-8). Cumprida literalmente: a Babilônia destrói as cidades dos filisteus (2Cr 26.6).
  • Tiro (Fenícia): Punição por quebrar os votos e entregar o povo judeu a Edom (Am 1.9-10). Cumprida literalmente: Alexandre, o Grande, derrota a fortaleza da ilha em 322 a.C.
  • Edom: Punição por causa da crueldade e do ódio ao povo judeu (Jr 49.15-20; Ez 25.12; Am 1.11-12; Ob 10). Cumprida literalmente: Roma conquista os nabateus no ano 106 a.C.; no século IV, Petra fica desabitada.
  • Amom: Punição por seus freqüentes ataques às fronteiras, tortura de mulheres e morte de crianças antes de seu nascimento (Am 1.13-15). Cumprida literalmente: a Assíria destrói Amom em 732 a.C.
  • Babilônia: Seria capturada por medos e persas (Is 21.1-9; Jr 25.11-12; Jr 51.1,7-14). Cumprida literalmente em 539 a.C. (Dn 5.25-30).

Profecias que serão cumpridas

Israel

  • O povo judeu retorna à sua terra, vindo dos países para onde havia sido levado (Jr 16.14-15; Jr 23.7-8; Jr 24.6).
  • O Anticristo promete a Israel sete anos de paz (Dn 9.27).
  • O Anticristo desencadeia terrível perseguição contra Israel (Dn 7.24-25; Mt 24.21; Ap 12.13).
  • Israel foge para o deserto em busca de proteção (Ap 12.6,14).
  • Israel volta para Deus de todo o seu coração (Jr 24.7; Zc 12.10-13.1).
  • O Senhor Retorna. Ele defende Seu povo e destrói seus inimigos (Zc 9.14-17; Zc 12.1-9; Zc 14.3-5; Ap 19.17-21).
  • O Rei Messias governa sobre o novo Reino Davídico (Is 9.7; 11.1-5; Jr 23.5-6; Jr 33.14-17).
  • Israel recebe uma porção dobrada de bênçãos em sua terra (Is 61.7).
  • O lobo habita junto com o cordeiro, e o leão come palha no Reino Messiânico (Is 11.6-9; Is 65.25).
  • Israel habita em paz e segurança em sua Terra Prometida (Jr 23.6).
  • Israel guia os gentios em louvor ao Deus de Israel (Is 61.6; Zc 8.23).

As Nações

  • A Rússia, o Irã, a Líbia, a Etiópia (hoje o Sudão) e outras nações atacam Israel (Gogue e Magogue, Ez 38-39).
  • O Anticristo surge do Império Romano reavivado (Dn 7.7-8; Ap 13.1-2).
  • Os juízos dos selos, das trombetas e dos flagelos (Ap 6.1-12; Ap 8.1-9.21; Ap 11.15; Ap 15.5-16.21).
  • O Anticristo exige adoração e engana o mundo (Dn 11.36-37; 2Ts 2.3-4; Ap 13.2,4,8).
  • Os sistemas comerciais e os falsos sistemas religiosos do mundo são destruídos (Ap 17-18).
  • As nações vêm a Armagedom. O Senhor Retorna. Ele derrota o Anticristo e Satanás (Jl 3.9-16; Zc 14.2-4; Ap 19.11-20).
  • As nações são julgadas com base no tratamento que deram ao povo judeu (Mt 25.31-46).
  • Os gentios são abençoados no Reino Messiânico Milenar (Is 11.10; Is 42.1; Is 49.1; Is 66.12,19).
  • O Egito, a Assíria e Israel são bênçãos (Is 19.23-25).
  • O Julgamento do Grande Trono Branco. Todo joelho se dobrará diante do Messias, Jesus, e todos confessarão que Ele é o Senhor (Fp 2.10-11; Ap 20.11-15).

A Igreja

  • Livrada da Tribulação (o Tempo da Angústia de Jacó) por meio do Arrebatamento (Jo 14.2-3; 1 Ts 4.13-18; Ap 3.10.
  • Os crentes recebem corpos ressurretos como o de Cristo e O vêem fisicamente (1Co 13.12; 1Co 15.52; 1Jo 3.2-3).
  • Trono do Julgamento de Cristo; recebimento de recompensas; ceia das Bodas do Cordeiro (Rm 14.10; 1Co 3.12-15; 2Co 5.10; Ap 19.9).
  • O Senhor retorna. Os santos vêm com Ele e Ele prende Satanás por 1.000 anos (Zc 14.5; Ap 20.1-3).
  • Os santos reinam e governam com o Messias no Reino Messiânico (2Tm 2.12; Ap 20.4-6).
  • Os santos julgam os anjos (1Co 6.3).
  • No final dos 1.000 anos, após uma breve rebelião de Satanás, todos os redimidos, de todos os tempos, judeus e gentios, entram na eternidade, onde estarão diante do Senhor nos novos céus e na nova terra, para sempre (Is 66.22; Ap 21.1-7).
  • Nunca mais chorarão, nunca mais morrerão, nunca mais serão separados de seus amados (Ap 7.17; Ap 21.4).
Maranata! Vem, Senhor Jesus!
Explicação: Esta lista é uma sinopse extremamente resumida das profecias. Ela mostra que Deus prediz o futuro e sempre faz exatamente o que diz – em 100% das vezes.
*A informação nesse item vem do livro The Ruin and Restoration of Israel [A Ruína e a Restauração de Israel], de David M. Levy.
Disse Deus: ‘Eu sou o Senhor, este é o meu nome (...). Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vô-las farei ouvir‘ (Is 42.8-9). ‘Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome‘ (Jo 20.31). (Thomas Simcox - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)

O MELHOR AINDA VIRÁ

No terceiro céu está a pátria celestial, o destino final de todos os filhos de Deus. Com ajuda do último livro da Bíblia, o Apocalipse, participe comigo de uma visita guiada pelo templo celestial, a “casa do Pai”.
Você já esteve no terceiro céu? A Bíblia fala de vários céus, a começar pela atmosfera, que vemos como céu azul. O segundo céu é o cosmo, o espaço sideral, o céu astral. Durante a inauguração do templo de Salomão, o sábio rei disse: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que o céu, e até o céu dos céus, não te podem conter; quanto menos esta casa que edifiquei!” (1Re 8.27). Aqui se faz diferenciação entre os céus (em hebraico: shamayim) e o céu dos céus (em hebraico: shemey hashamayim). O céu azul e o espaço sideral não podem conter a Deus. Deus está presente em toda a criação, sendo, portanto, imanente, mas também é transcendente, pois o mundo presente não pode contê-lO.
A Bíblia ainda conhece um terceiro céu. Em 2 Coríntios 12.2-4, Paulo explica que foi arrebatado ao Paraíso, também chamado por ele de “terceiro céu”. Muitos já estiveram no primeiro céu, mas provavelmente nenhum dos leitores esteve no segundo. Essa possibilidade é muito recente na história da humanidade. Em 1961, o cosmonauta russo Yuri Gagarin foi o primeiro ser humano a chegar ao segundo céu, a bordo da “Vostok I”. Depois da sua volta, ele relatou: “Estive no céu, mas não vi a Deus”. Nem poderia, pois ele esteve apenas no segundo céu. A moradia de Deus é no terceiro céu; e, aliás, como alguém poderia vê-lO com o coração impuro? No Sermão do Monte, o Senhor Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8). Esse é um problema para todos nós, pois temos corações impuros. Por isso, por natureza não temos direito ao terceiro céu.

A pátria celestial

A Bíblia fala sobre a Jerusalém celestial, o Monte Sião e a pátria celestial: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é nossa mãe” (Gl 4.26). Fala-se aqui de uma cidade real no terceiro céu. Hebreus 11.10 diz sobre Abraão: “...porque esperava a cidade que tem os fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é Deus”. No versículo 16, o autor fala dos patriarcas: “Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade”. Temos aqui o segundo termo: a pátria melhor, a pátria celestial. Em Hebreus 12.22, o autor da carta aos judeus crentes diz: “...mas tendes chegado ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, a miríades de anjos”. Este Monte Sião celestial, a Jerusalém celestial, tem grande significado para o cristianismo. A carta aos Hebreus dirige-se a cristãos judeus, mas também o Apocalipse fala da “nova Jerusalém” (no capítulo 21) como uma descrição simbólica da Igreja de Deus. Em Apocalipse 21.2,9ss. é explicado ao apóstolo João que a nova Jerusalém é a noiva do Cordeiro, a Igreja de Jesus. Mas a “Jerusalém celestial”, de que falam as cartas aos Gálatas e aos Hebreus, é uma cidade real no céu, um símbolo da Igreja. Por isso, a descrição da nova Jerusalém no Apocalipse não tem um significado puramente simbólico. O arquétipo da Igreja como a nova Jerusalém é essa cidade celestial. A descrição simbólica no Apocalipse está relacionada à construção concreta da nova Jerusalém.

O templo no céu

Em Apocalipse 11.19 a Bíblia fala explicitamente de um templo no céu: “Abriu-se o santuário de Deus que está no céu...”. No Seu discurso de despedida, na véspera da crucificação, o Senhor Jesus chamou esse templo celestial de “casa do meu Pai” (Jo 14.2). A expressão aparece mais uma vez na Bíblia, em João 2. Mas ali o Senhor Jesus trata do templo em Jerusalém. Em João 14, a expressão refere-se a uma realidade celestial, o templo no céu como arquétipo da construção na terra. O templo em Jerusalém era uma cópia terrena, e a Igreja de Jesus é, finalmente, o cumprimento do símbolo. Isso vale tanto para o templo quanto para a cidade. O Senhor Jesus fala a respeito em João 14.2-3: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. Essas moradas na casa do Pai estão no templo celestial, pois são, de certa forma, moradas de sacerdotes, que no templo em Jerusalém ficavam abrigados junto à “Casa da Lareira”, bem próxima do Santo dos Santos.
Em Apocalipse 6.9-11, os mortos por causa da Palavra estão junto ao altar no céu. Entendemos que as almas dos mortos estão no templo celestial, e assim é possível compreender muito melhor algumas coisas. Em Lucas 23, Jesus diz ao ladrão na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Onde era esse paraíso? No terceiro céu, no local do templo celestial, da cidade celestial e da pátria celestial. Qual é o livro que nos dá as melhores informações sobre o céu? Em nenhum outro encontramos tantas quanto no último livro da Bíblia. Por quê? O Apocalipse nos mostra para onde estamos indo. O primeiro livro da Bíblia (Gênesis) nos mostra de onde viemos, e o último, para onde vamos. Nunca conseguiríamos descobrir isso por nós mesmos. Não há métodos científicos que nos ajudem a descobrir como o mundo se formou. Não temos como voltar ao início. Também não há métodos que nos permitam ir para o futuro, a fim de vermos o que está pela frente. Precisamos da revelação divina sobre essas questões básicas.

Uma visita ao templo celestial

Em Apocalipse 4.1, João vê primeiro uma porta aberta no céu. Essa porta não estava se abrindo naquele momento, ela já estava aberta. Em Ezequiel 1, o profeta vê o céu se abrindo diante de seus olhos. São duas situações diferentes. No Apocalipse, o céu já está aberto, pois estamos na época depois do Gólgota: “O céu está aberto, coração, sabes por quê? Porque Jesus lutou e sangrou – por isto!”
João entrou no céu e ouviu uma voz como de trombeta, ou seja, de um shofar, que também será ouvida por ocasião do Arrebatamento (veja 1Ts 4), quando o Senhor descerá com a trombeta de Deus.
Lidamos com um céu aberto! Quando João entra no céu, ele vê o Cordeiro de Deus: “Nisto vi, entre o trono e os quatro seres viventes, no meio dos anciãos, um Cordeiro em pé, como havendo sido morto” (Ap 5.6). Só que esse Cordeiro imolado está vivo. É o Senhor Jesus no céu, e nós ainda veremos as marcas da cruz nEle – no Seu lado, em Suas mãos e em Seus pés. Mas o contexto é grandioso – o céu aberto e o Cordeiro que foi morto! No Talmude Babilônico o tratado Tamid 30b fala sobre a abertura matutina da porta de Nicanor. Essa majestosa porta, que levava do átrio das mulheres ao acampamento da Shekinah (a glória de Deus), era tão pesada que só podia ser aberta pelo esforço conjunto de vários sacerdotes. Essa porta abria-se no momento em que o sacrifício matinal era imolado por volta das seis horas. Também o acesso ao céu só é possível porque o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus, foi morto por nós. João entrou no céu e ouviu uma voz como de trombeta, ou seja, de um shofar, que também será ouvida por ocasião do Arrebatamento (veja 1Ts 4), quando o Senhor descerá com a trombeta de Deus. De acordo com 1 Coríntios 15.51ss., essa é a última trombeta. O exército romano tinha três trombetas. A primeira significava: “Levantar acampamento!” A segunda trombeta comandava: “Em forma!” A terceira e última trombeta era o sinal para marchar. A voz como de trombeta que João escutou dizia: “Sobe aqui”, e ela corresponde ao chamado do Arrebatamento, da última trombeta. O sinal para a marcha não está relacionado às sete trombetas do juízo, que só soarão mais tarde.

O altar do holocausto e seu serviço

O apóstolo João entrou diretamente no Santo dos Santos, o coração do céu. Mas faremos nossa viagem pela ordem, começando no átrio dos sacerdotes, o “acampamento da Shekinah”, como diz a literatura rabínica. É lá que está o altar do holocausto: “Quando [o Cordeiro] abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda por um pouco de tempo, até que se completasse o número de seus conservos, que haviam de ser mortos, como também eles o foram” (Ap 6.9-11). João vê no céu o Cordeiro de Deus, que é digno de abrir o Livro de Deus, selado com sete selos.
Não devemos nos esquecer que os acontecimentos no céu acontecem simultaneamente com o terrível juízo futuro sobre o mundo. O Apocalipse descreve a guerra do templo celestial contra uma humanidade afundada no pântano do pecado. Esse livro bíblico relata uma guerra de Deus contra o mal, a guerra do santuário celestial contra a humanidade que rejeitou o sacrifício de Cristo. O templo no céu é essencialmente o local da reconciliação e do sacrifício vicário. Mas quando a humanidade rejeita esse sacrifício, vem o juízo, e assim tudo no céu que se refere a salvação e reconciliação se transformará em maldição para os habitantes da terra.
Lemos que João viu o altar do holocausto no céu, e as almas ao pé dele. O sangue é a essência da vida, pois Levítico 17.14 diz: “Porque a vida da carne está no sangue”. Na época do Segundo Templo, o sangue dos animais sacrificados era derramado ao pé do altar, para dentro de duas cavidades especiais, que ficavam perto do canto sudoeste. É justamente nesse ponto que João vê as almas dos mortos – no local para onde corria o sangue dos holocaustos. Essas almas estão plenamente conscientes, apesar de se tratar de mártires no céu. Elas podem falar, e falam de vingança. É óbvio que já estamos na época posterior ao Arrebatamento. Hoje ainda vivemos na época da graça, mas depois do Arrebatamento vem a época do juízo, e então esses mártires exigirão vingança. João vê-os junto ao altar, e eles recebem vestimentas sacerdotais, porque ainda precisam esperar algum tempo. Essas almas são de pessoas que, depois do Arrebatamento, estavam dispostas a entregar tudo em favor do Senhor Jesus, inclusive de sofrer o martírio. Mas o que esses fatos celestiais têm para nos ensinar? O altar mostra que o Senhor Jesus entregou tudo por nós. As almas ao pé do altar são, portanto, as pessoas que dizem: “Se nosso Redentor pode dar tudo, nós também estamos dispostos a entregar tudo”. Mesmo que sejamos poupados do martírio, deveria valer para nós o lema de 2 Coríntios 5: “Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (vv.14-15). Não vivemos mais para nós mesmos, mas para Cristo! O altar no céu demonstra que o Senhor Jesus se dispôs a entregar tudo em sacrifício.
No fim das contas, o judaísmo é totalmente “cristão”, já que o seu templo é uma cópia do original do céu, o lar dos cristãos (Fp 3.20).
O Apocalipse também menciona sete taças de ouro em conexão com o altar. Tratam-se dos cálices usados no templo durante os sacrifícios. Esses cálices terminavam em forma de ponta na parte inferior, pois os sacerdotes não podiam depositá-los em lugar nenhum. Eles tinham de coletar o sangue nas taças e levá-lo ao altar. Esse sangue não podia ser depositado, e por isso as taças tinham este formato peculiar. Mas o que acontece em Apocalipse 16 em relação a essas sete taças? “O segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreu todo ser vivente que estava no mar. O terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue” (vv.3-4). As taças do sacrifício, que na verdade tratavam de reconciliação, transformam-se em juízo para o mundo! Vale aqui novamente o princípio: quando alguém não aceita, ou até mesmo rejeita o sacrifício de Jesus, só resta a essa pessoa tornar-se ela mesma um holocausto.
Quando o Apocalipse fala das sete trombetas, a linguagem usada também estabelece uma relação com o altar, pois diariamente eram tocadas sete trombetas durante os holocaustos matutinos e vespertinos. Isso também é relatado no Talmude Babilônico, no tratado Sucá 53b. As sete trombetas estão ligadas ao sacrifício vicário no templo, mas no Apocalipse tornam-se sinais do juízo para aqueles que não quiseram aceitar esse sacrifício. Quando lemos os textos do Apocalipse sob esse ângulo, obtemos um perfil bem diferente. Em última instância, vemos que o Apocalipse é um “livro do templo”, já que o templo caracteriza o céu. Disso também podemos concluir que o céu é muito “judaico”. Provavelmente, esse fato surpreenderá muitos cristãos na sua chegada ao céu. Mas também podemos dizê-lo de outra forma: no fim das contas, o judaísmo é totalmente “cristão”, já que o seu templo é uma cópia do original do céu, o lar dos cristãos (Fp 3.20).

A pia e o canto dos levitas

Em nossa caminhada pelo terceiro céu chegamos agora à pia: “E vi como que um mar de vidro misturado com fogo; e os que tinham vencido a besta e a sua imagem e o número do seu nome estavam em pé junto ao mar de vidro, e tinham harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos. Quem não te temerá, Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo; por isso todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Ap 15.2-4). Não existe oceano no templo celestial. Em 1 Reis 7.23, a palavra “mar” designa o “mar de bronze”, a grande pia no átrio do templo. O hebraico rabínico usa essa expressão também para um recipiente coletor, por exemplo, para farinha. Aqui o mar designa a pia. Mas por que se fala de um “mar de vidro, misturado com fogo”? Tanto no tabernáculo quanto no Templo de Salomão a pia era de bronze, uma liga de cobre. Quando o bronze era especialmente bem trabalhado, ele ficava parecido com um espelho. Na época de Moisés as mulheres entregaram seus espelhos de bronze para que a pia fosse confeccionada a partir deles (Êx 38.8). O arquétipo celestial dessa pia é tão perfeito que parece de vidro. “Misturado com fogo” – o que significa isso? Quando a luz celestial é refletida no bronze finamente trabalhado dessa pia, surge um jogo de luzes e sombras que lembra labaredas de fogo.
Junto à pia diante do templo João vê Aquele que derrotou a besta, o ditador vindouro, a sua imagem e o número do seu nome, isto é, a idolatria na qual a humanidade será jogada pelo Anticristo. Depois do Arrebatamento, quando o Anticristo instituir um novo sistema financeiro, todos os habitantes da terra receberão um código aplicado em sua mão direita ou na fronte. O número 666, oculto no código, expressará o seguinte: “Estou disposto a honrar este ditador, a besta que saiu do mar, como deus”. Aqueles que não o aceitarem não receberão o código. Mas naquela época não haverá mais dinheiro vivo, e só será possível fazer pagamentos por meio do código. O que acontecerá quando alguém não puder mais comprar ou vender? O que fazer? Orar! A situação ficará muito precária, e a única oração possível será: “O pão de cada dia nos dá hoje”. O que significa essa oração para nós atualmente, se já temos na geladeira provisões para as próximas duas semanas? A situação das pessoas depois do Arrebatamento será tão precária que essa oração adquirirá um novo significado. Aliás, a palavra “precário” deriva do verbo em latim “precari”, donde vem a palavra “prece”*. As pessoas junto à pia no átrio do templo celestial chegam ao céu vindas de uma situação precária, isto é, do martírio. Elas trazem as harpas de Deus, apresentando-se assim como músicos e cantores levitas e entoando o cântico de Moisés e do Cordeiro. O apóstolo João entendeu imediatamente o significado. Encontramos o cântico do Cordeiro em Êxodo 15. Trata-se do cântico que os israelitas entoaram depois da primeira ceia da Páscoa e da saída do Egito, durante a passagem pelo mar. O cântico de Moisés está em Deuteronômio 32.4: “Ele é a Rocha; suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são justos; Deus é fiel e sem iniqüidade; justo e reto é ele”. Por isso, os vencedores cantam no céu: “Grandes e admiráveis são as tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos”. Na época do Segundo templo, esse cântico de Moisés era entoado no momento do sacrifício vespertino do sábado, enquanto o cântico do Cordeiro era entoado no sacrifício adicional no sábado de manhã. É o que relata o Talmude babilônico, no tratado Rosh Hashaná 31a. João entendeu imediatamente: no céu vigora o sábado, ou o descanso sabático. Isso não deveria nos surpreender, pois em Hebreus 4.9 lemos: “Portanto resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus”. Os vencedores entraram no descanso celestial! Mas o que é esse descanso no céu? Não se trata de passividade, mas de descanso da pressão da tentação e da sedução. Os vencedores também não estão passivos, mas tocam harpas. No Antigo Testamento havia dois tipos desse instrumento. Um era o nevel, o outro, o kinnor. O Novo Testamento traz apenas um termo, a palavra grega kithara, da qual deriva a nossa “guitarra”. Essas pessoas no céu tocarão harpas e cantarão. Concluímos daí que no céu não haverá passividade, mas atividade que se desenrola no repouso de Deus.
Se quisermos ser vencedores, precisamos arrumar a nossa vida diariamente à luz da Bíblia.
Por que João vê esses cantores junto ao mar de vidro? A água servia para a limpeza das mãos e dos pés dos sacerdotes. Efésios 5.25 explica que a Palavra de Deus tem efeito purificador, como a água. Como os crentes também são sacerdotes, eles precisam purificar-se diariamente pela leitura da Bíblia. Se analisarmos a pia, e por extensão a Bíblia, vemos que ela age como um espelho, pois nos mostra tudo o que não está certo em nossa vida (Tg 1.23-25). Por isso os leitores da Bíblia são, em geral, pessoas corajosas, pois estão dispostas a olhar no espelho da Palavra de Deus. Quando temos consciência do que não está certo em nossa vida, esse reconhecimento deve sempre nos levar à auto-avaliação: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Precisamos aplicar essa auto-avaliação de forma constante (veja 1Co 11.28-31), assim como os sacerdotes da Antiga Aliança lavavam regularmente os pés e as mãos. As mãos falam daquilo que fazemos, e os pés, dos lugares aonde vamos. Quando vivemos neste auto-escrutínio diário e não permitimos que as injustiças se acumulem na nossa vida, isso nos protegerá contra pecados mais graves. Todos nós temos naturezas pervertidas e somos capazes de cometer qualquer tipo de pecado. Ficaremos protegidos se consertarmos diariamente diante de Deus aquelas coisas que reconhecemos como pecado. Em geral, os pecados graves resultam de um longo caminho, e não deveríamos deixar que chegue esse ponto. Mas vamos nos questionar: como os vencedores junto ao mar de vidro terão sobrevivido à pressão da sedução? É muito simples, pois essas pessoas vão se sujeitar ao auto-escrutínio diário. Também é digno de nota que seu cântico não traz nenhum traço de amargura, apesar das tribulações que enfrentarão. Isso só é possível por meio da comunhão viva com o Senhor no dia-a-dia. O mar de vidro também nos ensina algo prático para a nossa vida como cristãos: se quisermos ser vencedores, precisamos arrumar a nossa vida diariamente à luz da Bíblia.

No Lugar Santo

Em nossa viagem pelo terceiro céu continuamos agora em direção ao candelabro de sete braços, entrando em pensamentos no Lugar Santo, o templo em si: “E do trono saíam relâmpagos, e vozes, e trovões; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus” (Ap 4.5). Sete lâmpadas brilham diante do trono no santuário – são as sete chamas do candelabro de ouro, a menorá. O texto explica aqui que as chamas são os sete espíritos de Deus. Talvez você pense: “Mas só existe um Espírito de Deus”. Afinal, é o que diz Efésios 4: há “um só Espírito”. Mas no Apocalipse o Espírito Santo, o único, é representado em toda a sua perfeita multiplicidade. O Espírito, que Isaías 11.2 diz repousar sobre o Messias, é descrito da seguinte forma: “E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”. São sete nomes que representam o Único Espírito em toda a perfeição e multiplicidade da sua ação. O Espírito Santo inspirou maravilhosamente esse versículo no texto original. Primeiro é citado um nome mais geral, o Espírito do Senhor. Seguem-se duplas de nomes ligados pela palavra “e”. Isso corresponde à aparência do candelabro de sete braços: uma chama principal no centro, ladeada por três pares de braços. No texto acima, esses braços são representados com a descrição “o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”.
Quando vemos as sete chamas no santuário, somos lembrados do Espírito de Deus que nos conduziu neste mundo. O espírito da sabedoria: numerosas vezes sentimos que nos faltava sabedoria, mas o espírito da sabedoria sempre a providenciava para nós. O espírito de entendimento: algumas pessoas acham que entendimento e fé são mutuamente excludentes, mas o Espírito Santo é o espírito do entendimento! Os pensamentos dos seres humanos estão obscurecidos por Satanás (veja 2Co 4.3ss.), mas o Espírito Santo ilumina nosso entendimento. Ele não anula nosso espírito de forma que desfaleçamos. Isso não é ação do Espírito de Deus, o espírito de sabedoria e entendimento. O espírito de conselho e de fortaleza: muitas vezes não soubemos tomar uma decisão. Mas o Espírito de Deus nos aconselha. Sentimo-nos fracos, mas o Espírito de Deus nos dá força. Não entendemos a Bíblia, mas o Espírito de conhecimento nos dá compreensão. Não sabíamos quem é Deus, mas o espírito de temor do Senhor colocou em nosso coração uma profunda percepção da grandeza e da majestade de Deus.

O altar do incenso

Em pensamentos dirigimo-nos agora para o dourado altar do incenso. “Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos. Depois o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto” (Ap 8.3-5). Aqui vemos um sacerdote executando seu serviço no altar celestial. No Apocalipse há quatro textos em que o Senhor Jesus é chamado de “outro anjo”. A palavra grega angelos significa “mensageiro”. Pode ser um homem ou um anjo, mas também o Filho de Deus, o Enviado do Pai, assim como no Antigo Testamento “o anjo do Senhor” (mal’akh adonai) era o próprio Deus, o Filho de Deus. O “outro anjo” é citado pela primeira em Apocalipse 7, mas ainda sem revelar ao certo de quem se trata. No capítulo 8 descobrimos que se trata de um sacerdote. No capítulo 10 ele coloca Seus pés sobre a terra e sobre o mar, demonstrando assim o Seu direito ao mundo, pois, afinal, ele é o Rei. Em Apocalipse 18 Ele anuncia a queda da Babilônia, e toda a terra é iluminada pela glória desse mensageiro. Nesse texto ele é um profeta. Jesus é tudo para nós: Rei, Sacerdote e Profeta.
Como nosso Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus está junto do altar do incenso. Ele dá poder às orações dos santos na terra. Pouco antes foi aberto o sétimo selo, dando início à Grande Tribulação. Em Mateus 24, Jesus diz aos judeus crentes: “que a fuga não aconteça num sábado”. As pessoas descobrirão o real significado da oração, pois agora sabem que chegou a hora. Durante meia hora há silêncio no céu (veja Ap 8.1), e então o Sumo Sacerdote dá poder às orações. Ele toma o incensário, um vaso de ouro com um suporte, uma tampa e um anel. Dentro dele há incenso, essa maravilhosa mistura de componentes botânicos aromáticos. No Antigo Testamento o sacerdote junto ao altar de ouro pegava incenso do incensário com os dois polegares e deixava-o cair sobre o carvão em brasa do altar. A fumaça gerada dessa forma subia em linha reta. Esse incenso aromático expressa a múltipla glória da pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo. Dessa forma, Ele adiciona sua glória pessoal às orações dos santos, dando-lhes peso diante de Deus. Só então é possível falar de oração em nome de Jesus, que precisa acontecer em concordância com a vontade do Filho de Deus (Jo 14.13-14). Essas orações chegam a Deus como se o seu próprio Filho as dissesse.
O Senhor Jesus dá a essas orações, que concordam com a Sua vontade, toda a glória da Sua pessoa, e assim elas chegam diante de Deus. Se tivermos a impressão de que nossas orações não estão passando do teto do quarto, podemos ter esta certeza: se orarmos de acordo com a vontade de Deus, revelada na Bíblia, é claro que essas orações serão atendidas. Apocalipse 9.13 menciona explicitamente os quatro chifres no altar de ouro no céu. Chifres são um símbolo de força e poder; os quatro chifres no altar pretendem deixar claro que a oração em nome de Jesus tem grande poder e efeito, e isso em todo mundo. Por isso os chifres também apontam para os quatro pontos cardeais. Dessa cena no céu aprendemos que a oração realmente tem efeito. Muitos pensam: “Na verdade, Deus acaba fazendo o que Ele quer, de qualquer forma. Qual é, então, a utilidade das nossas orações?” Mas em Tiago 4.2 está escrito: “Nada tendes, porque não pedis”. Por um lado, há coisas que Deus não faria se Seus filhos não pedissem por elas. Por outro lado, há coisas que Deus faz, quer peçamos, quer não peçamos por elas. Afinal, Deus é soberano. Mas também há coisas que Deus não faz se nós não pedirmos por elas.

O melhor ainda virá: no Santo dos Santos

O primeiro mandamento é: “Não terás outros deuses diante de mim”. É a condenação de todas as religiões do mundo!
Guardei para o fim o destino mais belo da nossa viagem pelo céu. Por isso, em pensamentos entramos agora no Santo dos Santos. “Imediatamente fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono; e aquele que estava assentado era, na aparência, semelhante a uma pedra de jaspe e sárdio; e havia ao redor do trono um arco-íris semelhante, na aparência, à esmeralda. Havia também ao redor do trono vinte e quatro tronos; e sobre os tronos vi assentados vinte e quatro anciãos, vestidos de branco, que tinham nas suas cabeças coroas de ouro... também havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal; e ao redor do trono, um ao meio de cada lado, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás; e o primeiro ser era semelhante a um leão; o segundo ser, semelhante a um touro; tinha o terceiro ser o rosto como de homem; e o quarto ser era semelhante a uma águia voando” (Ap 4.2-4,6-7). Do que é feito o trono de Deus? De acordo com o Salmo 132.7-8, a Arca da Aliança é o apoio dos pés de Deus. Em Apocalipse 11.9 a Arca da Aliança é expressamente mencionada no céu. No Antigo Testamento havia dois querubins sobre a tampa da arca. Esses seres são descritos em detalhes em Ezequiel 1.8-11. Trata-se de anjos com rostos de leão, boi, homem e águia. No texto do Apocalipse que acabamos de citar os quatro seres viventes são querubins no Santo dos Santos. É verdade que sobre a Arca em si havia só dois querubins, mas durante a construção do templo Salomão mandou fazer mais duas figuras de querubins revestidas de ouro (1Re 6.23-28). Portanto, havia ao todo quatro desses seres viventes em torno do trono de Deus. A Arca da Aliança é, assim, o apoio dos pés de Deus, e Ele está entronizado entre os querubins. Por isso, o Salmo 80.2 diz: “...tu, que estás entronizado sobre os querubins, resplandece”. O trono de Deus é citado 37 vezes no Apocalipse, mais do que em qualquer outro livro da Bíblia. Justamente o livro que mostra como o mundo será abalado pelas maiores catástrofes, de modo que puderíamos pensar que Deus perdeu o controle, nos mostra: Deus ainda está seguindo Seu plano, e tudo Lhe está sujeito! A lembrança do trono de Deus nos dá grande segurança: o que quer que aconteça em nossa vida, o trono de Deus é inabalável. A Arca é o local da reconciliação. Originalmente a Arca era local de juízo, pois dentro dela estavam os Dez Mandamentos. O primeiro mandamento é: “Não terás outros deuses diante de mim”. É a condenação de todas as religiões do mundo! A Arca da Aliança como parte do trono de Deus condena a humanidade, mas também era o local onde o sumo sacerdote aspergia o sangue. Por isso, ela também fala de reconciliação. Quando chegarmos ao céu e virmos o trono de Deus, teremos a certeza de ter sido aceitos com base no sangue de Jesus. O véu foi rasgado, como aconteceu com a sua cópia terrena (veja Mt 27.51), abrindo-nos assim o acesso ao Santo dos Santos. Em Hebreus 10.19 somos convidados a entrar. Hoje só podemos nos colocar na presença de Deus em pensamento, mas virá o dia em que entraremos de fato no Santo dos Santos, pois lá é o nosso lar. Então experimentaremos o que agora antecipamos em pensamento, pois o melhor ainda virá! (Roger Liebi - http://www.chamada.com.br)
* De acordo com o dicionário Houaiss: “lat. precarius; obtido por meio de prece; concedido por mercê revogável; tomado como empréstimo; alheio, estranho; passageiro”.